Turma Formadores Certform 66

Saturday, October 23, 2010

Equivocos da democracia portuguesa - 54


Enquanto PS e PSD se preparam para dançar o famoso tango - leia-se OE - neste aprovo/não aprovo, que não dignifica os partidos, faz descrer na democracia e desprestigia o país, os equívocos da nossa democracia lá se vão multiplicando à velocidade da luz. Desta feita, o desaforo vem das hostes laranja - que tão céleres são em criticar e apontar o cisco no olho alheio e não vê a trave que têm nos seus. Isto a propósito de Agostinho Branquinho e a sua relação com a Ongiong. Agostinho Branquinho que, para além de ser deputado do PSD é também seu vice-presidente e que tanto se destacou na comissão de inquérito ao caso PT/TVI. Sobretudo, naquilo que ele chamava a "falta de transparência" do caso. Mas não é que o dito senhor, que até questionou, nessa mesma comissão, um quadro superior da Ongoing, perguntando-lhe o que era essa empresa, que ninguém conhecia nem sabia bem quem estava à frente dela, pois mudou rapidamente de ideia e anunciou, que irá deixar no final deste mês, o Parlamento para ingressar na liderança da Ongoing Brasil!!! Será que a pergunta que Agostinho Branquinho fazia sobre o que era a Ongoing, não se tratava de esclarecer a comissão, mas sim, o saber se valia a pena aceitar o emprego ou não? Esta é uma pergunta que é legítimo fazer, sobretudo, quando parece que a vergonha já não existe. O PSD sempre tão atento a vir a terreiro denunciar aquilo que chamam de "promiscuidade entre a política e os negócios" até agora não disse nada. Será que estão perplexos, ou não sabem mesmo o que dizer sem se contradizerem? Mas o mais grave é que a nossa democracia está a especializar-se neste tipo de situações que em nada a dignificam. Se é grave que um deputado deixe de o ser para ocupar um lugar numa empresa privada, e logo, uma que foi escalpelizada numa comissão a que o deputado em causa pertenceu, mais grave ainda, é o despudor com que a classe empresarial aparece a recrutar no terreno político os seus quadros, ainda por cima, deputados que os investigaram. Isto é o despudor mais descarado que está a fazer escola na nossa democracia. E ainda falaram de Jorge Coelho, que deixou a carreira política para se tornar em presidente executivo da Mota/Engil. Ninguém está inocente neste emaranhado de conluíos. Parece que este tipo de coisas acabou por se instalar entre nós como uma prática comumente aceite. A vergonha é coisa que já não existe, o que interessa são os euros, (normalmente muitos), que entram na conta bancária. Parece que a frase que "não basta ser como a mulher de César" já perdeu o sentido na nossa política e nos nossos políticos. Assim como assim, parece que só nos resta aprender a dançar o tango...

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