NATO e a "Estratégia de Lisboa"
Realizou-se no passado fim-de-semana, em Lisboa, a Cimeira da NATO e não só. Como é do conhecimento geral realizaram-se também as cimeiras da Europa e EUA e a EUA com a Rússia. Num balanço global achamos que foi um verdadeiro sucesso. Desde logo porque se definiu uma nova estratégia para a NATO que vinha sendo falada à já muito tempo. Com algo, desde logo, muito importante, que foi a definição e calendarização da saída das tropas da NATO do Afeganistão. É evidente que a NATO tem entrado em conflitos donde a sua actuação não tem sido das melhores, veja-se o caso dos Balcãs, e a maneira como dificilmente lidou com o problema. O Afeganistão foi outra guerra onde a NATO tem tido os seus maiores reveses, mesmo quando tenta impor um regime fantoche como o do Presidente Hamid Karzai - que inclusivé, chegou a Lisboa num avião americano. Oxalá não estejamos numa situação idêntica à de Saddam Hussein, armado e treinado pelos EUA, como o foram os Talibãs. Mas a decisão não deixa de ser importante. Depois foi o acordo entre os EUA e a Rússia, sobretudo sobre o escudo antí-míssil, que tinha motivado muitas reservas, para não dizer, hostilidade, de Moscovo. O passo dado pela Rússia é verdadeiramente um passo histórico de aproximação ao Ocidente. Mas ainda se realizou uma outra cimeira entre os EUA e a UE. A UE que tem acusado Barack Obama de ter secundarizado a Europa - ele que é um homem do Pacífico, como já o referiu por diversas vezes - vinha criando um certo mal-estar na UE. Parece que as coisas ficaram um pouco mais desanuviadas a partir de agora. Mas para além de tudo isto, fica a sensação duma grande cimeira, com uma actuação exemplar das autoridades portuguesas, que não deixaram resvalar a situação para algo grave, como acontece em todo o mundo, durante eventos desta natureza, bem como um elevado protagonismo das autoridades portuguesas, desde logo, Luís Amado, que enquanto ministro dos negócios estrangeiros, teve um comportamento irrepreensível, muito saudado aliás, e José Sócrates, que, também ele, foi muito elogiado por Obama e não só. Parece que o primeiro-ministro português está numa situação em tudo idêntica à de Obama nos EUA. É mais popular no exterior que dentro de fronteiras. Quem como nós, conhece bem o que se passava para além das nossas fronteiras, sabe que Sócrates é muito considerado no exterior, pela sua determinação, coragem, empenho e capacidade de trabalho. Sem dúvida que este acontecimento veio dar a Sócrates e à diplomacia portuguesa, um elã muito importante, pelo sucesso de que esta cimeira se revestiu. Mas também, porque tem sido capaz de por Portugal no mapa, e trazer para o nosso país grandes eventos mundiais, que tornam Portugal num país de referência, como foi o caso da Cimeira da UE, donde viria a sair o famoso "Tratado de Lisboa", e agora, sai mais uma, a "Estratégia de Lisboa", marco importante, quiçá histórico, para a NATO que pode vir, e virá com certeza, a condicionar o futuro próximo de todos nós. Portugal ligado a dois importantes eventos, ambos com muito sucesso, não só nas conclusões a que se chegou, mas na sua organização, que tem feito com que Portugal seja olhado como um país capaz de organizar grandes eventos, donde têm saído decisões importantes. Esperemos que Portugal e os portugueses possam vir a colher alguns frutos de tudo isto, porque bem o merece, pelo empenho demonstrado.
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