Turma Formadores Certform 66

Monday, January 03, 2011

Equivocos da democracia portuguesa - 63


Vamos iniciar este novo ano sob o signo da crise e da austeridade. Pelo que assistimos durante a época natalícia, parece que os portugueses - na sua maioria - ainda não interiorizaram o que por aí vem. Portugal está sob uma forte pressão internacional, que pode levar ao recurso ao fundo de estabilidade da UE e, concomitantemente, ao FMI, embora isso não seja definitivo. Quanto à vinda do FMI, não somos dos que pensamos que é o fim do mundo. É certo que preferíamos não o ter por cá, mas se vier, as coisas continuarão - possivelmente com mais rigor - mas nada para além disso. Que se destruam os fantasmas que por aí andam a ser agitados por pessoas e/ou forças políticas, com intuitos eleitoralistas bem vincados, mais do que, o interesse nacional. Já por cá tivemos o FMI por duas vezes, e não deixamos de ser quem somos. Contudo, à que pensar em uníssono que, estas medidas duras são inevitáveis, as coisas bateram tão fundo que não pode ser doutro jeito. E não pensem que vai ser só em 2011, não, esta situação vai prolongar-se durante os próximos cinco anos pelo menos. Já por diversas vezes fizemos referência ao comportamento inelástico da economia na retoma, e é isso mesmo, a que vamos assistir, (e estamos a pressupôr que tudo irá correr bem, o que não é, de todo, uma asserção definitiva). Continuaremos a divergir das economias da UE, - e isso é que é grave, mais do que a vinda do FMI - entraremos em recessão sem dúvida alguma, o desemprego irá ultrapassar, possivelmente, os 600.000, ficaremos mais pobres, e mais debilitados, com a agravante de ser-mos já um país pobre e periférico, o que em nada bem ajudar a situação. O governo, provavelmente, irá manter-se, - temos dúvidas que alguém esteja interessado em ir para lá na actual situação -, durante a legislatura, dando assim um sinal de estabilidade que é fundamental que seja dado. Mas devemos pensar bem como chegamos aqui. A crise internacional foi, sem dúvida, a mola que despoletou tudo isto, mas não nos podemos esquecer da atitude da banca em todo este processo, bem como, do comportamento político dos diversos governos, dando uma ideia de riqueza, de facilitismo, de pleno emprego, que eram infundadas, e que hoje vemos com clareza o quanto fomos enganados. Desde o início dos anos 90, - para não dizer ainda mais para trás -, que este vulcão começou a preparar a sua explosão. Ninguém viu, ou ninguém quis ver. Quando as primeiras falências começaram a verificar-se, já com um número significativo de casos, deviamos ter começado a olhar para o que estava a acontecer. Mas não, deu-se a ideia de que era o mercado a funcionar, a seleccionar as melhores. Pura ilusão, como hoje, vemos. Agora, que estamos em plena campanha eleitoral para as presidenciais, à quem esqueça as suas responsabilidades, e até, que ache que são eles os salvadores da pátria. Posturas obscenas, que não podem ser toleradas pelas populações. Mas a nossa cultura política é baixa, ou nenhuma, e esse é que é o mal. Ainda votamos como se tratasse do nosso clube mais do que no interesse da urbe. E depois ainda nos lamentámos. Mas a crise tem ainda razões mais profundas e obscuras. Veja-se o que algumas empresas e indivíduos têm ganho com ela. Maria José Morgado dizia à dias que "a crise tem por trás, oculto, fenómenos de inconfessáveis interesses". Reflictámos um pouco sobre isto, talvez começemos a ver as coisas duma outra forma.

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