Turma Formadores Certform 66

Wednesday, December 22, 2010

Feliz Natal


Advento, palavra que significa vinda, a preparação da vinda do Messias. Contudo, hoje vivemos afogados na luz: nas nossas casas e nos espaços públicos, no campo e na cidade. Olhamos o céu e quase que não vemos as estrelas. Mesmo em tempo de crise, o consumo de energia eléctrica não pára de crescer. As cidades não dormem. Os homens não dormem. E, no entanto, vivemos na cegueira: temos olhos que não vêem pelo excesso de luz. O Natal é o começo da nossa libertação. Faz que seja uma luz para a nossa amargura e o nosso desânimo. Conduz-nos, guiados por ela, até àquele lugar onde nasceste e não cessas de nascer: o Presépio. Só aí poderemos encontrar-Te, fora da cidade, longe das luzes que nos cegam. É este Deus que o Advento nos anuncia - o Deus que é presença, que é luz e orientação, que é força interior e estímulo, que é conforto e esperança, que é perdão e paz - não o Deus dos presentes (de preferência caros) - para impressionar os outros. É este Deus que celebramos nesta altura, e testemunhá-lo de facto quando tentamos reproduzir na nossa vida, os sinais de misericórdia que Jesus fez e ensinou a fazer, como por exemplo, ver e ouvir os outros de modo fraternal, combater tudo o que degrada a vida humana, animal e a natureza, praticar os gestos fecundos da partilha e da reconciliação e, por fim, dar as mãos para restaurar a esperança no meio dos que sofrem. Nisto se conhecerão que somos seus discípulos. Este é o verdadeiro Natal que vamos celebrar, não o dos "shoppings" onde se celebra o consumismo mais desenfreado. Poderemos ser probes, mas se o celebrarmos condignamente, poderemos sentir-nos verdadeiros reis. Que este Natal seja - até pelas circunstâncias - um Natal mais espiritual do que material, com menos presentes, - que na maioria das vezes, para nada nos servem -, e mais carinho, nem que seja em pensamento, por aqueles que nada, ou muito pouco têm, - por vezes nem um tecto para se abrigar -, neste tempo frio e húmido; por aqueles, que embora tendo muito, se sentem sós, - mesmo quando rodeados de muita gente -; e, sobretudo, pelos ausentes, que já preencheram a nossa vida noutros tempos e que agora, deixam a cadeira vazia. Por tudo isto, celebremos um Natal diferente, um Natal de humildade e partilha, onde a memória também esteja presente. A todos um Feliz Natal.

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