Turma Formadores Certform 66

Saturday, December 11, 2010

Equivocos da democracia portuguesa - 61


Temos assistido nos últimos dias a mais um carnaval político na nossa terra. Agora é a "compensação" que Carlos César, o presidente do governo regional dos Açores, anunciou sobre os cortes anunciados e inscritos no OE aprovado recentemente. É obvio que, embora compreendamos o que Carlos César quis fazer, subscrevemos o que Sócrates e parte da oposição afirmaram sobre este tema ontem no debate quinzenal na AR. Para além da discussão jurídica - que ainda nem sequer começou - há uma questão política que é avassaladora. As normas do Governo e da AR são soberanas para o território nacional, o que desde logo implica, uma certa solidariedade política em torno de tão gravosas medidas. Não faz sentido que, uma parte do território nacional não as siga, dando assim azo a um precedente que pode ser perigoso. Como é óbvio, em democracia os votos contam, e esta é uma estratégia que irá ajudar, e muito, Carlos César. Mas quando o país está na situação em que está, temos que pensar para além do voto, do interesse partidário, do interesse meramente pessoal. Para além do desrespeito face aos orgãos de soberania, - PR, Governo e AR -, é a afronta que se faz ao portugueses, que segundo César, à-os de primeira e segunda categorias. Foi lamentável esta decisão, agravada pelo desconhecimento do PM - que a acreditar em algumas fontes - nunca foi consultado. Quando as regiões autónomas são pobres e dependem de dotações do governo central, é incrível assistir a coisas destas. E sobretudo, porque tais medidas podem por em causa o próprio OE, com as consequentes derivas daí resultantes. Na política não pode valer tudo, já o afirmamos por diversas vezes, nem a qualquer preço. Se a maioria dos portugueses vai fazer um esforço tremendo em 2011, ( e subsquentes ), porque razão os açoreanos não o devem fazer? Tenhamos algum pudor. A nossa democracia já anda pelas ruas da amargura, não a empurremos mais para o lamaçal, para depois nos virmos a arrepender - tardiamente - e acabar "a chorar sobre leite derramado". Carlos César tem um lugar importante e com visibilidade, daí o dever ter mais cuidado com as suas atitudes.

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