Equivocos da democracia portuguesa - 62
Neste final de ano, continuamos com notas em que a democracia portuguesa se tornou fértil. Desde logo, Passos Coelho a dizer que está disponível para governar com o FMI!!! Frase infeliz dum jovem político que ainda não aprendeu que em política as palavras devem ser medidas e pesadas. Esta frase causou desconforto mesmo no seio das hostes laranja. É caso para perguntar, se com esta falta de maturidade poderá vir a ser o futuro primeiro-ministro? Por aquilo que já vimos, cremos que haverá quem diga que sim, mas depois não se venham lamentar. Mas a nossa democracia continua a ser rica em equívocos, agora com a falta de açúcar. Esta situação levou a que, sobretudo alguns dos agentes políticos mais truculentos, não se cansaram de ampliar - com a sempre inestimável ajuda da comunicação social - que as coisas estavam tão mal, que até agora (logo na época natalícia) havia falta de açúcar!!! É certo que ele escassiou, mais pela corrida desenfreada aos postos de venda, do que pela falta real do produto. Esta é uma situação que, infelizmente, se repete sempre no final do ano, com este e/ou outros produtos, onde se criam condições para o ajuste de preço, levando as pessoas a comprar o mais possível, não se importando a que preço. (Até no anterior regime isso acontecia, o que levou Salazar a instituir os famosos grémios, mesmo assim, não evitando a escassez regular de bacalhau, - só para dar um exemplo -, que era um negócio chorudo para a famíla Tenreiro). Como ontem, um dos principais refinadores dizia, nunca houve falta de produto, embora algum dele tivesse sido desviado para outros países, sempre a pensar no ajuste de preço, e no lucro desenfreado. Mas logo, os nossos agentes políticos - alguns diga-se em abono da verdade - vieram dizer que isto tinha a ver com as medidas restritivas do governo. Patranha para enganar meninos. Faz-me lembrar a minha avó, de saudosa memória, que tinha vivido as duas guerras mundiais, que armazenava tudo o que podia em casa, como arroz, massa, açúcar e sei lá mais o quê, sempre com o argumento de que vinha aí uma guerra e haveria escassez dos produtos. Mas os tempos são outros, e o nível cultural também, e temos que nos deixar de ir a reboque de instigadores da desgraça, que mais não fazem do que defender interesses, nem sempre muito nobres. Outro assunto que tem vindo a abalar o mundo informativo nos últimos tempos, prende-se com o chamado "caso Wikileaks" - que abordaremos noutra altura - e que agora também nos vem tocar. É óbvio que a diplomacia se faz de muitas coisas, nem sempre claras e públicas, mas essenciais para o equilíbrio mundial. O que nos causa estranheza é a facilidade como estas informações aparecem, e logo, oriundas dos EUA onde as normas de segurança são muito apertadas. Será que alguém está interessado nisso? Talvez sim, mas quem fica mal nesta fotografia são, desde logo, os próprios EUA, ao deixarem que informação classificada seja tão mal protegida. Mas, pelo menos, soubemos que temos um 007 entre nós, que é nada mais nada menos, do que o presidente do Millenium BCP, temos um Presidente da República vingativo, um Primeiro-Ministro carismático e determinado e um Ministro dos Negócios Estrangeiro amigo dos EUA. Vamos estar atentos para ver o que ainda virá por aí. Neste mundo conturbado, onde tudo parece um imenso jogo de xadrez, - (leiam os livros de Katherine Neville, que já foram objecto de análise neste espaço) -, onde os governos mais parecem que não governam, mas são controlados à distância por terceiros com fins menos confessáveis. Cada vez se olha com mais atenção para o chamado "Clube Bilderberg", - assunto a que voltaremos mais à frente - embora este faça tudo ao seu alcance para passar discreto e desapercebido. Será que neste mundo, cada vez mais de sombras, não passamos de meras marionetas num jogo mais vasto? Vivemos um mundo sem ética, esta já foi enterrada à muito, até passou a ser "démoudé". Reflictamos um pouco sobre tudo isto, e tentemos olhar com distanciamento, para o mundo que nos cerca. Talvez cheguemos a alguma conclusão.
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