Turma Formadores Certform 66

Monday, January 24, 2011

Equivocos da democracia portuguesa - 68


E eis que o candidato anunciado como vencedor antecipado das eleições venceu! Nada de novo, apenas o desinteresse duma campanha desbragada, sem interesse ou motivação, não esclarecedora. Manuela Ferreira Leite - sempre ela - deve estar contente, primeiro porque o seu patrono venceu, depois porque, segundo a própria, "os mercados vão reagir bem, e logo, a uma vitória expressiva", e a partir de hoje vamos todos assistir a uma confiança desmedida em Portugal!!! Desenganem-se, nada disso irá acontecer e MFL terá cometido mais uma das suas habituais "gaffes" ou, o que é mais grave, terá enganado os portugueses induzindo-os a votar num candidato que seria a panaceia para todos os males. Para quem defende a seriedade e a transparência, convenhamos que não fica bem. Mas eles estão acima de tudo isso, afinal "eles nunca se enganam e raramente têm dúvidas". Infelizmente para todos nós, os mercados irão continuar a especular sobre Portugal, independentemente de quem tivesse sido eleito ontem, porque as motivações desses mercados são mais amplas e abrangentes, do que a preocupação com um pequeno país periférico e pobre. Mas sobre a questão dos mercados, da dívida e do déficit, falaremos em próxima crónica. Hoje o que nos interessa é que Cavaco Silva foi reeleito - seguindo o que vem sendo habitual na nossa democracia -, numas eleições marcadas por forte abstencionismo. E é isto que nos deve levar a fazer uma profunda reflexão. Não basta dizer, que foi motivado ao frio, ou ao cartão do cidadão que não funcionou, ou a outra coisa qualquer. O que se vê, eleição após eleição, é o profundo divórcio das populações com a política e os políticos. E este fenómeno é transversal a todas as eleições. Cada vez assistimos a maior abstenção. O desinteresse é cada vez maior, as dificuldades da vida são cada vez maiores, cada vez mais vivemos de costas voltadas para os políticos que elegemos. Isto merece uma reflexão porque é algo de grave e de pouco saudável numa democracia. À que repensar tudo de novo. A democracia merece que se faça esse esforço. Porque um candidato ou um partido eleito com um mínimo de votos será sempre uma entidade frágil, independentemente de ter tido a maior votação. Julgo que temos que repensar o modelo eleitoral e, sobretudo, credibilizar a política e os políticos, para trazer de novo os cidadão para a participação cívica. É certo que as pasadas de lama que os políticos atiram uns aos outros, não criam as condições ideais para que isso aconteça. As pessoas estão fartas de todo um jogo balofo e inconsequente que em nada vem melhorar as condições de vida do dia-a-dia. Aproveitemos este fim de ciclo eleitoral para, com algum tempo, meditarmos sobre tudo isto, e tentar buscar soluções que invertam a tendência antes que seja tarde demais.

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