Turma Formadores Certform 66

Monday, May 30, 2011

Equivocos da democracia portuguesa - 104

Nesta "espiral de silêncio" - que deriva das sondagens - em que as muitas - diárias "tracking poll" - nos afogam, vamos vendo as tendências do eleitorado bem como o comportamento "tardio" de alguns eleitores - "late swing" -, os chamados "indecisos". Esta situação de proximidade dos dois maiores partidos beneficiam o "challenger", isto é, o que desafia aquele que está no poder, no caso vertente o PSD face ao PS. Mas no decorrer da campanha eleitoral comemorou-se os dez anos do euro. O euro que tão celebrado foi, não deixou de ser importante, mas o seu fulgor e a sua força, seria bem vista enquanto as economias crescessem. Quando tal deixou de se verificar, veio ao de cima os diferentes nacionalismos dos vários países. Quando a crise - como esta que estamos a viver - é uma crise sistémica - e não só deste ou daquele país, como no início se pensou - não pode ser resolvido caso a caso como a UE a tem tratado. Daí se conclui que, talvez, o euro tenha sido criado antes da UE estar mais consolidada. Mas estas questões não as vemos tratadas na nossa campanha, trazendo-se para ela, apenas, os dados menores, como bem reconheceu Marcelo Rebelo de Sousa, quando afirmou que: "Esta é uma campanha pobre". Mas não terá sido também pobre a campanha presidencial? Não deixemos de considerar que estamos face a políticos menores e não a estadistas, como já os tivemos noutros tempos. Mesmo a nível de círculo vemos isso. Na passada semana, a antena 1 propôs um debate, com os cabeças-de-lista por Lisboa, em torno da saúde. Todos os partidos estiveram representados, excepto o PSD, porque o seu cabeça-de-lista, preferiu ir visitar o hospital D. Estefânia onde proferiu afirmações que vão contra o seu próprio partido! Mas, tal não nos surpreende demasiado, porque o tal cabeça-de-lista é Fernando Nobre! Isto não cria um clima salutar entre as forças políticas e o eleitorado, nem cria uma situação de aprofundamento das propostas que cada partido tem para Portugal. Isso até pode nem ser necessário, dirão alguns, porque o programa de governo será o da "troika" seja lá quem for que vai governar, por isso não haverá muito a dizer. Apesar de tudo, pensamos que não devia ser assim, porque os políticos deviam estar mais próximos dos eleitores que, afinal, os elegem, mas também achamos que esta proximidade não deveria apenas aparecer de quatro em quatro anos, mas sim, ao longo da legislatura. Esta é a prática em muitos países, mas entre nós ainda não, porque estes políticos não gostam das populações, apenas se servem delas para conseguirem um lugar que lhes dê condições de ter acesso ao poder. Mas a UE não escapa, também, a este desígnio. A UE está confrontada com um problema sério que é a possível saída da Grécia do euro. Isso tem implicações terríveis. Desde logo, terá que criar uma moeda nacional que aparecerá fortemente desvalorizada. O segundo ponto é saber se os países ricos estão interessados em afastar os países pobres do euro. Se a Grécia sair, Portugal será o que está imediatamente a seguir. Mas a saída de qualquer país da zona euro será também, estamos certos, o canto do cisne do projecto europeu. Isto são questões dramáticas que também podem passar por nós e que não vemos os políticos discutir nesta campanha eleitoral. Isto poderá ser a consequência do acordo da "troika" que nenhum dos partidos signatários - PS, PSD e CDS/PP - não falam. A redução de prazos que entretanto veio a lume, pode vir a criar dificuldades acrescidas, num processo já de si difícil, dado o calendário eleitoral e de tomada de posse que a lei portuguesa prevê. (Hoje, já teremos a primeira visita da "troika" para analisar a evolução daquilo que foi imposto para a ajuda externa em plena campanha eleitoral)! E face a isto, os partidos preferem andar entretidos a insultarem-se mutuamente. Passos Coelho visivelmente incomodado por ser "engolido" pela multidão em Amarante e Paulo Portas a dizer-se à esquerda do PSD nas questões sociais, são bem o exemplo do que se está a passar. (Embora não deixemos de considerar que o CDS/PP tem grandes compromissos com as questões sociais, bem mais evidentes e profundas do que o PSD que vai sempre escondendo ao que vem). O PS a tentar desviar as atenções dos compromissos que assinou e, os dois partidos mais à esquerda, a CDU e o BE, vão atacando tudo e todos porque, afinal, eles não têm nada a perder, nem a responsabilidade da governação. A campanha está na recta final, é tempo de começarem a pensar em nós todos, portugueses, que não quisemos eleições em momento tão difícil para Portugal, mas para elas fomos empurrados. Passos Coelho ou José Sócrates, um deles será o futuro PM, mas não esqueçamos, que qualquer que seja o rosto a política a aplicar será a mesma, já fixada pela "troika", à qual não podemos escapar.

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