Conversas comigo mesmo - XXXV
A Inês do meu contentamento chegou finalmente à casa que será o seu lar. Como flor radiosa que veio encher de alegria o meu jardim de Outono, certamente, trouxe consigo a alegria à sua casa. Na Inês se depositam as expectativas dum futuro brilhante. Talvez daquele futuro que gostaria de ter tido e não atingi, mas que faço tensão de ver cumprida nela a minha demanda. A Inês, no seu primeiro contacto com o lar a que chegou, - que é o seu -, cumpriu a primeira das etapas que a vida lhe reserva. Cumpriu o ciclo da gestação vindo para nós no dia 12 de Outubro passado. Depois de passar por todos os controles de saúde inerentes a estes casos, a Inês - qual flor do meu jardim de Outono - prepara-se agora para a vida. Uma vida que queria que fosse gloriosa, cheia de sucessos, uma vida grande e plena digna do nome de rainha que ela transporta em si. Neste momento, fazem-se as mais variadas conjecturas, os votos mais solenes, as juras mais definitivas. Mas o futuro, será da Inês, será a ela que compete traçar o seu caminho, o seu rumo, cumprir enfim a sua lenda pessoal. Inês do meu contentamento, que por duas vezes já esboçou um sorriso no meu colo (a primeira das quais, na primeira vez que lhe peguei). Inês amor, Inês flor, que vieste alegrar o meu jardim. Ainda estás longe de compreender tudo aquilo que te rodeia, bem como, aquilo que sinto, espero e desejo para ti. Um dia, se tiveres oportunidade de conhecer estas pequenas e pobres prosas que escrevo, compreenderás melhor, e podes ter a certeza que quem aqui te escreve neste espaço está muito feliz. Feliz por ti, feliz por aquilo que representas para mim, feliz pelas expectativas que encerras. No meu jardim que rapidamente se aproxima do Inverno, tu permanecerás a florir, a brilhar, a amenisar com o teu aroma de Primavera, esta terra já árida, já gasta, por este Inverno que dentro em breve cobrirá o meu jardim. Mas estou certo que tu - a sua mais bela flor - permanecerás entre as intempéries, os frios glaciais, os ventos impiedosos, a chuva intensa, tu Inês, serás uma espécie de estandarte que se erguerá firme enfrentando tudo isto. Serás sempre a Inês do meu contentamento, a minha referência, a minha bússola no mar tormentoso da vida. Sei que estarás presente sempre, porque o amor não se renega, sei que serás um bastião da minha vida, porque não se pode esquecer tanto carinho, sei que serás um amparo, porque na debilidade dos anos que passam serás uma mulher forte e determinada, uma mulher que não renegará o amor, uma mulher que escolherá o seu destino sempre na vereda da dignidade, enfim, Inês, honrando o nome em que vieste embrulhada. Bálsamo do tempo que resta, luz quando os olhos começarem a trair, voz quando esta já for fraquejando, ouvido que escutará os ruídos do mundo quando este já não possuir todas as suas capacidades, tu Inês, serás o farol da minha vida, a luz dos meu olhos, que amenizará com o seu perfume de Primavera o Inverno do meu descontentamento. Vieste tarde para mim, muito tarde, quando fores maior e precisares do meu amparo ou do meu apoio, já serei demasiado velho, e tu minha bela Inês, estarás a despertar para uma nova vida, com o fulgor da juventude. Sei que será assim, - afinal também já fui jovem -, mas sei que também poderei ocupar, - assim espero -, um pequeno espaço no teu coração, quanto mais não seja para redimir aquele que ocupas no meu. Ocupas um espaço imenso que quase me sufoca, mas que me dá muito prazer. Inês representas a felicidade que pensava que já não tinha direito, reabriste o livro da minha vida, - e que prazer imenso senti com isso -, agora que tenho um novo objectivo para continuar. Inês do meu contentamento continuas a ser o motivo da minha epifania.
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