Conversas comigo mesmo - XXXII
"O homem tem nas mãos o poder de abolir toda a forma de pobreza humana e de abolir também toda a forma de vida humana". Esta frase tão simples e provocante proferida por John Kennedy há 50 anos enquadra-se bem com a mensagem de Isaías, uma mensagem que tem quase 3.000 anos. Na verdade, como diz o profeta, está ao nosso alcance produzir uvas ou agraços (uvas amargas), ou seja, "paz ou violência, justiça ou gritos de horror". É esta possibilidade real de contribuir para um mundo mais humano ou mais bárbaro, mais habitável para todos ou inóspito, mais seguro ou intranquilo, mais colaborante e generoso ou mais fechado e egoísta, mais feliz ou mais angustiado, que nos chama, dia após dia, à nossa responsabilidade. Uma responsabilidade que admite graus pois a resposta que se espera (ser responsável é ser capaz de responder) tem a ver com situações e capacidades de acção e de influência muito diversas. Mas todos somos responsáveis. Todos temos influência no metro quadrado onde a nossa vida se vai desenrolando. A nossa "vinha de acção" é, por isso, a nossa família, a nossa escola, o nosso bairro ou empresa, os nossos vizinhos ou a nossa associação, a nossa comunidade ou paróquia. É aí que, dia após dia, podemos sempre produzir "uvas ou agraços". Assim, temos que trabalhar por uma boa colheita.
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