Turma Formadores Certform 66

Tuesday, September 27, 2011

Equivocos da democracia portuguesa - 136

Os equívocos continuam e desta vez bem mais graves. O célebre buraco da Madeira - "buraquinho" segundo Alberto João - deixou toda a gente boquiaberta e incrédula perante tanta desfaçatez, mesmo para os correligionários de Alberto João. Estes nem queriam acreditar que estavam a obrigar os portugueses a tantos sacrifícios - alguns desnecessários, apenas para implementação do seu programa ultraliberal, a coberto da"troika" -, e depois vem esta notícia, e logo, donde menos se esperava, atendendo às acusações que Alberto João fazia aos seus adversários políticos. Como dizia Montesquieu: "Todo aquele que tem o poder, podendo ser boa pessoa, tende a abusar desse poder". E nada é mais certo do que isto. O "tiranete" madeirense ocultou deliberadamente o endividamento da Madeira com vista a apresentar obra que lhe permitisse perpectuar-se no poder, indiferente aos sacrifícios que estão a ser impostos aos portugueses. (Entretanto, o "rating" da Madeira já baixou e existe a ameaça de continuar a baixar. E estas também são medidas que afectam Portugal). Alberto João sempre foi um homem com uma mentalidade ultra-direitista - vejam as ligações que ele tinha antes do 25 de Abril de 1974 - e logo se compreenderá que dali nada de bom sairía. Ele sempre se constituiu como um contra-poder na democracia que tanto vilipendiou ao longo dos anos. Agora é independentista num dia e integrista no outro, mais parece tratar-se dum caso de insanidade mental, logo de inimputabilidade. Karl Popper afirmava: "Mais do que saber quem manda (em democracia), é saber como se controlam aqueles que detêm o poder". E Alberto João sabia-o muito bem. Por isso, é que durante mais de três décadas, se deu ao luxo de insultar tudo e todos, mesmo do seu próprio partido - veja-se o que aconteceu com Cavaco quando o intitulou de Sr. Silva -, e o PSD, estranhamente, não só não o confrontou como até lhe forneceu porto de abrigo. Já aqui, por diversas vezes, nos interrogamos da razão de ser desta atitude, será que Alberto João sabe de mais? Será que pode ser incómodo? Com este pretexto que ele próprio ofereceu e, talvez, porque a direcção do PSD não é alinhada pelos históricos, esta situação se tornou possível e, se calhar, chegou o tempo para o ajuste de contas, que contará certamente com o apoio de outros que, na sombra, estão a ajudar ao festim. Alberto João ainda não compreendeu o que Fernando Pessoa disse, quando afirmou: "Às vezes vencer é ser vencido". Na sua ânsia desmedida pelo poder, no seu compromisso de deitar a mão aos que com ele comem do mesmo prato, faz com que ele tenha que continuar agarrado ao poder nem que para isso tenha que inaugurar cem metros de estrada ou um telhado, na sua orgia de obter votos, chegando ao ponto de ter duas inaugurações por dia (!) até ao dia das eleições. Que desmando, que vergonha! Mas no Continente as coisas não andam melhor. Os sacrifícios estão aí, e vão-se preparando as coisas para o futuro, anunciando-se que em 2012 tudo será pior. As ruas, em breve, se encherão de pessoas - já foram marcadas manifestações - e veremos como o governo vai lidar com tudo isto. Por enquanto, os portugueses vão tendo paciência, mas tudo tem os seus limites. A situação começa a ficar explosiva, mesmo em sectores como as forças armadas e as forças de segurança. Os "media" já disso fizeram eco, o que será expectável é que a curto prazo, também seja mais visível esse desagrado. Mas a Europa também não está melhor. A banca italiana já viu o seu "rating" cortado, o que indicia que a Itália começa a estar atacada, e agora, trata-se da terceira economia da zona euro e não já de um qualquer país periférico. As indecisões estão na ordem do dia. Ninguém sabe para onde vai. A UE fala a várias vozes, o que desde logo, indicia uma grave fragilidade. Contudo, parece que os eleitores estão a apostar na mudança. A toda poderosa Merkel perde eleição atrás de eleição e o SPD ganha cada vez mais terreno. Na França a Assembleia Nacional já é maioritariamente socialista. Talvez estes ventos de mudança tragam algo de novo e, sobretudo, um rumo mais efectivo e solidário para a UE. É urgente um apoio mais firme e solidário aos países periféricos e neste à Grécia que é o mais vulnerável no momento. Podem ser economias fracas, mas se estas caírem, será o euro que entrará em grandes dificuldades e a desagragação da Europa será cada vez mais possível. A Europa, diríamos mais, o mundo carece cada vez mais de estadistas que substituam os amanuenses da política que por aí proliferam - mesmo entre nós - com ideias e práticas ultraliberais que só servirão para empobrecer as respectivas nações dando a ganhar fortunas a um punhado de ricos que se estão a tornar mais ricos. Estes ventos de mudança, a continuarem, poderão ser um sinal de que algo vai mudar brevemente, esperemos ter razão, para proclamarmos como Bob Dylan: " The times they are a-changin' ".

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