Equivocos da democracia portuguesa - 138
O tema Madeira tem continuado a alimentar a espuma dos dias desta semana. Quando o "governador" da Madeira diz que "a sua preocupação é ter o povo contente e não agradar aos ministros das finanças" nada mais há a dizer. Tudo vale, mesmo o tirar olhos, ou seja, esconder do país os excessos que comete a cada passo. Isto significa que no futuro tudo continuará como até aqui, porque ele sempre arranjará uma solução, bem assessorado pelo grupo de pessoas que vêm em Alberto João o continuar dos seus previlégios. Para além das sete famílias que dependem directamente do "governador" à mais de trinta anos - conforme notícia do DN de ontem - existirão outros que foram criando o seu lastro em torno do seu "imperador". Ficamos a saber, e logo no dia da República, que Mário Nogueira e a Femprof - a mesma que vinha para a rua insultar o anterior primeiro-ministro (que grandes professores!) -, afinal anda de abraço com o "imperador" da Madeira. Que desconforto teve na inauguração da sede da Femprof na Madeira que já estava pronta à meses mas que só agora - em pleno período eleitoral - se fez inaugurar por Alberto João!!! A falta de vergonha é muita neste meio político cada vez mais apodrecido. Já nem salvaguardam as aparências, mas é sempre bom saber com quem nos cruzamos na estrada da vida. A estes só nos resta o gesto do Zé Povinho tão bem caricaturado por Bordalo Pinheiro. Entretanto, ocorreu mais uma comemoração da implementação da República - a 101ª - iniciando-se assim um novo ciclo do segundo centenário. Este - como já era esperado - contou com o divórcio bem evidente das populações. Primeiro, porque a segurança criou um espaço em que não cabiam as populações para quem a República foi feita, (afinal de quem têm medo!), depois, porque estas também não estavam para festas vazias de conteúdo. Até os antigos presidentes da República faltaram - pela primeira vez - a este evento. O país começa a estar de costas voltadas para os políticos que tudo prometem e nada cumprem. Quanto ao discurso de Cavaco Silva foi mais um "flop" como têm sido todos ao longo do seu mandato. Ele mesmo criou a expectativa em torno do que ia dizer, e o que disse não passaram de generalidades, banalidades que qualquer cidadão comum - desde que tenha bom senso - reproduzirá. Ficamos sem saber quando Cavaco fala dos nossos antepassados, se estamos a falar daqueles que fizeram a primeira República com toda a inscontância à sua volta, se de D. Afonso Henriques, se do Infante D. Henrique que começou a saga de gastar o dinheiro público para as descobertas, se daqueles reis e rainhas e respectivos séquitos que colocaram Portugal na falência por sete vezes até aos nossos dias. Contudo, ficamos a saber uma coisa, é que Cavaco se preocupa com a Europa, até acha que a nossa situação depende muito do que nela se passar - agora que o seu partido está no governo -, palavras bem diferentes das que usava no tempo do governo anterior, onde a culpa era do governo nacional e os mercados não tinham que ser - nem deviam ser - hostilizados. Afirmações como estas, só vêem pôr em causa a independência que é exigida a um Presidente da República, que deve ser de todos os portugueses e não de uma facção. Cavaco Silva optou por ser um presidente de facção, já o sabíamos à muito, mas que o seja duma forma tão despudorada parece-nos um pouco de mais. Apesar de tudo, ainda não desistimos de conhecer uma ideia que seja a Cavaco. Durante a sua vida política nunca lhe conhecemos nenhuma, ficando sempre pela rama para depois dizer - quando as coisas não correm bem - que até já tinha avisado. Palavras recorrentes de quem nunca foi capaz, até hoje, de produzir algo que marque o seu pensamento no futuro. Apesar de tudo, iniciou-se o segundo século da República e isso é a única coisa boa que ficou de tudo isto. Viva a República!
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