Turma Formadores Certform 66

Wednesday, October 19, 2011

Equivocos da democtacia portuguesa - 142

E ele aí está com toda a sua pujança, o OE 2012! Mais do que uma proposta de orçamento, trata-se duma proposta de empobrecimento, que colocará Portugal aos níveis de 1975!!! Sem uma proposta sobre o crescimento económico, este OE apenas é o orçamento da recessão que no próximo ano andará pelos 2,8%. O desemprego, como não podia deixar de ser, vai aumentar atingindo níveis nunca vistos fixando-se em 13,4%. Se não existe crescimento económico, as empresas não investem, a retração ao consumo será a regra, logo, não existem condições para a criação de emprego. Quando Vitor Gaspar anunciava que em 2013 já seria possível ver-se o fruto destas medidas, conduzindo a um crescimento embora débil - ver conferência de imprensa e entrevista na RTP1 na segunda-feira passada -, está a assentar as suas expectativas numa evolução que pode não ser assim. (Apenas se entendendo as suas afirmações numa clara tentativa de mobilizar as populações, logo destruídas pelas palavras do comissário Ollin Rehn - comissário europeu para os assuntos económicos - que veio afirmar que tem muitas dúvidas que se atinga o valor do déficit previsto para este ano - fruto de falta de estratégia e planeamento do governo (sic) - e da bondade deste orçamento para o fazer cumprir no ano seguinte). Dependemos muito do que se passa além fronteiras, e na Europa as coisas não andam bem, e os EUA estão agora a começar a ter um efeito recessivo que se iniciou na Europa. Assim, com esta instabilidade levada ao extremo, será temerário fazer afirmações como aquelas que Vitor Gaspar produziu. O que temos como certo e adquirido, é o empobrecimento acentuado, a regressão no modelo de vida, a depauperação, a destruição do SNS, a destruição da escola pública, enfim, a destruição do estado social que tanto orgulhava os portugueses e os europeus. Se com o argumento do risco sistémico e de contágio, o dinheiro tem aparecido e sido despejado em catadupas na banca, - banca que hoje nem sequer está preocupada em apoiar a economia ou as pessoas -, ele já é sonegado para com as populações esmagadas por uma carga tributária sem precedentes. (Atente-se nas palavras - proferidas ontem - do presidente do BPI, se ainda tínhamos dívidas...) Afinal porque é que os 12 mil milhões de euros de ajuda à banca não ficam num fundo para apoiar as PME's? Nesta afirmação coincidem pessoas bem diversas como Francisco Louçã ou o comendador Rocha de Matos. E não basta vir criar de imediato um apoio aos desfavorecidos, até porque desfavorecidos seremos todos, excepto aquele 1% de muito ricos, que não sabem o que é a crise, e a quem o governo poupa. Nesta demanda ultra-liberal - há quem lhe chame sub-liberal - do governo de Passos Coelho, verificamos que as pensões vitalícias dos políticos não foram afectadas! Um despudor sem qualificação, uma falta de vergonha a que Passos Coelho já nos habituou. E quando vemos que em 36 anos as pensões apenas cresceram 38 euros (!), já não há muito a dizer. E no fim de tudo isto, estará a inevitável reestruturação da dívida, que de outro modo não pode ser paga. Até Belmiro Azevedo já veio afirmar que com estes juros, não a conseguiremos pagar. Num mundo em mudança acelerada, onde as populações parecem não contar, não temos dúvidas que estamos a caminhar para o precipício. (Vem-nos à memória o "Clube Bilderberg" que deu origem a um livro com o mesmo nome - já objecto de análise neste espaço - onde parece existir uma estratégia de alguns (poucos) de virem a controlar o mundo). Esta situação que estamos a viver é sem precedentes, e ainda mais incompreensível quando se vê que se está a ir mais longe do que o memorando da "troika" exige, numa clara implantação do modelo ultra-liberal do PSD que este tentou por diversas vezes implementar mas sem sucesso. A coberto da situação que se vive hoje no mundo, o PSD está empenhado em fazer um orçamento já não de salvação nacional, mas sim, um orçamento ideológico, onde a ideia de destruição do estado social é evidente, onde a ideia de favorecimento dos privados não deixa dúvidas. (Veja-se o que vai acontecer com o IRS que poupa aqueles que mais rendimentos têm!) Este orçamento vai conduzir a uma recessão que não se via em Portugal à mais de 30 anos. E ainda vemos um tal ministro da economia (será que era ele? será que existe mesmo?) a dizer que o tempo das obras faroónicas tinha terminado. Afinal parece que esse senhor "desconhece" a imposição de Bruxelas de criar um TGV para passageiros, que é do interesse da UE, e que Portugal tem que apresentar uma solução até ao próximo mês!!! Afinal parece que o despudor ainda vai mais longe do que aquilo que pensavamos. No meio de tudo isto, estamos nós, os cidadãos comuns a ser esmagados por esta maquiavélica máquina de interesses que passam também por uma UE cada vez mais esfrangalhada sem rumo e sem glória, ela também vítima da mesma senda ulta-liberal que actualmente a dirige. (Ainda ontem a Espanha viu a Moody's rever em baixa o seu "rating" de Aa2 para A1, com perspectiva negativa). Num mundo à beira do abismo, as populações parecem estar a tomar consciência da situação a que estão expostas. É ver o que está a acontecer nos EUA com os "ocupas" e na Europa com os "indignados". Se alguma coisa de bom esta crise trouxe, foi a consciencialização das populações, da sua força que, afinal, não se encerra apenas no voto que, de quatro em quatro anos, introduzem numa urna. Por cá, também essa consciência começou a ganhar forma, veremos até quando e que consequências vai ter.

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