Turma Formadores Certform 66

Thursday, October 11, 2012

No 50º aniversário do Concílio Vaticano II

O Concílio Vaticano II, XXI Concílio Ecuménico da Igreja Católica, foi convocado no dia 25 de Dezembro de 1961, através da bula papal "Humanae salutis", pelo Papa João XXIII. Que surpreendeu os católicos com a convocatória para este concílio dizendo: "Estamos perante dois caminhos: o da liberdade ou o da servidão". Este mesmo Papa inaugurou-o, a título extraordinário, no dia 11 de Outubro de 1962, celebrando-se hoje o seu 50º aniversário. O Concílio, realizado em 4 sessões, só terminou no dia 8 de Dezembro de 1965, já sob o papado de Paulo VI. Nestas quatro sessões, mais de 2 000 prelados convocados de todo o planeta discutiram e regulamentaram vários temas da Igreja Católica. As suas decisões estão expressas nas 4 constituições, 9 decretos e 3 declarações elaboradas e aprovadas pelo Concílio. Apesar da sua boa intenção em tentar atualizar a Igreja, os resultados deste Concílio, para alguns estudiosos, ainda não foram totalmente entendidos nos dias de hoje, enfrentando por isso vários problemas que perduram. Para muitos estudiosos, é esperado que os jovens teólogos dessa época, que participaram do Concílio, salvaguardem a sua natureza; depois de João XXIII, todos os Papas que o sucederam até ao atual Bento XVI, inclusive, participaram do Concílio ou como padres conciliares (ou prelados) ou como consultores teológicos (ou peritos). Em 1995, o Papa João Paulo II classificou o Concílio Vaticano II como "um momento de reflexão global da Igreja sobre si mesma e sobre as suas relações com o mundo". Ele acrescentou também que esta "reflexão global" impelia a Igreja "a uma fidelidade cada vez maior ao seu Senhor. Mas o impulso vinha também das grandes mudanças do mundo contemporâneo, que, como “sinais dos tempos”, exigiam ser decifradas à luz da Palavra de Deus". Este Concílio foi uma verdadeira pedra angular na Igreja e nas suas concepções. Houve um salto qualitativo em aproximar a Igreja do seu tempo, fazendo um verdadeiro corte epistimológico com o passado. Foi permitida a celebração da missa nas línguas nativas e não em latim como antes, houve uma abertura a uma nova abordagem dos textos bíblicos, um trazer a comunidade laica para dentro da Igreja como participantes, coisa que até então não era permitido, até com o trazer para o seu interior uma certa forma de música e de cânticos fora do tradicional canto litúrgico de inspiração gregoriana. O Concílio não foi isto ou só isto, mas também isto. Que foi um verdadeiro salto de gigante na época e que viria a provocar algumas brechas na Igreja com os mais fundamentalistas, mais tradicionalistas, a assumirem a sua não concordância, seguindo caminhos diferentes. Lembro-me bem, quando há 50 anos habitava a casa dos meus avós, onde tinha nascido, e onde se ouvia esses sons distantes e por vezes disformes, que a telefonia de então trazia até nossa casa. A televisão era coisa que poucos conheciam, e muitos menos possuiam, assim, a telefonia era o meio previligiado - para quem a tinha - de seguir os ruídos do mundo. Lembro-me da atenção quase veneranda com que os meus avós ouviam, provavelmente preocupados por tanta mudança que a sua frágil educação não permitia entender na sua total amplitude. E lembro-me do ar um pouco irrequieto que então me ocupava, duma frágil criança que nada daquilo entendia. Eram assuntos difíceis de adultos que a uma criança como eu nada diziam nos seus frágeis seis anos. Hoje, 50 anos volvidos, revejo o alcance a importância do que então se passou, e do que quão crucial foi para que a Igreja dos nossos dias apresentar uma formatação mais tangível para a maioria das pessoas, sem pôr em causa os seus princípios, princípios que defende e que são a sua razão de ser.

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