Feliz Ano Novo de 2013
Mais uma página se vira no calendário. Mais um ciclo de 365 dias se inicia. Se o 2012 não deixa saudades a ninguém, o 2013 já começa a ser indesejado quando apenas agora começa. Muitos sacrifícios os portugueses passaram neste último ano, com o cortejo que o empobrecimento das famílias, o seu destroçamento e da nação acarretaram. Ele foi o desemprego a bater sucessivos recordes, elas foram as falências em catadupa, foi a emigração que aumentou em flecha, embora desta feita bem distante daquela a que assistimos nos anos 60, porque são os cérebros, os mais bem preparados que partem porque não conseguem encontrar alternativas no seu país, onde não são reconhecidos. Há muitas maneiras de empobrecer, e esta não é, seguramente, a menor. O SNS vai-se retalhando a cada dia que passa, onde os pobres, para quem ele foi tendencialmente criado, começam a não ter acesso, a escola pública cai aos bocados, onde o ensino é cada vez mais elitista, onde os mais pobres não cabem ou têm uma educação de segundo nível. Há muitas maneiras de empobrecer, e esta não é, seguramente, a menor. O próximo ano agravará tudo isto juntamente com o défice que não pára de crescer, apesar da "terapia". Novos recordes se baterão, não da recuperação, mas da derrocada que nos vai empurrando, cada vez mais, para o abismo, onde já caímos, mas no qual, nos afundamos cada vez mais. Mas se de tudo isto ainda vislumbra-se-mos uma luz ao fundo do túnel, uma chama que nos movesse a continuar até ao almegado sucesso, as populações não regateariam esforços. Mas aquilo que nos propõem são discursos bonitos, eloquentes até, mas vazios de conteúdo. Discursos que enganam as populações, metas que lançam e que vão, paulatinamente, sendo alteradas face ao insucesso da receita. "Discurso político é uma forma oca de entreter o pagode" dizia há dias Bagão Félix. E, sem dúvida, que é a isso que estamos a assistir. A mensagem de Natal do PM é disso um bom exemplo. Fantasia sobre fantasia, embuste sobre embuste, lá se vão fixando novas metas para o país. Mas afinal o ano que agora finda era o da recuperação segundo a afirmação do governo, governo irresponsável que passa o dia a enganar uma Nação inteira, não deixando de o fazer até àqueles que, por boa fé ou ignorância, o colocaram lá. Mas a sem vergoniche passou a ser uma instituição na política portuguesa, onde a mentira mais torpe é vendida como a mais sagrada das verdades. Costuma-se dizer que cada povo tem o que merece, talvez este seja o governo que merecemos, se não todos, pelo menos aqueles que se deixaram embalar no canto da sereia de que a crise se resolvia em dois meses!!! (Será que ainda se lembram desta afirmação dum irresponsável que, talvez por o ser, foi promovido a ministro?) Este é o nivelamento intelectual que o governo está a fazer, aquilo a que se chama o nivelamento por baixo, onde a mediocridade tem sempre lugar. Os outros, ou vegetam nos centros de emprego ou emigram, conforme a indicação do próprio PM compondo assim as estatísticas cada vez mais negras do desemprego. E refiro-me aqueles que têm qualificações por mérito e trabalho próprios, e não aqueles que as conseguiram por uma qualquer porta enviesada, apressadamente, antes que a oportunidade escapasse. Mas estes têm sempre lugar, porque Portugal se está a tornar num país de medíocres, de desqualificados, de ignorantes, de oportunistas. Quando muitos cientistas e investigadores portugueses vêm o seu trabalho reconhecido nos países de acolhimento, por cá, vai ficando a tacanhez, a pequenez de uns tantos que passam a vida a colocar-se em bicos de pés para ver se alguém repara neles. Este é o país que nos condenam a legar aos nossos filhos e netos, um país menor, de gente menor, sem instrução, voltando àquilo que era o nosso paradigma à cerca de 40 anos atrás. Mas esta é a gente que interessa aos poderes instalados, porque são amorfos, não contestam, são facilmente moldáveis, basta-lhes o futebol e, se ainda por cima, o seu clube ganhar, então é vê-los felizes. É esta a gestão da crise!... Quando a cultura é menosprezada, quando as fundações mais importantes com a da Casa da Música ou a de Paula Rego, para citar apenas dois exemplos, perdem os seus apoios, indicia bem o que os poderes instituídos pensam. Quando o ministério da Cultura passou a secretaria de Estado, ficamos todos a saber quais os ínvios caminhos que os poderes instituídos tinham reservado para ela. É neste panorama sombrio que festejamos a chegada dum Novo Ano, já anunciado como difícil, apocalítico até, já sabemos o que nos espera. Este "velho" Ano Novo é a continuação da senda que o anterior já indicou. Ano Novo de velhas palavras, de velhas ilusões, de velhas frustrações, de velhas mentiras!!! "Uma mentira repetida muitas vezes passa a ser uma verdade", talvez já não se lembrem de quem afirmou esta frase, foi Joseph Goebbels, ministro da propaganda de Hitler! É com ideias similares que nos prometem sucessivos oásis embora quando lá chegamos apenas se vê terreno árido e vai daí prometem-nos novos oásis mais à frente, novas miríades que se revelam sempre iguais e desesperançosas. Se ainda tiverdes, apesar de tudo isto, vontade de celebrar a sua entrada, aqui vos deixo os votos dum Feliz Ano Novo...
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