Turma Formadores Certform 66

Thursday, July 11, 2013

Equivocos da democracia portuguesa - 267

Ontem ouvimos a tão esperada comunicação do Presidente da República no rescaldo da crise política. Depois de o ouvirmos pensamos que o rescaldo ainda é labareda forte bem longe de estar sanada. Finalmente Cavaco deu um murro na mesa! Contra todas as expectativas Cavaco deixou o governo em frangalhos. Agora, depois da sua intervenção, ficamos sem saber que governo temos, já que o PR afirmou que o governo anterior estava em plenas funções, dando a entender que não aceitou a remodelação que o PM levou a Belém. Ficamos sem saber se temos ou não ministro dos negócios estrangeiros ou até se temos vice-primeiro-ministro! Ficamos sem saber se o atual ministro da economia ainda o é! Afinal, ficamos muito confusos em toda esta "bomba atómica ao retardador" - para usar a feliz expressão dum comentador que ontem ouvimos - nem sabemos que governo é que vamos ter amanhã no importante debate sobre o "Estado da Nação" caso este se venha a efetivar. O apelo ao consenso chega tarde, depois de Cavaco ter apadrinhado este governo, quando o PM ignorava os outros partidos do arco governamental, dentro e fora do executivo. Agora tudo é mais difícil se não impossível. O governo de salvação nacional é uma das possíveis saídas, embora este tenha que ser efetivado junto de "pessoa de elevado prestígio". Depois disto, que resta a Passos Coelho? Se estivéssemos na pele do PM, hoje mesmo, apresentaríamos a demissão, porque este governo sai enfraquecido, desacreditado, humilhado. Se ele já era tudo isso nas ruas, agora é-o junto daquele que mais o apoiou, Cavaco Silva. O atual executivo, embora em "plenas funções", já não é mais do que um governo de gestão, face ao anunciado intento de eleições antecipadas depois de Julho de 2014, isto é, depois da saída da "troika"! Depois da intervenção do PR, nada ficará como dantes, nem a maneira de fazer política será a mesma. Ninguém esperava uma tamanha reprimenda de Cavaco. Os partidos estão um pouco a digerir o discurso, - os do governo devem estar com uma tremenda indigestão -, os empresários ficaram confusos, os sindicatos talvez um pouco baralhados, a UE está atónita, os mercados já estão a dar o seu sinal, aumentando o juro, a Bolsa a cair. Se Portas tivesse previsto as consequências da sua atitude nunca a teria tomado, disso estamos certos. Agora libertou o monstro, abriu a "caixa de Pandora" e o que dela sairá ainda não temos bem a dimensão. A "troika" adiou a 8ª avaliação para Setembro para coincidir com a 9ª, enfim, a jogada de Cavaco se não foi um "xeque-mate" por lá andou e bem perto. E agora, como vai ser este dia seguinte? Por mais que queiram fazer de conta, por mais que queiram dar a ideia de que não se passou nada, todos sabemos que não é assim, que não será assim. Se o futuro estava já repleto de incertezas, agora ficou com mais ainda. Com que força anímica - questão que pelos vistos tem afetado este executivo - terá o governo para ir em frente, quando sabe que está a prazo, desacreditado, incompetente, imaturo, falhado? Gaspar vem que tinha avisado! Se Cavaco ontem lançou uma bomba atómica ao retardador, Gaspar foi o seu obreiro, foi aquele que a forneceu a Belém. E a Portas - o dissimulador - só restou o irrevogável papel de bombista suicida. No meio de toda esta confusão, não teria sido mais fácil convocar eleições antecipadas? Afinal, a instabilidade aí está duma forma bem vincada.

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