Turma Formadores Certform 66

Wednesday, July 17, 2013

Equivocos da democracia portuguesa - 268

Já três semanas se passaram desde que Paulo Portas mergulhou Portugal numa crise ainda mais profunda do que aquela a que este governo nos tem conduzido. Uma crise demolidora, destruidora, a que os mercados financeiros não deixaram de dar eco, isto é, agravando ainda mais as condições, desde já difíceis, que estamos a enfrentar. Três semanas se passaram em que a irresponsabilidade dos partidos da maioria nos vai empurrando mais e mais para o abismo. Para quem defendia tanto a estabilidade, acusando a oposição de ser irresponsável quando se opunha ao mais desbragado ultraliberalismo, que é chancela desta governação, não deixa de ser estranho que a própria coligação se tenha vindo a implodir, fruto do mais rasteiro interesse pessoal, do mais vergonhoso interesse paroquial dos partidos, onde o País é atirado para as calendas gregas. Sim, gregas, que com esta atitude, Portugal está cada vez mais próximo do cenário da Grécia do que aquilo que se julga, e não por culpa da oposição, mas sim, do próprio governo! Com ministros a sair e ministros a entrar, com aqueles que já se preparavam para o ser e afinal não o foram, para os que se preparavam para sair e que afinal ficaram, para uma ministra que esteve no centro da polémica e que afinal vai ser chefiada por quem tanto se sentiu incomodado pela sua nomeação, por um Presidente da República que afinal não aceitou o governo que o primeiro-ministro lhe levou, por um Presidente da República que acha que se deve formar um compromisso de "salvação nacional" e que até agora foi (é) a verdadeira (e única) moleta deste governo, enfim, depois de toda esta trapalhada, Portugal que deveria ser o centro dos interesses políticos, afinal foi relegado para segundo plano neste circo político com que o nosso país se vê confrontado. Três semanas já se passaram e ainda nada de visível apareceu. O cenário de eleições antecipadas - que tanto assusta Cavaco Silva - parece ser aquele que mais se adensa no horizonte. Talvez fosse o mais clarificador no atual momento político, já que a instabilidade está criada de qualquer forma. Mas umas eleições antecipadas que, de facto, sirvam para clarificar a situação política do país, e não com eleições que, - se ganhar um dos partidos do arco governamental, como é previsível -, não sirvam para mudar as caras para que as políticas fiquem na mesma, com os partidos amarrados por um compromisso com o presidente da República. Isso só servirá para mostrar que estamos sobre uma democracia controlada, tutelada, bem ao gosto de certos ambientes mais próximos da Latino América do que da Europa. No entretanto, três semanas passaram e Portugal continua adiado, sem futuro e sem amanhã. Sem vislumbrar uma luz ao fundo do túnel, porque aquela que vê aparecer, é a do comboio que vem direito a nós e nos vai esmagar a todos. No atual contexto pensamos que se ajusta a frase de Confúcio (Séc. V a.C.): "Para conhecermos os amigos, é necessário passar pelo sucesso e pela desgraça. No sucesso, verificamos a quantidade e, na desgraça, a qualidade". Isso aplica-se não só aos países que tinham a obrigação de serem mais solidários com Portugal, como é o caso da UE; bem como, aos políticos que por cá pululam e que estão bem longe de estar à altura do momento histórico que estamos a viver. Se é importante uma clarificação interna, temos como firme a convicção, que a Europa tem aqui uma palavra importante, desde logo, o ter uma visão mais abrangente e solidária, que passa também por uma alteração da relação de forças que hoje se verifica no seu seio e que esta crise que nos incomoda e afeta outros países da Europa do sul é bem o exemplo.

0 Comments:

Post a Comment

<< Home