Equivocos da democracia portuguesa - 300
Ainda a semana está a começar e já está embrulhada em polémica! Agora, e de novo, Rui Machete no epicentro do problema. Depois das polémicas afirmações sobre as "desculpas" a Angola, agora Rui Machete irrompe pelo ministério das finanças adentro e vai daí, afirma que "a hipótese de um novo programa de apoio financeiro a Portugal - leia-se segundo resgate - dependerá de as obrigações da dívida pública a 10 anos se situarem numa taxa de 4,5%". "Se [a taxa] estiver acima [dos 4,5%], não é possível. Não sendo possível, teríamos de encontrar vias alternativas, que normalmente se designam como um novo resgate", acrescentou o ministro. Rui Machete estava na Índia quando produziu estas afirmações. Parece que sempre que Rui Machete sai do país, o governo deve tremer de aflição porque nunca se saberá qual a polémica afirmação que fará e que embaraços irá causar à urbe. Se a polémica sobre Angola em nada veio ajudar às relações entre os dois países, como se viu, estas que agora faz não ajudam em nada o país. Para um governo que tanto fala em dar uma imagem externa de união e de alargamento da coesão nacional em torno das medidas que estamos obrigados a cumprir, não deixa de ser estranho este embaraço que o seu ministro de Estado e dos negócios estrangeiros anda por aí a causar. Porque se existe algo que os mercados não quererão ouvir serão afirmações como estas de Rui Machete. Afinal que quer dizer o primeiro-ministro quando fala em consenso alargado em nome dos mercados? De que servem essas ideias quando de dentro do seu próprio seio saem afirmações como estas? Todos sabemos que o que disse não deixa de ter um lado de verdade, como não se pode ignorar que, enquanto a economia não crescer acima dos 2% não irá alavancar, isto é, não existirá crescimento sustentável que crie emprego e normalize a economia. (Daí que quando se fala em crescimento dumas décimas tal não passe duma "blague", uma de muitas em que este governo cai com frequência). Mas uma coisa é termos essa noção, outra é vir debitá-la em público - ainda por cima num país estrangeiro - e vindo dum alto dirigente do governo português. Desde o início que assistimos a um governo que fala demais e a várias vozes e verificamos a incapacidade do primeiro-ministro em ter mão nos seus próprios ministros. Mas convenhamos que se está a ir longe demais. Para além da descoordenação do executivo, para além do falhanço da estratégia seguida, ainda temos que lidar com ministros que falam a destempo, sem medirem as consequências do que dizem. E o caso é tanto mais grave vindo do ministro de Estado e dos negócios estrangeiros. Desde logo porque o ser ministro de Estado já lhe acarreta algum dever de responsabilidade e recato para andar por aí a falar do que lhe vem à cabeça, depois porque ministro dos negócios estrangeiros o que mostra a falta para saber lidar com questões sensíveis. É caso para dizer a quem está entregue a diplomacia portuguesa! Mais uma vez, o amadorismo do governo vem à tona, depois de tantos episódios rocambolescos que desde o início o executivo alimentou. Depois de tudo isto será que ainda há espaço para se falar em consenso? Em pedir consenso a outros partidos em nome de Portugal? Muito caminho ainda tem o governo que percorrer para poder afirmar com clareza meridiana aquilo que pretende porque para já apenas vimos depauperação, miséria e desesperança.
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