Nos 168 anos do nascimento de Eça de Queiroz
Comemoram-se hoje os 168 anos do nascimento de Eça de Queiroz. José Maria de Eça de Queiroz nasceu na Póvoa de Varzim neste dia 25 de Novembro de 1845 e viria a falecer em Paris a 16 de Agosto de 1900. Foi um dos mais notáveis escritores da língua portuguesa com uma imensa obra de grande qualidade e traduzida em várias línguas. Entre muitas das suas obras, quero aqui salientar os romances "Os Maias", "O Crime do Padre Amaro" e "A Cidade e as Serras", por serem porventura os mais conhecidos e concomitantemente os mais lidos. "O Crime do Padre Amaro" é considerado um dos melhores romances realistas portugueses do século XIX, com uma passagem a cinema que muita visibilidade lhe trouxe. Nestes dias de desencanto que são aqueles que vivemos, queria salientar um romance e um opúsculo. O romance é "Os Maias" que levou oito anos a ser escrito tendo sido concluído num período difícil - mais um - da economia portuguesa. Estávamos numa situação idêntica à que hoje vivemos, em que Portugal teve que contrair um empréstimo para solver as suas contas. A curiosidade é que a liquidação do empréstimo demorou 99 anos a ser feita, tendo terminado em 2001! Como não havia "troika" a austeridade foi mais branda, nem ouve sequer que se falar de reestruturação da dívida que era um conceito que na época não era conhecido. O opúsculo é "O 1º de Maio". Este pequeno opúsculo é difícil de encontrar mas acho que deveriam tentar obtê-lo pela curiosidade da situação que muito se parece com estes dias de descontentamento que vivemos atualmente. Na altura em que o escreveu, Eça de Queiroz era cônsul em Paris, e vivenciava uma situação bem triste da sociedade francesa da época. Em determinada altura escreve Eça sobre uma condessa que passava na sua carruagem e não percebi as necessidades do povo, ela teria dito, "se têm fome porque não comem brioche?" Como se ajusta este afastamento da realidade com aquele que vemos hoje entre nós, a coberto duma imposição de credores externos que justificam tudo até aquilo que são opções ideológicas dos governantes do momento. Por tudo isto, julgo que é necessário redescobrir a obra de Eça de Queiroz que, apesar do tempo volvido, tem uma atualidade que nos surpreende. Um dos "vencidos da vida" para citar o nome dum grupo a que pertenciam, para além de Eça de Queiroz, outros iminentes escritores da época. Esta celebração poderá ser o começo para ler, ou reler, a obra ímpar de Eça de Queiroz, uma das mais notáveis da literatura portuguesa.
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