Turma Formadores Certform 66

Sunday, November 17, 2013

O fim dum sonho ou a "implosão" europeia?

Li com atenção este artigo publicado no Jornal i que o publicou na passada sexta-feira dia 15. Vinha assinado por Ana Sá Lopes. Nem sempre me revejo nas análise desta jornalista mas este artigo põe o dedo na ferida. Um artigo que qualquer um de nós, atentos ao que se passa à nossa volta, defensores duma Europa forte, unida e solidária - afinal os pilares da sua criação - vêm que esta se está a desvirtuar dia a dia, melhor dizendo, até parece que está a implodir. Isso preocupa-me, deve preocupar-nos a todos. Algo vai mal. Algo está, definitivamente, muito mal. Deixo aqui o artigo para que o leiam, analisem e reflitam sobre ele. Diz assim: "Sociais-democratas e democratas-cristãos morreram e o velório está a ser prolongado. A Europa passou meses em suspenso por causa das eleições alemãs. O sonho de que as "coisas" iriam mudar atravessou as fronteiras do Sul fustigado. Se calhar a senhora Merkel não se mexia porque tinha uma campanha eleitoral para ganhar - e um novo partido eurocéptico para enfrentar. Mas as "coisas" iam mudar, tinham de mudar. Afinal o SPD tinha feito metade da campanha a criticar o excesso de austeridade que Merkel tinha imposto ao Sul. A "grande coligação" ainda não está fechada, mas os dois partidos já estão de acordo sobre a política europeia. E o que nos diz esse acordo? Que vai ficar tudo na mesma. O SPD reduziu-se à sua insignificância: voltará a apoiar a política da bastonada. Não há eurobonds para ninguém nem garantias da união bancária. Depois da falência do socialismo francês - e do desaparecimento de François Hollande do cargo de combatente da austeridade para o qual foi eleito - é a vez dos sociais-democratas europeus de levarem com mais um tijolo na cabeça. O SPD, um dos primeiros partidos socialistas europeus a converter-se à terceira via, não irá dar qualquer contributo para a resolução dos problemas estruturais da Europa e da arquitectura do euro. O Sul continuará entregue aos bichos e à ditadura de uma união monetária concebida para os mais fortes. Estamos a viver uma espécie de fim dos tempos - embora muita gente finja ainda não ter dado por isso. Os dois partidos fundadores da União Europeia - os sociais-democratas e os democratas-cristãos - foram capturados pelos interesses financeiros, pelos negócios, pela miséria ideológica do individualismo selvagem. Na prática, socialistas e democratas-cristãos morreram e o que vemos à nossa frente é um velório prolongado. Nenhum europeu teve ainda a coragem de lhes fazer o enterro, mas é urgente fazer esse funeral e o luto subsequente. Mais vale desligar a máquina que continuar neste estado comatoso a fingir que ainda existem partidos social-democratas, valores social-democratas ou democratas-cristãos. O que sabemos que existe, neste momento, é uma extrema-direita a crescer e a organizar-se. Marine Le Pen deverá ganhar as eleições europeias em França e já prepara activamente uma aliança com os extremistas da Holanda, com a Liga Norte e com outras companhias do género. Estes senhores têm um programa, sociais-democratas e democratas-cristãos não têm nenhum. As coisas não vão correr bem." Depois de o ler-mos devemos pensar sobre tudo isto. Quando acabei de o ler, veio-me ao pensamento as palavras do cardeal Suenens: "Felizes os que têm a audácia de sonhar e estão dispostos a pagar o preço necessário para que o seu sonho tome corpo na história dos homens". O problema é que não sei se temos ainda pessoas com audácia para sonhar e, sobretudo, que estejam dispostos a pagar o preço dos seus sonhos. Se calhar por isso, estamos como estamos, Portugal mas também a Europa, nestes dias de desalento, de descrença, de desesperança que são estes que hoje vivemos.

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