Turma Formadores Certform 66

Wednesday, November 20, 2013

O estranho vírus do futebol

Depois da ressaca da noite de ontem em que Portugal se apurou para o Mundial de 2014, gostaria de deixar algumas reflexões sobre aquilo que chamo de vírus do futebol. (Isto sem que me regozije com o apuramento para o mundial do Brasil que não está aqui em causa). Não vos vou falar de futebol "tout court", estejam descansados, mas daquilo que à sua volta se passa e que transforma pacatos cidadãos educados em autênticos "hooligans". A quando da primeira mão do "play-off" disputado no estádio da Luz, assistimos a que pacatos cidadãos suecos, gente dum nível cultural bem superior ao nosso, a fazerem uma festa enorme nas esplanadas de Lisboa, mas nunca ultrapassando o comportamento civilizado e educado que é timbre dos nórdicos. Mas depois de entrarem no estádio, tudo muda e não para melhor. Ontem assistimos ao impensável num país com o grau de educação da Suécia, - que conheço bem -, que foi os apupos bem audíveis a quando do hino português. Para além do desporto, há uma educação que urge preservar o que não foi o caso. Afinal que estranho vírus é este que transforma as pessoas? Um jogo de futebol não passa disso mesmo. O país não fica melhor nem pior depois dele, a crise continua, o desemprego não diminui, a dívida também não. Então por quê tudo isto? Tenho alguns amigos suecos que vivem em Portugal a quem coloquei esta questão e à qual não me souberam responder. Porque a Suécia não é a Inglaterra com toda uma tradição de arruaça que percorre os estádios do mundo. Os países nórdicos, queiramos ou não, são bastante diferentes. E então que dizer do que se passa intramuros. Todas as semanas vemos o que se diz e escreve depois de mais uma jornada, sobretudo, em torno dos clubes mais significativos. E porque são mais importantes também arrastam mais paixões. Assistimos a que pessoas educadas de fino trato até, publiquem nas redes sociais os comentários e as frases mais sórdidas, dignas de qualquer rufia saído do West End, que muito devem envergonhar os seus progenitores. A menos que estes não tenham cuidado da educação dos filhos duma forma convincente na altura própria. E isto espanta-me porque o futebol já foi um desporto de cavalheiros, como hoje é o ténis, por exemplo. É certo que já muito tempo passou, que muita coisa no mundo mudou, mas a pergunta mantém-se, afinal que raio de vírus é este que se instalou no futebol? Para mim a resposta é clara porque não sou um seguidor deste desporto. Mas a questão deve ser colocada essencialmente a todos aqueles que frequentam os estádios ou, duma forma ou de outra, se envolvem no fenómeno do futebol. O desporto que deveria ser uma escola de virtudes, afinal passa a ser uma escola de vilanagem do mais baixo quilate. É certo que os seus protagonistas, por mais dinheiro que ganhem, não conseguem esconder a sua fraca condição. Gente normalmente simples, de educação débil, gente que na maioria dos casos saiu das ruas diretamente para os estádios. Mas aqui os clubes têm um trabalho a fazer. E alguns até o tentam. Vimos que os jogadores quando são entrevistados dizem sempre as mesmas frases com os mesmos tiques que aprendem uns com os outros. Mas se os clubes, apesar de tudo, ainda fazem um trabalho junto dos seus atletas, já dos seus adeptos a coisa é diferente. Essa aprendizagem, essa educação do modo de comportamento, aprende-se em casa ou não se aprende. O mais grave é que muitos até aprenderam, mas quando confrontados com um simples jogo de futebol, esquecem todos os valores que lhes foram transmitidos. E a pergunta continua sem resposta. Afinal que vírus é este que atinge o futebol - que até é considerado o desporto rei! - um pouco por todo o mundo?

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