Memórias dum tempo outro
Passam hoje dezassete anos sobre o dia em que acolhi o meu querido Nicolau. Depois de ter chorado toda a noite, em frente ao prédio onde então viva. Bem cedo na madrugada resolvi ir ver o que se passava. Encontrei-o debaixo dum carro todo molhado. Era um dia de forte temporal. Mal peguei nele logo o trouxe para casa. Tremia de frio. Mas recordo a maneira como me olhou bem fundo nos olhos e se calou. Tomou logo um banho quente e saciou-se-lhe a fome. Depois foi um sono reparador e bem quentinho. Era véspera de Natal como hoje. Era o dia em que se fala de São Nicolau, daí ele ter ficado com esse nome. Vim a saber que tinha apenas três semanas de vida quando foi abandonado duma forma aviltante. Nesse dia de à dezassete anos, o Nicolau entrou na minha vida para sempre. Agora que já partiu, ele continua a ocupar um lugar enorme no meu coração.
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