Equivocos da democracia portuguesa - 80
E a morte anunciada do governo concretizou-se, - embora o PR ainda não tenha aceite a demissão. Mera formalidade! - como já era esperada desde o "famoso" discurso do PR. (Apenas passaram cerca de duas semanas). Nunca pensamos assistir a uma irresponsabilidade destas na nossa democracia. Não que achemos que o governo esteva a trabalhar bem, - longe disso - ou pensemos que se não for este governo será o dilúvio. Não. O que achamos é que o interesse nacional deve, sempre, sobrepor-se ao mero interesse partidário. Sabemos da ânsia de alguns "irem ao pote", mas pensamos que Portugal vale muito mais do que isso. Nas vésperas duma reunião importante em Bruxelas, - importante para a Europa e para o euro -, Portugal vai aparecer numa posição enfraquecida com um governo demissionário - embora apareça em funções pela não aceitação imediata do PR - que não pode assumir nada, numa altura em que a Europa define um rumo para o futuro. Sabemos que o PM não andou bem em tudo isto, - seria de propósito? -, mas penso que para além disso o interesse nacional tem que se sobrepor. Mau será se assim não for. A irresponsabilidade da oposição - nesta estranha coligação - é por demais evidente. Se alguns defendem a posição do "quanto pior melhor", outros há que deveriam ter o sentido de responsabilidade mais apurado, - o que parece não terem -, aguardando que duma maneira "carneirista" os portugueses lá vão às urnas, para justificar a irresponsabilidade que eles próprios criaram. Nunca pensamos que as coisas chegassem a tanto. Apesar disso, não deixa de ser curioso que o PR se mantenha num silêncio absoluto, e só depois dos apelos de Mário Soares, Jorge Sampaio e do próprio Ramalho Eanes - figura próxima de Cavaco - é que ele e o seu chefe de campanha viessem dizer que "o PR tinha pouca margem de manobra"!!! Aliás, isso vem na linha do que Cavaco defendeu no seu discurso de posse, abrindo as portas para a chegada do "seu" PSD ao poder. É caso para dizer, - utilizando um célebre "slogan" político de outros tempos -, "quanto mais a luta aquece mais o PR desaparece". Afinal onde está a "magistratura activa"? Ou essa "magistratura" é criar condições para levar o seu partido para o poder? Assim, e como vimos defendendo à muitos tempo neste espaço, é necessário refundar esta democracia que está doente, talvez seja a altura ideal para limpar a vida política destes partidos gastos e sem credibilidade, caminhando para a 3ª República, mais humanista e solidária. Uma República onde os valores não sejam a mesquinhez serôdia que hoje enlameia a nossa democracia. No entretanto, Portugal tem que se voltar a financiar no exterior, esta instabilidade já disparou os juros para valores proibitivos - como aconteceu ontem atingindo os 8% no empréstimo a 5 anos (hoje já vão nos 8,2%) -, fruto da má imagem que Portugal está a dar para o exterior. Só para se ter uma ideia daquilo que está a acontecer,- e que a comunicação social não está a divulgar, vá-se lá saber porquê!!! -, a bolsa portuguesa ontem foi a segunda pior do mundo, só ultrapassada pela da... Mongólia! É verdade! (Hoje já está a perder mais de 2%). Por isso, achamos que está na hora de se tomarem medidas sérias face à situação do país, criadas por forças políticas que não tiveram pejo de trair Portugal e vendê-lo ao exterior, apenas por interesses próprios. (Basta ler o que os principais orgãos de comunicação social internacionais dizem sobre o que se está a passar em Portugal). Defendemos portanto, que seja criado um governo alargado de figuras técnicas, - um governo tecnocrático, se assim quiserem -, onde nenhum partido tivesse assento, apenas técnicos descomprometidos, para quem Portugal vale mais do que um voto numa urna ou um lugar na AR, para endireitar Portugal. Os sindicatos têm que ser mais controlados, - talvez alterando a legislação em vigor -, de modo a evitar o desgaste a que temos assistido neste últimos anos, em que alguns se tornaram em autênticos "lobbies" que muito afectaram as instituições, veja-se a título de exemplo o que tem acontecido com a justiça. Não podemos estar interessados em aceitar passivamente traidores e vendilhões que empurraram o país para o abismo, duma forma despudorada. Quanto aos eleitores, achamos que deveriam fazer um voto de protesto forte nas próximas eleições, votando em branco, para que estes "senhores" percebam que estamos todos fartos deles. Desses que não se importam de parar o país durante dois meses, a braços com uma crise financeira grave, somando uma crise política que levará Portugal a uma vereda donde muito dificilmente sairá. Esta é a inquietação que nos consome. A queda dum governo é normal em democracia, mas que tal aconteça em vésperas duma importante cimeira europeia, é que é mais questionável. O país está sem rumo, contudo, os que se apressam "a ir ao pote" não têm uma estratégia diferente. (Basta ver a sua moção de rejeição que apresentaram hoje na AR, verdadeiramente inócua, onde não constam quaisquer medidas). Por isso, é que nunca apresentaram alternativas, porque bem sabem que, chegados lá, terão que fazer o mesmo que este governo está a fazer. E não será só até 2013! Desenganem-se os que pensam assim, isto será um trabalho duma geração, e muitos anos passarão em que as dificuldades serão a palavra de ordem. A estratégia que tem que ser seguida - e que Bruxelas já muito bem indicou - não poderá ser alterada, caso contrário, Portugal não terá quem lhe empreste o dinheiro de que precisa, nem a banca conseguirá financiar-se. Infelizmente é assim, e quem disser o contrário, está simplesmente a vender ilusões. Muitas vezes os portugueses esquecem-se disso quando são chamados a votos, olham para os partidos como o seu clube de futebol preferido, mas seria bom que começassem a pensar de maneira diversa. Afinal é o seu futuro, o futuro de todos nós, que está em jogo.
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