Turma Formadores Certform 66

Thursday, March 24, 2011

Equivocos da democracia portuguesa - 81


E aí está o dia seguinte. Ainda o PR não aceitou a demissão de Sócrates, e o PSD, na sua desenfreada cavalgada para "ir ao pote" já começou a preparar as medidas que antes até criticava ao governo socialista. Miguel Relvas, citado pelo "Económico", veio já deixar entreaberta a porta para o aumento do IVA, notícia dada esta manhã, através do "Correio da Manhã". Afinal a carga fiscal era excessiva, Sócrates não sabia o que fazia, "se o PSD chegasse ao poder - o que ainda não aconteceu - não haveria mais agavamento de impostos" (Miguel Frasquilho dixit), e então, menos de vinte e quatro horas após a queda do governo já preparam o país para um aumento do IVA até dois pontos percentuais? A maneira despodurada com que estes "senhores" tratam o país e os portugueses é deveras achincalhante. Será que os portugueses não percebem que estes que traíram ontem Portugal e se preparam para o vender ao estrangeiro, merecem alguma credibilidade. Como pode um país como o nosso, na situação em que se encontra, estar a braços com a quinta eleição(!) em menos de dois anos? A falta de vergonha já à muito que tomou posse da política portuguesa, mas que tenha chegado a tanto é que estavamos longe de acreditar. Mas enfim, são talvez os sinais dos tempos. Quando Sócrates era apontado por todos como o problema, eis que após a sua saída, os juros bateram novos máximos (neste momento os juros a cinco anos já atinge os 8,833%, quando a meta seriam os 7% para a um país como o nosso). A preocupação em Bruxelas é evidente, Portugal passou a ser um problema e, corre o risco de ter que sair da zona euro. A pressão da UE para Portugal recorrer à ajuda externa é evidente desde esta manhã, levando àquilo que, - faça-se justiça -, Sócrates conseguiu evitar. O elogio de Merkel não foi só um elogio de circunstância, e a maneira como Merkel discursou hoje de manhã, e a veemência com que o fez, dizendo que "não se importa se era um partido social-democrata ou democrata-cristão, o importante é que havia um PEC - que ontem foi rejeitado no Parlamento - que ajudava o país e dava confiança à UE, e que agora, com esta crise, põe em causa até alguns equilíbrios a nível de Bruxelas, desde logo, o fundo de estabilidade". A reversão da dívida por parte dos credores será mais uma dor de cabeça a curto prazo, porque agora, a crise é um facto e o futuro aparece incerto, porque não se sabe quem vai ganhar as eleições e se terá ou não, maioria para governar. Tudo isto a acontecer apenas algumas horas após a demissão de Sócrates. Sócrates que hoje recebeu um rasgado elogio do governo chinês, pelo seu empenho, caso único tanto quanto nos lembramos, dum governo chinês sobre o nosso país. Gostemos ou não, para o bem e para o mal, José Sócrates marcou a diferença. Veremos quem vem se será capaz de fazer melhor. Para já, aquilo que vimos e ouvimos não augura nada disso. Entretanto, o país está a caminhar alegremente para o caos, sem que ninguém pareça ter vontade de deitar a mão. Os portugueses têm que estar alerta sobre aquilo que por aí vem, porque se estavam a pensar que as coisas iam melhorar, talvez estejam enganados.

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