Turma Formadores Certform 66

Sunday, October 23, 2011

Conversas comigo mesmo - XXXVI

Todo o homem, todo o ser humano sem excepção, é chamado a uma vida plena - assim o cremos - na comunhão definitiva com Deus. Por isso, a todos, "bons e maus" faz chegar o seu convite. Um convite que tem tido e continua a ter acolhimentos diversos. Uns, não lhe prestam qualquer atenção; outros, manifestam até desprezo e oposição; outros, respondem com adiamentos e desculpas evasivas: há sempre coisas mais importantes para tratar; outros, enfim, acolhem-no e aceitam-no com surpresa e alegria. Assim nos diz Jesus - volto, mais uma vez, às palavras deste homem só - que a salvação - a vida que Deus quer partilhar - sendo uma oportunidade a todos oferecida pode ser uma oportunidade falhada por negligência ou desprezo, pelo apego desordenado a si mesmo, às coisas e aos bens materiais, apego que nos deixa sem ouvido para o essencial e para Deus. Diz-nos também que a aceitação do apelo de Deus - que é a fé - não pode ficar num sim desligado da vida e do mundo, num sim sem compromissos. Quem aceita o convite tem de se revestir, como diz a parábola, com o traje da festa, ou seja, tem de manifestar na vida e nas atitudes a fé e a esperança que o animam; tem, como diz S. Paulo, de se revestir dos sentimentos e do Espírito de Jesus, e apoiar-se, apenas, na luz e na força que d'Ele nos vem. Mas, numa época em que se fala tanto de sacrifícios, se fala tanto de fisco, vem-me à memória a frase: "A César o que é de César e a Deus o que é de Deus" - mais uma vês recorro à Bíblia. Aparentemente os fariseus tinham razão. Na moeda do tributo, que nesse tempo era moeda corrente, estava escrito: "O Imperador Tibério, filho do divino Augusto, digno de adoração". Não seria, de facto, um acto de idolatria obedecer e pagar impostos a alguém que se apresenta como um "deus"? A resposta de Jesus foi clara e luminosa para sempre: sim ao imposto; não à divinização do Imperador, do Estado ou do Poder. Por isso, o pretexto de não parecer idólatra, embora fosse bom, não servia para fugir ao fisco. O homem é um ser social, nasce, cresce, realiza-se em relação com os outros - viver é conviver. E se queremos um mundo viável, essa convivência tem de ser pacífica, construtiva e solidária. Por isso e para isso temos de nos educar numa cultura de direitos e deveres. "Dar a César o que é de César" é assumir conscientemente os nossos deveres para com a sociedade de que fazemos parte e cumpri-los honestamente, sempre na mira do bem comum. Mesmo os deveres fiscais. "Dar a Deus o que é de Deus" é assumi-Lo como luz suprema da nossa vida. Presença determinante e referência última para os nossos critérios de avaliação e decisão. A sua "moeda" tem como imagem o homem e como inscrição, esta: "Tudo o que fizeres a um destes meus irmãos mais pequeninos, é a Mim que o fazes".

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