Turma Formadores Certform 66

Tuesday, January 17, 2012

Equivocos da democracia portuguesa - 162

Eis uma semana que ainda vai a meio e já repleta de acontecimentos. O mais grave de todos eles foi o abaixamento da nota de Portugal para "lixo" pela S&P, alinhando assim pelas outras empresas de notação que já o tinham feito. Mas a S&P não ficou só por aqui. Baixou o "rating" a outros países europeus, como foi o caso da França e da Áustria, trazendo para o centro da UE um problema que até agora era só, quase exclusivamente, dos países periféricos. Como uma jornalista do jornal i - Ana Sá Lopes - ontem afirmava, isto significa que colocaram a sra. Merkel no "lixo". Porque se a UE está na situação em que está, se o adiar de soluções tem assumido um aspecto quase de "lesa pátria", à chanceler alemã se deve. Veja-se o que está a acontecer na Grécia, onde à austeridade se foi somando mais austeridade e a situação degrada-se dia após dia. Agora que a Grécia já suspendeu as negociações, a sra. Merkel vai dando sinais de algum nervosismo. Porque sabe que este país está na iminência de falir e que as consequências que daí advirão serão bem graves para a própria UE, mas sabe também que, quando isso acontecer, não faltarão vozes a incriminá-la pelo sucedido. Esta visão paroquial, egocêntrica da Alemanha está a provocar estragos, que poderão ser irreparáveis, quer na UE, quer no euro. O sonho de grandes homens como Jean Monet ou Jacques Delors vai-se esfumando pela incompetência de polítcos medíocres que não souberam a tempo enfrentar a "imperatriz" da Alemanha. E devem pensar bem nisso, porque a Alemanha já conduziu a Europa para duas guerras mundiais e, as coisas a continuarem assim, não nos surpreenderia que levassem a uma terceira. Já o escrevemos por diversas vezes e ainda não vimos razões para alterar a nossa posição. Se pela Europa as coisas estão a degradar-se acentuadamente, por cá, não estão melhores. Desde logo, porque como somos um país da UE, acabamos por levar com os estilhaços em cima, para além da nossa precariedade e dependência. O governo ultraliberal de Passos Coelho ainda não foi capaz de dar um rumo a este país. Para quem tinha - enquanto oposição - soluções milagrosas que resolviam o problema em dois meses, confessamos que vimos muito pouco. De austeridade em austeridade - a receita é semelhante à da Grécia - o país vai-se afundando cada vez mais, sem honra nem glória. (Vejam-se os juros record que ontem tivemos que pagar para ter quem nos comprasse a dívida). Quanto a uma estratégia de crescimento, nada se vê, a não ser a milagrosa estratégia do pastel de nata!!! Confessamos que nos parece muito pouco. Como não há crescimento, logo não há emprego, e o que existe vai-se degradando dia-a-dia. Apenas assistimos a um delapidar dos direitos dos trabalhadores, como é o caso dos subsídios de férias e Natal. Curiosamente, estes eram considerados "inalianáveis e impenhoráveis" por Francisco Sá Carneiro e constam do decreto-lei nº 496/80 de 20 de Outubro. (E, que se saiba, ainda não foi alterado ou revogado). E não deixa de ser curioso que o mesmo partido de Sá Carneiro seja aquele que vem dar uma machadada nestes direitos. Quanto ao SNS - que já foi considerado exemplar na Europa - vemos todos os dias a sua degradação, e quem o frequente sabe bem disso. As listas de espera que estavam a diminuir paulatinamente, inverteram a tendência, caminhando para a degradação dos prazos. As taxas moderadoras colocam os serviços quase ao nível dos privados, tendo até estes, em alguns locais, aberto urgências para colmatar aquelas que o governo vai fechando. Quanto ao ensino, nem é bom falar. Os professores que o digam, apesar do profissionalismo de muitos, não conseguem dar a volta à situação. O abandono escolar é cada vez mais uma realidade, o aproveitamento é cada vez mais medíocre, a motivação é cada vez mais uma palavra vã. Estas três vertentes importantes da governação, como se pode ver, não apresentam qualquer sinal de melhoria, bem pelo contrário. É altura deste governo, que muito se tem empenhado para cumprir o "diktat" alemão, na senda daquilo que eufemisticamente se chama de "bom aluno", afinal nada de bom trouxe a Portugal e o futuro é cada vez mais incerto. Dirão alguns que é fruto da conjuntura internacional, é certo mas não só. É fruto da conjuntura internacional à já muito tempo, embora à meia dúzia de meses, os actuais governantes - então na oposição -, achavam que não e tinham as famosas receitas para resolver a crise em dois meses. Mas, para além da conjuntura internacional está uma governação que não cria a esperança nos portugueses, nem se vislumbra quaisquer melhorias com a estratégia adoptada. Afinal, cada vez mais pensamos que, este governo apenas tinha a intenção desmedida de "ir ao pote" - a expressão não é nossa - não tendo qualquer estratégia, não tendo definido qualquer rumo para que o país saí-se desta situação. E, como já não acreditamos em políticos, achamos que cada vez mais, devem ser os portugueses a tomar o seu destino em mãos, como já o fizeram os seus antepassados noutros tempos. Portugal já faliu por sete vezes e sempre encontrou uma saída. E, agora não será diferente. Os portugueses, que não os políticos mais preocupados com o seu emprego e dos seus amigos do que com o país - vejam-se o escândalo das nomeações que andam por aí -, devem assumir que são eles a riqueza da nação. Uma nação de gloriosos marinheiros, uma nação que teve um Camões, um Eça, um Pessoa, não pode sucumbir perante os interesses distantes duma Alemanha, nem de políticos incompetentes, estes podem bem fazer as malas e emigrar, afinal ninguém se irá despedir deles ao cais. Quanto a nós, é altura de arregaçar as mangas e ir à luta, por nós todos, pelas futuras gerações, por Portugal!

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