Turma Formadores Certform 66

Friday, January 27, 2012

Conversas comigo mesmo - LIX

Hoje venho falar-vos dum tema que me é muito caro, o da defesa e protecção dos animais. Para aqueles que acham que estes nossos irmãos não têm direitos, acharão esta mais uma ideia bizarra, fruto dos tempos modernos. Mas não é assim. À séculos atrás já havia quem defendesse os direitos destes nossos irmãos, embora tal seja sempre ocultado, porque põe em causa coisas como as caçadas, touradas, e outras tantas manifestações da barbárie humana. Entre nós, no ano de 1836, Passos Manuel, ministro do reinado de D. Maria, promulgou um Decreto no qual proibia as touradas em todo o país (Diário do Governo nº229, de 1836): “Considerando que as corridas de touros são um divertimento bárbaro e impróprio de Nações civilizadas, bem assim que semelhantes espectáculos servem unicamente para habituar os homens ao crime e à ferocidade, e desejando eu remover todas as causas que possam impedir ou retardar o aperfeiçoamento moral da Nação Portuguesa, hei por bem decretar que de hora em diante fiquem proibidas em todo o Reino as corridas de touros”. A 1 de Novembro de 1567, o Papa Pio V publicou a bula “De salute gregis dominici”, ainda em vigor: “(…) Nós, considerando que estes espectáculos que incluem touros e feras no circo na praça pública não têm nada a ver com piedade e a caridade cristã, e querendo abolir estes vergonhosos e sangrentos espectáculos, (…) proibimos terminantemente por esta nossa constituição (…) a celebração destes espectáculos(…)”. A 15 de Outubro de 1978, a Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou a Declaração Universal dos Direitos dos Animais. Artigo 10º: “Nenhum animal deve ser explorado para entretenimento do homem. As exibições de animais e os espectáculos que se sirvam de animais, são incompatíveis com a dignidade do animal.” Ao fazer do sofrimento de um animal um meio de diversão, o Ser Humano está a propagar e banalizar a violência gratuita como forma de ser e estar na sociedade. De geração em geração, o sofrimento alheio banaliza-se no inconsciente colectivo. É bom que comecemos a pensar sobre isto. É bom que eduquemos as gerações mais jovens, no respeito pelos animais nossos irmãos, independentemente de quais eles sejam. Os animais são seres sensitivos, que sofrem como nós, que têm sentimentos como nós, que sentem dor como nós, que dão carinho como nós. Façamos do mundo, neste século XXI, um lugar melhor para se viver, em vez deste, caótico e feroz que insistimos em perpectuar. É incompreensível que, em pleno século XXI, ainda seja necessário trazer a público apelos destes, baseado até, em textos com mais de 500 anos (!). Isto significa que, apesar da evolução científica e tecnológica, o ser humano ainda não foi capaz de encontrar a sua própria dignidade enquanto tal. E isso só acontecerá quando formos todos capazes de respeitar os animais nossos amigos, quando formos capazes de respeitar os animais nossos irmãos.

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