À memória da minha avó Margarida
Passam hoje vinte e dois anos sobre a morte da minha avó materna, Margarida, - a Guidinha como era conhecida entre os seus -, uma mulher de uma força inabalável, de um querer indestrutível, uma verdadeira dama de ferro de cima dos seus quase noventa anos de idade. A minha avó que foi um pilar da minha educação, da minha formação, sempre presente nos momentos de mais aflição, sempre com uma palavra de conforto, de incentivo. A ela devo muito do que sou, e esta homenagem que lhe presto aqui, publicamente, é uma forma de lhe agradecer e de a eternizar no afecto e carinho que sempre teve para comigo. Para além de avó, era madrinha, a fada madrinha, a fada boa, sempre omnipresente. Passam hoje vinte e dois anos, sobre aquele dia em que tive a notícia. Era meio da tarde dum dia quente de Inverno, em que a notícia esperada, mas sempre adiada, ganhou corpo. Estava a trabalhar, quando me transmitiram a má nova. A minha avó tinha partido para sempre. Serena, na sua casa, na sua cama, ela foi determinando o rumo dos acontecimentos até ao desenlace fatal. Logo no dia em que tinha tomado um bom pequeno almoço e um bom almoço, quando já todos esperavam que ela recuperasse da situação em que se encontrava, a minha avó partiu. Recordo-a com um misto de saudade que se vai esbatendo no tempo, mas também com a sua presença forte e presente que, lá onde estiver, parece que vai emanando para os seus entes queridos. Desse lote de pessoas que ela mais amava, só eu existo. Eu, que fui o seu principal objecto de atenção e preocupação ao longo da sua vida. Só eu ainda continuo a caminhada. Embora cansado, embora abatido, embora por vezes acossado pela descrença, pela dúvida, lá vou continuando. Tentando cumprir a minha lenda pessoal. Mas hoje eu não sou a notícia. O essencial deste dia é que se cumprem vinte e dois anos que a minha avó Margarida partiu. Lá onde estiveres curvo-me à tua memória veneranda. Lá onde estiveres que estejas em paz! RIP.
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