Turma Formadores Certform 66

Sunday, March 18, 2012

Conversas comigo mesmo - LXXVII

No quarto domingo da quaresma que hoje se cumpre trago-vos o tema da fidelidade e da misericórdia. Os cronistas de Israel não se limitam a narrar os acontecimentos que vão tecendo a vida e a história do seu povo, olham-nos e lêem-nos à luz da fé, numa visão que vai mais fundo e mais longe, e tentam descobrir neles os sinais e os desígnios de Deus. Por isso, na destruição do templo e da cidade de Jerusalém, e no desterro que se lhe seguiu, não viram apenas uma derrota e uma calamidade definitiva, mas aquela provação purificadora de que o povo precisava para despertar das suas falsas seguranças, da sua infidelidade e do seu desprezo pelos mensageiros de Deus. Depois, quando veio a libertação com o regresso e a oportunidade da reconstrução do templo, não viram nisso uma simples e feliz casualidade, nem o fruto de uma hábil jogada política de Ciro, rei da Pérsia, mas uma acção salvadora de Deus que se serve de um pagão para renovar a fé do seu povo e lhe abrir uma nova etapa na sua vida e na sua história. Subjacente à ideia inseria nos Evangelhos anda uma convicção de fundo tantas vezes proclamada e comprovada na história da Salvação. Podemos ser infiéis à nossa aliança com Deus, fechar os ouvidos aos seus apelos, desprezar os seus mensageiros, trocá-Lo por outros "deuses". Ele, porém, apesar de todas as infidelidades humanas, continua fiel ao homem, ao seu amor e aos seus desígnios de vida e de salvação. Esta é a mensagem luminosa e libertadora que S. Paulo e S. João, de forma tão clara e expressiva, nos anunciam neste dia e para a qual devemos estar abertos a uma reflexão e introspecção.

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