Turma Formadores Certform 66

Saturday, July 17, 2010

Mataram o Sidónio!

Nesta ano de 2010 em que se comemora o centenário da República seria surpreendente que não vos trouxesse algo sobre essa efeméride. Nada melhor do que o romance - baseado em documentos reais - de Francisco Moita Flores que tem por título "Mataram o Sidónio!". O assassínio do Presidente da República Sidónio Pais, ocorrido em 1918, é um mistério. Apesar de a polícia ter prendido um suspeito, este nunca foi julgado. A tragédia ocorreu quando Lisboa estava a braços com a pneumónica, (também popularmente conhecida por gripe espanhola) a mais mortífera epidemia que atravessou o séc. XX e, ainda, na ressaca da Primeira Guerra Mundial. A cidade estava exaurida de fome e sofrimento. É neste ambiente magoado e receoso que Sidónio Pais é assassinado na estação do Rossio em Dezembro de 1918. Francisco Moita Flores constrói um romance de amor e morte. Fundamentado em documentos da época, reconstrói o homicídio do Presidente-Rei, utilizando as técnicas forenses e que, de certa forma, continuam a ser reproduzidas em séries televisivas de grande divulgação sobre as virtualidades da polícia científica. Os resultados são inesperados e (Morro Bem. Salvem a Pátria?) é um verdadeiro confronto com esse tempo e as verdades históricas que ao longo de décadas foram divulgadas, onde o leitor percorre os medos e as esperanças mais fascinantes dessa Lisboa republicana que despertava para a cidade que hoje vivemos. E sendo polémico, é terno, protagonizado por personagens que poucos escritores sabem criar. Considerado um dos mestres da técnica de diálogo, Moita Flores provoca no leitor as mais desencontradas emoções que vão da gargalhada hilariante ao intenso sofrimento. Um romance que vem da História. Uma história única para um belo romance. Francisco Moita Flores foi inspector da PJ, hoje ocupa o cargo de Presidente da Câmara Municipal de Santarém. Tem uma vasta obra, donde saliento "Ballet-Rose" e "O Processo dos Távoras" ambos já adaptados ao cinema e à televisão. Resta dizer que a edição é da Casa das Letras. Um livro a descobrir neste centenário da República, sobre uma das suas figuras mais controversas que dividiu a sociedade portuguesa da época. Um livro excelente para preencher este tempo de férias que se avizinha.

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