Turma Formadores Certform 66

Thursday, October 18, 2012

Equivocos da democracia portuguesa - 213

As incertezas, as angústias, os receios vão minando o tecido nacional e o europeu. Alastrando como um cancro, vemos a Europa mergulhada numa confusão onde sobram palavras e faltam atos. Reunidos em Bucareste, os líderes europeus pedem mais Europa para ultrapassar a crise, mas que fazem, diariamente, para que tal se materialize? Estas são as contradições que já não escapam ao cidadão comum que vai aguçando a capacidade de ler nas entrelinhas sempre na expectativa de que saia algo que minore o seu sofrimento. Passos Coelho também lá está. Paulo Portas cancelou a viagem. Isto diz bem do sentimento que por cá se vive, onde eram necessários esforços de união para se ultrapassar este problema e a desagregação é evidente. Compreendê-mo-la porque Víctor Gaspar, - que parece ser o pômo de discórdia -, vai reinando como um tirano, impondo as suas ideias ultra-liberais fechado no seu "buncker" sem se apreceber do sofrimento que grassa nas ruas. Vai impondo medida atrás de medida, orçamento atrás de orçamento, na tentativa vã de atingir os objetivos, e apenas se vai afastando mais e mais. Agora veio o OE2013 que parece que ninguém acredita que seja exequível. Desde Manuela Ferreira Leite a Bagão Félix, passando por tantos outros ex-ministros, como Silva Lopes ou Miguel Beleza, ninguém já acredita no OE2013, nem no governo. As instâncias internacionais como o FMI já vão dizendo que as contas estão mal feitas e que a recessão será o dobro da esperada, a Universidade Católica alinha pelo mesmo diapasão, - tal como nós também que a isso já tinhamos feito referência em crónica passada -, vai dando a ideia dum governo sem rumo, sem liderança, com medidas avulsas, com avanços e recuos, governo que vai estiolando à medida que o tempo passa. Cavaco Silva vai mantendo silêncio, apenas quebrado aqui e ali, através do facebook (!), sem nunca afirmar duma forma oficial o que pensa de tudo isto, e teve várias alturas para o fazer, nomeadamente no 5 de Outubro, onde nem parou o seu discurso quando havia uma pessoa a gritar que tinha fome e precisava de dinheiro para comer, antes disfarçando o incómodo enquanto os seguranças arrastavam a pessoa para fora, para depois sair por uma porta lateral evitando assim ter que enfrentar o povo. Não será seguramente com líderes destes que chegaremos a lado algum. Resta-nos a esperança de que alguém venha em nosso auxílio. O desespero está instalado, onde dentro de semanas assistiremos pela primeira vezes a uma greve ibérica, mas a esperança ainda vai restando, sobretudo depois de François Hollande, ter afirmado ontem que: "Portugal, Espanha e Grécia estão a pagar por erros de outros". Esperemos que aqui, também não se fique pelas palavras que o vento arrastará, mas que se passem a situações concretas para evitar o descalabro. Apliquem as medidas de austeridade que aplicarem, o problema do défice não será resolvido se não houver crescimento. Até o ministro da economia o reconheceu, finalmente, talvez com a sensação e a coragem do condenado (na possível remodelação), ideia basilar que qualquer aprendiz de economia é capaz de equacionar. Com austeridade sobre austeridade, apenas entraremos na espiral recessiva - que achamos que já nela entramos - num empobrecimento galopante, numa albanização de Portugal e dos outros países intervencionados. Para se ultrapassar isto, será necessário o empenho europeu, - porque sozinhos não seremos capazes -, coisa que até aqui ainda não vimos, onde os líderes, apesar dos sorrisos e cumprimentos de circunstância, vão mantendo as costas voltadas, à imagem do governo de coligação que nos esmaga.

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