Hoje comemora-se o Dia Internacional da Erradicação da Pobreza, uma das prioridades da ONU. Num mundo cada vez mais globalizado, a pobreza vai fazendo o seu implacável percurso, entrando pelo nosso quotidiano dentro. Não é fácil para quem tem um emprego estável e bem remunerado, para quem vai tendo para o seu o dia-a-dia, para fazer face às despesas e encargos assumidos, muitas vezes para mostrar um padrão a que dificilmente chegaria, reconhecer aqueles que vivem na miséria, mesmo indigência e que coabitam lado a lado conosco sem que lhe prestemos qualquer atenção. É a pobreza explícita que cada vez mas vai fazendo este mundo mais desigual, mas que também vai enchendo as nossas ruas. Para além desta pobreza explícita, existe a outra, a escondida, a envergonhada, que nós nem vemos. Não basta apenas olhar para África para ver-mos o paradigma da pobreza, muitas vezes temos, bem perto de nós, algo de semelhante e que preferimos ignorar. Mas para além da pobreza material, existe uma outra pobreza, aquela que deriva da não-cultura, da ignorância, da cegueira de apenas ver-mos aquilo que passa debaixo do nosso nariz, e muitas vezes nem isso. A pobreza daqueles que esbajam não se apercebendo da miséria que campea ali ao lado, daqueles que acham que são os senhores do mundo. Ao fim e ao cabo, são estes também que conduzem este planeta para a vereda que, mais cedo ou mais tarde, poderá descambar na violência, algo que a História já nos demonstrou por diversas vezes. Hoje, já não se luta pela conquista da terra, na sua vertente política de expansão, mas sim pelo controle dos recursos naturais, que cada vez mais, vão escasseando. Estejamos atentos, senhores do poder, para que não conduzam este mundo a uma inevitável implosão, de que todos sofreremos. "Levanta-te contra a pobreza" é pois o tema da manifestação que hoje se vai desenrolar, um pouco por todo o mundo, mas levante-mo-nos todos, pela solidariedade, pelo acesso ao emprego, pelo direito a ter-mos, pelo menos o básico, para pudermos viver com dignidade.