Turma Formadores Certform 66

Saturday, November 30, 2019

'Imortal' - José Rodrigues dos Santos

Desta vez proponho-vos um livro escrito por um português. O seu autor é bem conhecido da literatura, mas também, da televisão, trata-se de José Rodrigues dos Santos. O livro, é o seu último romance 'Imortal'. Este é para mim um dos livros mais interessantes de Rodrigues dos Santos. Porque trata de algo que, sem darmos por isso, já invadiu a nossas vidas,nos gestos mais comesinhos. Trata-se das novas tecnologias que nos acompanham na caminhada da vida. Mais uma vez, com um a espécie de 007 português, é construída uma trama muito interessante. Lê-se na sinopse: 'Um cientista chinês anuncia de surpresa o nascimento de dois bebés geneticamente modificados. Logo a seguir é raptado. A imprensa internacional interroga-se, os serviços secretos mexem-se. Tomás Noronha é interpelado em Lisboa por um desconhecido. Pertence à agência americana de tecnologia, DARPA, e revela-lhe um projeto secreto inspirado no Homem Vitruviano, de Leonardo da Vinci. De repente, o apartamento onde ambos se encontram explode e o metro para onde fogem sofre uma colisão mortífera. O mundo parece enlouquecer e Tomás torna-se testemunha do maior acontecimento da história da humanidade. Transcendência. A nova aventura do grande herói das modernas letras portuguesas mostra-nos o momento em que a máquina supera o homem. A Singularidade. Estará a humanidade à beira do fim? Ou perante um novo início?' Baseado na pesquisa científica mais avançada, José Rodrigues dos Santos mostra-nos como a ciência está perto do seu maior feito: acabar com a morte. Como viver para sempre. O romance é muito interessante, mas o que pretendo chamar a vossa atenção é para os aspetos científicos na obra. Muitos deles já existem atualmente e até algumas coisas no âmbito da IA (Inteligência Artificial) aparecem em vários locais, como por exemplo, na Web Summit que se tem realizado entre nós. E daí o interesse. Desde o 'Homem de Vitrúbio' de Leonardo da Vinci à proporção áurea, desde a engenhosa sequência Fibonacci até ao sempre interessante conceito de exponencial, tão familiar a quem estuda matemática, desde os computadores mais básicos até às super máquinas, tudo nos é aqui apresentado. Já há mais de meio milénio um visionário francês de nome Nostradamus dizia que 'no fim dos tempos as máquinas superariam os homens e aniquilariam este'. Talvez estejamos a chegar a esse ponto se é que não estamos já lá. Este livro é um alerta para as tecnologias que nos invadem a todo o momento. Cada vez mais evoluídas e, como tal, cada vez mais, com o Homem a perder o seu controle. Entre os mais jovens estamos perante o admirável mundo novo, o problema é que não sei se esse mundo novo será tão admirável assim. Este é um livro que nos interpela e nos faz pensar. Para além do romance e da ação, este é um livro que nos levanta questões muito sérias. 'Imortal' traz-nos o escritor favorito dos portugueses no apogeu do seu imenso talento. Uma aventura de cortar a respiração que nos desvenda o extraordinário destino da humanidade. Detentor de imensa obra literária, José Rodrigues dos Santos nasceu em 1964 em Moçambique. É sobretudo conhecido pelo seu trabalho como jornalista, carreira que abraçou em 1981, na Rádio Macau. Trabalhou na BBC, em Londres, de 1987 a 1990, e seguiu para a RTP, onde começou a apresentar o 24 horas. Em 1991 passou para a apresentação do Telejornal e tornou-se colaborador permanente da CNN entre 1993 e 2002. Doutorado em Ciências da Comunicação, é professor da Universidade Nova de Lisboa e jornalista da RTP, tendo ocupado por duas vezes o cargo de Diretor de Informação da televisão pública. É um dos mais premiados jornalistas portugueses, galardoado com dois prémios do Clube Português de Imprensa e três da CNN, entre outros. Nesta época natalícia este é um livro que merece a vossa atenção, talvez até para uma oferta. Um livro excelente e interpelativo. A edição é da Gradiva.

Friday, November 29, 2019

Intimidades reflexivas - 1193

"Não há ninguém que eu odeie, acho que dá muito trabalho odiar. Há é pessoas que me são indiferentes." - António Lobo Antunes

Thursday, November 28, 2019

Intimidades reflexivas - 1192

"Deve-se estar atento às ideias novas que vêm dos outros. Nunca julgar que aquilo em que se acredita é efectivamente a verdade. Fujo da verdade como tudo, porque acho que quem tem a verdade num bolso tem sempre uma inquisição do outro lado pronta para atacar alguém; então livro-me de toda a espécie de poder - isso sobretudo." - Agostinho da Silva (1906-1994)

Wednesday, November 27, 2019

A polémica (?) em torno da Rosita

Nunca pensei que um simples desabafo em torno da Rosita fosse tão mal interpretado, mas foi. De repente passei dum amigo dos animais ao mais vil ser humano que os persegue e maltrata! Não foram só os comentários que ontem por aí apareceram, mas sobretudo as mensagens privadas que recebi, - algumas até desrespeitosas - não esquecendo alguns e-mails. Por um qualquer passe de mágica passei a ser um bandido. Obviamente que aquilo que ontem disse aqui mantenho porque nunca pensei pela cabeça de ninguém antes só pela minha. Repito para que não existam dúvidas. O ser amigo dos animais não pactua com que os deixemos fazer aquilo que muito bem lhes apetece. (Será que deixais os vossos filhos fazerem tudo o que querem, sem que os corrijais? Ao ler o que li, parece que sim. Daí haver tanta falta de educação por aí). A Rosita é uma gata semi selvagem. Já os donos me diziam que tinham que se levantar de noite para lhe abrir a porta porque ela não queria ficar dentro de casa. Ela sabe que me levanto cedo e por volta das 5,30 horas da manhã vem pedir de comer. Come e logo vai embora para a sua casa. (Às vezes só, outras vezes com a irmã). Por volta das 7,30 horas vem pedir para vir para dentro dormir. Dorme até à hora de almoço. Depois come a ração e vai embora. Por voltas das 14,00 horas vem para dormir mais um pouco. Por volta das 16,30 horas acorda para comer de novo e vai dar mais uma volta. Regressa e dorme de novo. As 18,00 horas pede nova ração e vai embora. Só a vejo no dia seguinte. Com algumas exceções, esta é a rotina da Rosita. (Cumpre informar que ela como todos os gatos que por aqui passam têm permanentemente ração e água, e até duas camas muito confortáveis para dormir no jardim). Ela não pode ver uma porta fechada, fica em pânico. Quer entrar e sair quando lhe apetece. Para além da rotina diária, a Rosita tem dado muitos prejuízos na minha casa, prejuízos que nem sequer posso imputar aos donos que não querem saber - e bem - se eu a deixo entrar em casa ou não. Pelo que tenho lido - e não apenas ontem - são apenas cacos! É verdade, mas são cacos, mas cacos com muito valor, fruto do meu trabalho que muito me custou a ganhar. Para certas pessoas continuam a ser cacos. Mas, como disse ontem, ninguém tem culpa de nascer pobre, e quem diz isso, deve viver muito bem. Só me surpreende que logo que abrem as redes sociais coloquem lá o NIB ainda antes de dizerem quais os animais a que se referem. (Isto especialmente para dois e-mails que recebi ontem à noite e cujos autores, se lerem estas linhas, saberão a quem me refiro). Por isso, algo tem - e vai - mudar nisto tudo. Como o termos animais não significa que viremos a casa do avesso, apenas e só, porque eles existem. Sempre tive cães desde que me conheço. Cheguei a ter seis em simultâneo na casa onde atualmente vivo, - todos a viverem dentro de casa - e nunca tive que alterar nada, nem me deram qualquer prejuízo em nada comparado como o que a Rosita já me deu. Porque eram educados desde pequenos a comportarem-se, coisa que com a Rosita é impossível. Assim, meus amigos - será que ainda vos posso chamar assim? - para todos os problemas há uma solução seja ela qual for. E este problema chamado Rosita não é exceção. Isso não significa que de repente deixe de ser amigo dos animais e passei a ser o seu carrasco. Não. Continuarei a minha saga em prol deles bem distante desta feira de vaidades das redes sociais, sem pedir nada a ninguém, nem fazer publicidade do que faço. (E quantos se gabam por aqui sem que vocês saibam a verdadeira realidade. Ai se a soubessem!...). Mas porque ontem achei que existiram pessoas que ultrapassaram o que acho de limite do razoável, tive que tomar uma decisão. Assim, a partir de hoje, nunca mais a Rosita aparecerá neste espaço, nem dela darei informação a ninguém. O dossier Rosita, em termos de redes sociais, terminou hoje. Obrigado pelo apoio de alguns, mas também, a muitos dos que me criticaram, talvez fosse melhor olharem para vocês mesmo - alguns de vós sois meus conhecidos como sabeis - e já agora, quando afirmarem coisas como ontem fizeram, por favor, não se ponham em frente ao espelho. Obrigado a todos pela compreensão.

Tuesday, November 26, 2019

A impossível Rosita

Ontem a Rosita fez mais um dos seus habituais estragos. Desta feita foi uma das peças do presépio de Natal que tinha acabado de ser feito. E logo uma peça que me era muito querida e com muitos anos. Logo pela manhã, a Rosita começou a sua saga. Começa a tornar-se impossível gerir a situação porque os prejuízos que causa são enormes. Ela é uma gata meia selvagem. Anda por aí e vem cá a casa para comer e dormir e logo quer ir embora de novo. Gosto muito de animais, e gosto muito da Rosita, mas está a tornar-se difícil tê-la por casa. Terá que voltar lá para fora onde à muito anda. Ela e a irmã. Não deixo de a alimentar, mas as entradas em casa terão que ser barradas. Custa-me muito, mas não tenho outra hipótese. Não posso suportar tantos prejuízos de cada vez que ela aqui vem. É altura da Rosita mudar de vida e de poiso. Foi um erro tê-la trazido para dentro de casa, tenho que o reconhecer. 

Monday, November 25, 2019

Intimidades reflexivas - 1191

"É mais importante escrever um livro do que governar um império... e mais difícil também." - Robert Musil (1880-1942)

Sunday, November 24, 2019

Intimidades reflexivas - 1190

"Pensaram que eu era surrealista, mas nunca fui. Nunca pintei sonhos, só pintei a minha própria realidade." - Frida Kahlo (1907-1954)

Saturday, November 23, 2019

Intimidades reflexivas - 1189

"Dois amantes felizes não têm fim nem morte, nascem e morrem tanta vez enquanto vivem, são eternos como é a natureza." - Pablo Neruda (1904-1973)

Friday, November 22, 2019

6 meses volvidos

Ainda anteontem celebrei o teu aniversário e já estou a falar de ti de novo. Mas tenho que o fazer porque hoje passam seis meses após a tua morte. Esta é a maneira com que tento exorcizar os meus fantasmas. Aqueles que me assolam, onde julgo ver-te e não estás lá, onde te sinto mas não te enxergo, o teu odor que ainda vai ficando por cá e que me trás tantas saudades. E enquanto falo de ti, não me lembro da dor que me avassala. Ao falar de ti, é como se aqui estivesses ainda, a dormir nos teus locais habituais. E assim se vão passando os dias, as semanas, os meses. Muitos dos teus semelhantes que passaram pela minha vida, alguns dos quais conheceste, também deixaram marcas. Mas as tuas foram mais fundas. Porque o teu desaparecimento é mais recente e talvez por seres o último tudo parece mais definitivo. Não sei se é assim, mas sei que este é o sentimento que me avassala. Sobretudo nestes dia de memória onde a tua presença é mais sentida. E aqui estou de novo a pensar em ti com aquele amor que sempre nos uniu ao longo da tua profícua existência. Mais um mês passou, o sexto, e as memórias permanecem vivas como se ainda por cá andasses. É assim com aqueles que amamos, e eu amei-te muito, como sei que me correspondeste de igual modo. Aqui fica espelhado esse amor e essa saudade que são eternos. Lá onde estiveres que estejas em paz meu velho amigo Nicolau!

Thursday, November 21, 2019

Intimidades reflexivas - 1188

"O segredo da existência humana reside não só em viver mas também em saber para que se vive." - Fiódor Dostoievski (1821-1881)

Wednesday, November 20, 2019

Feliz aniversário, Nicolau! (Lá onde estiveres...)

Mais um dia de efeméride para mim. Desta feita é o dia de aniversário do meu querido e saudoso Nicolau. Faria hoje 17 anos. (Data estimada pelos veterinários, dado que foi abandonado sem se saber ao certo a data do seu nascimento). Sempre pensei que ainda o celebraria entre nós, mas o destino tinha outros desígnios e levou o meu querido e velho amigo antes disso. É um vazio imenso aquele que sinto pela sua ausência. Os seus lugares onde habitualmente estava, estão agora vazios como vazio está o meu coração. O Nicolau teve um terrível início de vida até que me cruzei com ele. E ele veio comigo e nunca mais se separou de mim. (Porque cão que trago nunca sai da minha companhia). E ele continuou por cá 16 anos e meio. Depois foi o desgaste dum ser como será o nosso também. As faculdades que lhe foram faltando, as forças, a paciência e, sobretudo, a saúde. Mas na derradeira hora, chorou - nunca mais me esquecerei disso - talvez de pena de ter envelhecido, talvez por pressentir que ia deixar o mundo onde foi feliz, talvez perceber que ia separar-se dos seus donos para sempre. Talvez!... E nós a sentir o mesmo, a sofrer por ele e pela sua ausência iminente. Agora só a memória resta e com ela as recordações duma vida. Fizemos por ele tudo o que podíamos até ao fim. Tentamos minorar o seu sofrimento. Mas não conseguimos evitar a perda. O Nicolau partiu e hoje faria 17 anos. E estou aqui a recordá-lo - como sempre farei - porque um ser sublime como ele tudo merece. E o meu coração está saudoso e vazio. Só espero que lá onde estiver, que o Nicolau esteja em paz. Feliz aniversário, Nicolau!

Tuesday, November 19, 2019

'The Secret' - Alan Parsons Project

Mais um álbum a merecer a vossa atenção neste Natal. Trata-se de 'The Secret' mais um trabalho de Alan Parsons. Alan Parsons tornou-se famoso como produtor da música dos Pink Floyd. A ele se devem as magníficas misturas de 'Dark Side of the Moon' ou 'Wish You Were Here', só para citar dois dos trabalhos mais conhecidos e famosas da mítica banda britânica. Depois veio o gosto de se lançar num projeto a solo que viria a conhecer a luz do dia sob a designação de Alan Parsons Project. O primeiro álbum deste projeto foi um extraordinário sucesso com o título de 'Tales of Mystery and Imagination' baseado nos contos do escritor inglês Edgar Alan Poe. Muitos outros se seguiram sempre com a mesma qualidade até chegarmos a este 'The Secret'. Uma viagem sonora e poética de grande beleza e profundidade. Percorrendo caminhos musicais onde a pop mais refrescante aparece de mão dada com orquestrações magníficas quase sinfónicas, este é mais um trabalho a merecer a vossa atenção. Existem duas edições à venda: uma constituída por um CD; e outra em que aparece o CD acompanhado dum DVD. A diferença de preço não é muita e para quem tiver um bom sistema de som, deve optar por esta última porque o DVD, que é apenas um DVD de áudio, embora apareçam no ecrã alguns efeitos e títulos das faixas, tem um som magnífico onde se pode escutar a verdadeira dimensão da música de Alan Parsons. Com várias opções de som, é em formato DTS que se percebe a sua grandiloquência. Um registo importante a merecer a atenção dos apreciadores de boa música.

Monday, November 18, 2019

'Oitenta' - Carlos do Carmo

Venho dar nota dum excelente trabalho discográfico que saiu recentemente entre nós. Trata-se do álbum 'Oitenta' uma restrospetiva da carreira do fadista Carlos do Carmo. Este trabalho percorre a carreira do cantor e aparece registado em quatro CD's. O primeiro percorre as canções mais emblemáticas, o segundo centra nos fados, o terceiro nos autores e o quarto e último prende-se com os compositores. Uma colectânea é sempre redutora e logo com um artista como Carlos do Carmo que é detentor duma longa carreira. Contudo, esta coletânea aborda os temas mais significativos e dá uma excelente visão global do percurso do fadista. Cada CD contém vinte faixas, que dá a totalidade de oitenta, precisamente o título deste trabalho que coincide com a idade do cantor. Com uma excelente apresentação gráfica, esta obra apresenta alguns dos registo históricos em gravações remasterizadas. Nesta época natalícia que se aproxima é, seguramente, uma excelente prenda. Mesmo para quem não é apreciador de fado, este é um verdadeiro disco de coleção a merecer a vossa melhor atenção numa altura em que Carlos do Carmo fez a sua despedida dos palcos.

Sunday, November 17, 2019

Intimidades reflexivas - 1187

"Se existe vida após a morte, não me esperem, porque eu não vou." - Frida Kahlo (1907-1954)

Saturday, November 16, 2019

Intimidades reflexivas - 1186

"Não se pode viver sem ternura." - Jean-Luc Godart

Friday, November 15, 2019

Intimidades reflexivas - 1185

"Não sei amar pela metade. Não sei viver de mentira. Não sei voar de pés no chão. Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma para sempre." - Clarice Lispector (1920-1977)

Thursday, November 14, 2019

'D. Maria I - Uma Rainha Atormentado por um Segredo que a Levou à Loucura' - Isabel Stilwell

De novo vos trago um romance histórico da autoria de Isabel Stiwell de título 'D. Maria I - Uma Rainha Atormentado por um Segredo que a Levou à Loucura'. Já aqui trouxe um outro livro da autora sobre a nossa rainha D. Maria II. Agora debruçando-se sobre a sua antecessora, com o mesmo estilo claro e escorrido, Isabel Stilwell traça um retrato fantástico da rainha D. Maria I e do Portugal de então. Lê-se na sinopse do livro: 'Num tempo extraordinário, este romance, feito de personagens apaixonantes, leva-nos a um cenário de conspiração e intriga na Lisboa do século XVIII. Assistimos pelos olhos de D. Maria ao terramoto que abalou a capital, ao fim do poder do Marquês de Pombal que tanto a perturbava, aos conflitos com Espanha, ao longo processo dos Távora que marcou o seu reinado. Uma época onde lá fora despertava a Revolução Francesa e a independência dos Estados Unidos. A sua querida Rosa, sempre a saltitar à sua volta cheia de colares e pulseiras, bem tentou protegê-la de tanta dor, mas aos poucos D. Maria deixa-se dominar pela agitação que sempre tentou ocultar, por uma melancolia profunda num longo processo de depressão que culminou na loucura. Um medo que acalentou em silêncio.' Um livro fantástico que nos relata um dos períodos conturbados da História de Portugal entre tantos outros que nos apoquentaram ao longo dos séculos. Sobre a autora, Isabel Stilwell é jornalista e escritora. a sua grande paixão por romances históricos revelou-se em 2007, com o bestseller D. Filipa de Lencastre, a que se seguiram D. Catarina de Bragança, ambos traduzidos para inglês, e D. Amélia, sempre com crescente sucesso. Em abril de 2012, foi a vez de publicar D. Maria II, que mereceu uma edição especial para o mercado brasileiro. Em outubro de 2013 lançou Ínclita Geração – Isabel de Borgonha, em 2015, a história da mãe do primeiro rei de Portugal, D. Teresa e em 2017 um romance sobre a vida da Rainha Santa, Isabel de Aragão, eleito o 2º melhor livro de ficção, no Prémio Livro do Ano Bertrand. Desde o Diário de Notícias, onde começou aos 21 anos, que contribui de forma essencial para o jornalismo português. Fundou e dirigiu a revista Pais & Filhos, foi diretora da revista Notícias Magazine durante 13 anos e diretora do jornal Destak até ao final do ano de 2012, entre muitos outros projetos. Atualmente escreve para a revista Máxima, tendo uma das suas peças sobre a adoção em Portugal («Não amam nem deixam amar», em conjunto com a jornalista Carla Marina Mendes) sido distinguida com o 1º Prémio de Jornalismo «Os Direitos da Criança em Notícia». Continua a colaborar mensalmente com a revista Pais e com o Jornal de Negócios, quando não está a escrever, vira diariamente os «Dias do Avesso» em conversa com Eduardo Sá, na Antena 1. Este é um daqueles livros obrigatórios que, apesar de ser um romance, não deixa de se basear em fontes credíveis que retrataram esses tempos longínquos do século XVIII. Um livro a merecer a melhor atenção de quem se interessa pela História de Portugal e das suas personagens mais marcantes. Este livro foi finalista do Prémio Livro do Ano Bertrand 2018. A edição é da Manuscrito.

Wednesday, November 13, 2019

Mais uma efeméride

Mais uma efeméride a preencher a minha existência. Desta feita é a homenagem pelo aniversário de meu Pai que faria 97 anos se ainda estivesse entre nós. Há muito que partiu, mas as memórias, essas ficam para a eternidade, ou pelos menos para a minha existência enquanto ela durar. O tempo vai esbatendo tudo, mesmo aquelas recordações que nos são mais gratas, mas a tenacidade de não as deixar morrer, também é uma maneira de perpetuar as pessoas que perdemos ao longo da nossa vida. Hoje é um desses dias, a memória de meu Pai que está presente como se ainda por cá andasse. Já pouco há para dizer porque já quase tudo foi dito ao longo dos anos. Apenas uma saudação de muita saudade. Feliz aniversário meu Pai! Lá onde estiveres que estejas em paz.

Tuesday, November 12, 2019

Intimidades reflexivas -1184

"A alegria adquire-se. É uma atitude de coragem. Ser alegre não é fácil, é um acto de vontade." - Gaston Courtois (1897-1970)

Monday, November 11, 2019

Intimidades reflexivas - 1183

"A mentira é o único privilégio do homem sobre todos os outros animais." - Fiódor Dostoiévski (1821-1881)

Sunday, November 10, 2019

A Maria, irmã da Rosita

Deixo aqui uma foto da Maria, a irmã da Rosita. Não está muito bem tirada porque a Maria é muito assustada e não deixa fazer nada. Ela não deve perceber porque a irmã vem para dentro e ela não. Já a deixei entrar mas não fica cá dentro porque, se a Rosita já faz muitos estragos, esta junto com a Maria seria o caos. A Rosita hoje como que a convidou para entrar. Ela ainda entrou mas logo saiu porque tem muito medo. Confesso que tenho pena desta dualidade de critérios, mas não posso fazer muito mais.

Saturday, November 09, 2019

Intimidades reflexivas - 1182

"O amor recíproco entre quem aprende e quem ensina é o primeiro e mais importante degrau para se chegar ao conhecimento". - Erasmo de Rotterdam (1466-1536)

Friday, November 08, 2019

Intimidades reflexivas - 1181

"Se os matadouros tivessem vidros como os bancos, todos éramos vegetarianos." - Paul McCartney

Thursday, November 07, 2019

As incongruências do intelecto e da praxis

Muito se tem falado nos últimos tempos sobre um tal Ventura que agora é deputado. Quanto a isso nada de especial. Mas tudo é bem diferente entre aquilo que é a praxis do tal Ventura face ao que intelectualmente pensa, ou melhor, pensou. E tudo isso pela atitude face às minorias que ele pretende contestar. Pois o tal Ventura que hoje acha que todos as minorias deveriam ser atiradas ao mar, foi o mesmo que na sua tese de doutoramento fazia a sua apologia. Coisa estranha essa, mas foi assim. Não quero aqui aferir da bondade ou não de um pensamento ou da praxis, coisa que não me interessa assim tanto. Mas gostava de dizer ao tal Ventura que, se calhar, ele teria mais razão na sua tese porque simplesmente o país que o viu nascer é um país de refugiados e emigrantes. Desde muito cedo tive a sorte de viajar pelo mundo e ver como viviam os portugueses em diferentes latitudes. Mas quero centrar-me aqui mais perto do nosso retângulo num país que foi elegido como um destino mais aprazível para os nossos emigrantes (refugiados), sobretudo a partir da década de 60 do século passado. Como já perceberam refiro-me à França. Desde os anos 60 este foi o principal país na rota dos emigrantes (refugiados) que Portugal foi produzindo. Refugiados por questões políticas, refugiados por não quererem ir para uma guerra que não sentiam sua e refugiados à miséria dum país que não tratava a maioria das suas gentes como seres humanos, (a que passamos a chamar emigrantes). Mas para além desta rota de refugiados do país de Camões, seria importante ver as condições em que eles viviam. Talvez alguns de vós já tenham ouvido falar dos 'bidonville'. Para quem não conhece, os 'bidonville' eram os bairros de lata onde vivia a maioria da comunidade portuguesa, - que se foram formando nos arrabaldes de Paris -, sem condições de higiene, educação e outras, muito se assemelhando à tristemente célebre 'Selva' que as televisões mostram em Calais. Onde as ruas eram feitas de lama para onde os dejectos eram atirados. Gente vestida com roupas andrajosas ou com aquelas que alguns franceses lhe doavam por piedade. (Ainda me lembro duma família que comia numa mesa com três pernas doada por uma família francesa sendo a restante completada por alguns tijolos). Tudo muito igual ao que vemos em Calais nos nossos dias. (E tal só foi terminando pela ação dum presidente da República de nome Jacques Chirac, um grande amigo dos portugueses, que nos deixou à cerca de um mês). Mas não pensem que era só em Paris. Quem descesse para o sul e passasse por Toulouse via o mesmo, para já não falar na cidade portuária de Marselha. (A comunidade portuguesa, hoje muito respeitada, e até participante na política do país, teve um início bem confrangedor). Mas não pensem que era só em França. Via-se o mesmo no Brasil no início do século XX e, sobretudo, na Venezuela, dois países para onde os portugueses emigravam (se refugiavam) em tempos mais antigos. E a Venezuela também foi um país onde nem sempre os portugueses foram bem acolhidos. Não a Venezuela de Maduro que faz com que os seus refugiados venham pedir apoio e dignidade em Portugal, mas a outra Venezuela que não teve a mesma atitude para com os refugiados portugueses, liderados pelos Venturas dessas latitudes. Tudo isto é muito feio e muito triste. Há momentos na História dos povos em que se passa da 'mó de cima para a mó de baixo' - quase sem dar-mos por isso - e depois queremos que nos façam a nós aquilo que não fizemos aos outros em idêntica situação. É que não basta invocar o passado 'glorioso' - com Templários à mistura, Maçonarias e coisas similares - ignorando o outro lado, o lado negro da mesma História, que todos os países têm mas que fazem por não ver. E isto é válido para todos os Venturas que por aí andam - chamem-se eles Melo ou Amaro (os nomes aqui pouco importam) - que acham que os refugiados de hoje, (doutras latitudes), devem ser deixados à deriva no mar entregues à sua sorte. Muitas voltas dá a História e nada nos garante que um dia voltemos ao mesmo que já fomos noutro tempo e depois achemos que o país A ou B não é solidário apenas e só porque tem na sua governação um Ventura qualquer. A realidade dum país e dum povo, não é um filme daqueles que vamos ver ao cinema com som 'surround', é algo que nos deve fazer pensar. Não devemos olhar para isto como incongruências entre o intelecto e a praxis, como se de um filme série B se tratasse. São pessoas que estão em jogo, com as suas necessidades e as suas aspirações que, tal como nós, também têm direito à dignidade. O marginalizar esta gente é que conduz ao terrorismo e aos extremismos, a maneira de desarmar estas situações é a integração o mais plena possível. Há dias cruzei-me com uma jovem que estava a fazer o mestrado dedicado aos refugiados. Contou-me muito do que faz e aquilo que recebe em troca. Vi o brilho nos seus olhos - apesar da sua juventude - e a forma determinada com que continua a sua luta. Falou-me de muita coisa, até de coisas que eu nem conhecia. Foi enriquecedor. Quando a deixei pensei que esta não teria tido acesso às ideias do tal Ventura, ou talvez sim, não às ideias mas à sua tese. Sei lá, incongruências dum país de refugiados.

Wednesday, November 06, 2019

O espelho

Era já tarde da noite. A chuva caía copiosa tocada por um vento forte e frio. O néon que iluminava a rua quase era ofuscado pela intempérie. Seguia apressado em busca de abrigo. Completamente encharcado entrou num bar que encontrou aberto. Logo o bafo quente lhe bateu no rosto a contrastar com o frio lá de fora. Deixou na receção o guarda-chuva já um pouco empenado fruto da ventania e a gabardina completamente encharcada. Olhou em redor e viu mais do mesmo. Gente afogada em álcool e tabaco. Olhar distante porque a hora ia adiantada e copos já eram muitos. Encostou-se ao balcão em busca duma bebida que lhe aquecesse o corpo e a alma. No outro extremo viu alguém bem vestido com fato e gravata, bem longe da informalidade dos nossos dias. Logo pensou que seria alguém bem colocado profissionalmente embora o olhar triste e vazio lhe transmitisse outro sentimento. Deslocou-se para lá, de copo em riste e entabulou conversa com o desconhecido. Ao princípio este parecia que não queria companhia afogado nos seus pensamentos, mas aos poucos lá foi soltando a língua. 'Sabe' começou por dizer. 'Habitualmente não frequento estes locais. Mas hoje pensei que seria melhor. Sempre alguém aparece, o que nos faz sentir melhor do que estar em casa a estiolar pensamentos que nos podem levar a desfechos trágicos'. Depois olhou para a bebida e fechou-se no seu silêncio. Mas o intrometido visitante tentou saber mais alguma coisa. 'Tenho andado muito triste. Tão triste que já por diversas vezes pensei que a morte seria a redenção'. 'Mas porque diz isso?' quis saber o outro. Ele continuou. 'Há um par de anos era uma pessoa importante, daquelas que se diz terem o mundo aos pés. E eu tive o mundo aos pés. Mas o destino é cruel, e sem fazer nada para isso, um dia tudo mudou. Um acontecimento trágico fez com que a minha vida mudasse. Perdi a força anímica e a outra que nos faz lutar.' Voltou a fechar-se no seu mutismo, o olhar brilhante, não do álcool, que praticamente não tinha bebido, mas de algo parecido com emoção. O seu interlocutor tentou saber mais. 'Mas afinal que coisa tão complicada aconteceu na sua vida?' 'Não quero falar disso, apenas lhe digo que perdi família, emprego e não tive forças para lutar. Foi como se uma espécie de maldição tivesse caído sobre mim. Assim sem saber como, nem ter feito nada para isso. Coisas pessoais que me é doloroso partilhar.' De novo o silêncio se entrepôs entre este dois homens apenas ocupado pelo bulício que se faz sentir em locais destes. De novo o primeiro tentou puxar conversa, mas desta vez sem sucesso. Quando olhou para os olhos do outro homem viu duas grossas lágrimas a correr pela face. O homem, que até aqui nunca tinha olhado para ele, fixava agora o olhar no seu copo praticamente cheio como se de lá viesse um qualquer génio para lhe mudar a sorte e a vida. De repente ergue-se e saiu sem sequer se despedir. O outro ficou a pensar na sua vida e naquilo que este intruso, fruto dum encontro casual, lhe tinha dito. Ficou a pensar na similitude do que tinha ouvido e de como tudo aquilo se assemelhava à sua triste e cinzenta existência. Sentiu-se mal. Era como se tivesse estado a dialogar em frente a um espelho. E de novo os seus fantasmas apareceram. A sua caixa de Pandora tinha-se aberto mais uma vez, logo a ele que tinha tanto cuidado em mantê-la fechada. Pagou e saiu a correr na tentativa vã de encontrar de novo esta estranha companhia de à pouco. Mas não viu ninguém. Apenas sentiu a chuva forte que o guarda-chuva não segurava a bater-lhe na cara, aquele frio que neste momento até lhe sabia bem sentir a acariciar-lhe o rosto. E, conformado, lá seguiu viagem engolido pela noite mas agora vergado ao peso dos seus maus pensamentos que o esmagavam e que ainda há pouco era como se não existissem. Entretanto, a chuva e o vento continuavam indiferentes ao drama de estes dois homens. Ambos perdidos na noite mais negra e profunda dos seus pensamentos.

Tuesday, November 05, 2019

Intimidades reflexivas - 1180

"Se procuras uma verdadeira e genuína companhia começa por seres tu essa genuína e verdadeira companhia, talvez assim surja um ímã vibracional que te leve a alcançar o que buscas." - Franklin Gillette

Monday, November 04, 2019

A problemática Rosita

Confesso que tenho alguma dificuldade em compreender os gatos, que nunca tive -, agora que a Rosita inverteu tudo isso. Sei da tão falada espiritualidade associada aos gatos (não é por acaso que são as vítimas preferenciais de determinadas práticas) mas estava longe de entender algumas bizarrias de que a Rosita é protagonista. Temos determinados locais vedados para ela não poder ter acesso porque destrói tudo por onde passa causando prejuízos grandes, embora agora já se vá habituando aos espaços e às regras da casa. Contudo, não deixa de ser curioso que, quando se lhe veda o espaço onde o Nicolau morreu, ela vai para a porta e mia desenfreadamente para conseguir ir para lá. Todos os dias é o mesmo. Se lhe abrimos a porta, ela vai até ao sofá donde o vigiava e fica a contemplar o local onde ele esteve nos últimos dias de vida. Passado algum tempo regressa e vai dormir para o local habitual onde fica diariamente. Nunca entendi esta prática mas é assim dia após dia. O mesmo faz quando está fora, e visita regularmente a sua sepultura onde se deita e fica por lá imenso tempo. A Rosita não fica em casa à noite. (Apesar da pena que tenho sobretudo agora em que o frio e a chuva irão começar a fazer-se sentir com mais veemência). Não a queremos habituar a isso pelo facto de ela não ser nossa - embora os donos não lhe liguem nada - e amanhã a sua vida poder ser encaminhada noutro sentido. Mas também ela não o parece querer. Por volta do final da tarde, quando a luz do dia começa a esbater-se, a Rosita levanta-se come a sua ração e logo vai embora. Vai para a sua casa ter com a sua irmã com quem passeia muitas vezes na madrugada. A Rosita é muito independente - coisa típica de felino - mas, apesar de ser bem tratada e acarinhada cá em casa, não deixa esquecer a casa dos seus donos e a presença da irmã. Não sei se todos os gatos são assim, mas não tenho dúvidas de que muito tenho aprendido com ela. Coisa bem diferente da atitude dos cães com que eu estou muito mais familiarizado porque com eles convivi praticamente desde que nasci. Mas é assim. Cada ser tem a sua maneira de olhar para a vida e a Rosita é bem exemplo disso.

Sunday, November 03, 2019

Coisas da História - O papel da mulher no mundo

Esta é uma das muitas fotos históricas das manifestações em Washington pelos direitos das mulheres em 1913. Nestas manifestações as mulheres reivindicavam o direito ao voto, bem como, o direito a ter um salário igual para um trabalho igual ao que os homens faziam. Tal viria a ser consagrado na 19º Emenda da Constituição dos EUA em 1920. Esta reivindicação de salário igual para trabalho igual, ironicamente, era conotada com aproximações ao marxismo (não ao marxismo-leninismo que é uma outra coisa). Hoje já ninguém assume essa vertente marxista porque passou a ser um direito cada vez mais vincado nos países desenvolvidos. Por cá ainda se luta por isso, e mesmo o voto universal para as mulheres, só apareceu depois do 25 de abril de 1974! Questões com que a História nos interpela e às quais não podemos ficar indiferentes. Já agora, alerto para uma série de artigos que a revista da National Geographic vai começar a publicar - efetivamente já começou com a revista deste mês de novembro - sobre o papel da mulher nos vários setores da sociedade. Uma proposta a seguir com atenção por quem se interessa por estas matérias.

Saturday, November 02, 2019

Dia de fiéis defuntos

Hoje, sim. É neste dia que se celebram os fiéis defuntos. O dia de remexer as nossas memórias mais profundas. O dia de nos reencontrarmos com aqueles que já não são existência física. Todos aqueles que atingiram uma outra dimensão, outro plano astral, que pensamos ser sempre melhor do que aquele onde vivemos. Mas isso já são outros trajetos, são os caminhos da Fé. Eu sou um desses que acha que a nossa existência não termina quando a vida se escoa. Continuará sob uma outra forma, não de vida como a entendemos, mas talvez duma certa forma de energia, que nos leva ao equilíbrio cósmico. Quando falo de Fé, de crença, não falo necessariamente de religião. Embora eu seja um crente. Mas de algo transcendental que não conseguimos definir, muito menos entender. Costumo dizer que a natureza nos coloca sobejos exemplos na nossa vida para dela tirarmos as necessárias ilações. E quando dou por mim a filosofar, penso sempre naquela crisálida, apenas uma lagartixa, que morre para dar lugar a algo bem diferente e belo como é a borboleta. Talvez a nossa transformação seja algo semelhante. Da existência terrena para algo mais etéreo de dimensão maior. Talvez seja a isto que chamamos Eternidade. Talvez. Este é um daqueles pensamentos que mais forte batem neste dia. Porque é uma forma de mitigar a dor da ausência, as memórias felizes entre pessoas que já me deixaram à muito, aquelas que marcam a nossa vida e que formatam o nosso caminho. Hoje é esse dia. Aquele dia em que homenageamos os nossos maiores, os ausentes, mas sempre presentes na nossa vivência. Na minha vida. E ao filosofar assim tudo se torna mais fácil e suportável. Que estejais todos em paz é o que vos desejo neste dia que é o vosso dia.

Friday, November 01, 2019

Dia de Todos os Santos (FESTUM OMNIUM SANCTORUM)

É comum entre nós  - e não só - comemorar-se neste dia o dia de fiéis defuntos. Muitas vezes fruto de algum desconhecimento, mas sobretudo, porque é neste dia que se faz feriado. (Este ano calha encostado a um fim de semana o que facilita as coisas). Antigamente era apenas mais um dia e logo feriado. À medida que foram desaparecendo os meus ente queridos e a minha galeria de ausentes foi aumentando, comecei a olhar para este dia com outros olhos. É hoje - e amanhã também - que as saudades batem mais forte. Que o vazio deixado reclama a sua existência, aquele vazio que nunca foi, nem será, preenchido. E a ausência dos meus maiores também me trazem à memória outras recordações, aquelas de menino e moço, quando pensava que sempre seria assim e que a morte apenas atingia os outros. Durante muitos anos assim foi - e para uma criança isso significa a eternidade - mas quando tal me atingiu foi duma forma brutal. Em poucos anos perdi todos eles. É aquela sensação de ainda não ter recuperado de um e já outro acontecer. E assim foi até que a família nuclear toda se foi. Hoje é a recordação, a memória, a saudade misturada com a dor - porque esta nunca passará - que me leva a visitá-los naquele lugar de silêncio onde me reencontro comigo próprio. Nos dias que correm já não se consegue com plenitude desfrutar desse silêncio porque os cemitérios se confundem com uma qualquer feira (de vaidades) onde o sentimento não tem lugar. Coisas dum tempo novo, que não significa um tempo melhor. Mas mesmo assim, e apesar de tudo, tento ir lá sozinho com as recordações e memórias dum tempo outro, tentar ver através do tempo aquilo que o tempo me levou (e foi muito). E assim se passará mais este dia que passou a ser especial à uns anos a esta parte. Coisas de dor e sentimento que são tão íntimas e pessoais. É o eterno diálogo entre nós e o transcendente que não sabemos definir nem interpretar. Quando o soubermos (se viermos a sabê-lo algum dia) já teremos passado para o outro lado do espelho e levaremos connosco essa revelação.