Turma Formadores Certform 66

Thursday, March 31, 2022

A recuperação ao alcance da mão

Venho de novo trazer notícias da minha Amiga, e assim dar cumprimento aos pedidos dos meus muitos amigos que me têm perguntado como as coisas estavam a correr. Depois da primeira fase da quimioterapia e da cirurgia a minha Amiga tem recuperado bem. Já faz a sua vida normal e sobretudo, - aquele bem maior para ela -, que é alimentar os seus animais sem dono que tanto ama. Logo pela madrugada o vai fazer, o que indicia a recuperação efetiva que está a ter, para além do seu enorme coração que já todos conhecemos. Ela é uma das grandes protetoras de animais que conheço, (que palmilha o terreno e não se fica só a buscar elogios nas redes sociais). Pois esta minha amiga vai entrar hoje na terceira e última fase do processo. É mais uma fase de quimioterapia que se estenderá por quatro sessões. Em breve a teremos de volta em todo o seu esplendor, uma 'nova mulher' como já alguém disse. Estou certo que voltará melhor do que nunca para continuar a sua grande obra em prol dos animais. Estes agradecem e nós, - os seus amigos -, nos regozijamos. Vamos dar-lhe a força derradeira que ela necessita e merece. Tudo vai correr bem. Muita força e muita fé.

Intimidades reflexivas - 1578

"Os amigos não morrem: andam por aí, entram por nós dentro quando menos se espera e então tudo muda: desarrumam o passado, desarrumam o presente, instalam-se com um sorriso num canto nosso e é como se nunca tivessem partido. É como, não: nunca partiram." -  António Lobo Antunes

Wednesday, March 30, 2022

Intimidades reflexivas - 1577

"A vida é para nós o que concebemos dela. Para o rústico cujo campo lhe é tudo, esse campo é um império. Para o César cujo império lhe ainda é pouco, esse império é um campo. O pobre possui um império; o grande possui um campo. Na verdade, não possuímos mais que as nossas próprias sensações; nelas, pois, que não no que elas vêem, temos que fundamentar a realidade da nossa vida." - Bernardo Soares in 'Livro do Desassossego'.

Tuesday, March 29, 2022

Intimidades reflexivas -1576

"Estou a exigir muito de si? Quem lhe há-de exigir muito senão os seus amigos? Eles receberam o encargo de o não deixar amolecer e, pela minha parte, tenha você a certeza de que o hei-de cumprir. Você há-de dar tudo o que puder, e mesmo, e sobretudo, o que não puder; porque só há homem, quando se faz o impossível; o possível todos os bichos fazem. Quando você saltar e saltar bem, eu direi sempre: agora mais alto! Que me importa que você caia. O que é preciso é que você se levante." - Agostinho da Siva (1906-1994) in 'Só Sou Exigente com os Amigos'.

Monday, March 28, 2022

Intimidades reflexivas - 1575

"A certa altura, percebemos que o mais importante não é perceber se a vida é bela ou trágica, mas saber se estamos dispostos a amá-la como ela se apresenta." - José Tolentino Mendonça

Sunday, March 27, 2022

Intimidades reflexivas - 1574

"Havia duas maneiras de partir: uma era ir embora, outra era enlouquecer." - Mia Couto

Saturday, March 26, 2022

Mudança da hora

Portugal continental

Em conformidade com a legislação em vigor, a hora legal em Portugal continental:

  • será adiantada  60 minutos à 1 hora de tempo legal (1 hora UTC) do dia 27 de Março e atrasada  60 minutos às 2 horas de tempo legal (1 hora UTC) do dia 30 de Outubro.

 

Região Autónoma da Madeira

Em conformidade com a legislação em vigor, a hora legal na Região Autónoma da Madeira:

  • será adiantada  60 minutos à 1 hora de tempo legal (1 hora UTC) do dia 27 de Março e atrasada  60 minutos às 2 horas de tempo legal (1 hora UTC) do dia 30 de Outubro.

 

Região Autónoma dos Açores

Em conformidade com a legislação em vigor, a hora legal na Região Autónoma dos Açores:

  • será adiantada  60 minutos às 0 horas de tempo legal (1 hora UTC) do dia 27 de Março e atrasada  60 minutos à 1 hora de tempo legal (1 hora UTC) do dia 30 de Outubro.

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Friday, March 25, 2022

Intimidades reflexivas - 1573

"Viver é um rasgar-se e remendar-se." - Guimarães Rosa (1908-1967)

Thursday, March 24, 2022

Mania de gatos

O que se passa com a gatice que frequenta a minha casa? Não percebo de todo o que se está a passar. Senão vejamos: a Rosita aos poucos foi-se insinuando. Primeiro no jardim, depois cá em casa, - mas ao final do dia ia embora -, agora vai ficando e já passa as noites em minha casa à cerca de um mês. Sempre com a mania de, ainda madrugada, querer comer e sair para ir ter com a irmã - que por vezes a vem esperar à minha porta - mas passado uma hora regressa. Para além disso é insuportável o seu gosto por colo. Não me posso sentar que logo ela aparece e sobre para o colo. Uma coisa inacreditável; o Perninhas é mais fugidio. Não gosta de ficar dentro de casa. Por vezes vem e sobe para uma mesa que temos na marquise e por lá fica a dormitar depois da sua refeição ter desaparecido rapidamente. Mas logo se vai embora e volta passado umas horas apenas para comer. (Aos fins de semana, vá-se lá saber porquê, ele desaparece e volta no domingo à noite ou segunda de manhã). Temos três camas quentes para eles no jardim, mas raramente lá ficam. Pensei que, depois da morte do Nicolau, tudo se tinha acalmado, puro engano. Continuo a não me poder vestir com mais cuidado em casa porque eles dão-me cabo da roupa. Ainda por cima não são meus. A Rosita é dum meu vizinho, o Perninhas nem sei se tem dono, mas como desaparece aos fins de semana, penso que talvez tenha.  Enfim, que saga a minha. Porque é que os animais me procuram? Acontece-me isto desde criança. Nunca percebi porquê. Agora com mais anos em cima, começa a ser difícil lidar com tudo isto. Mas é assim. Que hei de fazer?

Wednesday, March 23, 2022

Intimidades reflexivas - 1572

"Imperfeito este mundo / E contudo / Recoberto de flores." - Kobayashi Issa (1763-1828)

Tuesday, March 22, 2022

Intimidades reflexivas - 1571

"Tudo parece impossível, até ser feito." - Nelson Mandela (1918-2013)

Monday, March 21, 2022

Intimidades reflexivas - 1570

"Mãe, sabe, vou dizer-lhe uma coisa, tenho muitas saudades suas, palavra, eu que, na sua opinião, fui o mais difícil dos seus filhos e comecei cedo porque ao nascer quase a ia matando. Quase a ia matando a si e a mim dado que na aflição de a salvarem me esqueceram a um canto, afogado em secreções. Depois, com sete ou oito meses, encontraram-me em coma com a meningite, depois aos dois ou três anos uma tuberculose pulmonar de que me lembro tão bem, do mal estar horrível da febre, de semanas e semanas fechado num quarto, a olhar-me no espelho do armário numa esperança de companhia." - António Lobo Antunes

Sunday, March 20, 2022

Chegou a Primavera

O início da primavera em 2022 verifica-se em Portugal neste dia 20 de março, domingo. Na primavera temos dias mais ensolarados e secos, além do que a temperatura começa a aumentar. A característica mais marcante dessa altura do ano é mesmo o colorido trazido pelas flores. Anualmente, a primavera acontece entre os dias 20 e 21 de março. Esta estação, que sucede o inverno e antecede o verão, termina entre os dias 20 e 21 de junho.

Saturday, March 19, 2022

Dia do Pai

Celebra-se neste dia o Dia do Pai que é também o dia de São José. Hoje uma tradição que vai ocupando mais o seu legítimo lugar, embora na minha juventude passava quase despercebido. Coisas que o tempo vai moldando ao sabor das épocas. Obviamente que neste dia quero homenagear a memória do meu Pai. Memória porque já à muito que me deixou em busca dum outro plano astral. Mas também quero saudar todos os Pais do meu país e do mundo. Façam do Dia do Pai não um perdido no calendário, mas celebrem-no ao longo do tempo restante, porque Pai é para estar presente, para ajudar a educar, para servir de referência. É com este espírito que quero aqui desejar um feliz Dia do Pai a todos aqueles que têm o privilégio de o ser e de o vivenciar em toda a sua plenitude.
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Friday, March 18, 2022

Intimidades reflexivas - 1569

“Diz-se que o nosso corpo tem a forma de um abraço. Talvez por isso a tarefa de abraçar seja tão simples, mesmo quando temos de percorrer um longo caminho. O abraço tem uma incrível força expressiva. Comunica a disponibilidade de entrar em relação com os outros, superando o dualismo, fazendo cair armaduras e motivos, cedendo, nem que seja por instantes, na defesa do espaço individual. Há uma tipologia vastíssima de abraços, e cada uma delas ensina alguma coisa sobre aquilo que um abraço pode ser: acolhimento e despedida, congratulação e luto, reconciliação e embalo, afeto ou paixão. Os abraços são a arquitetura íntima da vida, o seu desenho invisível, mas absolutamente presente; são plenitude consentida ao desejo e memória que revitaliza. Todos nos reconhecemos aí: em abraços quotidianos e extraordinários, abraços dramáticos ou transparentes, abraços alagados de lágrimas ou em puro júbilo, abraços de próximos ou de distantes, abraços fraternos ou enamorados, abraços repetidos ou, porventura, naquele único e idealizado abraço que nunca chegou a acontecer mas a que voltamos interiormente vezes sem conta. No princípio era o abraço, se pensarmos no colo que nos nutriu na primeira infância. Essa foi, para a maioria de nós, a primeira e reconfortante forma de comunicação. Mas a necessidade de um abraço acompanha a nossa existência até ao fim. O abraço é uma longa conversa que acontece sem palavras. Tudo o que tem de ser dito soletra-se no silêncio, e ocorre isto que é tão precioso e afinal tão raro: sem defesas, um coração coloca-se à escuta de outro coração.” - José Tolentino de Mendonça

Thursday, March 17, 2022

Intimidades reflexivas - 1568

"Na guerra, os pobres são mortos. Na paz, os pobres morrem." - Mia Couto

Wednesday, March 16, 2022

Intimidades reflexivas -1567

"O vento que leva o que amamos é o mesmo vento que traz coisas que aprendemos a amar." - Anónimo

Tuesday, March 15, 2022

Economia de guerra - III

Tenho vindo a alertar para o efeito boomerang que as medidas sobre a Federação Russa acabarão por ter impacto na Europa e no mundo. A mais problemática é a questão energética. Mas por agora o que é já visível é a subida enorme dos preços. Quando as fontes de energia são afetadas tudo o resto irá por arrasto. Mesmo os produtos mais básicos como o pão irão aumentar. Haverá aumentos para cobrir os custos das empresas que passarão a comprar as matérias primas mais caras, mas também assistiremos a aumentos especulativos, afinal em conjunturas como esta que atravessamos, sempre existirão pessoas que pretendem obter lucro fácil. Estamos a viver aquilo que se designa como 'economia de guerra'. Ainda não o estamos a sentir em toda a sua amplitude, mas isso irá acontecer a curto prazo. Mesmo com o auxílio do governo e de mais algumas medidas patrocinadas pela União Europeia a crise chegará. Poderá ser minorada pelas políticas que irão ser implementadas, mas esses medidas são paliativos que não anularão o efeito da crise, apenas a vão atenuar. O que acontece de mais problemático é que quando tal acontece e passado o factor que os motivou, os preços não regridem, ou regridem menos do que aquilo que aumentaram. Será um novo patamar de custos para as famílias com que estas terão de lidar. E estou a ser otimista porque penso que a guerra não durará demasiado tempo porque caso isso se verifique então a situação será mais grave, esperemos que não chegue ao racionamento. Fatores exógenos que alteram a nossa vida e põem a economia dos países do avesso. Mas quanto a isso nada se pode fazer. Veremos o que por aí virá. Alguns dos impactos já estamos a sentir, mas outros virão certamente a curto prazo. E já agora, não comecem a açambarcar tudo porque isso só iria tornar tudo ainda mais difícil para todos.

Monday, March 14, 2022

Intimidades reflexivas - 1566

"As maiores desgraças são aquelas que a si próprias não podem perdoar." - Camilo Castelo Branco (1825-1890)

Sunday, March 13, 2022

Intimidades reflexivas - 1565

"Tudo se ilude e se evita menos o amor." - Eça de Queiroz (1845-1900) in 'O Crime do Padre Amaro', o primeiro romance de Eça publicado em 1875, no Porto.

Saturday, March 12, 2022

Intimidades reflexivas - 1564

"Entre Portugal e Castela, entre intrigas, traições e casamentos reais, o retrato de Inês de Castro, uma ágil espia que moveu as peças no tabuleiro do poder." - Isabel Stilwell in 'Inês de Castro'.

Friday, March 11, 2022

"Eu, Júlia" - Santiago Posteguillo

Um romance histórico baseado em factos reais. Este livro analisa a figura de Júlia Domna a mulher do imperador Severo e a mulher mais influente de Roma. Lê-se na sinopse: '192 d. C. Vários homens lutam por um império, mas Júlia, filha de reis, mãe de césares e mulher de imperador, tem um projeto mais ambicioso: uma dinastia. Roma encontra-se sob o controlo de Cómodo, um imperador louco. O Senado conspira para acabar com o tirano, e os governadores militares mais poderosos poderiam fazer um golpe de Estado: Albino na Britânia, Severo no Danúbio ou Níger na Síria. Cómodo retém as suas mulheres para evitar a rebelião e Júlia, a mulher de Severo, transforma-se assim em refém. De repente, Roma arde. Um incêndio assola a cidade. Será uma catástrofe ou uma oportunidade? Cinco homens dispõem-se a lutar até à morte pelo poder. Acreditam que a partida está prestes a ter início. Contudo, para Júlia a partida já começou. Sabe que só uma mulher é capaz de forjar uma dinastia.' Sobre o autor, Santiago Posteguillo é professor de Língua e Literatura na Universidade Jaume I de Castellón. Estudou Literatura Criativa nos Estados Unidos da América e Linguística, análise do discurso e tradução, no Reino Unido. Entre 2006 e 2009 publicou a sua trilogia Africanus sobre Cipião e Aníbal, e entre 2011 e 2016, a trilogia sobre o imperador de origem hispana Marco Úlpio Trajano. Foi galardoado pela Semana de Romance Histórico de Cartagena, obteve o Prémio das Letras da Comunidade Valenciana em 2010 e o Prémio Internacional de Romance Histórico de Barcelona em 2014. Em 2015 foi proclamado escritor do ano pela Generalitat Valenciana. Entre 2012 e 2017 publicou também três volumes de relatos sobre a história da literatura bastante elogiados tanto pela crítica como pelo público. Santiago Posteguillo é doutorado pela Universidade de Valência e apresentou palestras sobre ficção histórica em diversas universidades europeias e da América Latina. Em 2018 foi professor convidado do Sidney Sussex College da Universidade de Cambridge. Eu, Júlia resgata do esquecimento a vida e a memória da imperatriz mais poderosa da Antiga Roma, uma mulher que transformou o ambiente que a rodeava e mudou o rumo da História para sempre. Um livro muito interessante onde pudemos passear pelo Império Romano ao longo de cerca de 700 páginas. um livro que recomendo vivamente aos amantes destas matérias. A edição é da Planeta.

Thursday, March 10, 2022

Intimidades reflexivas - 1563

“Tu és Sete-Sóis porque vês às claras, tu serás Sete-Luas porque vês às escuras, e, assim, Blimunda, que até aí só se chamava, como sua mãe, de Jesus, ficou sendo Sete-Luas, e bem batizada estava, que o batismo foi de padre, não alcunha de qualquer um. Dormiram nessa noite os sóis e as luas abraçados, enquanto as estrelas giravam devagar no céu, Lua onde estás, Sol aonde vais.” - José Saramago (1922-2010) in 'Memorial do Convento'.

Wednesday, March 09, 2022

Intimidades reflexixas - 1562

"Aprendi a não tentar convencer ninguém. O trabalho de convencer é uma falta de respeito, é uma tentativa de colonização do outro." - José Saramago (1922-2010)

Tuesday, March 08, 2022

Dia Internacional da Mulher

Celebra-se neste dia o Dia Internacional da Mulher. Sempre me pergunto porquê? Sim, porque todos os dias o deveriam ser. E se assim fosse teríamos menos aquele cortejo funesto de maus tratos, violações, violência doméstica de toda a forma, enfim, tudo aquilo que a dignidade humana não pode aceitar. Infelizmente, em pleno século XXI, tais coisas não deveriam existir, mas existem. Sou dos que o celebra todos os dias. Para mim todos são Dias da Mulher. Quem me segue sabe bem disso. Porque um ser tão importante, que faz do seu corpo brotar a vida de todos nós, deve ser um ser celebrado. Não maltratado. A Mulher sempre foi, ao longo dos tempos, considerada um objeto de prazer, uma parideira ou aquela que ficava em casa para a gerir e cuidar dos filhos. Ainda me lembro como na minha infância já longínqua, a mulher era tratada. Na rua com salamaleques, em casa com afronta. Felizmente na minha família sempre foi tratada com dignidade. Muitos dos mais jovens não sabem que à pouco mais de quarenta anos, com o 25 de Abril de 1974, é que a Mulher adquiriu o verdadeiro estatuto de ser cidadã, de poder votar, de ser ouvida, de poder dispor do seu corpo. Parece estranho mas é a realidade. Mas em pleno século XXI ainda vemos mulheres a ganhar menos do que o homem quando executam o mesmo trabalho. Vemos organizações em que os lugares de topo nunca são ocupados por mulheres. Tudo muito estranho mesmo nos nossos dias. E depois vem um dia destes para celebrar a Mulher, vazio de conteúdo, num folclore que muito agrada ao mercantilismo. Façam deste dia todos os do calendário e verão que tudo mudará para melhor. A Mulher é a nossa companheira de vida, a que caminha ao lado e não atrás, a que gera vida esse bem milagroso que nos deixa sempre surpresos. Vamos mudar as atitudes, as mentalidades, que são sempre o que mais demora. E quando tal acontecer encontraremos um mundo bem melhor.

Intimidades reflexivas - 1561

"E quando nos beijávamos... E eu perdia a respiração e, entre suspiros, perguntava: Em que dia nasceste? E me respondias com voz trémula: Estou nascendo agora..." -  Mia Couto

Monday, March 07, 2022

Economia de guerra - II

A guerra que a Rússia moveu à Ucrânia parece não ter fim à vista. É algo transversal a todas as guerras, sabemos quando começam mas nunca sabemos quando acabam. Para além da Ucrânia esperemos que a guerra não se torne numa nova guerra mundial, - a terceira -, ou mesmo numa situação mais limite, um verdadeiro holocausto nuclear. E a um holocausto nuclear poucos serão os que sobrevirão (se é que alguém sobreviverá). Mas para além da questão bélica e política - que andam próximas uma da outra - existe uma crise monumental ao nível económico-financeiro. Hoje estamos face a um brutal aumento dos combustíveis, e é do conhecimento geral, que quando se mexe nos combustíveis tudo vem por arrasto. Ainda ontem um amigo meu que é proprietário dum café me dizia que terá que aumentar os preços caso contrário não poderá continuar aberto. As farinhas já lhe são entregues bem abaixo da quantidade encomendada resultado da atualização de preços que virá já aí. Mesmo o mais básico como o pão dificilmente se manterá ao preço atual. Depois será a energia, o gás, e logo a seguir os transportes. E tudo o resto será por arrasto. Quanto mais este conflito durar - mesmo mantendo-se confinado ao território ucraniano - maior e mais profunda será a crise económica e financeira. E não será para um ou outro país mas será algo a nível mundial. Voltaremos a décadas já longínquas, algo bem parecido com o que aconteceu nos anos 40 do século anterior no final da II guerra mundial. (Assistimos a fugas maciças que apenas víamos no cinema mas que são agora uma triste e dramática realidade). O FMI não pôde continuar em silêncio e já veio a terreiro informar o que por aí pode vir caso este conflito se prolongue no tempo. (Mesmo as sanções aplicadas à Rússia terão um retorno - o chamado efeito boomerang - para o resto do mundo e essencialmente para a Europa). Estaremos em breve próximo daquilo que é uma economia de guerra que levará muito tempo a ultrapassar. As dívidas soberanas dos países tenderão a aumentar muitíssimo em todos os países em geral e será mais profunda nas economias ditas periféricas. O mundo está suspenso do que virá. O mundo está à beira do caos. O mundo está expectante. O mundo está muito preocupado e o caso não é para menos. Temos que nos preparar para o que por aí vem. E rapidamente.

Intimidades reflexivas - 1560

"Passamos pelas coisas sem as habitar, falamos com os outros sem os ouvir, juntamos informação que nunca chegamos a aprofundar. Tudo transita num galope ruidoso, veemente e efémero. Na verdade, a velocidade com que vivemos impede-nos de viver. Uma alternativa será resgatar a nossa relação com o tempo. Por tentativas, por pequenos passos. Ora isso não acontece sem um abrandamento interno. Precisamente porque a pressão de decidir é enorme, necessitamos de uma lentidão que nos proteja das precipitações mecânicas, dos gestos cegamente compulsivos, das palavras repetidas e banais." -  José Tolentino Mendonça in 'O Aqui e o Agora'.

Sunday, March 06, 2022

Intimidades reflexivas - 1559

"Nós somos o que fazemos. O que não se faz não existe. Portanto, só existimos nos dias em que fazemos. Nos dias em que não fazemos apenas duramos." - Padre António Vieira (1608-1697)

Saturday, March 05, 2022

Intimidades reflexivas - 1558

"Até termos amado  um animal a nossa mente permanece fechada." - Anatole France (1844-1924)

Friday, March 04, 2022

Intimidades reflexivas - 1557

"Recomeça... se puderes, sem angústia e sem pressa e os passos que deres, nesse caminho duro do futuro, dá-os em liberdade, enquanto não alcances não descanses, de nenhum fruto queiras só metade." - Miguel Torga (1907-1995) in 'Diário XIII'.

Thursday, March 03, 2022

Intimidades reflexivas - 1556

"Eu chorava por não ter sapatos, até que um dia encontrei um homem que não tinha pés." - Anónimo

Wednesday, March 02, 2022

Feliz aniversário, avó Margarida!

Celebraria neste dia 116 anos. Falo da minha avó materna e madrinha, Margarida. Já há muito, muito tempo, que me deixou, mas a sua memória perdura na minha vida. Pelo seu exemplo de lutadora, de mulher firme e de fortes convicções, a minha avó espalhava essa força por todos os que a rodeavam. Foi um pilar forte e firme em momentos de angústia e de provação. Foi ela que praticamente me educou e isso deixou marcas para a vida. O seu exemplo de honestidade, integridade, força e determinação são bem a matiz da minha educação. Era uma pessoa simples, mas de grande visão de futuro. Uma verdadeira líder. Com ela cresci até ao dia em que me deixou quando eu era já adulto. Uma vida inteira espelhada noutra vida. Um saber espelhado noutro. Hoje era o dia do seu aniversário de nascimento. E ela está aqui comigo, neste preciso momento em que escrevo estas linhas em sua memória. Porque os mortos só morrem de facto quando os esquecemos. E eu não a esqueci. Eu jamais a esquecerei. Feliz aniversário, avó Margarida! Lá onde estiveres que estejas em paz.

Tempo de Quaresma

Celebra-se neste dia a quarta feira de Cinzas no rito cristão. Assim se dá início ao período quaresmal que nos conduzirá até à Páscoa. Depois dos excessos da carne que são típicos do Carnaval, segue-se um período de reflexão, de introspeção, coisas bem difíceis nos nossos dias em que os ruídos do mundo nos levam noutras direções. Este período de quarenta dias tem um simbolismo muito grande na Bíblia, - refiro-me ao número quarenta - quer no Novo como no Antigo Testamentos, período espelhado quer no cristianismo como no judaísmo. Sei que os tempos estão difíceis - afinal sempre existiram tempos difíceis - e a reflexão e/ou a introspeção não são práticas muito comuns no nosso tempo. Mas sabendo isto, desafio-vos a que penseis um pouco no mundo que vos rodeia: o nosso irmão humano que sofre por vezes sem que disso nos apercebamos, o animal que é aviltado pela raça humana e a natureza sempre desprezada não percebendo quem o faz que está a destruir a vida no planeta que habita. (Toda esta envolvência, humanos, animais e natureza, também nossos irmãos face ao Universo tal como o defendia Francisco de Assis). Reservemos um pouco deste tempo que nos habita para pensarmos em tudo isto. Se o fizermos - independentemente de se ser religioso ou não - já terá valido a pena.

Tuesday, March 01, 2022

Tempo de Carnaval

E de novo Carnaval. Se o do ano transato foi ensombrado por uma pandemia, o deste ano é ensombrado por uma guerra cuja dimensão real ainda não sabemos qual será. Tudo parece ser diferente e mesmo o espírito folião de antanho parece ter esmorecido. Mas mesmo assim, e apesar de tudo, é Carnaval. Tempo de folia que antecede a Quaresma. Tempo de máscaras, embora muitos a usem o ano inteiro e não precisam do Carnaval para dela usufruírem. Este será mais um Carnaval diferente. Fruto dum vírus ou fruto da ambição desmedida do Homem. Mas mesmo assim se festejará o Entrudo. Bom Carnaval!