Intimidades reflexivas - 1628

"Uma mentira pode dar a volta ao mundo no tempo que a verdade demora a calçar os sapatos." - Mark Twain (1835-1910)

"Os Engenheiros do Caos" - Giuliano da Empoli

A ascensão dos populismos, na Europa e não só, ganhou a forma de uma dança desenfreada que inverte as regras estabelecidas e as transforma no seu contrário. Aos olhos dos eleitores, os defeitos dos líderes populistas são vistos como qualidades, a inexperiência deles é a prova de que não pertencem ao círculo corrupto das elites e a sua incompetência é garantia de autenticidade. Já as fake news que lhes pontuam a propaganda são a marca da sua liberdade de espírito. No mundo de Donald Trump, de Boris Johnson, de Jair Bolsonaro ou de Matteo Salvini cada dia tem a sua gafe, a sua polémica, o seu brilharete. Ao contrário do que se possa pensar, por detrás das aparências de carnaval populista está o trabalho árduo de ideólogos, cientistas e especialistas em big data, sem os quais os líderes populistas dificilmente teriam chegado ao poder. Estes são os engenheiros do caos, cujo retrato Giuliano da Empoli pinta. Uma investigação que mostra uma galeria de personagens, muitas delas desconhecidas do público em geral, que estão a mudar as regras do jogo político. Com consequências sociais inegáveis. Giuliano da Empoli é de origem italiana e suíça, Giuliano da Empoli é ensaísta e conselheiro político. É licenciado em Direito pela Universidade Sapienza de Roma e tem mestrado em Ciência Política do Institut d’Études Politiques de Paris. Foi conselheiro principal do primeiro-ministro italiano Matteo Renzi, tendo sido também conselheiro sénior do vice-primeiro-ministro e ministro da Cultura de Itália Francesco Rutelli, entre outros cargos. Em 2016, fundou o think thank Volta, um membro da rede Global Progress. Em 2022, a Gradiva publicou O Mago do Kremlin, o primeiro romance do autor. Com profundo conhecimento dos meandros políticos e grande experiência como ensaísta, esta é uma obra baseada numa alargada investigação. Publica agora Os Engenheiros do Caos, que analisa os processos e as técnicas por detrás do novo populismo. A edição é da Gradiva. Um livro muito interessante com leitura obrigatória.

Intimidades reflexivas - 1627

"Os maus compreenderam sem dúvida qualquer coisa que os bons ignoraram." - Woody Allen

Intimidades reflexivas - 1626

"Quanto mais sublimes forem as verdades mais prudência exige o seu uso; senão, de um dia para o outro, transformam-se em lugares comuns e as pessoas nunca mais acreditam nelas." - Nikolai Gógol (1809-1852)

Intimidades reflexivas - 1625

"Pensar é difícil, é por isso que as pessoas preferem julgar." - Carl Jung (1875-1961)

Dia dos Avós

Celebra-se hoje o Dia dos Avós. Sempre me trás alguma emoção porque me convoca grandes e boas memórias. (Quando falo de Avós refiro-me aos meus avós maternos. Os paternos estão mais longe: a minha avó morreu era eu uma criança e o meu avô nunca cheguei a conhecê-lo). Dos avós maternos - que foram simultaneamente meus padrinhos de batismo - guardo aqueles momentos mais importantes e felizes da minha vida. Fui criado com eles. Eles foram os meus mentores a quem tudo devo: a educação, a formação, a personalidade. Tudo foi obra destes meus avós e penso que lhes retribui tudo o que me ajudaram embora não fosse a tempo de o fazer com a plenitude que eles mereciam e eu desejava. Mas a vida quis assim e contra isso nada pude fazer. E é nestes dias que estas memórias rebentam com mais profundidade. Memórias já afastadas no tempo mas bem presentes no pensamento. A eles desejo que lá onde estiverem estejam em paz, quando mais não seja por tudo aquilo que me ajudaram na caminhada da vida. E a todos os Avós desejo um feliz dia. Com certeza que aquele lastro que deixam nos vossos netos será o vosso melhor testemunho. Feliz Dia dos Avós!

Intimidades reflexivas - 1624

"Para quem ama, não será a ausência a mais certa, a mais eficaz, a mais intensa, a mais indestrutível, a mais fiel das presenças?" - Marcel Proust (1871-1922)

Intimidades reflexivas - 1623

"Uma oração sem objetivo é como uma flecha sem arco. Um objetivo sem oração é como um arco sem flecha." - Ella Wheeler Wilcox (1850-1919)

Em dia de aniversário!

 Celebra-se hoje o 79º aniversário de Maria João Pires, a mais famosa e aclamada pianista portuguesa em todo o mundo. Comecei a escutá-la ainda criança e nunca mais deixei de a ouvir. Ainda me recordo do primeiro concurso internacional que ela ganhou. Era eu ainda muito jovem e estava a ouvir a emissão da então, a Emissora Nacional. Acabei por adormecer ao som do piano, mas o meu avô, que nem era ligado à música dita clássica, ficou a ouvir. No dia seguinte disse-me cheio de orgulho que ela tinha ganho. Num país que era rejeitado pela comunidade internacional nessa época, o ter uma portuguesa a ganhar no estrangeiro só mostrava que ela era de facto genial. O regime de então aproveitou a deixa para mais alguma propaganda. Mas tudo isso passou, só Maria João permaneceu. Feliz aniversário, Maria João Pires!

Intimidades reflexivas - 1622

"Mestre não é aquele que ensina algo, mas aquele que inspira o aluno a dar o melhor de si para descobrir um conhecimento que ele já tem na sua alma." - Paulo Colelho in 'O Arqeiro'.

Qual geração mais qualificada?

"Esta é a geração mais qualificada que Portugal já teve". Quem já não ouviu os políticos de mais do que um quadrante a proclamar esta máxima? E isso até é verdade, mas é só uma parte da verdade. O termos uma escolaridade mais alargada e obrigatória para todos não significa que esta seja a mais bem preparada. Deveria ser mas não é! E porquê? perguntar-me-ão. Porque o nível de exigência baixou na proporção do alargamento da escolaridade obrigatória. Só quem não anda próximo do ensino e da escola pode ficar surpreendido. Tentem pedir a um jovem desta tal geração mais qualificada para escrever um texto sobre um determinado assunto e verão o resultado. Mesmo que seja um assunto do seu interesse, ele não é capaz de o exprimir em palavras. Isto para já não falar dos inúmeros erros de escrita que irá cometer. A culpa é dele por não se ter aplicado mais na sua formação, mas também do sistema de ensino onde a quantidade é o inverso de qualidade. A escola que deverá ser um local para exercitar competências e exigir a excelência dos alunos abdica dessa sua responsabilidade em prol do facilitismo que todos conhecemos. Esta nova geração de jovens, que será o Portugal futuro, terá muitas dificuldades em progredir porque foram habituados a que tudo é fácil e quando um obstáculo lhes aparece pela frente não sabem como o tornear. Quem tem filhos, netos que frequentem a escola perceberá facilmente o que quero dizer. É agradável aos progenitores verem os seus filhos evoluírem na escola, mas não estão preocupados com os conhecimentos que adquiriram, e é sobre estes últimos que o mercado de trabalho os irá recrutar e avaliar mais tarde. Sejamos prudentes com o que dizemos porque se assim não for estamos a vender gato por lebre e a geração futura é que irá sofrer. Dir-me-ão que há exceções. Claro que sim, mas são estas que confirmam a regra. Isto para não falar a confusão que existe dentro do sistema educacional de que este ano foi bem o exemplo. Todos o entendem facilmente creio eu.

Como os anos vão passando...

Como os anos vão passando... Baixei o volume do que ouço, e aumentei o do que sinto. Estou estremecendo um pôr do sol, o gole de um bom café, um bom vinho, uma ótima companhia, uma boa canção, o calor de um olhar, o poder de um beijo. Não sei se serão os anos, os danos, ou talvez, só talvez, eu apenas comecei a ver a Vida tão bela quanto ela realmente é... Eu e a Vida.

Intimidades reflexivas - 1621

"Os tristes, os deserdados, os pobres, os oprimidos, quando tudo lhes falta, o pão, o lume, o vestido, têm sempre, no fundo da alma, uma cantiga pequena que os consola, que os aquece, que os alegra. É a última coisa que fica no pobre. E então a cantiga vale mais do que todos os poemas." - Eça de Queirós (1845-1900)

Intimidades reflexivas - 1620

"Só há felicidade se não exigirmos nada do amanhã e aceitarmos do hoje, com gratidão, o que nos trouxer. A hora mágica chega sempre." - Hermann Hesse (1877-1962)

Intimidades reflexivas - 1619

"A infância não é um tempo, não é uma idade, uma coleção de memórias. A infância é quando ainda não é demasiado tarde. É quando estamos disponíveis para nos surpreendermos, para nos deixarmos encantar. Quase tudo se adquire nesse tempo em que aprendemos o próprio sentimento do Tempo." - Mia Couto

Intimidades reflexivas - 1618

"A 'mão invisível' está a perder terreno para a 'mão visível'. O capitalismo liberal cede perante o capitalismo autoritário." - The Economist de 21 de janeiro de 2012.

Intimidades reflexivas - 1617

"Desde o advento do Estado constitucional, e mais ainda do seu advento da democracia, o típico líder político no Ocidente é o 'demagogo'. As conotações desagradáveis da palavra não nos devem fazer esquecer que foi Péricles e não Cléon, quem primeiro recebeu esse título (...) Atualmente, a demagogia moderna também emprega a palavra falada, fá-lo em grande medida, se considerarmos os discursos eleitorais que um candidato moderno deve fazer. Mas faz uso ainda mais sustentado da palavra impressa. O escritor político e sobretudo o jornalista é hoje o mais importante representante da espécie." - Mas Weber (1864-1920) in 'The Profession and Vocation of Politics'.

"Escuridão Visível - Uma memória de loucura" - William Styron

O escritor William Styron, autor de livros como A Escolha de Sofia, quase se juntou à longa lista de escritores que se suicidaram. Salvou-se, num último momento, foi hospitalizado e, por fim, recuperou. Com a mestria de um grande escritor, e o conhecimento que só quem passa por esta terrível doença pode possuir, passou a escrito o relato desta viagem pela mais assustadora das escuridões, e o seu regresso à luz. William Styron nasceu em 1925, na Virgínia. Já quase no final da Segunda Guerra Mundial, Styron alistou-se nos Marines, mas a rendição do Japão fez com que nem sequer chegasse a sair de São Francisco. Depois de se formar em 1947, foi trabalhar como editor em Nova Iorque. O seu primeiro romance, publicado em 1951, trouxe-lhe a aceitação da crítica e o primeiro de muitos prémios literários. Em 1967, a publicação deste As Confissões de Nat Turner fez com que fosse alvo de violentas críticas por parte de intelectuais negros e acusado de racismo, o que não o impediu de receber o prémio Pulitzer de Ficção no ano seguinte. Mais tarde viria a escrever A Escolha de Sofia, vencedor do National Book Award em 1980 e um sucesso de vendas, e que deu origem ao filme homónimo com Meryl Streep no papel de Sofia. Brilhante e controverso em igual medida, as suas obras viriam a ser grandemente influenciado pela mentalidade sulista da terra onde nasceu. Morreu em 2006, vítima de pneumonia. Um livro fascinante a merecer uma leitura atenta. A edição é da Livros Horizonte.

Tem gente...

Tem gente que faz o que quer com o coração dos outros por que acha que o tem para sempre. Mas não é bem assim que a banda toca. De uma coisa é certa, quando a gente cansa de tanto tentar a gente parte. Quando a gente cansa de tanto não ser reconhecido a gente parte. Quando a gente cansa de ser subestimado a gente parte. Quando a gente cansa de naturalmente querer ajudar a quem amamos a ser alguém melhor e não há retorno ou nem sequer um obrigado, a gente cansa. A gente não cansa por não tentar, a gente cansa por tentar demais.

Intimidades reflexivas - 1616

"As viagens mais incríveis fazem-se às vezes sem se sair do mesmo lugar. No espaço de alguns minutos, certos indivíduos vivem aquilo que um mortal comum levaria toda a sua vida a viver." - Henry Miller (1891-1980)

Intimidades reflexivas - 1615

Conhecer os outros é sabedoria. Conhecer-se a si próprio é sabedoria superior."- Lao Tsé (604 a.C.- 517 a.C.)

"O Arqueiro" - Paulo Coelho

Quando se defronta com o excecional arqueiro que o veio desafiar, o mestre Tetsuya - cuja habilidade com o arco e a flecha é lendária, mas que vive agora retirado, a trabalhar como um humilde carpinteiro - oferece muito mais do que uma lição, a ele e ao rapaz da aldeia que assiste ao desafio. O rapaz - que testemunha, espantado, aquele encontro - insiste que Tetsuya lhe transmita os seus conhecimentos da arte do tiro ao arco. O mestre adverte que lhe poderá ensinar as regras necessárias, mas o jovem terá de aprender como usá-las para se transformar numa pessoa melhor. É assim que descobrem, ambos, o caminho do arco, o percurso de uma vida com sentido. Tal como em O Alquimista, Paulo Coelho volta a oferecer-nos uma luminosa fábula que nos convida a refletir acerca de quem somos e a encontrar o nosso próprio caminho. Cada leitor encontrará nela preceitos para tomar decisões e fazer o percurso de uma vida gratificante: o esforço diário, a paixão, a adaptação à mudança, a concentração e a coragem de tomar decisões difíceis. Sobre o autor, Paulo Coelho é um dos autores mais lidos e respeitados em todo o mundo, e o escritor de língua portuguesa mais vendido de sempre, Paulo Coelho tem a sua obra publicada em mais de 170 países e traduzida em 88 idiomas. É autor do clássico dos nossos tempos, O Alquimista, considerado o romance mais traduzido de sempre e que atingiu mais de 427 semanas ininterruptas na lista de bestsellers do The New York Times. Nascido no Rio de Janeiro, em 1947, foi compositor, antes de se dedicar à literatura. Foi galardoado com diversos prémios internacionais, entre eles o prestigiado título de Chevalier de L’Ordre National de la Légion d’Honneur. Ocupa a cadeira número 21 da prestigiada Academia Brasileira de Letras, é Embaixador Europeu do Diálogo Intercultural e Mensageiro da Paz das Nações Unidas. A edição é da Pergaminho.

Ser feliz sozinha. Sem condicionar minha felicidade a alguém. Algumas pessoas olham uma mulher e pensam: não tem namorado, não se realizou ainda. Pois tem milhares de coisas que eu preciso alcançar pra me sentir uma mulher realizada, mas namorado, acreditem, é uma das últimas necessidades que tenho agora! (Se é que tenho essa necessidade agora.) Tem gente que vai dizer que isso é papo de mal amada. Pois eu acho que chamar de mal amada, quem consegue ser feliz sozinha é papo de gente que não sabe ser feliz. E ponto.

Sofia Flor Rocha

"Ensaio sobre o Dia Seguinte" - David Justino

Aqui está um grande livro sobre educação que merece ser lido."Estes Ensaios Sobre o Dia Seguinte são, assim o pretendo, uma abordagem do porvir a partir da reflexão sobre o passado, mais ou menos recente, tal como o interpretamos. Não os entendam como qualquer tentativa de "antecipação" do futuro. Fiéis que somos às maneiras de pensar cientificamente conduzidas em ciências sociais, essa reflexão parte sempre dos problemas e da sua constante (re)formulação, numa incessante busca de explicações verosímeis, de preferência a conclusões ditas verdadeiras." David Justino nasceu em Oeiras em 1953. Licenciado em Economia, pós-graduado em História Económica e Doutorado em Sociologia, é atualmente Professor Associado com Agregação do Departamento de Sociologia da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas e investigador do CICS.NOVA – Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais da Universidade Nova de Lisboa. Recebeu o Prémio Gulbenkian de Ciência 1987 (Ciências Sociais e Humanas). Um livro muito interessante a merecer grande atenção. A edição é da Almedina.

O amor... / L'amour...

O amor, como uma fonte eterna, se revela em tudo. Toca as pétalas de uma rosa, esconde-se num olhar conhecedor e aquece os corações frios. Ele une almas, transcende fronteiras e abraça a diversidade. Nos sussurros do vento e nas rajadas do sol, ele encontra sua voz. Em cada sorriso sincero e em cada gesto benevolente, ele se manifesta. Seja nos momentos de alegria ou tristeza, o amor está presente, tecendo laços invisíveis que nos unem a todos. Ele é a essência da vida, a força que guia nossos passos e faz brilhar nossos dias mais sombrios. Em cada átomo do universo, o amor é revelado, lembrando-nos que estamos todos conectados por esta energia divina.

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L'amour, telle une source éternelle, se dévoile dans chaque chose. Il effleure les pétales d'une rose, se cache dans un regard complice, et réchauffe les cœurs froids. Il unit les âmes, transcende les frontières, et embrasse la diversité. Dans les murmures du vent et les éclats du soleil, il trouve sa voix. Dans chaque sourire sincère et chaque geste bienveillant, il se manifeste. Que ce soit dans les instants de joie ou de tristesse, l'amour est là, tissant des liens invisibles qui nous unissent tous. Il est l'essence de la vie, la force qui guide nos pas et fait briller nos jours les plus sombres. Dans chaque atome de l'univers, l'amour se révèle, nous rappelant que nous sommes tous connectés par cette énergie divine.

Intimidades reflexivas - 1614

"O meu casaco e eu vivemos bem juntos. Adquiriu todas as minhas rugas, não me magoa em sítio nenhum, adaptou-se às minhas deformidades, é complacente com todos os meus movimentos e apenas sinto a sua presença porque me aquece. Os casacos velhos e os velhos amigos são a mesma coisa." - Victor Hugo (1802-1885)

Intimidades reflexivas - 1613

"Quem fica na ponta dos pés, tem pouca firmeza." - Lao Tsé (604 a.C.-517 a.C.)

No 32º aniversário do seu falecimento

Passam hoje 32 anos sobre o desaparecimento do meu avô e padrinho José. Dele guardo gratas memórias por tudo o que fez por mim. Ele foi, - juntamente com a minha avó -, a força inspiradora para aquilo que atingi no meu percurso de vida, e para o homem que sou nos dias de hoje. Sempre resiliente a ele tudo devo, mesmo aquilo que estava para além da sua capacidade e conhecimento, porque sempre me incentivou a ir mais além. Muitas vezes me disse que na vida não se deve ser irrelevante porque a esses está sempre reservada a quota mais insignificante da vida. E eu acho que acolhi bem esse ensinamento. Nunca fui irrelevante, bem pelo contrário, tal como ele nunca o foi na sua vida. Passados todos este anos, a memória é tudo o que resta. E que memória! Feliz aniversário avô José. Lá onde estiveres que estejas em paz! P:S: Aqui vos deixo uma grande memória do meu avô. Este foi o último cocktail que o meu avô assistiu. Foi em homenagem a ele a quando da sua reforma do Bank of London & South America, Ltd. (banco que já não opera à muito entre nós) onde trabalhou durante 30 anos. Ele está assinalado por um círculo amarelo e as pessoas que o rodeiam faziam parte da administração do banco na época. Grandes e inspiradoras memórias sem dúvida.

Intimidades reflexivas - 1612

"A linguagem é viva quando falam as obras."- Santo António (1195-1231)

Só os insignificantes ameaçam (Não à censura!)

Era véspera de São Pedro. Publiquei no Facebook três desenhos que intitulo (Study of female body) 'Estudo sobre o corpo feminino'. Um deles representava um nu, sem relevância especifica, os outros dois, desenhos de pormenor das mãos e pés. Segundo depois veio a nota de que havia algo ali que configurava 'imagem sexual explícita' igual a outras que já tinha publicado antes. Já nem reajo. Porque a insignificância, hoje chamada eufemisticamente de irrelevância, é a chancela da mediocridade. E, como é do conhecimento geral, não dou relevo a irrelevantes. Mas essa nota que levou à eliminação dos tais desenhos a carvão, fez-me de novo refletir sobre este mundo das redes ditas sociais. E desde logo pensei o que seria de Leonardo Da Vinci, Raphael, Botticelli, Michelangelo e tantos outros que ergueram bem alto a arte e a cultura do chamado Renascimento italiano se tivessem vívido nestes nossos dias de ignorância e hipocrisia. Se calhar nunca tinham publicado nada porque eram censurados de imediato. Não pensem que tenho a presunção de me comparar a estes mestres, dos quais não sou digno sequer de me abrigar na sua sombra. Mas este conceito de 'exploração sexual explícita' mostra bem o grau de mesquinhez a que se chega. Dias antes tinha publicado uma imagem subliminar norte-americana com abate de animais. Era um conjunto de imagens em dois níveis. Nas imagens de cima via-se os animais no seu habitat natural donde nunca deveriam ter saído; nas de baixo via-se esses mesmos animais abatidos para serem servidos à mesa de muita gente, quiçá destes censores. Talvez por se sentirem incomodados, colocaram a imagem oculta e informaram que o faziam por 'violência explícita' como se isso não acontece diariamente nas nossas sociedades. Contudo, já publiquei muitas imagens que alertam para a violência que existe nas touradas e nada se passou! Porque será? Serão estes lobbies a trabalhar na sombra ou existirá uma outra razão qualquer daquelas que a própria razão desconhece? E já agora, essas mesmas imagens que são censuradas nesta rede social quando publicadas noutra que é detida pela mesma entidade já nada acontece. Coisa estranha esta. Nunca hei de entender tais critérios 'censórios e de bons costumes' como antigamente ouvia dizer no meu país. Afinal parece que o mundo não mudou assim tanto. Daí a pouca atividade que vou mantendo nesse espaço e que tem sido questionado por muita gente. Pois a resposta está aqui e bem clara. Não contem com algo melhor porque pior será o lema. Esse espaço não merece a cultura e arte que venho nela publicando com vista a melhorar o chorrilho de linguagem obscena e piadolas de mau gosto que vemos circular por aí a todo o momento. Afinal cada um tem o que merece e, definitivamente, este espaço não me merece. Desculpem a presunção mas é mesmo assim e disso não abdico.