Turma Formadores Certform 66

Monday, August 30, 2010

Um Homem Só - Maria Helena Ventura


Esta é a história de um homem que regressa a casa depois de visitar grande parte do mundo conhecido e se ter cruzado com mercadores, eremitas, escribas e homens da lei. Um rabi respeitado, com o dom da palavra e uma inteligência ímpar, Yeshúa apenas anseia por abraçar a família, rever paisagens onde cresceu e levar uma vida de paz e recato. Mas seu pai, que aguardava a sua chegada para poder morrer, faz-lhe um pedido que fará ruir os seus projectos e erguer outros inteiramente novos: Yeshúa deverá liderar os judeus. Ser o Messias. Esta é a história de um homem que será odiado pelos poderosos do Templo mas amado pelos pobres; perseguido por Roma mas respeitado por romanos; incompreendido pelos apóstolos mas decifrado por Maria, a Madalena. Esta é a história do homem mais influente e inspirador que alguma vez viveu. Curiosamente, também é a história bela, comovente e arrebatadora de um homem só. Inspirado em textos e documentos históricos da época, hoje mundialmente reconhecidos, este não é um livro sobre religião, este é um livro sobre História, a história dum homem que, embora vivendo à mais de dois mil anos, ainda nos continua a fascinar e a inspirar. O que está por trás deste fascínio? Porque se tem prolongado no tempo? Para além das crenças religiosas, para além das religiões - sejam elas quais forem - que tanto têm dividido a humanidade, esta é a história dum homem que fez a síntese, que espalhou o amor e a compreensão, mesmo para aqueles que não o aceitavam. E será que nós também o aceitamos? A este Jesus desalinhado, fora dos paradigmas que nos inculcaram desde a infância? E não irá este livro, provocar as mesmas reacções desmedidas de outros da mesma linha, que tanto enfureceram os senhores do Templo dos nossos dias? Talvez não, não tanto pelo conteúdo, mas sobretudo, pela não mediatização do mesmo. Afinal trata-se duma escritora portuguesa, sem os meios que outros esritores doutras latitudes têem. Mas apenas e só por isso! A escritora Maria Helena Ventura nasceu em Coimbra e viveu em Cascais. Mestre em Sociologia, fez jornalismo, dedicou-se ao ensino e investigação. Tem trabalhos publicados nas áreas da Sociologia da Educação e da Cultura. Alguns dos seus trabalhos no âmbito do romance histórico, prendem-se com as figuras da Rainha Santa Isabel, D. Afonso Henriques e Luís de Camões. A edição é da Porto Editora. Um livro que vos recomendo para ser lido com o espírito aberto.

"O Oito" - Katherine Neville


"Um mistério de mais de mil anos. Um enigma cuja solução desafia as mais brilhantes mentes que a humanidade conheceu. Um jogo que envolve fama e infâmia, artistas e políticos, matemáticos e músicos, filósofos e freiras, xadresistas e estadistas. É neste jogo fascinante, de lances perigosos e armadilhas quase sempre fatais que se sobrepõem as figuras de três mulheres extraordinárias, vivendo em épocas históricas diferentes: a moderna Catherine Velis, executiva de uma empresa de consultoria e especialista em computadores, e as noviças Mireille e Valentine da Abadia de Montglane e perseguidas pelos horrores da Revolução Francesa. Separadas no tempo e na História, elas têm uma missão em comum: manter oculto o inatingível Xadrex de Montglane, jóia que pertenceu a Carlos Magno e que traz, camufladas nas peças e no tabuleiro, uma fórmula de poder infinito. É dessa mistura de ficção e realidade que este "O ENIGMA DO OITO" tira o seu fascínio. O romance segue os lances do jogo que levam as freiras francesas e sua contraparte, passando pelos pervertidos salões e sangrentas prisões da Paris revolucionária, pelos "santuários" dos potentados do petróleo e os mistérios da África. A fórmula escondida no Xadrez e o jogo para consegui-la constituem um desafio tentador e irresistível. Você não conseguirá afastar-se dele até que tenha chegado ao maravilhoso e atordoante enigma do Oito." Na minha lista das leituras de cada ano, esse livro é importante. É o tipo de livro onde, em cada releitura, se descobrem novos detalhes dessa trama criativa e surpreendente.
A história tem como mote um lendário jogo de xadrez que pertenceu ao imperador Carlos Magno, capaz de conceder, ao seu possuidor, o poder ilimitado sobre todas as coisas. Perseguido ao longo das eras, o jogo está escondido na Abadia de Montglane. Com a explosão da Revolução Francesa, a madre superiora encarrega as jovens noviças Mireille e Valentine da protecção do Xadrez, enviando-as a Paris. Na capital francesa, tudo colabora para o insucesso. As ingénuas meninas são envolvidas na trama política histórica, e uma tragédia sela o destino delas para sempre. Mireille é a personagem central em sua época. Passadas as ilusões da juventude, a noviça revela-se uma mulher forte, capaz de tudo para cumprir sua missão de zelar pelo misterioso jogo. Até mesmo abandonar o grande amor de sua vida. Situações extremas de perigo exigirão dela renúncia e abnegação, em favor daquilo que prometeu. A saga de Mireille é rica em aventuras, envolvendo até mesmo personagens reais da conturbada época histórica francesa.
Paralelamente, Catherine Velis conta-nos sua história nos dias actuais. Executiva do ramo de informática, a sua vida muda de repente por causa de uma designação para assumir um cargo na Argélia, país marcado por conflitos, e relativamente desconhecido para ela. Sem opção, ela aceita, e não faz idéia do que lhe aguarda. Acontecimentos misteriosos se sucedem, tendo Catherine como alvo principal. Assassinatos, perseguições, e tumultuosas partidas de xadrez. Desesperada para entender o que está a acontecer à sua volta, Catherine só pode contar com Lily Rad, inicialmente a mera filha de conhecidos, para depois se tornar peça essencial da trama. Lily é uma jogadora de xadrez mundialmente conhecida, e ajuda Catherine a decifrar o mistério do enigma do Oito. Sem alternativa a não ser embarcar na aventura, as duas tornam-se caçadoras e protetoras do jogo na era contemporânea. A acção é a marca dessa história. A mistura entre suspense, fantasia e aventura é das mais irresistíveis. Muito bem escrito, o livro é para ser lido de um fôlego só, tanta será a curiosidade em desvendar os segredos que se apresentam. Impossível resumir a gama de acontecimentos que permeiam as páginas. Narrados alternadamente, os capítulos tem a semelhança de tratarem das histórias de duas mulheres fortes e independentes, ambas guardiãs do Xadrez de Montglane em suas épocas. Mireille, vivendo a turbulência da Revolução Francesa, consciente de sua missão em primeiro lugar. Catherine, moderna e actual, inconsciente de seu destino, mas em busca de decifrá-lo. Como num jogo de xadrez, o livro correlaciona os personagens com as peças do tabuleiro. E cada aventura é uma jogada de mestre, conduzindo o leitor ao xeque-mate surpreendente. Esta saga tem a sua continuação num próximo livro chamado "FOGO". Resta dizer que a edição é da Porto Editora.

Monday, August 23, 2010

Reflexões após férias (continuação)



A chamada desse Homem só, herói da nossa civilização, que foi Jesus, exorta-nos à vigilância, deve ajudar-nos a despertar da indiferença, da passividade e do descuido com que vivemos, frequentemente, a nossa Fé. Como disse alguém: " A Fé é uma vida, uma confiança partilhada e proclamada, é um encontro, um caminho, uma aventura; é a certeza de ser amado e de poder, enfim, amar. " A Fé é, também, em certas horas, uma dúvida, uma espécie de noite onde se procura. É uma promessa, uma herança, uma escolha, uma adesão, uma comunhão. É um Povo a que nos agregamos, uma Igreja, um Credo, um Mistério que se celebra em conjunto. A Fé é um testemunho, dia após dia, depois de tantos outros, ainda... A Fé é uma pequena semente que se torna árvore, é uma luta e um combate pela paz e pela justiça. A Fé é a contemplação pacífica de um rosto amado, uma conversão familiar com um amigo; é, no fundo do coração, uma alegria secreta, uma esperança que supera todas as provas; é uma vida, um amor, uma Fonte que jorra para a Vida eterna. A Fé, não o esqueçamos, é, também e finalmente, um Dom. Dom que se pede, que se reconhece e que se exercita na vida de cada dia para melhor lhe correspondermos, pois, como nos diz Jesus, os dons recebidos não são privilégios mas responsabilidades acrescidas... Mas quando falo de Jesus, não quero entrar no reducionismo que a religião - seja ela qual for - encerra. Como me dizia um sacedorte à uns dias atrás, "Deus não tem religião, porque tem que se relacionar com todas e com todos". Este é o espírito aberto que muita vezes nos falta, para que em nome de algo maior que nos transcende, envolver-nos em guerras que destroiem, em conflitos que amesquinham, no desrespeito pela natureza e pelo planeta, cada vez mais visível, enfim, na intolerância embora a rejeitemos liminarmente, atribuindo aos outros essa faceta que não somos capazes de ver em nós. Este desrespeito pelo mundo em que vivemos que leva a cataclismos cada vez maiores e mais devastadores, onde o ser humano perde tudo até a dignidade de se considerar humano, é cada vez mais evidente, por mais que olhemos para o lado. Eu, que sou um grande amigos dos animais, olho para eles com cada vez maior admiração. Ao seu desprendimento, ao seu não acumular nada para além do estritamente necessário à sua subsistência, à leveza com que passam pela vida. Nós, pretensamente seres superiores, vamos atafulhando a nossa vida com coisas que nos entorpecem os movimentos e que, na maioria das vezes, de nada nos serve a não ser para nos conseguirmos sentir superiores ao nosso semelhante, com o ego a rebentar. Se já tiveram pessoas que faleceram na vossa vida, onde reparar que, do muito que acumularam, apenas ficamos com este ou aquele símbolo - muitas vezes, nem sequer o mais valioso - para nos manter viva a memória do desaparecido. Mas embora saibamos tudo isto, nunca deixamos de acumular porque este é o nosso desígnio, porque esta é a forma com que a sociedade nos moldou, com valores associados, nem sempre tangíveis. Olhemos à nossa volta, e reflictamos sobre tudo isto. Poderá não ser a melhor forma de regressarmos à nossa vida activa mas, seguramente, será a melhor forma para nos libertarmos face aos outros e ao mundo egoista em que vivemos.

Sunday, August 22, 2010

Reflexão após férias


Aqui regresso, após umas breves férias, onde a reflexão sobre o mundo que me cerca, ( que nos cerca ), esteve presente. Todos os dias somos confrontados através dos meios de comunicação, com notícias aterradoras que se vão disseminado um pouco por todo o mundo. Isto leva a uma reflexão sobre o mundo em que vivemos, o que dele fizemos, aquilo que queremos para o futuro, já não o nosso, mas o das gerações vindouras. E, neste contexto, fui reflectindo sobre algumas coisas que são já, a minha experiência de vida. Assim, lembrei-me que no início do mandato presidencial, John Kennedy propôs ao povo americano dois objectivos: 1. Enviar um homem à lua, no prazo de 10 anos; 2. Ajudar a eliminar a fome no mundo, "no tempo da nossa vida". O primeiro objectivo, técnico e científico, alcançou-se, significativamente, no período previsto (20-07-1969), já lá vão 41 anos... E neste campo, os passos da Humanidade continuam a ser de gigante... Quanto ao segundo - um objectivo mais humanitário e social - os passos têm sido de caranguejo... E porquê? Porque os "celeiros" do Mundo rico (20% da Humanidade) não param de crescer e armazenam já 80% dos bens que o Mundo produz... Só com o desenvolvimento económico não conseguiremos uma sociedade mais justa e humana, e a paz mundial será, cada vez mais, uma miragem. Sem uma solidariedade inteligente e generosa que ajude a resolver, decididamente, os problemas materiais, humanos e culturais dos povos pobres da Terra, o abismo entre o Norte rico e o Sul miserável aumentará cada vez mais. E este gritante desequilíbrio será o melhor "caldo de cultura" para todas as instabilidades e violências. É urgente, pois, educar-mo-nos para a solidariedade, essa "riqueza" que a Providência tanto aprecia e quer ver crescer em nós. Mesmo em férias, ou talvez por isso, porque mais tempo temos para a reflexão, aqui fica esta nota, não muito animadora mas real, do mundo em que vivemos.