Turma Formadores Certform 66

Wednesday, August 31, 2022

"Cartas Portuguesas" - Soror Mariana Alcoforado

Um dos mais belos romances Epistolares, ilustrado com desenhos de Modigliani. Com muitos cuidados e dificuldades achei meio de recuperar uma cópia correcta da tradução de cinco Cartas Portuguesas, escritas a um distinto gentil-homem que servia em Portugal. Com tanto empenho todos os entendidos em sentimentos as louvavam ou as procuravam que achei que lhes daria singular prazer se as imprimisse. Não conheço o nome daquele a quem foram escritas, nem o de quem fez a respectiva tradução, mas pareceu-me que não havia de lhes desagradar se as tornasse públicas. Esta edição de Cartas Portuguesas pretende trazer de volta aos leitores a controversa obra de Soror Mariana Alcoforado. O prefácio de Maria Teresa Horta e a magnífica tradução de Pedro Tamen enriquecem este clássico da literatura do século XVII, ilustrado com nus de Modigliani. Soror Mariana Alcoforado nasceu na cidade de Beja em 1640. Ingressou no Convento de Nossa Senhora da Conceição com apenas 12 anos, determinada a dedicar a sua vida ao Senhor. Contudo, a sua vocação religiosa seria posta à prova quando conheceu o cavaleiro francês Noel Bouton, marquês de Chamilly, que estava em Portugal com as suas tropas, envolvido na guerra da Restauração. Entre os dois surgiu um amor impossível, do qual as "Cartas Portuguesas" são um belíssimo testemunho. Publicadas pela primeira vez em francês, em 1669, pelo escritor Lavergne de Guilleraggues, as "Cartas" têm sido até hoje alvo de grande controvérsia no que diz respeito à sua autoria. A existência de Mariana Alcoforado e do Marquês de Chamilly e o facto de as cartas serem dirigidas a este último são indubitáveis. Aquilo que se discute é a atribuição da autoria dos textos a Soror Mariana Alcoforado e a sua autenticidade.

Tuesday, August 30, 2022

Intimidades reflexivas - 1475

"É possível conquistar 'tudo debaixo do céu' a cavalo, mas não é possível governá-lo a partir daí." - Liú Bingzhön (1216-1274) conselheiro de Kublai Khan filho de Gengis Khan.

Obrigado, Marta Temido!

Fui surpreendido à minutos com uma informação que me chegou. Marta Temido, a ministra da Saúde, pediu a demissão. Confesso que me chocou a notícia, embora sabendo que o lobby que a cercou era impiedoso. O problema da Saúde não é deste ou daquele ministro, deste ou daquele governo. O problema da Saúde é mais vasto, é algo que está cercado por lobbies poderosos que a aprisonam. É os interesses dos privados, é o interesse de alguns dirigentes que acham que têm perfil para liderar a pasta quando os seus partidos chegarem ao poder, é o interesse daqueles que destroem tudo à sua volta apenas e só pelo prazer de destruir porque só assim afirmam as suas ideias políticas. Já vimos este filme repetido até à exaustão, e vamos continuar a vê-lo. Quem vier, seja quem for, estará aprisionado por este lobbies como esteve Marta Temido e todos os outros antes dela. Porque o interesse de alguma gente que por aí anda não é a saúde dos portugueses mas interesses bem mais prosaicos. Essa gente que lidera esses lobbies continuará a minar todos os que por lá aparecerem. Porque defendem interesses bem maiores do que os que dizem defender. Quanto a Marta Temido, uma das ministras que mais admirei, apenas e duma forma singela, lhe tenho que agradecer tudo o que fez pela saúde dos portugueses em momentos tão difíceis. Seria injusto que não fosse isto lembrado em nome dum bem maior, a verdade. Que tenha muito sucesso na sua vida pessoal e profissional é o que lhe desejo. Tudo o resto é espuma dos dias.

Só porque hoje é domingo...

 Só porque hoje é domingo...

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“De que me serve a mim a multidão de vossos sacrifícios, diz o Senhor. Já estou farto do holocausto dos carneiros, e da gordura de animais cevados, nem me agrado do sangue de bezerros, nem de cordeiros, nem de bode. Por isso quando estendeis vossas mãos, escondo de vós os meus olhos, e ainda que multipliqueis vossas orações, não ouvirei porque as vossas mãos estão cheias de sangue." (Isaías 1:11/15)
"E disse Deus: Eis que vos tenho dado todas as ervas que dão sementes e se acham na superfície de toda a terra, e todas as árvores em que há frutos que dá semente; isso vos será por alimento." (Gênesis 1:29)
"A carne, porém, com sua vida, isto é, com seu sangue, não comereis." (Gênesis 9:3-4)
"Quem mata um boi é como quem tira a vida de um homem..." (Isaías 66:3)
"Melhor é a comida de hortaliça, onde há o amor, do que o boi cevado, e com ele o ódio." (Provérbios 15:17)
"O Senhor é bom para todos, e as suas misericórdias estão sobre todas as suas criaturas." (Salmos 145:9)
"O justo olha pela vida dos seus animais." (Provérbios 12:10)
"Aquele, pois, que sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado." (Tiago 4:17)
“NÃO MATARÁS!” (Mateus 5:21;22)

Monday, August 29, 2022

Intimidades reflexivas - 1474

"Como acontece com todas as coisas sob o céu, aquilo que está há muito dividido deve juntar-se, e aquilo que se juntou deve separar-se." - Luó Guànzhönh in 'Records of the Three Kingdoms'.

Sunday, August 28, 2022

Intimidades reflexivas - 1473

"Ler é beber e comer. O espírito que não lê emagrece como o corpo que não come." - Victor Hugo (1802-1885)

Saturday, August 27, 2022

Intimidades reflexivas - 1472

"Viver é um rasgar-se e remendar-se."- Guimarães Rosa (1908-1967)

Friday, August 26, 2022

Sorriu-me...

Sorriu -me. Era Verão. Um Verão quente como há muito não se via. Olhei-a. De baixa estatura, cabelo branco, um rosto de uma suave beleza. Jovens passavam, turistas, gente apressada. Ela sorria, agarrada ao meu olhar. Falou-me de solidão, dos dias vazios que passava sem falar. Nas esplanadas ruídos de copos. Falou-me de memórias e sorria. Quando me despedi abracei-a, não sei se por mim se por ela. O futuro é sempre incerto. Antes de dobrar a esquina, olhei para trás para a ver, ia num andar apressado e firme, numa urgência de chegar como se alguém a esperasse. Num Verão antigo. No meu peito, um aperto.

Thursday, August 25, 2022

Hoje celebraa-se o Amor

Hoje celebra-se o AMOR! 

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E porque todos os dias são dias de celebrar o Amor, hoje é dia de celebrar todos aqueles que acreditam que o Amor é a maior fonte de vida! Amar e ser Amado é a melhor coisa que a vida nos oferece a cada dia e, para mim, é o caminho da felicidade! A falta de Amor é a pior de todas as pobrezas... tão fácil ser-se rico, basta que a entrega seja pura, genuína, transparente e sem medos.
Alguém duvida que o Amor é o nosso melhor aliado no caminho que vamos fazendo ao longo da vida? Ajuda-nos a enfrentar obstáculos, auxilia-nos nos momentos difíceis, ampara-nos em dias tristes, de solidão... Porque o Amor é mais forte do que TUDO, mais forte do que o medo, mais forte do que a maldade, do que o egoísmo... O Amor cabe em qualquer lado, em qualquer coração, cabe em qualquer um de nós...

O AMOR CABE ATÉ ONDE NÃO TEM CABIMENTO! 
💗💗💗

Wednesday, August 24, 2022

Oito anos volvidos

Passam hoje oito anos sobre aquele dia soalheiro e quente de Agosto em que a minha querida Tuxa partiu. Era sábado e ela, que já quase não se conseguia movimentar, desceu as escadas para ir ao relvado do jardim onde gostava tanto de estar para aí deixar o mundo e aqueles que a amaram sem limites. A Tuxa foi uma cadela abandonada na Maia, em frente à casa onde então vivia. Um jovem deixou-a ficar. Via-se que estava a sofrer, mas não a podia levar. Ali andou algum tempo. Um dia apiedamo-nos dela e fomos buscá-la. Curiosamente era também sábado. Logo veio connosco e nunca mais saiu das nossas vidas. A Tuxa viria mais tarde a ser a mãe adotiva dum outro cachorro abandonado, este ainda bebé, era o famoso Nicolau. Ela sempre foi para ele uma mãe atenta e cuidadosa, ele era bastante mais agressivo para ela. Viveram felizes na nossa casa. Ainda vieram para a casa que hoje habito com muito espaço para eles correrem e brincarem, e disso fizeram muito uso. Até este dia de à oito anos atrás. Esteve muito tempo no relvado. Dei-lhe água que ela bebeu sofregamente e de seguida tombou serenamente. Para sempre. O Nicolau assistiu a tudo até ao seu enterramento. Durante cerca de um ano, a sepultura da Tuxa era uma espécie de peregrinação para ele. Para lá ia e por lá ficava deitado. Até que o tempo vai esbatendo tudo. Apenas não conseguiu esbater o amor que lhe tivemos. Segundo Chico Xavier, um animal demora oito anos a libertar a sua energia do local onde viveu e foi feliz. Se é assim, este será o ano da sua libertação definitiva dum local que ela adorou, duma família que sempre a amou. Que parta em paz, lá para o lugar onde os animais são felizes longe da bestialidade de alguns humanos. Nós te guardaremos sempre nos nossos corações. Descansa em paz, Tuxa!

Tuesday, August 23, 2022

"Novas Cartas Portuguesas" - Edição Comemorativa 50 Anos - Maria Isabel Barreno, Maria Velho da Costa e Maria Teresa Horta

Esta edição comemora os 50 anos dum livro que abalou e muito os alicerces da ditadura. lembro-me bem do processo de censura, a atitude pidesca do regime, do processo judicial, que ficou conhecido pelo 'processo das três Marias', que acabaria com a absolvição das autoras já depois do 25 de Abril de 1974. Este livro juntamente com o livro de António de Spínola 'Portugal e o Futuro' iriam fazer tremer o regime ditatorial que iria cair pouco depois. É tal a rotura introduzida pelas Novas Cartas Portuguesas que a sua primeira abordagem só pode ser feita à luz do que elas não são. Não são uma colectânea de cartas, embora se reconheça nelas o estilo tradicionalmente cultivado pelas mulheres em literatura. Não são um conjunto de poemas esparsos, embora em poesia se converta toda a realidade retratada. Não são tão-pouco um romance, embora a história vivida (ou imaginada) de Mariana Alcoforado lhes seja a trama principal. São talvez um pouco de tudo isso. E ainda mais […]. Porque rompem, extravasam. Daí que as Novas Cartas Portuguesas se caracterizem antes de mais pelo excesso. Excessivas as situações, excessivo o tom, excessivas as repetições dum mesmo acto, excessivo afinal todo o livro que vai terminando sem realmente terminar, como se tal excesso não coubesse nas dimensões normais. Este é um livro muito importante, que fala de mulheres, para mulheres e escrito por mulheres. Mas é o retrato também duma sociedade que ainda perdurou depois de Abril de 74. Afinal as mudanças não de fazem por decreto. O Portugal de hoje nada tem a ver com este do livro e ainda bem. Significa que muito coisa mudou para melhor mas temos que estar alerta para que não recuemos na estrada já percorrida. Este é um livro fundamental para se compreender a sociedade portuguesa numa das suas épocas mais negras. A ler com atenção. A edição é a Don Quixote.

Monday, August 22, 2022

Intimidades reflexivas - 1471

"Escrevo num domingo, manhã alta, num dia amplo da luz suave, / Escrevo num domingo, manhã alta, num dia amplo da luz suave, em que, sobre os telhados da cidade interrompida, o azul do céu sempre inédito fecha no esquecimento a existência misteriosa de astros... / É domingo em mim também... / Também meu coração vai a uma igreja que não sabe onde é, e vai vestido de um traje de veludo infante, com a cara corada das primeiras impressões a sorrir sem olhos tristes por cima do colarinho muito grande." - Bernardo Soares

Sunday, August 21, 2022

A queima da bruxa

A queima da bruxa. Maldições e superstições que a época medieval não derrubou. Vermelho de feitiço e, curiosamente, de paixão. Não será o amor um feitiço?

Saturday, August 20, 2022

Intimidades reflexivas - 1470

"O que te preocupa te domina." - Haddon W. Robinson (1931-2017)

Friday, August 19, 2022

A dor de um ser nosso irmão

As imagens abaixo poderão chocar, mas são a dura realidade. Aconteceu no incêndio da Serra da Estrela. Este pobre infeliz viveu uma vida miserável e teve uma morte horrível. (As imagens falam por si). Tinha um ser dito humano que se apelidava de 'dono', mas era um cobarde. Um ser execrando que espero rasteje no pó dos caminhos e que no fim tenha uma morte tão horrível como este pobre ser. Dirão alguns que na aflição nem tudo lembra. Mas como se pode esquecer um ser vivente, - senciente como tu e eu -, ficar esquecido. Que vida lhe deram ao longo dos tempos. A morte que teve, embora horrível, para ele foi uma libertação. Este pobre ser espero que tenha a sua recompensa numa outra dimensão cósmica, que tenha o amor e carinho que não teve enquanto palmilhou os caminhos da vida. E que o seu 'dono' desapareça em enorme sofrimento na hora de partir, pelo menos, o mesmo que teve este pobre animal. Quando não se gosta, ou não se quer, então que não fiquemos com animais para os tratarmos desta forma. Tu execrável 'dono' que não conheço desejo-te o pior que a vida te pode dar. Que a tua consciência pese como chumbo. Que o sofrimento deste pobre animal não te deixe dormir, que assole os teus sonhos, que preencha a tua vida. Tu não prestas, não serves de exemplo a ninguém. Mas desejo-te que vivas, sim que vivas, e que arrastes esse sofrimento como cadeias de ferro a macerar-te os membros.

Thursday, August 18, 2022

Intimidades reflexivas - 1469

"Há pessoas que transformam o Sol numa simples mancha amarela. Mas há, também, aquelas que fazem de uma simples mancha amarela, o próprio Sol." - Pablo Picasso (1881-1973)

Wednesday, August 17, 2022

Intimidades reflexivas - 1468

"Odeio quem me rouba a solidão sem em troca me oferecer verdadeira companhia." - Friedrich Nietzsche (1844-1900)

Tuesday, August 16, 2022

Intimidades reflexivas - 1647

"Eterno é tudo aquilo que dura uma fracção de segundo, mas com tamanha intensidade que se petrifica e nenhuma força o resgata." - Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)

Monday, August 15, 2022

O regresso do Perninhas

Há dias assim. Há dias em que os milagres acontecem. Lembram-se de me ter aqui lamentando pelo desaparecimento do Perninhas. Pois hoje, passados cerca de 3 meses, ele voltou. Estávamos a almoçar e ele foi ter connosco à sala com era hábito. Está algo magro mas com o pêlo bem tratado. Julgo que terá dono, coisa que nunca soube. Já comeu uma boa dose de paté e agora foi dormir. Estamos de coração cheio. Sê bem vindo, Perninhas!...

As árvores gritam ao morrer

As árvores gritam ao morrer. Só quem nunca esteve perto de um incêndio é que não sabe disso. Eu cresci com eles, noutros tempos. Sempre as ouvi gritar ao morrer. De dor. Uma espécie de assobio agudo que vai aumentando até se ouvir um estalo forte. Sentido. Eu costumava pensar que era a árvore a abrir o tronco para deixar sair a alma para o céu. A quebrar o corpo para deixar voar o espírito. Mas as árvores gritam ao morrer. Com as entranhas em brasa. Morrem de pé antes de serem deitadas por terra. O incêndio no Parque Natural da Serra da Estrela não tirou vidas humanas. Mas isso não chega. Não deve, não pode chegar. Porque houve outras mortes. E outros gritos. Porque as árvores gritam ao morrer. E morreram animais, selvagens, e outras espécies de plantas das terras altas. Alacraus, cobras, salamandras e lagartixas. Animais que poucos alguma vez viram na vida. Morreram. A imagem triste, arrepiante, de um javali, ainda jovem, a correr, desorientado, por terras queimadas deve deixar-nos inconformados. Incomodados. Corria sozinho, sem norte, por locais onde antes devia andar com a mãe à procura de alimento. E dificilmente vai sobreviver. Vai morrer como corria, assutado e sozinho, no meio das cinzas. O silêncio de quem se calou enquanto ardia um parque natural, património da humanidade, só faz sentido para quem nunca subiu às Penhas da Saúde e viu passar os rebanhos. O cão e o pastor. Para quem nunca partilhou com eles pão e queijo cortado à navalha. Para quem nunca subiu ao Cântaro Magro, nunca se deitou na relva no Covão da Ametade a ouvir o Zêzere a correr, pequenino, no local onde nasce. Só pode fazer sentido para quem nunca foi ao Poço do Inferno e percorreu, maravilhado, as cores da Rota das Faias. Para quem nunca desceu para Manteigas e parou na fonte, junto à estrada, para admirar o vale glaciar, um dos poucos do mundo. Para quem nunca subiu às Penhas Douradas para se perder entre lagoas e paisagens sem fim. Para quem nunca mergulhou nos rios e ribeiras da serra, rodeado de verde como o de Verdelhos. Para quem nunca rezou aos pés da Nossa Senhora da Boa Estrela. A guia dos Pastores. A imagem talhada em pedra, quase junto à torre. O silêncio de quem não apareceu, enquanto ardia um dos mais importantes pulmões do país, ouviu-se ainda mais quando as árvores gritavam ao morrer. Com as entranhas em brasa. Foram sete dias, sete. Serão anos para recuperar. Foram sete dias em que se ouviu a revolta espelhada no olhar e no rosto de quem por ali vive. De quem viu como morriam colheitas, árvores centenárias e animais. Vidas que, por vezes, são a melhor ou a única companhia de quem resiste e quer viver, e também morrer um dia, no interior do país. Foram sete dias em que se ouviu a revolta e o silêncio. E as árvores, que gritam ao morrer. Ouvem-se agora as promessas, de apoios e estudos. Como sempre vão esfumar-se, serão queimadas na vertigem dos dias. Porque os dinheiros de Bruxelas não são para criar vida no interior. Não são para fazer a correcta gestão florestal, defender parques naturais. Não são para as árvores que respiram por nós, para nos dar o ar que respiramos. A Serra só voltará a ter interesse quando for para dela tirar o lítio que tem nas entranhas. Pobre sorte, a da Estrela. Sim, há muitos responsáveis em tudo isto. Os maiores estiveram em silêncio enquanto as árvores gritavam. Porque as árvores gritam ao morrer.

Nota: roubei a foto à Patrícia Figueiredo Ela que me desculpe a ousadia. O texto é da Andreia Neves.

Sunday, August 14, 2022

The vacation is over / As férias acabaram

The vacation is over. I finish as I started a month ago. The man just went on alone. The sea was serene. The twilight sky remained. And you never came despite promises. I wait you in vain. Maybe for next year. Meanwhile I left you a rose in case you stop by...

...


As férias acabaram. Termino como comecei há um mês atrás. O homem só continuou sozinho. O mar esteve sereno. O céu crepuscular permaneceu. E tu nunca vieste apesar das promessas. E eu esperei-te em vão. Talvez para o ano. Entretanto deixei-te uma rosa para o caso de por lá passares...

Intimidades reflexivas - 1646

"Hoje, num dos devaneios sem propósito nem dignidade que constituem grande parte da substância espiritual da minha vida, imaginei-me liberto para sempre da Rua dos Douradores, do patrão Vasques, do guarda-livros Moreira, dos empregados todos, do moço, do garoto e do gato. Senti em sonho a minha libertação, como se mares do Sul me houvessem oferecido ilhas maravilhosas por descobrir. Seria então o repouso, a arte conseguida, o cumprimento intelectual do meu ser. Mas de repente, e no próprio imaginar, que fazia num café no feriado modesto do meio-dia, uma impressão de desagrado me assaltou o sonho: senti que teria pena. Sim, digo-o como se o dissesse circunstanciadamente: teria pena. O patrão Vasques, o guarda-livros Moreira, o caixa Borges, os bons rapazes todos, o garoto alegre que leva as cartas ao correio, o moço de todos os fretes, o gato meigo — tudo isso se tornou parte da minha vida; não poderia deixar tudo isso sem chorar, sem compreender que, por mau que me parecesse, era parte de mim que ficava com eles todos, que o separar-me deles era uma metade e semelhança da morte." - Fernando Pessoa (1888-1935) in 'Livro do Desassossego'.

Saturday, August 13, 2022

Quando o "mundo acabar"

 Apertou o gatilho, o pombo livre e belo interrompeu o seu voar. Num parque da cidade, uma criança dobrava o riso, porque um dos pombos lhe veio comer à mão e depois voou, pelo azul infinito dos seus olhos. O empregado espantava os pombos famintos, da esplanada. Nem lhe passava pela cabeça que a fome dói a todos os seres. Um dos pombos tinha um defeito (talvez de nascença) numa pata, o que o colocava em desvantagem em relação aos outros na facilidade de poder fugir de possíveis agressões. E o rapaz espantava-os, ensaiando gestos violentos. A mulher olhava para ele. O olhar dele caiu sobre o dela procurando algum tipo de cumplicidade. O olhar dela escuro de espanto e pena. Dele e do mundo. É preciso educar, pensou. Na humanidade, na sensibilidade, no comportamento com outros animais, além de nós. Sem agredir e nem destruir. Um dia. Quando o "mundo acabar". e as pessoas perceberem que têm que reconstruir de uma forma diferente um mundo novo em que a natureza e os animais são um todo, harmonioso, estável, sustentável. Um lar. Um dia. Quando o ser humano, for acima de tudo gente. (Dedico este texto aos seres mais puros que em dor morrem ou se perdem numa terra "quase" de ninguém. Sofia Flor Rocha.) 

Friday, August 12, 2022

"O Reiki é Simples - A Arte de Cuidares de Ti Mesmo" - João Magalhaes

Desde há muitos anos que tenho discos com música para meditação e alguns deles dedicados ao Reiki. Confesso que para mim era apenas uma música relaxante que me trazia paz e equilíbrio. De Reiki nada sabia, nem si. A doença duma amiga e o seu processo de cura através desta terapia feita por uma outra amiga, levou-me a olhar para o Reiki com outros olhos e, sobretudo, querer conhecer um pouco. Quase que por acaso, cruzei-me com este livro. Era um entre muitos outros, mas este pareceu-me mais genérico e ideal para quem nada sabia do tema. Decidi levá-lo e, curiosamente, quando o paguei na caixa a empregada que lá estava falou-me do livro, do Reiki e de algumas experiências que ela mesma tinha praticado. Depois da conversa ainda mais curioso fiquei. Li o livro e agora partilho aqui algumas notas. "Aprende a usar o autotratamento, pois só quem sabe cuidar de si consegue realmente cuidar dos outros. Saber que temos de cuidar de nós é algo inerente à condição humana, mas nem sempre o compreendemos ou realizamos da melhor forma. Reiki É Simples—A Arte de Cuidares de Ti Mesmo é um livro dedicado ao autocuidado que te ajudará a compreender o seu verdadeiro significado e que te trará harmonia e equilíbrio. O autotratamento — que tem três momentos fundamentais: a atenção plena, a entrega na aplicação e a reflexão que se segue no final — é uma forma de alcançarmos a homeostasia pela prática energética. é um ato de bondade, compaixão e amor incondicional para connosco. é uma forma de viver a filosofia de vida do Reiki. e é um ato consciente de desenvolvimento pessoal. Algumas aplicações possíveis das técnicas deste livro: • Falta de autoestima, depressão ou tristeza, • Ataques de pânico, • Excesso de pensamentos, • Desequilíbrios digestivos ou respiratórios, • Dores nas costas, • Falta de energia • Desintoxicação digital." Sobre o autor, João Magalhães é designer, praticante de Reiki, presidente da Associação Portuguesa de Reiki, gestor e co-fundador da Ser - Cooperativa de Solidariedade Social, supervisor da Buddha’s Light International Association. Fundou a Associação Portuguesa de Reiki (2008) e co-fundou o CENIF, Centro Português de Investigação e Formação em Terapias Complementares (2012) que hoje é a Ser - Cooperativa de Solidariedade Social, que integra projetos de apoio social onde se integram o Hospital de Reiki (2016), o Curso Aprender a Meditar doado a profissionais de saúde e professores, Curso para a Autocompaixão (gratuito e aberto a todos), assim como a revista Budismo, uma Resposta ao Sofrimento, em conjunto com Sílvia Oliveira . É um dos membros core team do ERG, European Reiki Group, fundado em 2018 e participa na criação da norma para o ensino de Reiki e a sua profissionalização. Publicou na Nascente O Grande Livro do Reiki (2015), Reiki: Guia para uma Vida Feliz (2016), Reiki: Guia do Método de Cura (2017), Reiki: A Energia Universal (2017), O Grande Livro dos Chakras e da Anatomia Energética (2018), Reiki, Meditação e Consciência (2019), Reiki para pais e crianças (2019, com Sílvia Oliveira), Reiki é Simples (2020), as cartas técnicas Reiki para o Corpo e a Mente (2016) e A Sabedoria do Reiki (2021). É ainda autor de Reiki — Elevação da Consciência (ed. Mahatma, 2014) e Karuna a Energia da Compaixão (ed. Mahatma, 2015, com Sílvia Oliveira)Escreveu também centenas de artigos sobre Reiki, Meditação e Budismo, que foram publicados no seu site, no site da Associação Portuguesa de Reiki e em revistas da especialidade como Reiki & Yoga, Nova Era, Gloss, Saber Viver e Pais & Filhos, além de outras revistas em Portugal, Brasil, Alemanha, entre outros. É participante frequente em Congressos e Seminários internacionais sobre Reiki e Budismo, assim como promotor de protocolos para a implementação de Reiki em Hospitais em Portugal e no Brasil. É um parceiro e signatário da Charter for Compassion e co-fundador do projeto Guimarães Compassiva, parte da rede de cidades compassivas. Acho este livro muito interessante e simples para começar a olhar para o Reiki quando pouco ou nada se sabe. É de fácil leitura e genérico para nos irmos entrosando com o tema e os termos. A edição é da Editorial Nascente.

Thursday, August 11, 2022

Somos Livros (Manifesto Bertrand)

Somos livros. O fim é o princípio.Uma página que se vira. Somos a tinta fresca em folha áspera. a capadura. Aquilo que procura. Somos a História. Desde sempre. O terramoto de 55 e a revolução de 74. Somos todos os nomes. As pessoas do Pessoa, Alexandre Herculano e Ramalho Ortigão. O mundo na mão. Ponto de encontro de quem pensa. De quem faz pensar. Temos pele enrugada de acontecimento. As páginas são nossas. E o pó que descansa na capa também. Sabemos fale de Guerra e Paz explicar a Origem das Espécies e dizer qual a causa das coisas.Somos o que temos. A tradição e a vocação. A atenção. A opinião. A história de dor e de amor. Somos o nome do escritor. A mão do leitor.

Wednesday, August 10, 2022

À memória de Federico García Lorca

Este é mais um aniversário (triste) em que se comemora o assassinato do maior poeta do século XX, Federico García Lorca. Neste dia do ano de 1936 ele foi assassinado pelas forças fascistas de Franco que o enterraram na berma de uma estrada depois de ter sido preso no dia anterior na casa de um amigo. Tinha então 38 anos. Mas como é normal nestas coisas, dos algozes ninguém se lembra e Lorca imortalizou-se. Os seus assassinos foram atirados para a retrete (e não sanita) da História, que depois se encarregou de descarregar o autoclismo. Essa é sempre a ironia da História que guarda estes lugares insalubres para esta gentalha. (E quanta ironia a História tem demonstrado ao longo dos tempos). Mas a cultura não se apaga por um punhado de ignóbeis assassinos cujo cheiro de morte é o único perfume que usam. No fim a cultura sempre triunfa, como foi mais uma vez o caso. Neste dia de memória (triste) deixo aqui aquele que poderia ter sido o seu epitáfio, no poema 'E Depois': «Os labirintos/Que cria o tempo/Desvanecem-se/(Só resta/o deserto)/O coração/Fonte do desejo/Desvanece-se/(Só resta/o deserto)/A ilusão da aurora/E os beijos/Desvanecem-se/Só resta/O deserto/Um ondulado/Deserto». Descansa em paz, Federico!

O que é o Amor (Fé)?

O Amor é uma vida, uma confiança partilhada e proclamada, é um encontro, um caminho, uma aventura, é a certeza de ser amado e de poder, enfim, amar. O Amor é, também, em certas horas, uma dúvida, uma espécie de noite onde se procura. É uma promessa, uma herança, uma escolha, uma adesão, uma comunhão. É um Povo a quem nos agregamos, uma Igreja, um Credo, um Mistério que se celebra em conjunto. O Amor é um testemunho, dia após dia, depois de tantos outros e antes de tantos outros, ainda... O Amor é uma pequena semente que se torna árvore, é uma luta e um combate pela paz e pela justiça. O Amor é a contemplação pacífica de um rosto amado, uma conversa familiar com um amigo; é, no fundo do coração, uma alegria secreta, uma esperança que supera todas as provas; é uma vida um amor, uma Fonte que jorra para a Vida eterna. O Amor, não o esqueçamos, é, também e finalmente, um Dom. Dom que se pede, que se reconhece e que se exercita na vida de cada dia para melhor lhe correspondermos, pois, como diz Jesus, os dons recebidos não são privilégios, mas responsabilidades acrescidas...

Tuesday, August 09, 2022

Que quer dizer cativar"

"QUE QUER DIZER CATIVAR?

- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa "criar laços".
- Criar laços?
- Exatamente, disse a raposa. Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo..."
Antoine Saint Exupéry
❤

Monday, August 08, 2022

The vacation continue... / As férias continuam...

The vacation continue and I remain here. A man only persists in his quest. The beach is empty, nobody can be seen around. The sky starts to get dark with the arrival of night. A serene sea where only the sound of the waves can be heard. And I'm here still waiting for you...

...

As férias continuam e eu permaneço aqui. Um homem só persiste na sua busca. A praia está vazia, ninguém pode ser visto ao redor. O céu começa a escurecer com a chegada da noite. Um mar sereno onde só se ouve o som das ondas. E eu estou aqui ainda esperando por ti...

Sunday, August 07, 2022

Uma visão bem reikiana da vida

Há algum tempo já não me importo com opiniões. Não espero aplausos e nem me abalo com críticas. A vida é assim: interessante. Quando pensamos que já estamos perto de algum fim, na realidade estamos apenas nos renovando.

Saturday, August 06, 2022

O holocausto atómico

Passam hoje 77 anos sobre o lançamento da primeira bomba atómica. Para que a memória não se apague...

Novas do Repinhas

Ontem ao fim da tarde, respondendo a um pedido meu feito vai para um par de dias, recebi uma mensagem da minha amiga Margarida Ferreira a dar-me conta do Repinhas. Ele está a ficar muito velho, mas, como  diz a Margarida, aguenta-se. Jamais esquecerei este cachorro e o muito que sofreu. Ele a sua mãe, pai e irmãos. Conheci-o desde que nasceu, alimentei-o com outros amigos e amigas até ao seu resgate. Está em Macedo de Cavaleiros, bem longe do local onde vivo e nunca mais o irei ver, apenas estas fotos e vídeos que me enviam. Mas isso enche-me o coração de amor e ternura. Sei que está bem, que tem comida e água, e que não precisa de fugir para se defender do ser dito humana que tanto mal lhe fez no passado. Hoje já velho talvez, quem sabe, se lembre de mim e dos muitos anos que o ajudei. Para mim as saudades ficarão para sempre. Um obrigado à Margarida por estas fotos e igualmente, porque nunca é demais a gratidão, à Cris que o adotou. Um bem haja a todas.

A questão energética emergente

Está instalada a polémica em torno da questão energética depois do responsável da Endesa ter afirmado que as faturas veriam um aumento de  40% este mês. Esta afirmação provocou uma forte reação do governo que veio a penalizar esta empresa. É certo que o mecanismo ibérico veio ter um efeito moderador nos preços da energia mas isso não evitará uma subida este ano mas longe daquilo que o responsável da Endesa profetizava. Contudo, este mecanismo não vai existir e no fim serão os consumidores que irão pagar o ajuste dos preços. Isso é uma inevitabilidade e tal deverá acontecer em conjuntura mais favorável do que a vivemos neste momento. Se o mecanismo ibérico está a ajudar e muito a conter os aumentos da eletricidade, não podemos deixar de pensar que tal não pode ser mantido indefinidamente. Na altura apropriada voltarei a este tema.

Friday, August 05, 2022

No dia da morte de Jô Soares (1938-2022)

Ninguém deve se sentir triste por ter um bom coração. O amor não é um erro. Errado é enganar, mentir, trapacear, dar rasteira no sentimento alheio. Quem faz isso é que deve sentir vergonha. Não quem ama e acredita. Ninguém é bobo por se arriscar, bobo é quem passa a Vida toda enganando os outros e achando que a Vida não traz pra gente tudo aquilo que a gente planta. Ah, ela traz.

Jô Soares
🖊️
 (1938-2022)

A problemática da saúde de novo

Voltamos ao mesmo, o ataque despudorado à ministra da Saúde, Marta Temido, e ao governo socialista. Não sou eleitor do PS mas tenho uma grande admiração por Marta Temido. Já aqui o disse noutra altura e agora faço-o de novo. Ela é uma mulher muito resiliente, culta e conhecedora da problemática e isso incomoda as corporações que fazem dela objeto dos ataques. A Ordem liderado por alguém que tem ambições políticas no PSD e o sindicato alinhado pelo PCP são a tenaz que pretende entalar a ministra. Todos sabemos que o que se está a passar é de origem política, (isto sem desmerecer as razões que os médicos poderão ter), mas a sintonia política é por demais evidente. Depois dos enfermeiros que não conseguiram abalar a ministra, agora as coisas sobem a um patamar maior. Não nego que há alguma desregulação no SNS mas também sabemos que não se pode ter tudo de um dia para o outro e as mudanças, - mesmo as necessárias e urgentes -, levam o seu tempo. Os meios de comunicação ajudam à festa e o circo está montado. Mas estou convencido que Marta Temido aí permanecerá firme nas suas convicções a fazer o seu trabalho. Ciclicamente temos estes arrufos na Saúde e não só, sei que faz parte do jogo político, mas no limite que sofre com tudo isto são os utentes.

Thursday, August 04, 2022

Olha para que eu digo e não para o que eu faço...

"Olha para o que eu digo e não olhes para o que eu faço" parece ser o lema de mais um escândalo na Igreja Católica. Antes de continuar quero aqui fazer a minha declaração de interesses, sou católico e praticante (um eufemismo que julgo só existir entre os católicos). Mas voltemos ao tema. Os casos de abuso de menores dentro da Igreja Católica não devia incomodar ninguém dado o elevado número deles que faz com que o tema se banalize. Tudo bem resguardado no silêncio dos confessionários que só a política de abertura e confronto do papa Francisco - bem haja por isso - fez com que estes esqueletos saíssem do armário. (Talvez por isso e pela sua coragem o admiro tanto, talvez na proporção inversa do ódio que muitos lhe dedicam dentro da Cúria). Mas se tais casos já não nos deviam surpreender - infelizmente - o caso muda de figura quando são encobertos e até embrulhados em mentiras por figuras elevadas da hierarquia da Igreja como foi o caso do Cardeal Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente. Não é a figura do Cardeal que está em causa - pessoa que aliás não conheço - mas aceito os comentários dos que vieram a terreiro defendê-lo e que terão um conhecimento da pessoa bem maior do que o meu que é nenhum. Mas em tudo isto não posso esquecer quando foi criada a comissão para investigar estes casos, - que no início quase que não tinha casos -, o Cardeal Patriarca ter vindo às televisões dizer que "a comissão não tinha registado casos em Portugal porque simplesmente eles não existiam." Em breve a realidade viria a desmenti-lo e os casos foram surgindo uns atrás dos outros. Mas agora soubesse algo de inaudito. O Cardeal Patriarca teria sabido de pelos menos um caso, que ele abafou e nem sequer uma punição severa deu ao padre que o cometeu, muito menos uma denúncia às autoridades com seria a sua obrigação. E aqui é que está a questão maior. Quando D. Manuel Clemente veio à televisão dizer que não haviam casos em Portugal, já tinha conhecimento de pelo menos um que ele tinha silenciado. A atuação do Cardeal Patriarca não pode fugir à mais veemente censura, não só pelo encobrimento, mas depois pela mentira que atirou a todos nós. São atitudes destas que fazem com que a Igreja Católica se veja assolado por uma onda de deserções motivadas pela desconfiança que as populações lhe atribuem. A Igreja Católica sempre lidou mal com a sexualidade, fora e dentro da Instituição, e isso tem-lhe sido fatal. Não é metendo a cabeça na areia para não ver, ou a mentira serôdia para ludibriar, que ajudam a resolver esta situação. Depois deste escândalo o Cardeal patriarca emitiu um comunicado que difundiu para os órgãos de comunicação social. Pena foi que não tivesse vindo a terreiro, junto das televisões justificar esta situação duma forma tão apressado como veio negar o óbvio. Aqui lembro-me sempre do jargão popular "olha para o que eu digo e não olhes para o que eu faço". O sentimento popular costuma ser muito assertivo e agora voltou a sê-lo de novo.

Wednesday, August 03, 2022

Um dia eu quis ser gente...

Um dia eu quis ser gente grande para ser dona de mim, dona do meu nariz e fazer o que me desse vontade. Hoje eu queria voltar a ser criança… Não ser dona de nada além do abraço e do colo de mãe, queria não pensar em nada além da hora de brincar. E ter alguém que me dissesse com o coração o que é melhor pra mim. Queria de volta esses pedacinhos soltos de felicidade e mais nada…

(Rita Maidana)

Tuesday, August 02, 2022

E se voltar a perder-me...

E se voltar a perder-me e perder... Ah, não tenham pena, porque tudo o que me abate dá-me força. E eu nem sei, eu nem sei de onde surgem estas asas, que me levam em azuis e tão claras luzes, sem mesmo abrir uma janela. É dentro de mim que procuro o espaço. Esse espaço azul que me cega e me incita a viver. Sempre com o coração. Mesmo que depois me venha a arrepender.

Monday, August 01, 2022

Amo o silêncio

Amo o silêncio, quando dentro de mim tudo é tempestade e barulho. Assim, eu me abandono à insustentável leveza do meu ser, como se o silêncio fosse água. Pode o silêncio ser uma música isenta de som? Como se eu pensasse numa melodia e ela tocasse baixinho, no silêncio de mim. Na memória de uma canção longínqua.