Turma Formadores Certform 66

Saturday, April 30, 2022

Intimidades reflexivas - 1596

"(...) É que sou mestre em ficar calado, passei toda a minha vida falando calado e vivi comigo mesmo tragédias inteiras calado." - Fiódor Dostoiévski (1821-1881)

Friday, April 29, 2022

Economia de guerra - IV

A guerra entre a Rússia e a Ucrânia continua sem fim à vista. Parece que Putin não está aberto ao diálogo. Mas a Federação Russa está a sofrer muito com as sanções económicas que o ocidente lhe está a impor, não o admitem mas estão, podem ter a certeza. Daí o nervosismo de Putin e as constantes ameaças ao ocidente. Mas como Putin nada pode fazer contra as sanções e a China parece que tanto está com a Rússia como não está, muito ao estilo chinês, não dá grandes garantias a Putin. Então este parece estar a prolongar o conflito com o firme intuito de provocar o caos nos mercados e afetar aquela franja mais complicada de todas, a dos bens alimentares. E como diz o jargão popular, 'casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão'. E será por essa via que Putin pode marcar alguns pontos e instabilizar o resto do mundo. Mas tem que o fazer rapidamente porque o ocidente está a preparar um boicote em larga escala e a curto prazo ao petróleo, gás e carvão russos. Por outro lado, a Suécia e a Finlândia estão a negociar a adesão à NATO. A encruzilhada de Putin é perigosa e difícil. Poderemos estar na vereda de uma III guerra mundial que pode acontecer muito rapidamente se a diplomacia falhar. E até agora tem falhado. Muitas coisas podem acontecer no futuro próximo, um futuro que pode ser bem sombrio certamente. 

Thursday, April 28, 2022

Intimidades reflexivas - 1595

"(...) Felicidade é tomar alguém nos braços e saber que está enlaçando o mundo inteiro." - Orhan Pamuk in 'Neve'.

Wednesday, April 27, 2022

Intimidades reflexivas - 1594

"Como é que se esquece alguém que se ama? Como é que se esquece alguém que nos faz falta e que nos custa mais lembrar que viver? Quando alguém se vai embora de repente como é que se faz para ficar? Quando alguém morre, quando alguém se separa - como é que se faz quando a pessoa de quem se precisa já lá não está?" - Miguel Esteves Cardoso

Tuesday, April 26, 2022

Intimidades reflexivas - 1593

"(…) Há um lugar no coração que nunca será preenchido / E nós iremos esperar e esperar / Nesse lugar." - Charles Bukowski (1920-1994)

Monday, April 25, 2022

48 anos da revolução de Abril

Tantos anos quanto a ditadura, - embora já a tenha superado no número de dias -, o 25 de Abril aí está a celebrar a liberdade e a democracia. E nunca foi tão importante a sua celebração, quando forças de ideologia idêntica à que foi derrubada à 48 anos, estão a surgir por aí. Os mais velhos sabem o que isso significa, os mais novos que não conheceram a ditadura, acham que é algo diferente para melhor. Nunca foi tão oportuno explicar às novas gerações o que os valores da liberdade e democracia, (da cidadania ao fim e ao cabo) significam, e alertar para certos movimentos que embora falando de democracia e liberdade apenas esperam a oportunidade para a destruir. Para além dos erros e hesitações que aconteceram neste 48 anos, para além disso, sempre foram respeitadas as liberdades individuais, o direito à opinião, para que possamos hoje nem dar por isso e pelo bem que isso encerra por ser tão natural. 48 anos passados sobre essa madrugada de Abril de 1974 é bom não esquecer. A memória é muito importante para que não se repitam os mesmo erros do passado. Viva o 25 de Abril!

Sunday, April 24, 2022

Intimidades reflexivas - 1592

"Quem come o fruto do conhecimento é sempre expulso de algum paraíso." - Melanie Klein (1882-1960)

Saturday, April 23, 2022

Dia Mundial do Livro

Celebra-se hoje o Dia Mundial do Livro. Leiam porque só quem lê é verdadeiramente livre.

"Carta À Geração Que Vai Mudar Tudo" - Raphaël Glucksmann

Trago aqui um grande livro a merecer a vossa melhor atenção, trata-se de "Carta À Geração Que Vai Mudar Tudo" de Raphaël Glucksmann. "Catástrofe climática? Inexorável! Extinção da biodiversidade? Irremediável! Globalização financeira, deslocalizações, explosão das desigualdades? Fatal! Declínio das democracias, erosão dos direitos, crescimento dos ódios? Irreversível! Todos vos dizem que é assim, que nada podem fazer. Então para quê lutar, agir, sonhar?" Numa carta aberta apaixonada e cheia de esperança, o ensaísta, realizador e eurodeputado Raphaël Glucksmann exorta os jovens a enfrentar os desafios da sociedade actual, lutando contra os fatalismos. Não se resignem. Ser jovem hoje é ter na mão o poder de pertencer à geração que vai mudar tudo. "A indiferença e a resignação são mortíferas. Não se desinteressem pelo vosso futuro. Não se resignem. Não se tornem cínicos antes de terem experimentado o idealismo. Não sejam velhos antes de serem jovens. Tenho um só objectivo na política: devolver à democracia a sua juventude perdida, a sua força e a sua beleza. Para isso, são vocês a chave, a única chave. Esta é a vossa vez! É a hora. A vossa hora." Quanto ao autor Raphaël Glucksmann nasceu em Boulogne-Billancourt, próximo de Paris, em 15 de outubro de 1979. Filho do filósofo André Glucksmann, é ensaísta, realizador e político. Um livro a merecer uma leitura atenta e cuidada. Um verdadeiro guia de Ciências Sociais. Altamente recomendável. A edição é a Editora Guerra & Paz.

Friday, April 22, 2022

Dia da Terra

Celebra-se hoje o Dia da Terra. Mais que celebrá-la é respeitá-la. Antes que seja tarde. Um novo Apocalipse pode andar por aí.

Intimidades reflexivas - 1591

"In the very beginning of life, in the very end of life, all we have is culture." - Yo-Yo Ma
...
"No início era a vida, no fim era a vida, e tudo o que temos é cultura." - Yo-Yo Ma

Thursday, April 21, 2022

"Novas Cartas Portuguesas" - Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa

A partir de hoje e até ao dia 29 do corrente, a RTP3 vai celebrar os 50 anos do livro 'Novas Cartas Portuguesas' da autoria de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria e Maria Velho da Costa. Este livro ficou como conhecido pelo das '3 Marias', nome por que também ficou conhecido o processo judicial que as autoridades da ditadura lhes moveram. Este livro foi indiciador da queda da ditadura portuguesa. 50 anos depois é um marco histórico da cultura e das letras portuguesas. 'Mudam-se os tempos mudam-se as vontades' já dizia Camões e mais certo do que isto não poderia ser. 

Intimidades reflexivas - 1590

"A guerra terminará e os líderes apertarão as mãos. Ficará aquela velha à espera do seu filho mártir, aquela mulher à espera do seu amado marido e aquelas crianças à espera do seu pai herói. Não sei quem vendeu o país, mas vi quem pagou o preço." - Mahmoud Darwish (1941-2008)

Wednesday, April 20, 2022

Intimidades reflexivas - 1589

"O místico é aquele que descobre que não pode deixar de caminhar. Seguro daquilo que lhe falta, percebe que cada lugar por onde passa é ainda provisório e que a demanda continua. Não pode ser só isto. E essa espécie de excesso que é o seu desejo, fá-lo exceder, atravessar e perder os lugares." - José Tolentino Mendonça in 'Místico'.

Tuesday, April 19, 2022

Intimidades reflexivas - 1588

"Não recordamos o que queremos recordar. Recordamos o que não conseguimos esquecer." - Lisa Taddeo in 'Três Mulheres'.


Monday, April 18, 2022

Intimidades reflexivas - 1587

"A lembrança é uma forma de encontro." - Khalil Gibran (1883-1931)

Sunday, April 17, 2022

Boa Páscoa

Quando entramos na semana maior - epíteto que os cristãos dão à Semana Santa - vêm-me sempre um misto de felicidade e de pavor. De felicidade porque sendo católico aí me revejo naquilo que é a essência do catolicismo, - a ressureição -, estes são os caminhos de Fé para os crentes. De pavor porque aquilo que deveria ser a consagração da vida, afinal é um caminho de morte e sofrimento para tantos animais. Animais inocentes sacrificados por algo que eles nem sabem o que significa. É este misto de emoções que me avassalam sempre que se chega a esta festa tão importante. O ser dito humano ainda não percebeu que não é senhor do mundo, muito menos de outros seres, de outras vida que trata com enorme desprezo. Fico sempre dividido, e embora na minha mesa não exista nenhum animal sacrificado, é sempre objeto de um pensamento a todos aqueles a quem foi tirada a vida para o repasto de alguns, que dura apenas algumas horas. Esta será sempre a contradição do ser dito humano, entre tantas outras, onde os valores cristãos parecem estar arredios, ou pelo menos transfigurados para apaziguar as consciências de alguns. Afinal aquele dia que celebra a vitória da Luz sobre as trevas, da Vida sobre a morte, é um dia em que para estes pobres seres a morte se apresenta cruel e definitiva. A morte sem ressurreição, a morte sem pudor. A morte simplesmente. E pergunto-me sempre como é possível assistir a um ritual religioso que celebra a vida, e depois sentar-se à mesa celebrando a morte, o fim de uma vida, dum outro ser. Caminhos ínvios que nunca entenderei. Afinal trata-se mais uma vez das incongruências do ser dito humano. Boa Páscoa para todos, se possível, celebrada sem que outra vida tenha sido sacrificada.

Saturday, April 16, 2022

Intimidades reflexivas - 1586

"Podemos receber e transmitir informações tão diversas pelos sentidos, porque dispomos de um cérebro que elabora e dirige. Mas falta-nos uma educação dos sentidos que nos ensine a cuidar deles, a cultivá-los, a apurá-los." - José Tolentino Mendonça in 'Sentidos'.

Friday, April 15, 2022

Intimidades reflexivas - 1585

"Passamos pelas coisas sem as habitar, falamos com os outros sem os ouvir, juntamos informação que nunca chegamos a aprofundar. Tudo transita num galope ruidoso, veemente e efémero. Na verdade, a velocidade com que vivemos impede-nos de viver." - José Tolentino Mendonça

Thursday, April 14, 2022

"D. Teresa - Uma mulher que não abriu mão do poder" - Isabel Stilwell

Mais um romance histórico muito interessante da autoria de Isabel Stilwell, D. Teresa, mãe de Afonso Henriques. Amante de Fernão Trava. Rainha de Portugal. Uma obra baseada em factos reais e que Isabel Stilwell  vai dando corpo a figuras determinante da nossa História. Esta é a história de Teresa, uma mulher de armas, à frente do seu tempo, que governou num mundo de homens e de conspirações. Filha de Ximena Moniz do Bierzo, de quem herdou os olhos verdes e a astúcia, e de Afonso VI de Leão e Castela. Viúva aos 25 anos do Conde D. Henrique de Borgonha regeu com pulso de ferro o que era seu por direito. Em 1116, o Papa Pascoal II reconhecia-a como Rainha. Pelo Condado Portucalense confrontou a meia-irmã e rival Rainha Urraca de Castela, o pai, a igreja Católica, os nobres portucalenses e até mesmo o seu próprio filho D. Afonso Henriques, na lendária Batalha de São Mamede. Trinta e três anos depois de ter chegado ao condado, via-se obrigada a fugir, derrotada e traída. Restava-lhe o consolo de ter a seu lado o seu amado, Fernão Peres de Trava, e a certeza de que Alberto, seu fiel amigo, escreveria, com verdade, a sua história. Isabel Stilwell é a autora de romances históricos mais lida em Portugal. 'D. Teresa - Uma Mulher que Não Abriu Mão do Poder' é um romance emocionante sobre esta personagem fundamental da nossa história - mãe de D.Afonso Henriques, amante de Fernão Trava e Rainha de Portugal. Mais um livro a merecer a vossa melhor atenção. A edição é da Livros Horizonte.

Wednesday, April 13, 2022

Intimidades reflexivas - 1584

"Para que as luzes do outro sejam percebidas por mim devo por bem apagar as minhas, no sentido de me tornar disponível para o outro." - Mia Couto

Tuesday, April 12, 2022

Economia de guerra - IV

Tenho vindo a assinalar os efeitos perversos que o conflito da Rússia com a Ucrânia tem sobre a economia europeia, em especial a nossa. Agora à que alerta para um fenómeno que já à muito não se verificava na Europa e que começou a aparecer a algum tempo atrás, o efeito inflacionista. A Europa tem vindo a viver sobre uma inflação próxima do zero, -  e até negativa em alguns períodos -, mas desde algum tempo que ela tem vindo a subir na zona euro, mostrando tendência para se agravar. Portugal como país da zona euro não lhe pode fugir, mas mesmo assim, tem tido uma inflação bem mais baixa do que a média europeia. Infelizmente o conflito russo-ucraniano veio dar um impulso para que ela se torne num dos fatores mais evidentes e preocupantes na Europa. O programa do governo português, que foi discutido a semana passada, faz-lhe referência mas duma forma que poderá ter que ser melhor afinada. Isto por duas ordens de razão: primeiro porque ela tem vindo a aumentar duma forma sustentada; segundo porque ela, (contrariando o discurso governamental), não será só para este ano, isto é, um fenóemno meramente conjuntural. Tal não me parece claro e, se este ano, poderemos vir a enfrentar uma taxa de inflação na casa dos 5%, (se não mesmo mais), nada indicia que ela não se possa agravar nos anos seguintes. Se há produtos com controlo mais efetivo como é o caso dos produtos petrolíferos que se vão ajustando, os produtos básicos como o pão, o peixe, a carne, etc., aos subirem de preço dificilmente virão a baixar. Fixando-se nesse novo patamar que será mais difícil de suprir pelos agregados familiares mais débeis. Este é um fenómeno para que chamo a atenção, porque a inflação não só leva ao aumento dos preços, mas também, corrói os salários que, não sendo ajustados (e o governo já disse que não serão) levará a uma forte erosão do poder de compra que terá um impacto maior sobre os mais débeis. Se a Europa já há muito não sentia essa pressão, vai voltar a senti-la com todos os efeitos perversos nas economias dos diferentes países. Concomitantemente os juros vão aumentar e quem tiver empréstimos à banca verá agravada a sua situação. Um cocktail de efeitos que terão grandes e perniciosas repercussões nas economias e no público em geral que, afinal, somos todos nós. 

Monday, April 11, 2022

Intimidades reflexivas - 1583

"Tenho sonhado muito. Estou cansado de ter sonhado, porém não cansado de sonhar. De sonhar ninguém se cansa, porque sonhar é esquecer, e esquecer não pesa e é um sono sem sonhos em que estamos despertos." - Bernardo Soares in 'Livro do Desassossego'.

Sunday, April 10, 2022

Domingo de Ramos

Este dia tem particular enfase para mim: primeiro porque foi num Domingo de Ramos de 2001 que minha Mãe me deixou para sempre; segundo, porque é neste dia que recebo a minha afilhada Inês. Ela vem cá a casa quando quer mas neste dia parece que essa visita é diferente. É algo que me faz sentir mais próximo dela se é que isso é possível. Dentro em pouco ela cá chegará e por cá ficará para o almoço. Desta vez não vem sozinha, trás a sua família, os seus pais e o seu irmão, aquele núcleo de pessoas que passou a ser a minha família. Que alegria é vê-la por cá com a sua contagiante alegria, o seu sorriso largo, com a sua irreverência. De cima dos seus dez anos, a Inês vai tendo, cada vez mais, a perceção do mundo e do que nele se passa. É aliciante acompanhar a evolução duma criança que, por vezes, me remete à minha própria juventude quando tínhamos a sua idade. Dentro em breve aqui chegarão. Será um domingo diferente, como diferentes são os dias sempre que a Inês por cá aparece. Esta é a alegria maior deste domingo que antecede a festa maior do catolicismo, a Páscoa. Feliz Domingo de Ramos para todos, sobretudo para aqueles que são padrinhos!

À memória dos meus padrinhos

Neste dia também quero recordar os meus padrinhos - simultaneamente meus avós maternos - que foram os mentores da minha vida. Já à muito que partiram depois duma vida longa. Recordo deles sempre o carinho e amor que me tiveram, tudo aquilo que fizeram para me ver progredir na vida. Dos anseios e ilusões, das alegrias e tristezas, dos momentos bons e outros não tanto assim. A vida é feita de tudo isto. (Afinal esta é a nossa aprendizagem para evoluirmos enquanto espécie). Este Domingo de Ramos também é um dia de memórias para mim, ao recordar aqueles que foram importantes na minha vida, que me ajudaram a formatá-la, a quem devo tudo. Desejo que tenham encontrado a paz lá onde estiverem. Aqui os trouxe, aqui os recordo, aqui os venero. Feliz Domingo de Ramos!

Saturday, April 09, 2022

Intimidades reflexivas - 1582

"Cada um tem a sua vaidade, e a vaidade de cada um é o seu esquecimento de que há outros com alma igual. A minha vaidade são algumas páginas, uns trechos, certas dúvidas... Releio? Menti! Não ouso reler. Não posso reler. De que me serve reler? O que está ali é outro. Já não compreendo nada..._" - Bernardo Soares in 'Livro do Desassossego'.

Friday, April 08, 2022

E já lá vão 21 anos

Passam hoje 21 anos sobre a partida da minha Mãe para outro plano astral. Depois de muito sofrer chegou a hora da libertação, era uma manhã com muito sol dum domingo de Ramos. Sempre guardo a memória de ver a minha Mãe a sorrir e a cantar. Mais tarde, o sorriso desapareceu e o canto também. E assim continuou até ao fim. Sofri muito ao seu lado. Vi a degradação da pessoa, a doença a minar, e eu segui isso tudo de muito perto. Há coisas que não esquecemos por mais tempo que vivamos. Esse tempo já passou à muito, mas a memória ficou e ficará enquanto os meus dias se vão escoando na ampulheta do tempo. Certo de que enquanto a memória existir, a minha Mãe também existirá num outro plano que a minha vista não alcança. Quero crer que assim é e por isso aqui a recordo. Minha Mãe Maria Odette lá onde estiveres que estejas em paz!

Thursday, April 07, 2022

Intimidades reflexivas - 1581

"Tudo se faz por contraste; da luta dos contrários nasce a mais bela harmonia." - Heraclito (540 a.C.-470 a.C.)

Wednesday, April 06, 2022

Guerra o pior do ser dito humano

Temos assistido a horrores sobre a guerra da Rússia contra a Ucrânia. Esses horrores que nos indignam são apenas os que as câmaras de televisão registaram, quantos mais haverá por lá, bem piores do que estes e que ninguém viu. Na guerra não há inocentes por mais que se diga o contrário. Os velhos e crianças são as primeiras vítimas pela sua debilidade, as mulheres também, como objetos de prazer sexual. Sempre assim foi através dos tempos o que significa que a dita humanidade evoluiu muito pouco neste milhares de anos que pisa este planeta. Afinal somos o maior predador à face da Terra, e essa sensação de poder sobre o outro, leva ao êxtase o ser dito humano. E não me refiro a este ou aquele, refiro-me a todos nós, que somos cidadãos normais, respeitadores da lei e da ordem, e numa circunstância destas viramos para um registo bem pior do que muitos animais. Vejam os traumas das guerras que acompanham muitos soldados para a vida. São traumas do muito que viram, mas também do muito que fizeram. Penso que todos conhecemos alguns destes casos, sobretudo a minha geração que conviveu com a chamada guerra colonial. Basta apenas o despoletar uma pequena centelha para provocar um grande incêndio. Aqui a centelha foi Putin, um fascista, que se assume nacionalista, (um embaraço para muitos comunistas), um assassino treinado pelo KGB que chegou a presidente. Mas este fatalismo parece acompanhar a Rússia, como aliás, muitos dos países de leste. (Veja-se a Hungria liderada por outro fascista como Orbán que no domingo foi reeleito e atentem no discurso que fez, em tudo semelhante ao que Putin produziu um ou dois dias antes de iniciar a invasão da Ucrânia). São gente desta que Putin tem ao seu lado no terreno político, para além das oligarquias que o financiam. Este é o drama destes países a começar pela Rússia que é o maior deles e sateliza os restantes. Primeiros eram as tribos aguerridas que semeavam a morte e a destruição, depois os czares - veja-se um dos mais sinistro Ivan que foi cognominado de Terrível -, depois os comunistas, agora os nacionalistas de Putin. Estes povos sempre viveram - e vivem - curvados a tiranos que sempre se aproveitaram do povo e o tiranizaram até ao limite. (Leiam Fiódor Dostoiévsky, Liev Tolstói, Nicolai Gogol ou mais recentemente Alexander Soljenitsin, mas poderia citar muitos mais). Estes povos acabam por votar em líderes com esta vertente porque não são capazes de pensar a sociedade doutro modo, afinal nunca conheceram outra coisa. Sentem-se orfãos sem eles. Quando estas máquinas começam a trabalhar nada as detém, é como se quiséssemos parar um comboio a alta velocidade. As atrocidades passam a ser quase provas iniciáticas para muitos jovens imberbes que estão a ter contacto pela primeira vez com tal brutalidade e como se sentem senhores - afinal é a doutrinação de qualquer força militar - as sevícias serão a saída mais fácil. Sentem-se poderosos e protegidos. Contudo, não esqueçamos - como disse atrás - na guerra não há inocentes, as atrocidades são a maneira de estar. É a relação de poder entre o subjugador e o subjugado. Quanto ao resto já todos sabemos. Infelizmente o cortejo de destruição, morte, horror são sempre iguais em todas as guerras, sejam quais forem as épocas em que se travaram. Isto é o pior do ser dito humano que ainda não foi capaz de se libertar do horror que trás dentro de si, a negritude mais profunda, a bestialidade mais abjeta.

Tuesday, April 05, 2022

Olhar de Salvação

O olhar também fala, com o olhar também de se diz... Diz-se desprezo ou apreço, admiração ou inveja, acolhimento ou rejeição, perdão ou condenação, fé ou desconfiança, interesse ou indiferença... Por isso há olhares que encorajam, e outros que fazem desanimar; há olhares que semeiam esperança, alegria, paz, comunhão, vida, e outros que geram desconfiança, separação, sofrimento, conflitos, morte.

Monday, April 04, 2022

Estás à espera de quem?

 - Estás à espera de quem?

- Já não espero ninguém! Estou só a usufruir a brisa passar...

- Não tens família?
- Tenho! Deixei de esperá-los...
- Estão zangados?
- Não! Estamos resolvidos, de bem...Com a vida!
- Como assim?
- Aprendi com os anos de caminho que não devemos esperar ninguém!
- Mas...Uma mãe deve esperar sempre os seus filhos...
- Por muitos anos achei que sim...Depois aprendi que só esperámos na ilusão de posse...
No dia em que entendemos que ninguém pertence a ninguém, que até os filhos são do Universo...
Passámos a Ser livres para receber, sejam os filhos ou tudo o que a vida nos reserva!
- E quando os filhos não chegam?
- Quem nada, nem ninguém espera, tudo é só vida a acontecer...
- É difícil de entender!
- Eu sei. Fomos iludidos a sentir amor como apego, quando a verdade é que o autêntico Amor é saber desapegar, Amor é liberdade para amar sem prender, para amar permitido ao outro voar!
- E não sentes solidão?
- Ela não existe para quem resgatou para si o direito de também continuar a voar...
E hoje, mesmo de forma diferente, aceito e ajusto e continuo a permitir-me ao meu voo!
- E quando não conseguires?
- Eu acredito que quem se permite a Ser livre, a morte chegará leve, quando o meu corpo físico deixar de poder voar, partirei de regresso a casa!
E sabes...
Acredito também que esse é o propósito da vida, nunca deixar de voar,
Para em Alma voo para Sempre Ser!
Até lá...
Vou continuar a usufruir simplesmente a brisa passar...

Desconheço autoria.

Sunday, April 03, 2022

Feliz dia do homem! (Dia 1 de Abril)

Feliz dia do homem!!! As mulheres vivem falando que todo homem é igual. Então, faço uma pergunta a você mulher: Você já fez a diferença na vida de um homem? (responda pra você mesma). Pois saiba que o dia que você fizer diferença de verdade, saberá que os homens não são todos iguais... Simples Assim.

Saturday, April 02, 2022

Intimidades reflexivas - 1580

"A metafísica pareceu-me sempre uma forma prolongada da loucura latente. Se conhecêssemos a verdade, vê-la-íamos; tudo (o) mais é sistema e arredores. Basta-nos, se pensarmos, a incompreensibilidade do universo; querer compreendê-lo é ser menos que homens, porque ser homem é saber que se não compreende." - Bernardo Soares in 'Livro do Desassossego'.

Friday, April 01, 2022

Intimidades reflexivas - 1579

"Depois dos cavalos chegaram Muriel, a cabra branca, e Benjamin, o burro. Benjamin era o animal mais velho da quinta e o mais mal-humorado. Raramente falava e, quando o fazia, era geralmente para proferir alguma observação cínica. Dizia, por exemplo, que Deus lhe havia dado uma cauda para enxotar as moscas, mas que preferiria não ter cauda, nem moscas. Era o único dos animais da quinta que nunca se ria. Se lhe perguntavam porquê, dizia que não via nada que lhe desse vontade de rir. No entanto, sem o admitir abertamente, era muito dedicado a Boxer; geralmente passavam os domingos juntos, no pequeno cercado do outro lado do pomar, pastando lado a lado, em silêncio." -  George Orwell (1903-1950) in 'O Triunfo dos Porcos'.