Turma Formadores Certform 66

Saturday, January 31, 2015

A Europa e a poesia - Charles Baudelaire

Trago hoje um poeta francês de que gosto muito, trata-se de Charles Baudelaire. Charles-Pierre Baudelaire nasceu em Paris a 9 de Abril de 1821 e viria a falecer a 31 de Agosto de 1867 também em Paris. Foi um dos típicos poetas boémios, um "dandi", um  "flâneur", - muito típico dos artistas da época, sobretudo aqueles que frequentavam Montmartre - mas também um teórico da arte francesa. É considerado um dos precursores do chamado simbolismo. É reconhecido internacionalmente como o fundador da tradição moderna em poesia, juntamente com Walt Whitman - o grande poeta americano do período da guerra civil americana - embora se tenha relacionado com diversas escolas artísticas. A sua obra teórica também influenciou profundamente as artes plásticas do século XIX. Trouxe aqui um poema de título "La vie antérieur" que é cantado por um grande intérprete da música de França que muito admito, Léo Ferré, que podem escutar aqui https://www.youtube.com/watch?v=VvIIoNmTidM . Embora existissem outras poesias de Baudelaire traduzidas em português escolhi esta (afinal o francês não é assim tão incompreensível) pelo facto de ser cantada por um músico e compositor que muito aprecio que diz Baudelaire como ninguém, mas também, porque é um poema que me diz muito. Para quem souber francês, aconselho um excelente disco deste grande músico Léo Ferré, - infelizmente já desaparecido -, em que ele canta e diz poesia de Baudelaire, chama-se "Léo Ferré chant Baudelaire". Grande poesia europeia e mundial é esta a merecer a vossa melhor atenção.

Intimidades reflexivas - 156

Não são as coisas que possuímos ou compramos que representam riqueza, plenitude e felicidade. São os momentos especiais que não tem preço, as pessoas que estão próximas da gente e que nos amam, a saúde, os amigos que escolhemos, a nossa paz de espírito. Felicidade não é o destino e sim a viagem...

Friday, January 30, 2015

Intimidades reflexivas - 155

Não comece o seu dia com os pedaços quebrados de ontem. Todas as manhãs, acorde como se fosse o primeiro dia do resto de sua vida!!!

Intimidades reflexivas - 154

Ter vinte e poucos anos não quer dizer nada. Trinta. Quarenta. Quinze. Vinte. Noventa. O que importa, no fundo, é quem você é quando está sozinho. Como você é quando está acompanhado. O que sobra quando a luz apaga. O que resta quando o sol acorda...

Thursday, January 29, 2015

Intimidades reflexivas - 153

Tem sempre um SOL nascendo. Tem sempre uma VIDA amanhecendo. Tem sempre um novo dia, uma nova porta, uma nova chance, um novo momento. Sempre temos grandes motivos para sermos felizes!

Intimidades reflexivas - 152

"Os lugares mais sombrios no inferno estão reservados a todos aqueles que mantiveram a neutralidade em tempos de crise moral". - Dante Alighieri.

Wednesday, January 28, 2015

Intimidades reflexivas - 151

"Se queres ter uma vida inocente procura a solidão." - Publílio Siro.

Ao lado do "Anjo da Morte" (Um texto histórico)

Um texto histórico dado à luz pelo Expresso a quando do 50º aniversário da libertação de Auschwitz.

"Ella Lingens era admirada nos cafés de Viena pelas suas convicções sociais-democratas, andar emancipado e provocante, e fascinantes olhos azuis. Quando escondeu, no andar onde morava, judeus perseguidos pelos nacionais-socialistas e os ajudou a sair do país, não sabia que uma cadeia de infortúnios e denúncias a levaria ao pior pesadelo da sua vida. Como prisioneira em Auschwitz, teve de trabalhar sob as ordens do "Anjo da Morte", câmaras de gás, no seu descapotável verde. Agora, aos 87 anos, meio século depois da libertação de Auschwitz, Ella conserva ainda a determinação e a vontade de viver que a salvaram da morte. A sua figura frágil, encolhida num enorme cadeirão, domina suavemente o ambiente da casa rústica onde mora, nos arredores de Viena.

Ella Lingens foi obrigada a escolher entre a vida e a morte dos seus doentes, "como se fosse Deus", pois não podia desperdiçar medicamentos escassos, em casos que pareciam irreversíveis. "A quem dar os medicamentos, a uma mãe com muitos filhos ou a uma rapariga nova?" - tinha de perguntar a si mesma. "A quem administrar uma injecção, a um velho que, em qualquer caso, vai morrer, ou dividi-la por dois jovens?"

Ella Lingens era catalogada pelos burocratas do Terceiro Reich como "uma ariana de raça pura", o que lhe permitiu esconder os seus amigos judeus sem que desconfiassem dela. Na "Noite de Cristal", em Novembro de 1938, quando os judeus foram espancados nas ruas, as suas casas e lojas destruídas e os seus livros queimados, alguém tocou à porta do andar onde moravam os Lingens. Era o engenheiro Wiesenfeld, que chegou de pijama, a tremer, para se refugiar em casa deles, trazendo na mão uma escova de dentes.

Pela janela chegava um ruído insuportável, de vidros a estilhaçarem-se, bramidos e gritos das hordas nazis, e o engenheiro Wiesenfeld disse-lhes: "Invejo-vos." "Porquê?" - perguntou Ella. "Porque vocês não são judeus". O refugiado ficou três semanas e foram chegando "mais e mais". Finalmente, o andar estava tão cheio, conta Ella, "que o meu marido e eu fomos morar para o hotel".

Foram meses de tensão trágica, e por vezes absurda. Erika, uma jovem de 19 anos, a última judia que esconderam, fê-los passar o susto de vida deles, quando, farta da rotina da vida clandestina, de estar fechada e de apanhar calor, resolveu tomar banho de sol nua, no parapeito da janela do "atelier" onde moravam os Lingens. Os alunos de um liceu que ficava em frente do edifício pensaram que se tratava de uma louca suicida e chamaram a polícia. "Não nos descobriram por milagre" conta Lingens. Antes que os homens de uniforme forçassem a porta do andar, chegou uma amiga da família, "completamente ariana", que convenceu a polícia de que fora ela que estivera a tomar banho de sol.

Mas Ella confiou demais na sorte e continuou a arranjar documentos falsos para que os perseguidos pudessem partir para o exílio, acabando por ser denunciada à Gestapo.

Médica à força
Chegou a Auschwitz no fim do Inverno de 1942. Aí começou, pela primeira vez, a praticar medicina, no barracão das prisioneiras alemãs e austríacas doentes. Trabalhou às ordens de vários médicos, o último dos quais foi Mengele. Recorda o Dr. Rohde, um SS, que, para suportar as escolhas de vítimas para as câmaras de gás, no pavilhão dos doentes ou no cais da estação de caminho-de-ferro, "se embebedava até quase ficar inconsciente".

Não havia camas suficientes e os doentes dormiam aos três e aos quatro nos beliches. Havia piolhos, epidemias de febre tifóide e grassava uma doença contagiosa causada pela desnutrição, que perfurava a pele até aos ossos. "A minha vida lá era como se me tivesse oferecido hoje como voluntária para combater uma epidemia no Bangladesh ou no Ruanda, um trabalho esgotante, para ajudar as pessoas, sem saber o que acontecia ao lado", diz Lingens.

Na pior época da epidemia de febre tifóide, Lingens tinha a seu cargo 750 doentes. "Foi justamente Mengele, que dividia o seu tempo entre as experiências brutais com gémeos e anões e o trabalho de organização sanitária, que travou a epidemia." Evacuou os 1500 doentes de um barracão e mandou-os para as câmaras de gás. Desinfectou a sala vazia, mandou mudar os lençóis e outros doentes, desinfectados e despiolhados, foram transferidos para o barracão. Depois desinfectaram o pavilhão vazio e assim sucessivamente. "Realmente travou a epidemia, mas não lhe passou pela ideia chegar ao mesmo resultado sem assassinar 1500 pessoas", comenta Lingens.

Nos pavilhões de judeus e ciganos, as pessoas não chegavam a morrer das epidemias. Eram assassinadas. As mulheres grávidas eram enviadas para as câmaras de gás, assim como os doentes e os sem forças para os trabalhos forçados. Foram muitas as mães que preferiram asfixiar os seus bebés, para os poupar à morte em mãos alheias, porque a maioria dos recém-nascidos eram afogados pelos guardas SS.

Recordações angustiantes
Auschwitz foi a experiência central da vida de Lingens, e os fantasmas das pessoas que conheceu na fábrica da morte acompanhá-la-ão até ao fim dos seus dias. Havia médicos pouco escrupulosos que exigiam que os doentes com malária lhes dessem a sua porção de pão, a troco de quinino. E houve mulheres que se transformaram em prostitutas no bordel de Auschwitz, porque assim tinham direito a uma melhor ração alimentar, a um duche diário e a uma habitação mais confortável.

Ainda hoje é assombrada pelo fantasma da fome, ou pelo da jovem que não pôde ajudar, porque recebera 25 chicotadas e fora obrigada a ficar de pé durante três dias e três noites, com água fria até à cintura. Era o castigo para os que se atreviam a fazer amor em Auschwitz e eram surpreendidos. Como também não consegue esquecer o grito colectivo de 100 pessoas encerradas nas câmaras de gás e, "após 15 minutos", o silêncio absoluto. "Outra vez os gritos, depois o silêncio, uma, duas, três vezes."

Numa noite, Ella Lingens e as suas companheiras contaram 60 viagens de um camião carregado de cadáveres, das câmaras de gás até aos crematórios. Depois começava a sair fumo pelas chaminés e o cheiro inconfundível dos corpos queimados espalhava-se por todo o campo de Auschwitz.

Enquanto centenas de milhares de pessoas se transformavam em cinzas, Mengele continuava as experiências como um possesso,no seu pavilhão de horrores, uma antecâmara da morte. Sessenta pares de gémeos foram abertos pelo seu bisturi e, de todos eles, só sobreviveram sete pares.

O "Anjo da Morte" era para Lingens "um cínico incrível", com uma inteligência superior à do resto dos médicos SS, que tinha a preocupação de fazer com que os irmãos morressem à mesma hora, pela mesma causa. Assim podia comparar os órgãos, que enviava depois, conservados, para o Instituto de Biologia Genética de Berlim, em pacotes com a inscrição "Urgente, Material de Guerra".

Mengele achava que as condições do campo eram más e introduziu, inclusive, algumas melhorias, mas "assassinava a sangue-frio, sem nenhuns problemas de consciência". Olhava com orgulho os "dossiers" com os resultados das suas investigações e só lamentava que, no futuro, pudessem cair"nas mãos dos bolchevistas".

Ella Lingens teve a sorte de não ser colocada no Pavilhão das Experiências, porque não teria resistido. Para experimentar métodos de reanimação em pessoas congeladas, Mengele baixava a temperatura do corpo das vítimas até aos limites da paragem cardíaca, e depois tentava aquecê-las com cobertores ou cobrindo-as com mulheres nuas.

Dava só água do mar a beber aos prisioneiros, até morrerem de sede, para comprovar a resistência do ser humano em caso de naufrágio. Os esqueletos das pessoas com anomalias eram enviados como troféus para a colecção da Reichsuniversitât, em Berlim. Ligava o peito das mulheres que tinham acabado de parir, proibindo-as de amamentar os filhos, para determinar quanto tempo os recém-nascidos podiam viver sem se alimentarem.

Os médicos e os "outros"
Um dia, Mengele chamou Ella Lingens o seu gabinete e disse-lhe que tinha uma informação decerto surpreendente para ela. "Sabia que no seu pavilhão há relações entre lésbicas?" perguntou. "Claro que eu sabia", lembra a prisioneira. "E não faz nada para o impedir?" insistiu. "Era uma situação impossível, fechavam mulheres jovens durante anos num ambiente onde não havia nada que pudessem amar, uma criança, um animal, um flor, era tudo tão asqueroso que qualquer ser humano se degradava", lembra Lingens.

Noutra ocasião, o carniceiro de luvas brancas e botas de cabedal perguntou-lhe as razões por que a tinham enviado para Auschwitz. Lingens respondeu que fora denunciada por ter ajudado a tirar judeus do país. "Como é que se pode ser tão imbecil ao ponto de pensar que isso é possível?" Ella atreveu-se a responder que havia casos em que tinham conseguido, com dinheiro. "Naturalmente que vendemos judeus", respondeu Mengele. "Seríamos estúpidos se o não fizéssemos."

"Não tinha razões para ter medo de Mengele", diz Lingens. Para ele havia duas categorias de pessoas, "os médicos e os outros". Mengele representava as duas caras de Mefistófeles. No meio dos corpos raquíticos e humilhados dos prisioneiros, era um homem bem parecido, elegante, impecável, de uma cortesia imperturbável para com as suas vítimas. Tão depressa salvava um judeu, porque era médico, como atirava um recém-nascido para o lume, porque chorava demais, com a mesma indiferença. Lingens não conseguia suportar Auschwitz, e pediu para ser transferida para o campo de concentração de Dachau, outro inferno; mas se algum dia a libertassem, ficaria mais perto de casa, para regressar. Mengele não queria que ela saísse de Auschwitz, mas perante os rogos da prisioneira, aprovou o pedido com indiferença. "Não quero entravar o seu caminho para a felicidade", disse-lhe, como se Dachau fosse um paraíso.

Em Auschwitz, Ella Lingens perdeu a dignidade, passou fome e frio. Regressou a Viena com o cabelo todo branco e foi um dos momentos mais duros da sua vida. "Soube que o meu marido, julgando-me morta, tinha casado com outra, o meu irmão tinha morrido, combatendo ao lado da Resistência, na Jugoslávia, a casa dos meus pais fora bombardeada. O meu filho não me reconheceu e os meus vestidos...", diz com um olhar fixo e um suspiro, "...estavam comidos pelas traças".



Tradução de Maria do Carmo Cary
Texto originalmente publicado no Expresso a 28 de janeiro de 1995, por ocasião do 50º aniversário da libertação de Auschw

P.S.: Ella Lingens, numa foto de registo da Gestapo de Viena, em outubro de 1942. Embora "ariana de raça pura "foi levada para Auschwitz por esconder judeus; como médica, foi obrigada a trabalhar ao lado de Mengele, o "Anjo da Morte", e testemunhou algumas das atrocidades por este praticadas. Faleceu em 2002 / D.R."

Intimidades reflexivas - 150

Se me perguntassem em que lugar eu quero morar eu com certeza diria que é dentro do teu abraço. Não existe lugar mais confortável, quente, cheiroso e acolhedor. E eu me sinto seguro, em paz, protegido, sem medo. Deve ser por isso que gosto tanto de colocar a cabeça lá dentro e ficar bem quietinho. Dessa forma ninguém me acha, a não ser quem efetivamente precisa me encontrar. Mas essa pessoa, bem, ela nunca, nunca me perde...

Intimidades reflexivas - 149

Prometo buscar o amor dentro do seu coração, Prometo cultivá-lo. Prometo lhe dar consolo quando precisar. Prometo te amar, Fazer dos problemas Momento insignificantes. Prometo te dar apoio, Compreensão. Te prometo acima de tudo A minha amizade. Prometo estar sempre do seu lado. Prometo encontrar seus sorrisos E enxugar suas lágrimas. Prometo ficar acordada Velando por teu sono. Prometo que vou buscar todas As formas para lhe fazer feliz. Prometo que as estrelas serão suas E a lua será nossa... São milhões de promessas De um Verdadeiro Amor sem limites, Que jamais terá fim Prometo!

Intimidades reflexivas - 148

"Os momentos mais felizes da minha vida foram os poucos que passei em casa, no seio da minha família". - Thomas Jefferson.

Tuesday, January 27, 2015

Intimidades reflexivas - 147

"Ser alvo de boatos é uma das desvantagens de se ser bonita, enquanto ter uma reputação imaculada é a única vantagem de se ser feia" - Kin Hubbard.

A Europa e a poesia - Anacreonte

Porque nestes últimos dias se vem falando muito da Grécia, decidi mergulhar na poesia grega dos tempos áureos da Grécia antiga. Dos muitos que se podem citar, lembrei-me dum que gosto muito. Chama-se Anacreonte que em grego se escreve Άνακρέων, na transliteração Anakréōn que viveu em Teos no período de 564 a.C. - 478 a.C. Foi um grande poeta lírico da Grécia antiga.mFoi conselheiro de Polícrates, tirano de Samos. Com a morte deste em 522 a.C., partiu para Atenas, onde foi recebido por Hiparco, filho de Pisístrato. Tendo ele sido assassinado em 514 a.C., o poeta voltou para sua terra natal, onde morreu. A poesia de Anacreonte chegou até nós sob a forma de fragmentos. Cantava as musas, Dionísio e o amor. Foi muito apreciado pelos gregos, e o seu estilo, posteriormente conhecido como "anacreôntico", foi muito imitado ao longo da antiguidade e do oeríodo bizantino, tendo-nos chegado diversas odes anacreônticas. Segundo Clemente de Alexandria - outro grande poeta -, ele foi o inventor das canções de amor. Assim, é sobre o signo do amor que vos proponha a audição dum dos seus poemas que podem escutar aqui https://www.youtube.com/watch?v=HjdC-1y4uIY que tem por título precisamente "Visita do amor". (A leitura do mesmo é feita em espanhol. Não encontrei nenhuma em português, nem sequer traduzida). Aqui fica um dos grandes representantes da lírica grega antiga e que, seguramente, abrirá as portas a que outros poetas da Grécia vem até este espaço.

A memória curta dos alemães


"Há quase 62 anos, a 27 de Fevereiro de 1953, 20 países, entre eles Grécia, Irlanda e Espanha, decidiram perdoar mais de 60% da dívida da Alemanha (República Federal ou Alemanha ocidental). O tratado, assinado em Londres, foi determinante para o país se tornar numa grande potência económica mundial e num importante aliado dos Estados Unidos durante as décadas da Guerra Fria contra a antiga União Soviética. O perdão da dívida, que na prática foi uma extensão e reforço das ajudas financeiras diretas do Plano Marshall, liderado pelos Estados Unidos, permitiu aos alemães reduzirem substancialmente o fardo da dívida contraída antes e depois da Segunda Guerra Mundial. Segundo uma análise de Éric Toussaint, historiador e presidente do Comité para a Anulação da Dívida do Terceiro Mundo, "a dívida antes da guerra ascendia a 22,6 mil milhões de marcos, incluindo juros. A dívida do pós- guerra foi estimada em 16,2 mil milhões. No acordo assinado em Londres a 27 de Fevereiro de 1953 estes montantes foram reduzidos para 7,5 mil milhões e 7 mil milhões respetivamente. Isto equivale a uma redução de 62,6%", explica o perito. "O acordo estabeleceu a possibilidade [por parte da Alemanha] de suspender pagamentos e renegociar as condições caso ocorresse uma mudança substancial que limitasse a disponibilidade de recursos", diz o historiador. A Alemanha beneficiou ainda de uma medida excecional que, em alguns casos, permitiu reduzir taxas de juro cobradas aos país em 5 pontos percentuais. Outro historiador, desta feita o alemão Albrecht Ritschl, confirmou que existiu de facto um perdão de dívida gigantesco ao país, que no caso do credor Estados Unidos foi quase total. "Em 1953, os Estados Unidos ofereceram à Alemanha um "haircut", reduzindo o seu problema de dívida a praticamente nada", disse em entrevista à revista "Der Spiegel", em 2011. O "Acordo sobre as Dívidas Externas Alemãs" foi assinado entre a Alemanha Federal e 20 países. Foram eles: Bélgica, Canadá, Ceilão (hoje Sri Lanka), Dinamarca, França, Grécia, Irão, Irlanda, Itália, Liechtenstein, Luxemburgo, Noruega, Paquistão, Espanha, Suécia, Suíça, África do Sul, Reino Unido, Estados Unidos e a antiga Jugoslávia. Acordo de Londres foi assinado a 27 de fevereiro de 1957. Depois das ajudas do Plano Marshall veio o "haircut". Grécia e Irlanda ajudaram." - Artigo publicado no Global Media que repute de enorme importância porqque a memória por vezes é curta, mas neste caso, é bom que não os seja a bem de todos nós.

Feliz aniversário, Mozart!

Wolfgang Amadeus Mozart batizado Joannes Chrysostomus Wolfgangus Theophilus Mozart, nasceu em Salzburgo a 27 de Janeiro de 1756 - faz 256 anos -  e viria a falecer a 5 de Dezembro de 1791 em Viena. Foi um dos mais prolífico e influente compositores austríacos do período chamado clássico. Já muito foi dito e escrito sobre Mozart. Mas neste dia do seu aniversário queria aqui falar sobre uma coisa que quem visita Salzburgo não pode ficar indiferente. Tudo nessa cidade nos aponta para a figura do grande compositor. Desde os chocolates às toponímias das lojas. Desde as montras de roupa da moda até ao mais humilde artesão. Contudo, esta cidade que o venera nos dias de hoje, foi a mesma cidade que lhe criou os maiores obstáculos. A repugnância de Mozart por Salzburgo era tal que no dia que dela saiu disse que nunca mais lá voltaria. e não voltou. Este é um bom exemplo daquilo que a fama, junto ao comércio e ao turismo, é capaz de fazer. Mas, como sempre digo, para lá das estátuas - e em Salzburgo existem muitas - que lhe fizeram, ficará sempre o travo amargo duma cidade que tão maltratou Mozart, por inveja, por ignorância, por mesquinhice. Daqueles que lhe colocaram escolhos no caminho ninguém os conhece (ou são arredados para as valetas da História), mas Mozart aí está, triunfante sobre a mediocridade e a estupidez do seu tempo. Mais cedo ou mais tarde, essas coisas vêm sempre ao de cima. E Mozart não foi exceção, Para aqui o eternizar trouxe uma peça, das muitas possíveis, que costume ouvir. Trata-se da Sinfonia Concertante (aqui o 1º andamento) que podem ver e ouvir em https://www.youtube.com/watch?v=aT3Z11472gw . Mozart para ouvir sempre, em qualquer lugar, em qualquer altura. Porque os grandes devem ser sempre a nossa referência. Dos medíocres nada teremos a aprender a não ser a sua estúpida mesquinhez. Parabéns, W. A. Mozart!

70 anos após a libertação de Auschwitz

Passam hoje 70 anos após a chegada das tropas soviéticas ao campo de concentração de Auschwitz. Depois da maior escuridão que a Humanidade conheceu nos tempos modernos, o raiar dum novo dia, com mais esperança estava prestes a surgir. Ainda hoje nos chocam as imagens de horror do que se passou nesse campo, que era apenas um dos mais de 13 mil que os nazis tinham ao serviço da sua máquina de morte. Apesar do muito que passaram ainda existem alguns sobreviventes desse campo de morte. Um deles impressionou-me quando ontem o vi na televisão a dizer que "não sabíamos do que se passava. Apenas exista um fumo que penetrava em tudo com o cheiro horrível a carne queimada". Como é que isto foi possível? Como é que o mundo deixou que isto acontece só vindo a intervir quando - como é costume - vêem os seus interesses postos em jogo, ou têm algum plano obscuro de hegemonia.  "Arbeit macht frei" (O trabalho também liberta) era o lema desse horrendo campo de morte. (E quantos outros não existirão por esse mundo fora sem que o saibamos, sem publicidade, porque esta pode por em causa outros desígnios). Auschwitz foi um símbolo. Um símbolo de tudo aquilo que o ser dito humano é capaz de fazer ao seu semelhante. 70 anos passaram. A memória essa fica para sempre. Porque não se pode esquecer o que lá se passou. Para que não mais se volte a repetir.

A Europa e a poesia - Rafael Alberti

De novo de regresso à poesia espanhola por um dos seus maiores, o poeta Rafael Alberti. Rafael Alberti nas ceu em Cádis, mais propriamente em El Puerto de Santa María, a 16 de Dezembro de 1902 e viria a falecer na mesma região a 28 de Outubro de 1999. Foi um grande poeta do país vizinho, um dos chamados membros da chamada Geração de 27. Nasceu numa família de origem  italiana que negociava com vinho em Cádis. Foi vencedor em 1925 do prémio Nacional de Literatura espanhol por seu primeiro livro, "Marinero en la Tierra" . É considerado um dos maiores literatos da chamada "Idade de Prata" da literatura espanhola, a qual termina com o advento da Guerra Civil Espanhola, em 1936 . É precisamente deste seu primeiro livro que vos proponho o poema "Yo soy aquel" dito pelo próprio que podem ver e ouvir em https://www.youtube.com/watch?v=hBNaxV4783w . Mais um grande poeta que a Europa produziu e que a ditadura abafou. Um poeta que merece ser descoberto e muito lido.

Monday, January 26, 2015

E agora Europa?

É dos livros que por muito esticar a corda ela acabará por rebentar. Foi o que ontem assistimos na Grécia. Depois dum povo ser martirizado, reduzido quase à indigência que outra coisa se poderia esperar mais? A teoria da austeridade pode resultar em períodos muito particulares e sobretudo curtos. Nunca com a extensão que a "troika" impôs a vários países, entre eles a Grécia, mas também Portugal. Aqui o venho defendendo vai para quatro anos. Muitos comentários foram feitos em torno daquilo que escrevi e nem sempre os mais agradáveis. Contudo, alguns desses, afinal até parecem que estão de acordo com tudo isto que está a acontecer! O dia seguinte é sempre uma coisa terrível quando para além da confrontação técnica de ideias, se põe a ideologia de permeio. Depois é vê-los a correr a mudar de casaco, para se adaptar aos novos tempos. É certo que muito ainda se irá passar, muita discussão se irá travar, muitos conflitos se irão derimir. Mas duma coisa podemos estar certos, depois do que aconteceu ontem na Grécia nada ficará como dantes. Lembrem-se das pressões dos últimos dias sobre os gregos vindos do FMI, da Comissão Europeia, da Alemanha. Como foram percebendo que os gregos já não estavam com medo da mudança, começaram a adocicar o discurso, a criar condições para discutir com o novo primeiro-ministro grego. Uma atitude aviltante que em nada dignifica a Europa. Sobretudo a Europa solidária, - porque foi com este "leit-motiv" que foi criada a União Europeia -, e não a Europa de Merkel, sempre com os tiques autoritários típicos dos alemães, que produziram os ditadores mais ferozes, que quase destruíram esta mesma Europa. O equívoco começou logo com a criação do euro. A moeda única foi um passo muito importante no caminho duma Europa unida como espaço de liberdade e prosperidade. Só que bem cedo a Alemanha apossou-se da ideia e transformou o euro numa espécie de Deutsche Mark camuflado. A partir daí, era inevitável que as coisas não iam correr bem para todos, desde logo os países do sul. Não porque estes não quisessem trabalhar (como se tentou dizer) mas tão só porque estes países não produzem bens com um valor acrescentado tão importante como o que se produz na Alemanha, o que conduziria a uma distorção financeira duns países face a outros. Mas a Alemanha pouco se importou com isso. A mesma Alemanha que teve necessidade de ajuda externa no período logo após a reunificação. A mesma Alemanha que nunca cumpriu os critérios orçamentais do défice, - coisa que ainda hoje se verifica -, mas que acha que deve impor esse regime aos outros, esmagando os países, depauperando as populações. A Grécia está por tudo. Porque foi tão esmagada que não poderá ficar pior do que já está. Portugal é o que sabemos. Dívida que não pára de crescer, um forte desemprego (já estrutural), cortes na saúde a esmo, (e as mortes nas urgências bem o documentam), no ensino que está a produzir cada vez mais ignorantes (afinal isso é bom porque esses nunca contestam), vemos o país vendido a retalho a preço de saldo. Já nada é nosso e qualquer dia nem portugueses somos porque simplesmente Portugal já não existirá. (Talvez tenha sido comprado por um qualquer fundo especulativo com capitais chineses ou angolanos). Este é o legado que a austeridade e seus sequazes vão deixar. Por cá, temos um primeiro-ministro a ajustar-se ao novo fato. Afinal aquilo que sempre defendeu está em causa e terá inevitavelmente repercussões entre nós. Vimos o jogo de cintura que fez com a decisão do Banco Central Europeu, e vê-lo-emos seguramente com este caso da Grécia. Porque a partir de hoje, nada será como dantes. A Grécia cansou-se. Achou que já nada tinha a perder. Mesmo face aqueles que lhe incutiam o medo da mudança. Mas quando um povo acha que já nada tem a perder, se sente humilhado por muito tempo, mais cedo ou mais tarde, há-de revoltar-se. A vitória do Syriza é também a vitória dos outros países do sul. Expostos à mesma tirania alemã. E Alexis Tsipras será, seguramente, o futuro primeiro-ministro cuja vós representará não só a Grécia, mas também os outros países agredidos por esta austeridade sem sentido. O terramoto político a que ontem assistimos na Grécia pode ser o prenúncio duma nova alvorada. E agora senhora Merkel? E agora Europa? Estais satisfeitos com o vosso trabalho? Parece que ainda restam alguns com dúvidas. Desde logo, o presidente do Bundesbank, - Jens Weidmann - que ainda ontem ameaçava do cimo da sua arrogância, muito ao jeito nazi. Como já tinha feito depois das medidas anunciadas por Draghi a semana passada, que até incomodou a própria Merkel!  (Afinal os alemães nunca se libertaram verdadeiramente desse tique nazi que lhes corre nas veias). Mas a História aí estará para lhe corrigir a mão. Afinal, como se diz por cá, "não há bem que sempre dure, nem mal que nunca se acabe". Este dia é o primeiro duma outra História que a Europa vai escrever. Mais solidária do que aquela que hoje conhecemos.

Intimidades reflexivas - 146

Não é preciso agendar, entrar em fila, contar com a sorte, acordar cedo para pegar senha: a possibilidade de recomeço está disponível o tempo todo, na maior parte dos casos. Não tem mistério, ela vem embrulhada com o papel bonito de cada instante novo, essa página em branco que olha para gente sem ter a mínima ideia do que escolheremos escrever nas suas linhas. O que é preciso mesmo é coragem para abrir o presente.

Sunday, January 25, 2015

Palavras amigas

Há atitudes e palavras que nos marcam. Estas vieram duma amiga, que tem passado por momentos bem difíceis, mas que nunca deixa de olhar para o futuro com esperança. Uma grande amiga da causa animal, e isso bastaria para que minha amiga fosse. Deixo aqui as suas palavras, sempre sentidas e cheias de emoção.

"Desejo, primeiro, que você ame, e que, amando, também seja amado. E que se não for, seja breve em esquecer e esquecendo não guarde mágoa. Desejo, pois, que não seja assim, mas se for, saiba ser sem desesperar. Desejo também que você tenha amigos que, mesmo maus e inconsequentes, sejam corajosos e fiéis, e que pelo menos em um deles você possa confiar sem duvidar.
E porque a vida é assim, desejo ainda que você tenha inimigos, nem muitos, nem poucos, mas na medida exata para que, algumas vezes, você se interpele a respeito de suas próprias certezas.
E que, entre eles, haja pelo menos um que seja justo, para que você não se sinta demasiado seguro. Desejo, depois, que você seja útil, mas não insubstituível.
E que nos maus momentos, quando não restar mais nada, essa utilidade seja suficiente para manter você de pé. Desejo ainda que você seja tolerante, não com os que erram pouco, porque isso é fácil, mas com os que erram muito e irremediavelmente, e que fazendo bom uso dessa tolerância, você sirva de exemplo aos outros. Desejo que você, sendo jovem, não amadureça depressa demais, e que, sendo maduro, não insista em rejuvenescer, e que, sendo velho, não se dedique ao desespero.
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e é preciso deixar que eles escorram por entre nós.
Desejo por sinal que você seja triste, não o ano todo, mas apenas um dia. Mas que nesse dia descubra que o riso diário é bom, o riso habitual é insosso e o riso constante é insano.
Desejo que você descubra, com a máxima urgência, acima e a despeito de tudo, que existem oprimidos, injustiçados e infelizes, e que estão à sua volta.
Desejo ainda que você afague um gato, alimente um cuco e ouça o joão-de-barro erguer triunfante o seu canto matinal, porque, assim, você se sentirá bem por nada. Desejo também que você plante uma semente, por mais minúscula que seja, e acompanhe o seu crescimento, para que você saiba de quantas muitas vidas é feita uma árvore.
Desejo, outros sim, que você tenha dinheiro, porque é preciso ser prático. E que pelo menos uma vez por ano coloque um pouco dele na sua frente e diga "isso é meu", só para que fique bem claro quem é o dono de quem. Desejo também que nenhum de seus afetos morra, por ele e por você, mas que se morrer, você possa chorar sem se lamentar, sofrer e sem se culpar. Desejo por fim que você, sendo um homem, tenha uma boa mulher, e que, sendo uma mulher, tenha um bom homem e que se amem hoje, amanhã e no dia seguinte, e quando estiverem exaustos e sorridentes, ainda haja amor para recomeçar. E se tudo isso acontecer, não tenho mais a te desejar."

Um texto muito bonito que pode muito bem ser uma reflexão para este nosso domingo soalheiro de Janeiro. Obrigado Elisabete Batista. Vai em frente. O teu exemplo, sobretudo junto da causa animal, faz-nos pensar que neste mundo desbragado ainda à pessoas com o coração grande. Um coração do tamanho do Universo.

Um atitude nobre

Ontem, quando fui alimentar a matilha de Rio Tinto, deparei-me com este abrigo para gato. A razão é que anda por lá um gato que vai comendo a comida dos cachorros. A fome assim o impõe. O Bruno Alves Ferreira disse-me que sabia do caso e que ia comprar um abrigo para o gato. Daí a concretizar-se a ideia foi um ápice. Ainda não o vi no abrigo, nem ontem nem hoje, mas estou convencido que irá para lá nestes dias de frio. Um bem haja ao Bruno Alves Ferreira. Estes são gestos que valem mais do que mil palavras. Palavras que têm que ser ditas porque justas, duma atitude em si mesma, nobre.

Intimidades reflexivas - 145


"A cada manhã que acordo, experimento novamente um prazer supremo, o da existência".  - Salvador Dali.

Saturday, January 24, 2015

Intimidades reflexivas - 144


"Uma viagem feita em boa companhia parece sempre mais curta." - Izaal Walton.

Intimidades reflexivas - 143

"O amor é uma companhia. Já não sei andar só pelos caminhos. Porque já não posso andar só." - Alberto Caeiro.

Friday, January 23, 2015

Os milhões do BCE e a crise europeia

Ontem foram anunciados muitos milhões para a Europa que o Banco Central Europeu (BCE) irá libertar sobre as economias comprando dívida pública dos países em mercado secundário.  Embora ainda esteja por perceber se o aumento da massa monetária  (M2 como tecnicamente dizem os economistas) ainda irá a tempo de evitar a deflação. Draghi percebeu que a Europa não está a crescer e que a deflação está aí à porta. Alguns países já a têm dentro de portas, e nós não andamos longe disso, mas de que ninguém fala. Ao tomar esta decisão - a "bazuca" - o nome por que foi conhecida a operação nos mercados, o BCE apenas está a admitir que a austeridade falhou, que tudo aquilo por que os países do sul passaram e sofreram foi em vão. Atrevo-me a dizer até, que se estas medidas tivessem sido tomadas em 2011, não teria havido austeridade, ou seguramente ela teria sido muito mais branda do que efetivamente tem sido. Muito do que aqui defendemos nestes últimos quatro anos, afinal tinha sentido. Tanto sacrifício para nada. No nosso caso, é fácil ver que depois de tanta austeridade, de cortes e mais cortes (exceto no Estado, as famosas "gorduras") o nosso crescimento praticamente não existe, o desemprego virou estrutural, as falências foram a norma, a classe média - pilar do regime - foi praticamente destroçada. Ao tomar esta medida Draghi mostra também a falência da política do nosso governo, mas não só, (e basta ver a reação dos políticos alemães com quem Passos Coelho se alinhou). Ao injetar somas avultadas nas economias europeias, não se pretende só fazer crescer a economia, mas também salvar o euro que está a passar por um período de forte valorização o que é mau para a Europa. Esta decisão é corajosa - apenas os EUA, o Japão e o Reino Unido - tinham tomado medida idêntica injetando dinheiro para dinamizar as suas economias e combater a crise. Mas a decisão mostra que o evoluir da União Europeia (UE) está num impasse perigoso, o que dilui a coragem do gesto para o desespero da ação. Esse dinheiro será injetado nas economias através do sistema financeiro, veremos se, ele chega à economia real ou se fica a alimentar os já chorudos lucros da banca. (O caso português é paradigmático disto que aqui afirmo). O tempo dirá se desta vez as coisas correrão ou não de igual maneira. Mas não deixa de ser surpreendente que esta medida seja anunciada a três dias das eleições gregas. Com a previsão do terramoto político na Grécia, esta medida pretende condicionar, de novo, as eleições gregas - já tal tinha acontecido com o FMI - mas também, tenta defender a zona euro, agora a braços com um dos seus problemas maiores que será o da possível saída do euro por parte da Grécia. Se isso vier a acontecer, estou convicto de que o mesmo se propagará aos países periféricos do sul como Portugal, e poderá ser o canto do cisne da moeda única, logo da própria UE. Mas disso falaremos para a semana, depois de vermos no que vão dar as eleições gregas. A aflição é muita dentro da UE. A preocupação do que aí virá será o motivo. O que só vem demonstrar que a UE não tem sabido gerir as situações em tempo útil deixando que elas resvalem para os extremismos. Não o soube fazer na guerra - veja-se o que aconteceu com o Kosovo -, não o soube fazer na diplomacia - veja-se o que acontece com as relações com os EUA -, não o soube fazer no apoio aos países mais deficitários - veja-se o fosso cada vez maior entre o norte e o sul -, agora não o sabe fazer na finança, ou melhor, está a tomar medidas demasiado tarde - o exemplo da Grécia aí está para o provar. Dentro de dias já perceberemos com mais clareza aquilo que nos espera. Até lá apenas nos resta mesmo esperar. 

Intimidades reflexivas - 142

Seja bem-vindo amigo(a). A sua presença é muito importante para mim. Estou contente por ter você comigo... Vamos caminhar juntos pelos caminhos do conhecimento. Ir mais além do que se pode enxergar, nesta longa jornada, não estaremos sozinhos. Deus nos acompanhará e com certeza nos abençoará. Orgulhosos chegaremos ao final de mais uma etapa. Sejam todos bem vindos.

Thursday, January 22, 2015

Em memória da minha avó Margarida - Um quarto de século de ausência

Vinte e cinco anos passaram desde aquela tarde trágica em que recebi a notícia da morte da minha avó materna, Margarida. Pessoa de muita garra e determinação, a minha avó sempre foi uma espécie de timoneiro firme no leme, sobretudo, quando o mar da vida era mais ameaçador. Mulher de profundas crenças e rija têmpera bem ao jeito das mulheres daquela época. Era a minha mentora, a pessoa a quem recorria em momentos de aflição. Sempre dela recebia a força e a coragem para continuar em frente. Sempre estava ao meu lado, mesmo quando me parecia que não. Lembro-me bem de quando ia levar-me à escola primária (o ensino básico como hoje se diz) aproveitando a caminhada de cerca de dois quilómetros que fazíamos a pé, para trautear a tabuada, os rios de Portugal, ou outras questões que ela aproveitava para me ir recordando no caminho. (Matérias que se estudavam à época). Fizesse chuva ou sol, calor ou frio de rachar, a minha avó lá estava para me acompanhar nessa fase difícil - porque a primeira - da minha vida. (Nessa época ainda não existiam infantários ou pré-escolas). Para a homenagear neste dia do seu falecimento, recorri a uma foto do início dos anos sessenta. Aqui está ela comigo - eu teria cerca de oito anos - em Santa Maria da Feira, numa viagem organizada pela escola que eu frequentava para visitar o museu da cortiça dessa cidade. Um quarto de século passou sobre o seu desaparecimento, mas estas fotos que vou encontrando no baú das memórias, fazem com que estes acontecimentos pareçam que tiveram lugar ontem. E que saudades me trazem dessa meninice despreocupada e feliz, que deveria ser a de todas as crianças. Sempre tutelada pela minha avó Margarida, minha sombra, minha força, minha coragem, no momento em que as nossas atitudes vão sendo moldadas pelos nossos maiores. Hoje faz vinte e cinco anos que entraste para a minha já longa galeria de ausentes. Embora a tua sombra tutelar esteja sempre presente. Que estejas em paz. avó Margarida!

A Europa e a poesia - José Régio

Ainda dentro deste ciclo de poesia na Europa, regresso a Portugal para homenagear um dos seus grandes poetas, José Régio, pseudónimo de José Maria dos Reis Pereira, que nasceu em Vila do Conde a 17 de Setembro de 1901 e viria a falecer a 22 de Dezembro de 1969 na mesma cidade. Para além de poeta, Régio foi um escritor, dramaturgo, romancista, novelista contista, ensaísta, cronista, crítico, autor de diário, memoralista, epistológrafo, historiador de literatura portuguesa e sei lá mais o quê. Para além de tudo isto ainda foi editor e diretor da influente revista literária Presença - tão acossada pelo ditadura do Estado Novo -, mas ainda teve tempo para se dedicar à pintura e ao desenho, bem como, um grande colecionador de arte sacra e popular. Foi irmão do poeta, pintor e engenheiro Júlio Maria dos Reis Pereira, que como artista plástico se assinava Julio e como poeta Saúl Dias. Teve mais dois irmãos que se dedicaram às artes plásticas, Apolinário José (1917-2000) e João Maria (1922-2009) e ainda outro, Antonino Maria (1905-1965), que emigrou jovem para o Recife, Pernambuco. Este escritor e poeta é detentor duma vasta obra, que nem sempre foi apreciada em tempos de servidão pelo regime que vigorava em Portugal na época. Mas escolhi hoje este poeta apenas por um único poema que me marca desde muito jovem, porque se calhar tem muito a ver com a minha vida e a maneira como olho para ela. Trata-se de "Cântico Negro", um fantástico poema duma força ímpar. Para dizer este poema, (e ele foi dito por muitos), escolhi, mais uma vez, Maria Bethânia. Porque acho que ela é aquela que melhor o diz, talvez porque adoro Bethânia, mas também, porque se deve a ela muito da divulgação dos poetas portugueses no Brasil, mas também em Portugal, onde tem uma corte de fiéis seguidores. É duma dessas interpretações que aqui vos trago esse enorme poema que podem ver e ouvir em https://www.youtube.com/watch?v=9XpQ_UGGt2o . Um grande momento da cantora e um grande momento da poesia portuguesa. Quero com isto despertar a curiosidade daqueles que não conhecem a obra de José Régio, a prestar-lhe um pouco mais de atenção. Verão que ficarão fascinados pela palavras assertivas, ditas (escritas) com uma doçura aparente, mas com um vigor formidável.

A Europa e a poesia - Francesco Petrarca

Regresso de novo aos poetas italianos por quem tenho uma grande admiração. A musicalidade da língua italiana ajuda a criar este ambiente mágico que nos eleva para as nuvens. Para representar essa classe nobre dos poetas, inclinei-me para Francesco Petrarca. Petrarca nasceu em Arezzo na Itália a 20 de Julho de 1304 e viria a falecer a 19 de Julho de 1374 em Arquà Petrarca também na Itália. Foi um intelectual, poeta e humanista italiano, famoso, principalmente, devido ao seu romanceiro. É considerado o inventor do soneto, tipo de poema composto de 14 versos. Foi baseado no trabalho de Petrarca (e também de Dante e Boccacio) que Pietro Bambo, no século XVI, criou o modelo para o italiano moderno, mais tarde adotado pela Accademia della Crisca. Pesquisador e filólogo, divulgador e escritor, é tido como o "pai do Humanismo". Mas esse grande latinista deve a sua fama principalmente aos seus poemas, redigidos em língua italianaE é um desses poemas  do seu "Canzoniere" que quero aqui trazer. Chama-se "Solo e pensoso" (Sozinho e pensativo) e que podem escutar em https://www.youtube.com/watch?v=vXzEeX7ZFUA . Poesia do século XIV com enorme qualidade que faz parte dos "curriculum" dos estudos de literatura. Para quem gosta deste grande poeta, digo-vos que podem obter um livro fabuloso com as suas obras traduzidas pelo também poeta, - o malogrado Vasco Graça Moura -, e quem tem por título "As Rimas de Petrarca". (Nele poderão ler os poemas em português e, simultaneamente, em italiano. Dessa forma poderão sentir a musicalidade da língua italiana, tão bem celebrizada na ópera). Um poeta a descobrir por todos aqueles que ainda não se confrontaram com estes maravilhosos escritos do poeta italiano.

Wednesday, January 21, 2015

Intimidades reflexivas - 141

Muita paz para você amigo(a)!!! Psiu... Você mesmo, que está aí olhando... Que tal uma pausa para refletir... e refletir sobre você... Pensar em tudo de bom que existe aí dentro desse coração! Saiba que você é uma pessoa maravilhosa, capaz de fazer muita coisa boa, útil e expressiva, e que no seu coração estão guardadas coragem e confiança suficientes para realizar seus desejos. Mas não se esqueça, de buscar em cada minuto de seus dias, motivos de alegria e esperança, não se importando com as situações adversas que aparecem. Você deve escolher ser feliz e tornar isso possível, com pensamentos positivos, não perdendo nunca o entusiasmo pela vida e pelo amor, mas principalmente, tendo a certeza de que Deus sempre abençoa quem ama e quem faz da vida um prazer. Um dia maravilhoso com muita. Paz para você.

Tuesday, January 20, 2015

A Europa e a poesia - Mario Caprioli

Um poeta completamente desconhecido entre nós, um senhor da poesia de expressão italiana. Trata-se de Mario Caprioli. É um contemporâneo que não queria deixar de trazer a este espaço. Para ilustrar a sua poesia proponho-vos um poema de que gosto muito "Un signore di Ieri" que podem escutar em https://www.youtube.com/watch?v=5i6JAuTxd0w . Um contributo para a descoberta da bela poesia italiana, sobretudo, do período contemporâneo.

Intimidades reflexivas - 140

Sossega, tudo chega no tempo certo. Não te apressa, a vida se encarrega de trazer tudo que falta. Não desanima, os ventos fortes só surgem para mostrar como nossa base é forte. Não entristece, nem sempre o que você deseja é realmente o melhor para você neste exato momento. Não esquece de sorrir, um sorriso transforma muitas situações.

Monday, January 19, 2015

A Europa e a poesia - Eugénio de Andrade

Eugénio de Andrade, pseudónimo de José Fontinhas nasceu na Póvoa de Atalaia a 19 de Janeiro de 1923 e viria a falecer a 13 de Junho de 2005 no Porto. Foi um grande escritor e um monumental poeta. Lembrei-me de trazer hoje Eugénio de Andrade porque é neste dia que se celebra o seu aniversário. Entre as dezenas de obras que publicou encontram-se, na poesia, aquelas que mais o notabilizaram, como "Os amantes sem dinheiro" (1950), "As palavras interditas" (1951), "Escrita da Terra" (1974), "Matéria Solar" (1980), "Rente ao dizer" (1992), "Ofício da paciência" (1994), "O sal da língua" (1995) e "Os lugares do lume" (1998). Mas também publicou prosa como foi o caso de "Aquela nuvem" (1986). Mas aqui apenas quero realçar o seu lado de poeta. E que grande poeta ele foi. Para exemplificar a sua obra trago-vos aqui um poema que me é muito caro "As Palavras Interditas" ditas pelo próprio, que podem ver e escutar em https://www.youtube.com/watch?v=f2zvaGmSG_U . Mais um exemplo de grande poesia e dum grande poeta que urge descobrir. Verão que vale bem a pena.

Intimidades reflexivas - 139

Enquanto nos lamentamos por alguma dificuldade mínima em nossa vida, muitos dariam tudo para estar em nosso lugar. Quando pensamos ter dificuldades é porque ainda não tivemos a coragem para olhar ao nosso redor e verificar que o nosso próximo está muito mais necessitado que nós, tudo isso porque ainda nos vemos apegados demais ao nosso próprio egoísmo, que nos leva muitas vezes a cegueira da verdadeira realidade da vida. É chegada a hora da reflexão positiva da vida que nós construímos, porque não estamos colhendo além do que plantamos e tenhamos em mente que a nossa dificuldade não é maior que a do nosso companheiro. Sejamos mais atentos aos sinais que a vida nos dá, porque são esses sinais que darão a nós o despertar para nos tornarmos melhores. ''O amor é muito mais que um sentimento ou uma atitude: o amor é ação.''

Voltei a ver o meu Repinhas

Hoje estou feliz. Acabei de chegar da matilha e vi, finalmente, o meu Repinhas. Já estava a vir embora quando ele me apareceu. Ainda tive tempo de lhe dar mais uma caixa de paté. Mas, por outro lado, estou triste. A comida que lá deixei ontem nitidamente foi roubada, de novo. A maneira com encontrei o local não deixa dúvidas. Este energúmeno não tem consciência.Se a rouba por maldade, é um escroque. Se a rouba para dar a outro, pois que nos contacte, talvez nós o possamos ajudar. Mas que não tire a alimentação a um pobre cachorro que não tem nada, para além daquilo que lhe damos. Contudo, a minha felicidade é bem maior do que a minha tristeza. Afinal, vi de novo o meu Repinhas. Que estejas bem e feliz, o melhor possível, dentro das circunstâncias.

Sunday, January 18, 2015

A Europa e a poesia - J.W.Goethe

Trago-vos hoje a grande poesia alemã pela mau dum dos seus grandes Goethe. Johann Wolfgang von Goethe nasceu em Frankfurt am Main a 28 de Agosto de 1749 e viria a felcer a 22 de Março de 1832 em Weimar. Para além de escritor e poeta também foi pensador que fez incursões pelo campo da ciência. Como escritor, Goethe foi uma das mais importantes figuras da literatura alemã e o Romantismo europeu, nos finais do século XVIII e inícios do século XIX. Juntamente com Friedrich Schiller (O autor da "Ode à Liberdade" que viria a ser adaptado para a 9ª sinfonia de Beethoven como "Ode à Alegria") foi um dos líderes do movimento literário romântico alemão "Sturm und Drang". Da sua vasta produção fazem parte: romances, peças de teatro, poemas, escritos autobiográficos, reflexões teóricas nas áreas de arte, literatura e ciências naturais. Além disso, a sua correspondência epistolar com pensadores e personalidades da época é grande fonte de pesquisa e análise de seu pensamento. Através do romance "Os sofrimentos do jovem Werther", Goethe tornou-se famoso em toda a Europa no ano de 1774. Mais tarde, com o amadurecimento de sua produção literária, e influenciado pelo também escritor alemão Friedrich Schiller, Goethe tornou-se o mais importante autor do Classicismo de Weimar. Goethe é até hoje considerado o mais importante escritor alemão, cuja obra influenciou a literatura de todo o mundo. Contudo, a sua obra poética é menos conhecida, sendo que foi um grande poeta da língua alemã. Para ilustrar a su beleza poética trouxe-vos um poema de que gosto muito com o título "A despedida" que podem escutar em https://www.youtube.com/watch?v=gkonUrIK1dY . Ao trazer aqui Goethe espero contribuir para que vos desperte a curiosidade de mergulhar na sua basta obra. Um homem de letras que merece ser lido e apreciado.

Saturday, January 17, 2015

Intimidades reflexivas - 138

Não é que a vida é feita de regras, mas o nosso coração precisa de vez em quando ser ensinado a não ultrapassar tanto seus limites, a não errar tanto, ou a não sentir tanto o mal que vem sobre ele. Dias bons ou ruins existem para todos, e cabe a cada um se sobressair de maneira sábia e precisa, sem tantos embaraços. Sonhar vale a pena sim, mas viver a realidade da vida e abraçar as oportunidades que surgem vale muito mais. Neste cenário em que estamos o reconhecimento vem pelo que fazemos de bom, pelo bem que oferecemos ao outro, pela forma como o tratamos, pela generosidade e simplicidade do nosso coração. Não adianta esmurrarmos a porta, nem passarmos por cima do outro porque o mundo não gira, é a gente que sai do lugar e feliz é aquele que aprende a caminhar sem tropeçar, sem enganar, sem vacilar.

A Europa e a poesia - Frederico García Lorca

Agora chegou a vez de vos trazer um poeta aqui do lado, da nossa vizinha Espanha, Frederico García Lorca. Nascido numa pequena localidade da Andaluzia, García Lorca ingressou na faculdade de Direito de Granada em 1914, e cinco anos depois transferiu-se para Madrid, onde fez amizade com artistas como Luís Buñuel e Salvador Dali, tendo nessa altura publicado os seus primeiros poemas. Grande parte dos seus primeiros trabalhos baseiam-se em temas relativos à Andaluzia (Impressões e Paisagens, 1918), à música e ao folclore regionais (Poemas do Canto Fundo, 1921-1922) e aos ciganos (Romancero Gitano, 1928). Depois mergulharia na atividade política vindo a ser uma das vítimas da ditadura de Franco, motivado pelas suas ideias políticas e pela sua assumida homusexualidade. As ditaduras nunca convivem bem nem com a cultura nem com a diferença, e a Espanha franquista é disso exemplo. Muito havia a dizer sobre García Lorca, contudo, quero aqui deixar um poema de que gosto muito de título "Romance de la luna" que podem escutar aqui https://www.youtube.com/watch?v=epY6ZvgUfvI . Mais um grande poeta, - um dos maiores do século XX -, e não só de Espanha. Uma referência na cultura e na poesia europeia e mundial. Muito havia a dizer, porque este prolixo poeta está muito representado na cultura de Espanha. Mais cedo ou mais tarde, a cultura e a poesia, acabam sempre por sobrepor-se à barbárie.

Friday, January 16, 2015

Controvérsias da História Oriente versus Ocidente

Nos últimos dias temos assistido a um recrudescer de animosidade entre povos. Tudo isto depois do bárbaro atentado em Paris. Ontem na Bélgica parece que se estava a preparar algo semelhante. Chegados aqui, penso ser tempo de interrogações ou pelo menos de reflexões. Sempre que o Estado e a Religião se misturam, acabamos sempre por ver atitudes destas, fruto de fanatismos que de certo modo traduzem o subdesenvolvimento dos povos. Nós também não estivemos imunes a eles noutros tempos. É da História a barbárie que o Ocidente espalhou no Oriente a quando das cruzadas. (Especialmente a quarta, que ainda hoje é recordada com horror). Teve o beneplácito da Igreja que nessa altura também ela impunha as leis que a política seguia. Tal como vemos hoje nos países islâmicos onde o grau de desenvolvimento não estará longe daquele que na altura de vivia na Europa nessa altura longínqua. (Refiro-me à população em geral e não aos senhores do poder e da religião, naturalmente. Veja-se o que se está a passar na Nigéria onde até crianças de dez anos são usadas como bombas). E só conseguimos emancipar-nos dessa situação quando os estados laicos apareceram levando a que política e religião tivessem o seu espaço próprio, nem sempre coincidente. (Para melhor se compreender a situação, veja-se o nosso caso, durante o Estado Novo, onde apesar da laicizade aparente do estado, de facto, a religião tinha um peso importante mesmo na política, e o subdesenvolvimento era a regra). Hoje olhamos para esses povos do Oriente e não conseguimos perceber o que lá se passa. (No Oriente a maior chacina são de muçulmanos entre si, como aconteceu no Ocidente com os cristãos a dilacerarem-se duma forma feroz. Até aqui existem similitudes). Não nos podemos esquecer que esses povos - do Oriente - deram-nos muito da sua famosa cultura. Desde logo o astrolábio tão importante para a navegação que os nossos marinheiros de seiscentos tanto utilizaram. A criação do zero que parece ser uma coisa comesinha mas que teve uma enorme importância na matemática e nas descobertas que a seguir se fizeram. Isso para já não falar na sua medicina avançada para a época, na sua arte de trabalhar o cobre e o estanho que os ocidentais de seiscentos nem conheciam, na sua música. Então o que levou a este aparente retrocesso? Como se verificou no Ocidente, a religião foi ocupando um papel cada vez mais pertinente na sociedade, e toda a evolução seria um desrespeito. Tudo isto liderado por homens que fanaticamente impõe a ignorância às suas gentes, porque só assim é que se conseguem impor sem limites - coisa que nós conhecemos muito bem - impedindo que frequentem as escolas, sobretudo as mulheres - porque a ignorância é o fruto da felicidade para tais pessoas. (Por cá, não estamos muito longe de situações bem similares. Os menos jovens ainda se lembram que a maioria das mulheres apenas fazia as instrução básica porque os estudos mais elevados eram para os homens. A mulher era para estar em casa e cuidar dos filhos. Até o direito ao votos que só conseguiu à cerca de quarenta anos. E isto foi há tão pouco tempo, meus amigos!) Daí que estes povos ainda estão à espera - diria há demasiado tempo - de se libertarem duma oligarquia que os mantém na ignorância escondidas - as mulheres - por trás dum véu, os homens - por trás duma arma fabricada por ocidentais. Tal como o Ocidente teve a sua Revolução Industrial, as suas revoluções libertadoras como a que ocorreu em França em 1789 que tanto influenciou a Europa da época. Afinal pensamos que somos tão diferentes - e somos - mas já fomos tão iguais há bem pouco tempo. Mas para além deste conflito civilizacional, o importante é não confundir "jhiadistas" com muçulmanos, tal como não podemos confundir cristãos com cruzados, ou senhores da guerra com população humilde. Há que respeitar a diferença, combatendo os abusos, que justificam tanta coisa até o terrorismo, com a aproximação dos povos para que se conheçam melhor. (A diferença religiosa é apenas um pretexto. Afinal todos veneramos algo superior a que chamamos Deus, embora o façamos de modo diferente. Afinal o islamismo também é uma religião do Livro). E se é importante que o Ocidente olhe para o Oriente não para o acusar mas para o compreender, o Oriente terá também que fazer o mesmo. Mas enquanto houver pessoas como ontem aconteceu que na Arábia Saudita - que até tem relações com os EUA - achar que "todo o infiel é terrorista", não terão autoridade moral para exigir que o Ocidente brinque com caricaturas - embora estas por vezes possam ser excessivas - numa zona do globo onde a liberdade de expressão é sagrada. Liberdade de expressão que nestes países não existe porque quando tal se verificar, não haverá mais lugar para gente desta que vomita ódio contra o Ocidente apenas para desviar as atenções da ostentação em que vivem face à miséria que impõe às suas gentes. Ostentação que, também ela, financia o terrorismo extremista, como acontece com a Arábia Saudita, o Kowait e o Qatar. Para além da política e da religião, estão povos que devem esforçar-se por se conhecerem. Quando isso acontecer, - dum lado e doutro -, veremos que afinal são menos as diferenças do que aquilo que pensávamos. Até lá, viveremos neste terror que afinal recai sobre todos quer ocidentais quer orientais, numa saga sem fim.

A Europa e a poesia - Lord Byron

Hoje trago-vos um poeta inglês do período romântico, trata-se de Lord Byron. George Gordon Byron, 6º Barão Byron nasceu a 22 de Janeiro de 1788 em Dover e viria a falecer em Missolonghi na Grécia a 19 de Abril de 1824. Lord Byron, foi um destacado poeta e uma das figuras mais influentes do romantismo, - século XIX - célebre por suas obras-primas, como "Peregrinação em Child Harold" e "Don Juan" (o último permaneceu inacabado devido à sua morte iminente). Byron é considerado como um dos maiores poetas europeus, e continua a ser muito lido até os dias de hoje. Para ilustrar a sua vasta obra trago-vos aqui um poema de que gosto muito que tem por título "She walks in beauty" que podem escutar e ler em https://www.youtube.com/watch?v=I_zCOJOgd4U embora em inglês. Mais uma vez não consegui uma legendagem em português, mas a língua inglesa é sobejamente conhecida para que a percebamos com facilidade. Mais um poeta enorme desta nossa Europa que tantos tem dado ao mundo. Mais um motivo para descobrir a obra dum dos grandes poetas românticos.

Thursday, January 15, 2015

A Europa e a poesia - Álvaro de Campos

Álvaro de Campos - um dos heterónimos de Fernando Pessoa - escreveu em 1917 este famoso texto de título "Ultimatum" que aqui transcrevo parcialmente. Foi inicialmente publicado na revista "Portugal Futurista". Fernando António Nogueira Pessoa, mais conhecido como Fernando Pessoa, foi poeta, filósofo e escritor e é, seguramente, é o mais universal poeta português. Nasceu a 13 de Junho de 1888 no distrito de Lisboa e viria a falecer a 30 de Novembro de 1935 em Lisboa. Como acontece com os grandes poetas da língua portuguesa, este também foi dado a conhecer pelos nossos irmãos brasileiros. Uma das mais emocionadas interpretações deste poema (tal como muitos outros desta nossa pátria lusa) foi protagonizado pela grande cantora brasileira Maria Bethânia. Aqui fica o link para a maravilhosa voz da cantora baiana que podem ver e ouvir em https://www.youtube.com/watch?v=X-zhasBBPOI . Mais um poeta, este português, que espero que vos venha a encantar. 

Intimidades reflexivas - 137

Está cansado, senta-te. Se acredita, tenta. Se está frio, aquece. Se está fora, entra. Se pediu, aguenta. Se sujou,limpa. Se dá pé, namora. Está doendo, chora. Está caindo, escora. Não está bom, melhora. Se aperta, grite. Se está chato, agite. Se não tem, credite. Se foi falta, apite. Se não é, imite…Se é do mato, amanse. Trabalhou, descanse. Se tem festa, dance. Se está longe, alcance. Use sua chance.

Wednesday, January 14, 2015

A Europa e a poesia - Guillaume Apollinaire

Muito temos ouvido falar de França nestes últimos dias e não pelas melhores razões. Mas para além daqueles que querem destruir a civilização ocidental há a História e a Cultura que não podem ser ignoradas. E é sobre a cultura francesa que hoje vos venho falar. Isto à custa duma celebração, a do falecimento dum dos maiores poetas franceses contemporâneos que muito admiro, refiro-me a Guillaume Apolinaire. (Este é apenas um de muitos que preenchem a minha galeria poética). E aqui trago Apollinaire porque à dias - perdoem-me o atraso - se cumpriu mais um aniversário sobre o seu falecimento que ocorreu a 9 de Novembro de 1918. Guillaume Apollinaire (nascido Wilhelm Albert Włodzimierz Apolinary de Wąż-Kostrowicki), nasceu em Roma a 26 de Agosto de 1880 e faleceu - como atrás referi - a 9 de Novembro de 1918 em Paris. Foi um grande escritor e crítico de arte francês, possivelmente o mais importante ativista cultural das vanguardas do início do século XIX, conhecido particularmente pela sua poesia sem pontuação e gráfica, e por ter escrito manifestos importantes para as vanguardas na França, tais como o do cubismo, além de ser o criador da palavra surrealismo e talvez do próprio surrealismo, ele mesmo. Para aqueles que não conhecem a extraordinária poesia de Apollinaire, deixo-vos aqui um belíssimo poema - quase icónico da sua obra - chamado "Le pont Mirabeau" que podem escutar no link https://www.youtube.com/watch?v=AYrhBVtuIzI . Peço perdão a todos os que não são familiarizados com a língua francesa, mas não consegui encontrar este poema com legendagem em português. Mas, mesmo para esses, a melodia e o ritmo das palavras são bem evidentes da poesia de Apollinaire. Mesmo quando as núvens do obscurantismo parecem querer pairar sobre a Europa, recorremos à sua cultura para que elas logo se dissipem. Hoje quis celebrar este grande poeta. Outros se lhe seguirão porque a cultura europeia é fértil em nomes avassaladores que a elevam a patamares dificilmente atingíveis. Também espero que sirva para a descoberta da poesia de expressão francesa (e não só) porque a cultura será sempre aquilo que nos diferenciará de tudo o resto.

Intimidades reflexivas - 136

Muitas vezes, nesta vida nós somos o remédio da vida de outras pessoas. Quantas vezes você já curou uma pessoa com o seu abraço, com uma visita inesperada, com um sorriso bem dado numa manhã chuvosa ou até mesmo com um e-mail enviado sem a menor pretensão? Sua presença alegra a vida das pessoas, é um poderoso remédio contra a tristeza, a depressão, contra a dor e os sofrimentos da nossa alma. Estar presente na vida das pessoas que amamos é milagre poderoso e que pode se transformar em processos de cura absoluta.

Tuesday, January 13, 2015

Amanhã de novo nas bancas o Charlie Hedbo

Amanhã vai sair para as bancas o primeiro jornal do Charlie Hebdo depois do atentado de que foi vítima. Ao que parece pela capa que publico aqui, a linha manter-se-à a mesma que o celebrizou no passado. Será uma maneira de homenagear todos os que foram abatidos, redatores e editores, que pagaram com a própria vida a maneira como interpretavam a liberdade de imprensa no seu país. Podemos estar de acordo ou não com a linha editorial do jornal, mas a maneira como olhavam para o mundo, apesar de polémica, não pode justificar o que se passou. Isso apenas serviu para lhe dar mais publicidade, mesmo junto daqueles que habitualmente não o liam ou que até desconheciam a sua própria existência. Uma ironia no meio da tragédia. Esta edição terá uma tiragem de três milhões de exemplares, muito acima da que habitualmente tinha que era de sessenta mil exemplares. Será um número de coleção quer se queira quer não.

Intimidades reflexivas - 135

"Estou mais perto de ti porque te amo.
Os meus beijos nascem já na tua boca.
Não poderei escrever teu nome com palavras.
Tu estás em toda a parte e enlouqueces-me.


Canto os teus olhos mas não sei do teu rosto.
Quero a tua boca aberta em minha boca.
E amo-te como se nunca te tivesse amado
porque tu estás em mim mas ausente de mim.

Nesta noite sei apenas dos teus gestos
e procuro o teu corpo para além dos meus dedos.
Trago as mãos distantes do teu peito.

Sim, tu estás em toda a parte. Em toda a parte.
Tão por dentro de mim. Tão ausente de mim.
E eu estou perto de ti porque te amo."

Joaquim Pessoa, in 'Os Olhos de Isa'