Turma Formadores Certform 66

Monday, January 29, 2007

No limiar do sonho



Hoje venho prestar homenagem a um Homem que muito me ajudou e contribuiu para eu ser aquilo que hoje sou. Estou a falar do meu avô, José da Silva Matos. Homem de condição humilde, veio a acabar como empregado do Bank of London & South America, Limited. Foi uma figura tutelar para mim e para todos aqueles que o conheceram. Ainda hoje, 15 anos após o seu falecimento, ele é recordado por vizinhos e amigos. Quando estive ao serviço da Fundação para a Reabilitação da Zona Histórica do Porto, pediram-me para elaborar um texto para a exposição que algumas entidades iriam efectuar sobre o tema da zona histórica, foi assim que nasceu este texto/homenagem. No dia 21 de Junho de 2000 ficou concluído, e agora gostaria de o partilhar com vocês todos. Ele aqui fica:

"Estou junto à vidraça. A chuva lá fora crepita, esborrachando-se contra a janela. O vento fustiga a espessa folhagem das árvores que habitam o vetusto jardim. No gira-discos o som pesado da música, triste e nostálgica como o dia pintado de cinza que insiste em não deixar o sol sorrir.

Neste dia triste vêm-me à memória as imagens de parentes que já não conseguimos tocar no dia-a-dia. Especialmente essa imagem venerável de meu avô, que sempre insistiu em driblar a idade, permanecendo sempre rijo e activo quase até à hora em que nos deixou.

Sempre activo, com uma palavra encorajadora, ele que temia a morte ao dobrar da esquina, e que à medida que a velhice lhe ia corroendo a existência, o foi tornando mais forte, mais corajoso. A determinação de se ir juntar à mulher, minha avó, que entretanto já tinha partido, dava-lhe essa força.

No dia anterior à sua morte, fixou a parede ao fundo do quarto e disse: “ Que lindo jardim estou a ver, é para ali que vou. Se todos soubessem isso ninguém teria medo da morte “.

Com a lucidez que o caracterizava, e que o acompanhou até ao momento em que cortou o cordão umbilical com a existência material, ditou-me o epitáfio que queria ter na sepultura. No dia em que me deixou, ao despedir-se de mim, horas antes disse: “ Despede-te do teu avô porque o não verás vivo nunca mais “. E assim foi, horas depois recebi a notícia da sua morte. Até na morte soube controlar o tempo.

Dou comigo a pensar nisto tudo, e a chuva continua a bater forte na vidraça. A música continua arrastada lá no fundo, o frio vai-me embebendo os ossos.

Vêm-me à memória as brincadeiras da minha meninice, dos brinquedos no Natal, do fazer da árvore, do carinho com que ia comigo ao musgo e aos carvalhos para a cascata a homenagear os Santos Populares.

Neste momento acordo, com um dia radioso de Verão, com a felicidade de ter estado ali com ele de novo, ao estender do braço. Como foi bom voltar a ser menino, sentir o mesmo aconchego que durante tantos anos povoou a minha existência.

Que frágil a fronteira entre a realidade e o sonho. Será que estou a sonhar quando vivo, ou vou vivendo no sonho de um dia me reencontrar comigo mesmo?"


Request in Pace.

Friday, January 26, 2007

Veneza - Do sonho para a realidade


Olá amigos, hoje trago-vos a pérola do Adriático, Veneza. Uma cidade de encantos, de penumbras, de olhares disfarçados. Lá somos transportados do sonho para a realidade, ou quiçá, o contrário. Pouco importa, apenas devemos disfrutar, se possível na companhia de alguém que consideremos especial. É um sacrilégio lá estar sozinho. Sempre que por lá passo, acabo por descobrir algo que até aí não me tinha surgidos aos olhos. Lembram-se do nostálgico "adaggietto" da 5ª sinfonia de Mahler, que servir de tema no filme "Morte em Veneza"? A nostalgia da música tem muito a ver com a nostalgia das gentes. Quem quiser sentir esse ambiente fantástico, e não tenha a possibilidade de por lá passar, não deixe de ler o "Diário Íntimo" de George Sand. Uma pérola, tal como Veneza...

Friday, January 19, 2007

Diana Krall uma diva do jazz


Existem pessoas que nascem para encantar, é o caso de Diana Krall. Uma pianista de excepção com uma voz divinal, faz desta artista uma das vozes de referência do jazz actual. Quem não se lembra de temas como "The look of love", "When I look in your eyes" ou "Temptation", apenas para citar alguns dos mais conhecidos. Para aqueles que não são muito familiarizados com o jazz, poderá ser uma aproximação excelente a este género musical, através desta artista que consegue, duma forma magistral, fazer uma ligação perfeita entre o jazz e outras formas de expressão mais convencionais. Os seus discos são disso exemplo, para ouvir sempre... com prazer.

Monday, January 15, 2007

História de Lamego - 8



Aqui volto de novo à cidade de Lamego. Desta vez a cores, fotos mais recente, mas sempre o mesmo motivo. Terra de boas gentes e belas mulheres, aqui está Lamego no seu esplendor. Terra fria no inverno e sufocante no verão, terra de gente rija, uma marca dum outro Portugal. Aqui termino este breve viajar por Lamego. embora ainda muitas fotos existam para publicação, penso que é tempo de dar lugar a outros temas. Falar de Lamego levar-nos-ia muito mais tempo, estes oito capítulos tiveram como motivação, apenas e só, dar a conhecer um pouco desta bela terra, e aguçar a curiosidade para uma visita logo que possível. Queria agradecer à pessoa que me facultou estas fotos, sem elas não teria sido possível, ou pelo menos não seria tão apelativo falar deste tema. Agradeço também à pessoa que as comentou, tão sabiamente o fez e com tal profundidade que nos surpreendeu a todos e concerteza também nos enriqueceu.

Wednesday, January 10, 2007

História de Lamego - 7



Olá amigos, parece que o(a) nosso(a) colaborador(a) se intimidou. A jeito de provocação vou por mais umas fotos, a ver se temos alguma reacção.
E nós que ficamos sem saber a tal estória do Museu de Lamego... Mas como a esperança é a última a morrer, talvez tenhamos desenvolvimentos no futuro. Para já, continuamos a rever esta linda cidade, na tonalidade a preto e branco, tal como uma mulher envergonhada se esconde por trás dum véu. Desfrutem que vale a pena. E já agora, porque não colocarem fotos das vossas cidades, seria interessante.

Friday, January 05, 2007

Lamego terra de História - 6



Cá volto eu ao tema que nos tem acompanhado nos últimos tempos, a cidade de Lamego. O nosso(a) comentador(a) mistério, vai-nos acicatando com as suas histórias, que servem, assim espero, para nos enriquecer a todos nós. Mas ficou-me aquela da estória recambolesca do Museu de Lamego. Será que poderíamos saber mais um pouco, enfim, adocicado com a têmpera literária que o(a) nosso(a) comentador(a) vem mostrando desde o início desta saga? As fotografias ainda não se esgotaram, espero em breve dar-vos a conhecer mais algumas. Mas aguarde-mos pelos comentários...

Tuesday, January 02, 2007

Nichvlavs Terribilis - 2

Eu, Nicolau, mais conhecido pelo "terrível", (que injustiça), vos saúdo na entrada no novo ano de 2007. Que este ano vos traga tudo o que desejam. Au-Au.

Lamego terra de História - 5



Olá meus amigos. Espero que tenham tido boas festas. Ano novo, vida nova, é habitual dizer-se. Apesar do aforismo popular, eu vou voltar a um tema que me é caro, e porque tenho ainda algumas fotos a partilhar convosco. Já adivinharam, estou a referir-me a Lamego. Essa terra bonita lá para o interior do nosso país que, tal como outras, ficam normalmente esquecidas das pessoas que vivem no litoral. Terra a descobrir quanto mais não seja através da lente a preto e branco, que lhe confere uma sobriedade e uma majestade que muitos não acreditariam que fosse possível. Espero contar com os comentários tão enriquecedores e tão profundos que nos tem acompanhado nos capítulos anteriores, procedentes do nosso colaborador mistério...