Turma Formadores Certform 66

Tuesday, August 31, 2021

E lá se acabaram as férias!

E pronto! Lá se foram as férias. Como sempre dizemos para o ano há mais, mas cá para nós, bem que poderiam estender-se por mais um pouco. Mas enfim, é assim mesmo. Agora à que voltar ao trabalho porque assim terá de ser. Espero que todos os que puderam gozá-las tenham tido uma boas férias. E tenhamos a esperança que para o ano sejam bem melhores, bem longe da pandemia que anda por aí e que parece que não mete férias. Agora ao trabalho com força e determinação.

Monday, August 30, 2021

Intimidades reflexivas - 1437

"Viajar? Para viajar basta existir. Vou de dia para dia, como de estação para estação, no comboio do meu corpo, ou do meu destino, debruçado sobre as ruas e as praças, sobre os gestos e os rostos, sempre iguais e sempre diferentes, como, afinal, as paisagens são." - Bernardo Soares (heterónimo de Fernando Pessoa) in 'Viajar? Para viajar basta existir'.

Sunday, August 29, 2021

Vilar de Mouros - Um festival com História

Passam 50 anos sobre o primeiro grande festival de música que se realizou em Portugal, falo do Festival de Vilar de Mouros, organizado pelo saudoso médico, o Dr. António Barge. Por lá andei, então com os meus 15 anos, como tantos jovens da época. Queríamos ver os grandes da música de então, desde logo o grande Elton John que nessa época estava no auge da sua carreira. Ficou conhecido como o Woodstock português, por associação ao grande festival que se tinha realizado nos EUA em 1969. Lembro-me nessa altura, de haver imensa polícia que não estava habituada a tais manifestações, para não falar na polícia política que fotografava tudo e todos. Mas então, o que interessava era a música que nos tinha aí levado e os banhos no rio Minho em que havia uma grande fraternidade onde todos estavam nus e felizes. Embora pouca coisa tenha chegado a nós dos EUA pela política isolacionista da ditadura, alguma coisa começava a mudar e nós, jovens dessa época, tentávamos imitar tudo o que nos ia chegando a conta gotas do outro lado do Atlântico. O embaraço das autoridades era enorme, ainda hoje recordo da confusão reinante nessa altura, onde a droga também fazia a sua aparição, algo que era uma novidade entre nós. Mas ficou a experiência e o sinal de que a História não se pode parar e que as coisas iam mudar a curto prazo. O festival foi uma espécie de revolução cultural, sexual, musical nessa época. A outra estava perto, veio três anos depois.

Saturday, August 28, 2021

intimidades reflexivas - 1436

"Já reparou naquilo a que chamo a agonia do trabalho? Toda a nossa vida gira em função do trabalho. Quando se pergunta a alguém o que é, nunca temos a resposta: sou homem ou sou mulher. Diz-se: sou engenheiro, eletricista, médico. Só se é gente em referência ao trabalho. Um desempregado sente-se um pária e, todavia, ele é gente, a coisa mais extraordinária que se pode ser. Espero que as máquinas venham restituir às pessoas, aliviando-as do trabalho, a capacidade criativa, aquilo que nelas se oculta. Mas a transição parece-me estar a ser difícil porque as pessoas demoram muito tempo a render-se ao novo. Exigem provas seguras, entram com cautela no desconhecido." -  Agostinho da Silva (1906-1994) em entrevista a Lurdes Féria, 1986.

Friday, August 27, 2021

"A Madrugada em Birkenau" - Simone Veil

O prometido é devido. Há dias falei do campo de concentração de  Auschwitz-Birkenau. Hoje venho falar sobre o livro que citei duma sobrevivente desse campo, Simone Veil. O livro "A Madrugada em Birkenau" é um livro inquietante porque escrito na primeira pessoa. Não é um romance, nem um guião de cinema. é algo que nos fala de quão baixo pode a Humanidade chegar. E isto aplica-se quer aos prisioneiros, quer aos seus algozes. Um testemunho do holocausto, uma narrativa pessoal (inédita) por uma das mais destacadas figuras da política europeia da segunda metade do século xx.Numa primeira parte do livro, Simone Veil fala da sua infância, da família, recorda o início das perseguições raciais em França, e relata a deportação, a vida nos campos de Drancy, Auschwitz-Birkenau, Bergen-Belsen, e o impacto destes acontecimentos na vida que se lhes seguiu. Na segunda parte, dialoga com antigos companheiros sobreviventes do holocausto, e com a irmã, membro da Resistência, e que reencontrou no fim da guerra. Um extraordinário documento histórico, enriquecido por muitas fotografias (dos anos trinta e de anos recentes): deportada aos 16 anos, Simone Veil veio a tornar-se a francesa mais popular e uma das mulheres mais importantes da política europeia do século xx. Simone Veil habita literalmente este livro. O leitor ouve a sua voz e sente a sua liberdade interior. Sobre a autora, Simone Veil nasceu em Nice em 1927 e viria a falecer em Paris em 2017. Foi uma política francesa, que se tornou célebre pelo facto de enquanto Ministra da Saúde ter defendido, em 1974, um projeto de lei que despenalizou a interrupção voluntária da gravidez em França. Foi também a primeira mulher a presidir ao Parlamento Europeu (1979-1982). E foi membro do Conselho Constitucional de França. Este é um livro que merece a vossa melhor atenção numa altura em que as ideias que estiveram na origem destes campos começam a aparecer por aí embrulhadas em papel brilhante com laço a preceito. Este é um livro perturbador, mas também um libelo que nos exorta a todos a estar atentos a quem defende ideias próximas destas.Um livro para ser lido com muita atenção. A edição é da Quetzal.

Thursday, August 26, 2021

O Dia do Cão

Neste dia do cão, uma homenagem a alguns dos que partilharam a caminhada da vida comigo.

Wednesday, August 25, 2021

Já visitaram Auschwwitz Birkenau?

Será que alguns dos meus amigos já visitaram o antigo campo nazi de Auschwitz-Birkenau? Para quem não conhece este campo da morte da II Guerra Mundial fica situado na Polónia na província de Oświęcim. Tudo é sombrio e então se lá forem no Inverno verão a neve a cobrir parte do percurso. O silêncio é pesado. Muitos dos visitantes entram como se estivessem a entrar num santuário. É frequente ver-se gente que chora e que reza. Mas apesar do ambiente pesado que ali se vive, não deixa de ser curioso que saímos com a sensação de tudo um pouco artificial, demasiado arranjado e preservado. Parece que algo bem mais sinistro andou por ali e que não conseguimos percecionar. Para quem conhece esse sinistro local, trago uma passagem duma sobrevivente desse campo nazi - uma figura que viria a dar cartas na política europeia - a francesa de origem judaica Simone Veil. O testemunho que viveu  na primeira pessoa é pungente e diz o seguinte: "Hoje quando volto ao local de Auschwitz, vê-se erva e árvores. Os relvados estão cuidados, os edifícios encontram-se em bom estado, de uma bela cor com patine. Até o arame farpado parece sereno. Ninguém se apercebe de que, em cada torre de vigia, havia SS com metralhadoras. Aquilo que hoje se vê não se assemelha ao campo. De maneira nenhuma. De qualquer modo, esses locais não traduzem sensações físicas. O campo era o cheiro dos corpos que ardiam. Uma chaminé cujo fumo escurecia o céu. Lama por todo o lado. Galochas nos pés, nós nessa lama. Quanto às árvores, só as víamos de longe. Os SS e os kapos permaneciam vigilantes, prontos a desferir golpes com a matraca de borracha. Um pouco por todo o lado, entre os barracões, circulavam seres que eram quase coisas. Era difícil ver neles seres humanos. Deportados chegados a um estado de esgotamento total. Chamavam-nos 'muçulmanos'. Esses esqueletos vagamente vestidos permaneciam por terra, até que a pancada os obrigasse a levantarem-se." (Extrato do seu livro, 'A Madrugada em Birkenau', livro que aqui trarei em breve). Sei que é importante preservar os locais históricos e turísticos, mesmo que sejam locais sinistros como este. Mas também acho que o excessivo arrumo das coisas pode dar uma ideia errada de que afinal 'aquilo não era assim tão mau'. Mas era mau. Era horrendo e muitos pagaram um preço elevado quando por lá passaram, deixando aquilo que de mais precioso teriam, a própria vida. Numa altura em que andam por aí a clamar ideias nazis, será bom que não nos esqueçamos destes exemplos. e sobretudo, dos depoimentos de quem por lá passou e sobreviveu como por milagre. É bom que a memória não se apague mesmo por trás dos muros bem aprumados e pintados.

Tuesday, August 24, 2021

Sete anos já passaram

Cumprem-se hoje sete anos que perdi a minha cadela Tuxa. Para quem segue estas memórias, direi que a Tuxa foi a mãe adotiva do Nicolau. Foi abandonada ainda jovem à porta do prédio onde então vivia na Maia. Um jovem deixou-a ficar depois de andar ali bastante tempo com ela  para cima e para baixo. Via-se que não se queria afastar dela mas certamente estava a fazê-lo por talvez alguma imposição. Por lá andou dois meses. Via todos os dias, mas já tinha uma outra cadela grande em casa também abandonada a minha porta. Ter animais em prédios não é fácil embora eu tivesse um grande terraço para eles brincarem. Mas a vizinhança não gostava. Um belo dia, sábado depois de almoço fui dar uma volta e ela logo apareceu. Estava habituada a que lhe desse comida e água. Tinha um lenço comigo e deitei-lho ao pescoço e ela logo me seguiu feliz e contente. Veio para casa e era visível a sua alegria. Estava habituada a viver em casa sem sombra de dúvidas. A Bebé, que era a outra cadela que recolhi, logo a aceitou. Era muito meiga. A Tuxa era mais rebelde e como ainda era muito jovem era também irrequieta. Quando a Bebé morreu já ela era mais crescida mas continuava com o seu ar rebelde. Comia muito e duma forma que parecia que estava cheia de fome, coisa que sempre fez até à sua morte. Depois veio o Nicolau. Ainda bebé e muito turculento logo foi adotado pela Tuxa. Ela era uma mãe extremosa sempre atenta. Ele dormia junto dela. Ela ensinou-lhe tudo. Ele era rebelde e por vezes ela tinha que se impor. Mudamos para a moradia onde habito atualmente e então passaram a ocupar um espaço bem maior. Mas a velhice foi chegando e a doença também. Teve um cancro que lhe afetou uma vista ainda sofreu vários anos com isso até que me deixou faz hoje sete anos. Era uma tarde de sábado e a Tuxa desceu as escadas sozinha, coisa que já não fazia à muito, e veio deitar-se no jardim num sítio que era o seu predileto. Estava muito quente. Abri um guarda-sol para lhe dar alguma frescura e ali fiquei junto dela. Ainda por lá ficou algumas horas. Depois mostrou sinais de ter sede. Fui buscar-lhe água, ajudei-a a erguer-se um pouco e ela bebeu sofregamente. Alguns segundos depois morria. Foi uma companheira de muitos anos. Forte e temperamental era, juntamente com o Nicolau, os guardiões da casa. Sete anos volvidos hoje é o dia de homenagear a sua memória. Que estejas em paz, Tuxa!

Monday, August 23, 2021

'Fausto' - Goethe

Proponho-vos neste dia uma viagem a um livro que é um clássico da literatura alemã, trata-se de 'Fausto' de Goethe. Não vos vou falar aqui da obra porque é bastante conhecida - pelo menos do público mais culto - mas sim duma tradução. A tradução é do João Barrento e é algo de fascinante. Parece que este livro foi escrito em português e não numa língua tão diferente como o alemão. É comovente a leitura deste livro na tradução de Barrento (uma das melhores que conheço) pela maneira como o texto é fiel mas com uma adaptação fascinante à nossa língua. Não é normal trazer aqui os tradutores mas, podem crer, que esta nota é justa. Convido-vos a ler o livro nesta tradução e, se já leram outras traduções, verão que estão perante algo verdadeiramente incrível. A edição é da Relógio d'Água.

Sunday, August 22, 2021

Intimidades reflexivas - 1435

"De três coisas precisam os homens: prudência no ânimo, silêncio na língua e vergonha na cara." - Sócrates (470 a.C.-399 a.C)

Saturday, August 21, 2021

Encontro gratificante

Já não o via há um par de anos. Estive com ele no passado domingo. Falo dessa figura de andarilho do mundo, missionário de causas nobres, Frei Fernando Ventura, franciscano dos Frades Capuchinhos. Mais conhecido pela sua participação em vários canais televisivos como comentador, Frei Fernando Ventura é um homem fascinante, um dos maiores biblistas mundiais. É sempre gratificante estar com ele, saímos sempre mais enriquecidos. É um bálsamo, uma espécie de banho cultural quando nos cruzamos com figuras com esta dimensão. Com ele acabo sempre por ter diálogos inesquecíveis. Este também o foi. Falou-se da Covid como não podia deixar de ser - ele que estava a sair dum confinamento - e que logo acrescentou que estava bem, tal qual as outras pessoas infetadas com que se tinha cruzado. Falamos de Fé em tempos de exigência como são estes que vivemos e logo saiu mais uma das suas explicações sobre o Evangelho de Lucas e como Maria (mãe de Jesus) ao dirigir-se para casa da sua prima em Judá logo se cruzou com Zacarias e o saudou (o que era considerado um forma bem desrespeitosa numa época em que se devia saudar primeiro o dono da casa e esse dono era Isabel sua prima). A partir daqui traçou alguns cenários filosóficos como tantas vezes acontece com Frei Fernando Ventura, nunca deixando de mergulhar na realidade atual e dessa época porque são as pessoas que fazem o mundo à sua volta como costuma dizer. Falou-me da sua obra em São Tomé - a construção de um lar para idosos - e de como tudo parecia difícil dada a verba em causa, mas que logo apareceu, faltando bem pouco para a sua conclusão. 'Este é mais um dos pequenos milagres que acontecem' afirmou Frei Fernando Ventura. E assim, lá fomos esgotando algumas horas na ampulheta do tempo, horas muito interessantes e sempre construtivas. No fim ainda me dizia, 'olha como estamos apoquentados com o Covid por cá, agora imagina o que se passa em São Tomé, onde não chegam vacinas (ou são poucas) e onde o dinheiro escasseia'. Acrescentando ainda que apesar disso, lá vão mais umas toneladas de equipamentos médicos, vacinas, medicamentos, etc. Muitas toneladas que vão de Portugal para lá porque há sempre mecenas interessados em ajudar e fazer acontecer os tais 'pequenos milagres'. Depois lá seguimos, cada um a sua vida, Frei Fernando Ventura seguindo com aquela simplicidade que só têm os grandes homens, aquele sorriso franco e leal dum andarilho pela Fé; e eu, deixei-o com aquela sensação grandiloquente que sempre me fica quando me cruzo com ele. Cheio de temas para reflexão, interpelações que me inquietam e me fazem pensar, num tempo difícil e exigente como este que todos estamos a viver. Frei Fernando Ventura é aquele bálsamo que muitas vezes precisamos para ir em frente, aquela água que mata a sede áquele que está no deserto com a sua fé abalada, aquela facho que ilumina e rasga a escuridão das nossas mentes perdidas no quotidiano. Não sei quando o voltarei a ver. É sempre assim que penso quando me cruzo com ele, porque nunca sei qual a demanda em que se envolve e o leva para terras distantes a privar com os mais pobres. Afinal é essa a sua missão, a dum missionário que leva a mensagem espiritual a quem dela mais carece, a esperança a quem já está em desespero, a espiritualidade a quem dela tanto precisa, mas também o material para amenizar as vidas mais sofridas. Até um dia Frei Fernando Ventura. Que Deus te acompanhe.

Friday, August 20, 2021

Intimidades reflexivas - 1434

"Somos assim. Sonhamos o voo, mas tememos as alturas. Para voar é preciso amar o vazio. Porque o voo só acontece se houver o vazio. O vazio é o espaço da liberdade, a ausência de certezas. Os homens querem voar, mas temem o vazio. Não podem viver sem certezas. Por isso trocam o voo por gaiolas. As gaiolas são o lugar onde as certezas moram. É um engano pensar que os homens seriam livres se pudessem, que eles não são livres porque um estranho os engaiolou, que se as portas das gaiolas estivessem abertas eles voariam. A verdade é o oposto. Os homens preferem as gaiolas ao voo. São eles mesmos que constroem as gaiolas onde passarão as suas vidas." - Rubem Alves (1933-2014)

Thursday, August 19, 2021

Intimidades reflexivas - 1433

"O meu trabalho é escrever até que as pedras se tornem mais leves que a água. Não são romances o que faço, não conto histórias, não pretendo entreter, nem ser divertido, nem ser interessante: só quero que as pedras se tornem mais leves que a água. Em pequeno, à noite, no Verão, de luz apagada, ouvia o mar na cama: a mesma onda sempre, ainda hoje a mesma onda a trazer a praia e a levar a praia e, ao levar a praia, eu suspenso do nada sem tocar nos lençóis. A cómoda do quarto estalava de vez em quando, perto do vidro da janela um pinheiro sem fim. " - António Lobo Antunes in Revista Visão, 11-08-2016.

Wednesday, August 18, 2021

"O Segredo do Mercador de Livros" - Marcello Simoni

Proponho hoje mais um livro interessante, um daqueles livros de férias que nos transporta a tempos idos. 'O Segredo do Mercador de Livros' transporta o leitor para a Europa do século XIII. Numa época marcada pela ignorância, esta é a história da demanda de um homem pela sabedoria, uma busca forte e determinada que abala os poderes instituídos. A fama de Ignazio de Toledo precede-o. O famoso caçador de relíquias viaja pela Europa medieval à procura de manuscritos raros. Quando um segredo do seu passado desperta a atenção dos frades dominicanos e ameaça o legado do rei Afonso IX de Leão, o mercador vê se enredado numa conspiração vertiginosa e sem precedentes. Tal como já habituou os seus leitores, Marcello Simoni volta a oferecer-nos uma verdadeira viagem no tempo, não apenas pelo rigor da reconstrução histórica, mas também pelo realismo com que retrata crenças, esperanças, desejos e medos de quem viveu na época. Marcello Simoni nasceu em Comacchio, em 1975, onde atualmente vive e trabalha. Licenciado em Letras, trabalha como bibliotecário mas já foi arqueólogo. 'O Mercador de Livros Malditos' foi o seu romance de estreia, que rapidamente conquistou o público internacional e a crítica, tendo sido distinguido, entre outros, com o Prémio Bancarella. A edição é do Clube de Autor.

Tuesday, August 17, 2021

Apenas diz que me adoras...

Apenas diz que me Adoras... Só hoje... E não percas tempo a pensar... Quero sentir chamas pelo meu corpo quando te ouvir dizer o meu nome... Na mesma intensidade que o sangue corre nas minhas veias quero sentir a paixão fluir nos meus ossos... Só hoje... Diz que me Adoras...

Monday, August 16, 2021

O preconceito LGBT

Há dias fui surpreendido por uma afirmação em torno da comunidade LGBT. Fiquei surpreendido porque a pessoa que levantou a questão era uma daquelas pessoas que considero de espírito aberto e tolerante. Pelos visto ter-me-ei enganado. Todo este preconceito me parece ridículo nos dias que correm. Por vezes esquecemo-nos que os telhados encobrem muita coisa. Todos conhecemos casos de casais heterossexuais que, por trás duma aparente felicidade, vivem uma vida sem sentido e sem amor. (Isso é mais visível nas gerações anteriores incluindo a minha). Pelo contrário, todos conhecemos casais homossexuais que, para além do preconceito, têm uma vida plena de felicidade. Mas deixem que vos traga aqui um exemplo. Conheço uma jovem desde o seu nascimento - ela foi criada praticamente na minha casa - e que é bissexual. Teve relações heterossexuais que não duraram muito e veio a descobrir a verdadeira felicidade junto duma outra mulher sua amiga desde há muito. Depois da descoberta da sua sexualidade por outra mulher, esta jovem assumiu o seu estatuto, vindo a casar com a sua amiga. (Esta jovem tem um nome chama-se Patrícia Sousa e aqui o cito porque ela não tem complexo algum na sua assumida relação fazendo disso gala nas redes sociais que frequenta). Perante algumas barreiras que parte da sua família levantou, ela levou a sua avante e hoje, utilizando as suas próprias expressões, está a viver um verdadeiro romance que já dura vai para um par de anos. A Patrícia - gosto mais de utilizar o outro nome de Liliana com que a vi crescer - não teve rebuço algum em assumir a sua sexualidade, afinal era a sua vida, a sua felicidade que estava em jogo e, ao que tudo indicia, acertou em cheio. Fui dos primeiros a dar-lhe os parabéns e talvez um dos poucos que o fizeram sem pertencer a nenhuma das famílias envolvidas. Muitos perguntarão porque o fiz sendo eu oriundo duma outra geração? Apenas e só porque acho que a liberdade é algo de muito importante e a opção de vida deve ser a que cada um escolhe independentemente dos (pré)conceitos dos demais. Depois porque apesar de ter sido educado por gerações bem mais recuadas ao destas jovens, sempre me ensinaram o valor da tolerância face aos demais. A Liliana hoje é uma mulher feliz, ainda mais bonita fruto certamente do seu idílio, mas com assumida postura face aquilo que quer para o seu futuro. (Hoje, com os avanços que a ciência nos mostra, - avanços diabólicos para alguns -, até podem vir a conceber filhos). Talvez ela o tenha nos seus planos futuros. Mas seja como for, o simples facto de romper com as grilhetas do preconceito representa já uma força de convicções bem raras em muitos jovens. Afinal o preconceito social está baseado naquilo que chamamos a 'natureza' - face à 'contra natura' que para alguns estas relações revelam - mas isso é apenas o que está estabelecido. Porque se o convencionalismo social fosse outro tudo seria normal porque a 'normalidade' seria outra. Por variadas vezes trouxe aqui uma questão (que ficará sempre sem resposta) a saber, e se estivéssemos a viver numa espécie de matrix? Se afinal tudo não passasse duma espécie de espelho que reflete uma visão simétrica a quem o olha? Se calhar não estaríamos a ter aqui esta conversa. O preconceito, seja ele qual for, é sempre uma arma de retrocesso. Em pleno século XXI, pois deixemos a liberdade de cada um ser feliz dentro daquilo que são os seus padrões, sem que disso façamos arma de arremesso. Afinal a felicidade tem muitas faces e esta é apenas uma delas. 

Sunday, August 15, 2021

Intimidades reflexivas - 1432

"A despedida é uma tristeza tão doce." - William Shakespeare (1564-1616) in 'Hamlet'.

Saturday, August 14, 2021

Intimidades reflexivas - 1431

"O homem que tenta ser bom o tempo todo está fadado à ruína entre os inúmeros outros que não são bons." - Nicolau Maquiavel (1469-1527)

Friday, August 13, 2021

intimidades reflexivas - 1430

"A arte de viver consiste em tirar o maior bem do maior mal." - Machado de Assis (1839-1908)

Thursday, August 12, 2021

Intimidades reflexivas - 1429

"Gosto do teu cheiro. Se te apetecer voltar toca a campainha três vezes e eu carrego naquele botão que abre a porta da rua. E se me avisares com antecedência compro um bolo. Quando não estiveres cá e me sentir sozinho como as migalhas que sobrarem. Vou contar-te um segredo: há alturas em que as migalhas ajudam." - António Lobo Antunes in 'Quarto livro de crónicas'.

Wednesday, August 11, 2021

Intimidades reflexivas - 1428

"Devo estar a ficar velho: as Paulas Cristinas têm mais de 20 anos, os Brunos Miguéis já vão nos 15, as Kátias e as Sónias deram lugar a Martas, Catarinas, Marianas. A maior parte dos polícias são mais velhos do que eu. Comecei a gostar de sopa de nabiças. A apetecer-me voltar mais cedo para casa. A observar, no espelho matinal, desabamentos, rugas imprevistas, a boca entre parêntesis cada vez mais fundos. A ver os meus retratos de criança como se fosse um estranho. A deixar de me preocupar com o futebol, eu que sabia de cor os nomes de todos os jogadores do Benfica (…). A desinteressar-me dos gelados do Santini que o Dinis Machado, de cigarrilha nas gengivas achava peitorais. Se calhar, daqui a pouco, uso um sapato num pé e uma pantufa de xadrez no outro e vou, de bengala, contar os pombos do Príncipe Real que circulam, de mãos atrás das costas como os chefes de repartição, em torno do cedro. Ou jogar sueca, com colegas de boina, na Alameda Afonso Henriques de manilha suspensa no ar, numa atitude de Estátua de Liberdade." - António Lobo Antunes in 'A Velhice'.

Tuesday, August 10, 2021

Intimidades reflexivas - 1427

"Um amor, uma carreira, uma revolução: outras tantas coisas que se começam sem saber como acabarão." - Jean-Paul Sartre (1906-1980)

Monday, August 09, 2021

Intimidades reflexivas - 1426

"De manhã é a curiosidade que me acorda." - Frederico Fellini (1920-1993)

Sunday, August 08, 2021

John Milton (1608-1674)

Venho hoje falar dum grande poeta inglês de nome John Milton (Londres 9 de dezembro de 1608 — Londres, 8 de novembro de 1674),  - contemporâneo de Shakespeare -, foi poeta, polemista, intelectual e funcionário público inglês, servindo como Secretário de Línguas Estrangeiras da comunidade da Inglaterra sob Oliver Cromwell. Escreveu num momento de fluxo religioso e agitação política, e é mais conhecido por seu poema épico 'Paraíso Perdido' (1667), escrito em verso branco. Foi ao lado de Cromwell que Milton se sublevou contra a monarquia inglesa, pretensão que viria a falhar. Na sequência da derrota, Cromwell viria a ser executado e Milton viria a ser cego, castigo que foi considerado brando face ao que aconteceu aos seus correligionários. Mas como sempre acontece nestes casos, os seus algozes desapareceram na poeira do tempo enquanto Milton se tornou numa referência da literatura inglesa. Milton escreveu em 'Paraíso Perdido', ' Por acaso pedi a Ti,, Ó Criador, que do barro/Me moldasses Homem, por acaso solicitei a Ti/ Que da escuridão me resgatasses?' Um poeta e um livro a (re)ler com atenção.

Saturday, August 07, 2021

intimidades reflexivas - 1425

"Amigo: alguém que sabe de tudo a teu respeito e gosta de ti assim mesmo." - Elbert Hubbard (1856-1915)

Friday, August 06, 2021

"O Colecionador de Quadros Perdidos" - Fabio Delizzos

Quero falar hoje do livro de Fabio Delizzos de nome 'O Colecionador de Quadros Perdidos'. O mercador de arte ao serviço do duque Cosimo De' Medici anda em busca de pinturas consideradas heréticas pela inquisição. Crimes diabólicos estão a ser perpetrados na cidade eterna durante o conclave Quem se esconde por trás do pintor maldito conhecido como anónimo? Roma, maio, 1555. Raphael Dardo, agente secreto e mercador de arte ao serviço de Cosimo de’ Medici, recebe uma missão: apropriar-se de obras de arte que a Inquisição considerou heréticas, antes que estas sejam destruídas. É isso que o traz a Roma, nos dias em que a Cidade Eterna aguarda ansiosamente a eleição de um novo papa. Ao regressar de uma das suas rondas em busca de pinturas, Raphael assiste a uma cena macabra: o corpo sem vida de uma jovem está a ser retirado do rio Tibre. O seu rosto, de uma enorme beleza, é bem conhecido na cidade, porque a rapariga posara como modelo para vários pintores famosos. O Santo Ofício está convencido de que a pessoa responsável por este assassinato é um artista misterioso e insociável, cujas pinturas são tidas como obra do diabo. Ninguém lhe conhece o rosto, mas toda a gente o trata por o Anónimo. Por entre mosteiros e bordéis, tabernas e labirintos subterrâneos, Raphael Dardo começa a seguir o rasto do pintor maldito, conhecendo pelo meio mulheres diabólicas, artistas loucos, colecionadores extravagantes e hereges satânicos. Mas rapidamente se vê emaranhado em algo bem mais perigoso do que previa. Quem é o Anónimo? E por que motivo todos o perseguem? Este livro é anterior a outro que aqui trouxe a semana passada do mesmo autor. Sem ser uma saga penso que a leitura deste deveria anteceder o outro para melhor enquadramento da trama e sobretudo das personagens. Um livro cheio de força que nos agarra desde o início e nos faz continuar rapidamente até ao seu fim. Uma trama bem urdida onde o real e a fantasia se misturam não se sabendo bem onde começa uma e acaba a outra. Sobre o autor, Fabio Delizzos, nasceu em Turim em1969, cresceu na Sardenha e vive em Roma. É formado em Filosofia e, além de escritor, trabalha como criativo publicitário. Os seus romances, de grande sucesso em Itália, tê sido muito bem acolhidos pela crítica e pelos leitores de diversos países. A edição é da Editorial Presença.

Thursday, August 05, 2021

intimidades reflexivas - 1424

"Acima de tudo a miséria tem causas nas religiões heréticas e nas doutrinas falsas." - Daisaku Ikeda

Wednesday, August 04, 2021

Intimidades reflexivas - 1423

"Tudo o que é eterno está eternamente acima do tempo." - C.S.Lewis (1898-1963)

Tuesday, August 03, 2021

"A Catedral dos Evangelhos Perdidos" - Fabio Delizzos

Entramos no período nobre de férias. Isso também significa que temos mais tempo para o lazer e para a leitura. Daí o trazer-vos um livro muito interessante que mistura a realidade com ficção. Um livro de leitura fácil e agradável para ler avidamente. Sinopse: "Roma, Dezembro de 1564.. Na cidade eterna, um misterioso assassino traça uma cruz de sangue na testa das suas vítimas. No Vaticano, alguém conspira para matar o papa. Raphael Dardo, agente secreto do duque Cosimo de' Medici, encontra-se em Roma com uma missão: proteger a vida de Pio IV e descobrir quem mexe os cordelinhos da conspiração. A investigação levá-lo-á a procurar indícios entre caçadores de tesouros, magos, profetas heréticos, nobres crivados de dívidas e cardeais muito poderosos - desde os altos vértices do poder às profundezas labirínticas das catacumbas paleocristãs. São precisamente estas galerias que escondem algo muito precioso - e perigoso - de que todos parecem desejosos de se apoderar, de modo a poderem exercer uma chantagem. Raphael Dardo, para se salvar a si mesmo, às pessoas que ama, ao papa e a toda a Igreja, tem de descobrir o que se encontra sepultado nas entranhas de Roma. E deve fazê-lo o mais depressa possível." Sobre o autor Fabio Delizzos nasceu em Turim em 1969, cresceu na Sardenha e mora em Roma, onde trabalha como publicitário. É formado em Filosofia. Publicou vários romances com grande sucesso comercial e consenso da crítica literária. Sempre no top de vendas em Itália, os seus livros foram também já traduzidos para vários países. Um livro muito interessante que pode muito bem ser uma boa companhia de férias. A edição é da Editorial Presença.

Monday, August 02, 2021

A controvérsia em torno de Otelo

Normalmente gosto de deixar passar algum tempo sobre os assuntos para deles tirar a melhor reflexão possível. Tal foi o caso que envolveu a morte de Otelo Saraiva de Carvalho, caso para dizer que o general foi polémico na morte como o tinha sido ao longo da sua vida. Otelo foi, quer queiramos ou não, gostemos ou não, a figura central do 25 de Abril de 1974 que viria a derrubar a ditadura. Isso não significa que o seu percurso tivesse sido impoluto como bem sabemos. O seu pensamento sempre foi errático, bailando entre a social-democracia e a esquerda mais radical. Mas o que guardo de Otelo é a sua enorme generosidade na busca de soluções de vida para os mais desfavorecidos. Aqui chegado acho que é tempo de dizer que o governo andou mal - na minha modesta opinião - quando não decretou o luto nacional. (Coisa a que o país não pode fugir quando apoiou luto nacional e funeral de Estado para o líder do MDLP, uma organização terrorista de extrema direita com muitas mortes no seu curriculum, apenas para citar só um exemplo porque existem outros). Penso que há aqui dois pesos e duas medidas. Percebo que o governo quis passar entre os pingos da chuva mas acho que se saiu muito mal. O Presidente da República também não fica bem na fotografia escudando-se na decisão governamental mas a quem todos conhecemos o pensamento político. Tudo muito confuso numa embrulhada tremenda que não foi digna duma figura cimeira como Otelo, concordemos com ele ou não. Mas para a História ficará a imagem do homem que arquitetou o 25 de Abril e o dirigiu, tudo o resto cairá na poeira da História. Daqui a muitos anos a figura de Otelo será lembrada quando se falar do 25 de Abril e talvez nessa altura já ninguém se lembre quem era o primeiro ministro e o presidente da República que estavam em funções nessa época. A História é rica em situações destas e a limpeza que esta faz é sempre sábia. Estou certo que aqui também o será.

Sunday, August 01, 2021

"A Sinfonia dos Animais" - Dan Brown e Susan Batori

Aqui está um livro muito original que sai fora dos padrões habituais. Desde logo um livro para crianças com ligação às novas tecnologias. Pode descarregar a app no endereço que trás o livro ou através do código QR que também lá encontram e assim podes escutar as músicas alusivas a cada um dos animais composta pelo próprio escritor. Depois este livro é também original porque é escrito por Dan Brown um homem bem conhecido doutras lides literárias, ele que também é compositor e filho de compositores acabaria por escrever todas as músicas alusivas a cada animal. Um livro muito original na verdade. Na sinopse temos: 'O Maestro Rato está a preparar uma grandiosa surpresa sinfónica! Consegues descobrir o que anda ele a planear? Procura as pistas que ele vai deixando em todas as páginas! Estás pronto para uma grande aventura? Vem viajar pelos bosques e pelos mares com o Maestro Rato e os seus amigos músicos! Entre outros, vais conhecer uma grande baleia-azul, chitas velozes, escaravelhos minúsculos e cisnes graciosos - cada animal com o seu segredo para te contar e a sua música para escutar. Se ouvires com atenção as melodias da Sinfonia dos Animais, encontrarás cada um deles algures na música. Nesta história, cada animal tem uma característica que o distingue e transporta um instrumento musical. Individualmente, podem não parecer muito importantes, mas em grupo tornam-se surpreendentes. Quando - conduzidos pelo Maestro Rato - se juntam numa orquestra, o resultado é uma sinfonia afinada e maravilhosa, em que todos os músicos e instrumentos se revelam imprescindíveis e se completam. As ilustrações de Susan Batori conferem um sentido de humor adequado às crianças, com pistas adicionais escondidas nas páginas e nos cenários, para aguçar a curiosidade dos leitores mais atentos.' Sobre o autor já quase tudo foi dito dado ser um conhecido escritor norte-americano. O escritor norte-americano Dan Brown nasceu em 1965 em New Hampshire, nos Estados Unidos da América, sendo filho de um professor de Matemática e de uma intérprete de música sacra. Brown estudou no liceu local e mais tarde licenciou-se na Universidade de Amherst. Mudou-se para Los Angeles onde tentou fazer carreira como compositor, pianista e cantor. No entanto, este plano de vida fracassou e Dan Brown acabou por ir estudar história da arte em Sevilha, em Espanha. Entretanto, a meias com a mulher, escreveu o livro 187 Men to Avoid: A Guide for the Romantically Frustrated Woman. Em 1993 regressou a New Hampshire para se tornar professor de inglês na escola onde tinha estudado. Passados dois anos, os serviços secretos norte-americanos foram à sua escola buscar um aluno que consideravam uma ameaça nacional por ter escrito, na Internet, que era capaz de matar o presidente Bil Clinton. Dan Brown ficou tão interessado no assunto que começou a fazer pesquisas sobre a Agência Nacional de Segurança. Acabou por resultar desse interesse a escrita do seu primeiro romance Digital Fortress, que foi lançado em 1996 com algum sucesso. Era um romance baseado na violação de privacidade e em conspirações, tendo por sustentação as novas tecnologias. Quatro anos depois do seu romance de estreia, lançou Angels and Demons, seguindo-se em 2001 Deception Point. Finalmente, em Março de 2003, Dan Brown lançou no mercado norte-americano The Da Vinci Code (O Código Da Vinci), que logo no primeiro dia vendeu mais de seis mil exemplares, tendo-se tornado num dos livros mais vendidos de sempre em todo o mundo, com publicações em 42 línguas. O Código Da Vinci é um romance policial que tem como protagonista um simbologista norte-americano. Através da obra de Leonardo Da Vinci, onde encontra várias mensagens codificadas, tenta arranjar provas para desvendar um segredo com centenas de anos. No livro surgem instituições como a Opus Dei e o Priorado do Sião. A obra chegou a Portugal em 2004 e ao fim de poucos meses atingiu as onze edições. O sucesso deste livro levou a que fosse anunciada uma adaptação cinematográfica e uma sequela literária. Por tudo isto este é um livro muito especial, desde logo para os mais pequenos, mas também para os graúdos que se interessam por estas coisas da literatura infantil e não só. Um livro muito interessante a merecer atenção e já a gora não deixem de ler, tentar descobrir os enigmas em cada página e depois associar a música a cada página do livro algo que poderá ser fascinante. A edição é da Bertrand Editora.