Turma Formadores Certform 66

Monday, December 29, 2014

Feliz Ano Novo

Chegados a mais um fim de ano, neste ciclo interminável da vida, outro se lhe seguirá. Todos desejamos que seja diferente, melhor, do que aquele que terminou, do que aqueles que terminaram antes deste, onde o empobrecimento do país foi lei, o desemprego foi rei, a aniquilação da classe média foi a regra, a miséria do país e suas gentes foi a consequência. Mas temo que tudo continue igual. Haverá menos "núvens negras" como diz o primeiro-ministro, mas isso é fruto do ciclo eleitoral que se aproxima e não duma recuperação, ou mesmo, fim dum ciclo de empobrecimento que a austeridade impôs. A agenda eleitoral já por aí anda e andará em 2015, e só isso impedirá que as coisas sejam ainda mais brutais. Embora com a entrada da fiscalidade verde já no primeiro dia do ano, não existam motivos para nos sentirmos mais aliviados. Porque impostos são impostos, tenham lá eles a cor que tiverem, e muitos já existem a esmagar os portugueses. Por isso, tenho alguma dificuldade em desejar um Bom Ano, porque sei que os indicadores estão todos abaixo do necessário e por isso o alívio duma possível continuação da austeridade é ilusório. O país entrará bem pior em 2015 do que entrou em 2014, numa espiral de desequilíbrios que os governantes nunca conseguiram regularizar independentemente do discurso político que vendem aos portugueses diariamente e em especial neste final de ano. Porque se acreditam que Portugal está melhor pois desenganem-se. Nenhum, sublinho, nenhum indicador dá sinais de melhoria face a 2011, o que convenhamos que depois de quatro anos de profunda austeridade, bem para lá do que a "troika" impunha, é muito pouco para um governo se gabar. As dificuldades continuarão por muito tempo. Passarão décadas para refazer o muito que foi destruído, neste país vendido ao metro quadrado e ao preço da uva mijona. E haverá coisas que nunca mais, ou muito dificilmente, veremos de novo implementadas entre nós. Por isso, não vejo motivo para desejar um Bom Ano, quando as perspetivas são o que são, sobretudo para aqueles que se recusam a entrar numa certa forma de alienação, pensando que tudo está bem. Depois disto apenas se deseja um Bom Ano por inércia, porque é hábito, porque tem que ser. Porque motivos, esses não existem. Mas como é de bom tom fazerem-se esses votos, pois aqui ficam os meus, também. Bom Ano Novo para todos!

Sunday, December 28, 2014

Intimidades reflexivas - 121

"Pois o ser em que o espírito se acende tem por eli dirigir-se ao que foge e ao que se cala" - Victor Hugo, A Coruja, (Deus / Obras Póstumas, 1891).

Saturday, December 27, 2014

A mentira sob a forma de uma mensagem natalícia

Pois é, assim se explica o disparate do primeiro-ministro do desgoverno que ainda temos sobre o "dissipar de nuvens negras" no horizonte, com que nos brindou na sua mensagem de hipocrisia e mentira no Natal de 2014. Referia-se, está visto, a "nuvens negras" no seu horizonte próprio, "nuvens negras" sobre a sua própria política, "nuvens negras" sobre a sua própria governação! Com resultados como estes (melhor, com políticas de assalto violento como estas) não admira que o desgoverno e o seu chefe durmam todas as noites mais desanuviados ... O que não acontecerá, é certo, a muitos milhões de concidadãos seus, a quem esbulham como nunca antes os já parcos rendimentos de que dispõem! Mas essas nuvens negras sobre os outros não preocupam, naturalmente, o primeiro-ministro do desgoverno que ainda temos! Mas haja quem possa dissipar "nuvens negras" no seu horizonte ... pelo menos até que a "tempestade" chegue também para os seus lados. Porque vai chegar, Sr. primeiro-ministro! Vai chegar!

Intimidades reflexivas - 120

"Se contares a história de um homem que perda a cabeça, tens de mostrar a cabeça cortada, senão tudo não passa de uma piada idiota e sem conclusão". - Roman Polanski.

Friday, December 26, 2014

Intimidades reflexivas - 119


"Admito a existência de Deus se os seus poderes forem ineficazes; caso contrário, a sua conduta seria indigna!" - Luigi Lucheni (Assassino confesso da Imperatriz Elisabeth da Áustria e Rainha da Hungria. 

Intimidades reflexivas - 118


"As vítimas são as pessoas mais pobres: tiram-lhes a cultura e mostram-lhes muito ao longe a civilização quase inacessível..." - Imperatiz Elisabeth da Áustia e Rainha da Hungria (Sissi).

"História de um menino abandonado no fim do século XIX contada por ele mesmo" - Luigi Lucheni

Há cem anos, a 10 de Setembro de 1898, o operário italiano Luigi Lucheni apunhalou Elisabeth, Imperatriz da Áustria e Rainha da Hungria, marcando o destino trágico daquela que ficou conhecida na História por Sissi. Condenado a prisão perpétua na Suíça, preso exemplar até 1909, Lucheni aprende francês e decide escrever os sues cadernos de "Memórias" sob o título de "História de um menino abandonado no Fim do Século XIX Contada por ele Mesmo". Estas "Memórias" constituem um documento único sobre a errância de uma criança que, na Europa dos finais do século XIX, conhece os orfanatos logo após o nascimento em Paris e é depois enviada para Itália, onde vai sofrer o inferno das famílias de adoção e trilha a existência de um ser privado de afeto e referências. Como não compreender a decisiva influência desta experiência social na recetividade do jovem Luigi Lucheni ao discurso dos anarquistas? Sissi viria a ser vítima de um homem revoltado que desejava apresentar as suas credenciais a uma sociedade odiosa. Os cadernos de Lucheni foram roubados em 1909 pelos guardas da sua prisão. Santo Cappon, autor italiano, explica no prefácio às "Memórias" as condições em que este documento excecional foi recuperado, assim como repõe o ambiente dos anos que precederam o crime de Lucheni, as circunstâncias exatas da morte de Sissi, o processo judicial e a maneira como Luigi Lucheni viveu na prisão até ao seu muito suspeito "suicídio" em 1910. Um livro muito interessante que merece uma leitura atenta e uma reflexão aprofundada. A edição é da Contexto, Editora, Lda.

Intimidades reflexivas - 117

"Gosto da vida e tudo que se abre em flor.
Gosto do barulho que a chuva faz no telhado,
as gotinhas quando caem cantam melodias de amor.
Gosto do olhar apaixonado, de encontros inesperados,
gosto de ver o acordar do Sol e o aproximar da Lua.
Gosto do silêncio da noite, do arco-iris depois da chuva.
Resumindo como é bom viver".
---------------------------------------Eliana Angel Wolf

Thursday, December 25, 2014

Decálogo para o Natal

Porque um menino nasceu para nós, um filho nos foi dado. (Isaías 9,5).
 
  1. Se tens tristeza, alegra-te! O Natal é Alegria....
  2. Se tens inimigos, reconcilia-te! O Natal é Paz.
  3. Se tens amigos, busca-os! O Natal é Encontro.
  4. Se tens pobres a teu lado, ajuda-os! O Natal é Dádiva.
  5. Se tens soberba, sepulta-a! O Natal é Humildade.
  6. Se tens pecados, converte-te. O Natal é Vida Nova.
  7. Se tens trevas, acende a tua lâmpada! O Natal é Luz.
  8. Se vives na mentira, reflete! O Natal é Verdade.
  9. Se tens ódio, esquece-o! O Natal é Amor.
10. Se tens Fé, partilha-a! O Natal é Deus Connosco.

Mensagem de "Boas Festas" do Papa Francisco à Cúria Romana

Publicamos abaixo o discurso integral proferido pelo Papa à Cúria Romana em 22 de Dezembro de 2014. Este texto foi retirado da página da Rádio Vaticano. é um excelente texto para ser lido e, sobretudo, refletido nestes dias festivos:

“Tu estás acima dos querubins, tu que transformaste a miserável condição do mundo quando te fizeste como nós” (Santo Agostinho).

Amados irmãos,

Ao final do Advento, encontramo-nos para as tradicionais saudações. Dentro de alguns dias teremos a alegria de celebrar o Natal do Senhor; o evento de Deus que se faz homem para salvar os homens; a manifestação do amor de Deus que não se limita a dar-nos algo ou a enviar-nos uma mensagem ou alguns mensageiros, doa-se-nos a si mesmo; o mistério de Deus que toma sobre si a nossa condição humana e os nossos pecados para revelar-nos a sua Vida divina, a sua graça imensa e o seu perdão gratuito. É o encontro com Deus que nasce na pobreza da gruta de Belém para ensinar-nos a potência da humildade. Na realidade, o Natal é também a festa da luz que não é acolhida pela gente “eleita”, mas pela gente pobre e simples que esperava a salvação do Senhor.

Em primeiro lugar, gostaria de desejar a todos vós – cooperadores, irmãos e irmãs, Representantes pontifícios disseminados pelo mundo – e a todos os vossos entes queridos um santo Natal e um feliz Ano Novo. Desejo agradecer-vos cordialmente, pelo vosso compromisso quotidiano ao serviço da Santa Sé, da Igreja Católica, das Igrejas particulares e do Sucessor de Pedro.

Como somos pessoas e não números ou somente denominações, lembro de maneira especial os que, durante este ano, terminaram o seu serviço por terem chegado ao limite de idade ou por terem assumido outras funções ou ainda porque foram chamados à Casa do Pai. Também a todos eles e aos seus familiares dirijo o meu pensamento e gratidão.

Desejo juntamente convosco erguer ao Senhor vivo e sentido agradecimento pelo ano que está a nos deixar, pelos acontecimentos vividos e por todo o bem que Ele quis generosamente realizar mediante o serviço da Santa Sé, pedindo-lhe humildemente perdão pelas faltas cometidas “por pensamentos, palavras, obras e omissões”.

E partindo precisamente deste pedido de perdão, desejaria que este nosso encontro e as reflexões que partilharei convosco se tornassem, para todos nós, apoio e estímulo a um verdadeiro exame de consciência a fim de preparar o nosso coração ao Santo Natal.

Pensando neste nosso encontro veio-me à mente a imagem da Igreja como Corpo místico de Jesus Cristo. É uma expressão que, como explicou o Papa Pio XII “brota e como que germina do que é frequentemente exposto na Sagrada Escritura e nos Santos Padres”. A este respeito, São Paulo escreveu: “Porque, como o corpo é um todo tendo muitos membros e todos os membros do corpo, embora muitos, formam um só corpo, assim também é Cristo” (1 Cor 12,12).

Neste sentido, o Concílio Vaticano II lembra-nos que “na edificação do Corpo de Cristo há diversidade de membros e de funções. Um só é o Espírito que, para utilidade da Igreja, distribui os seus vários dons segundo as suas riquezas e as necessidades dos ministérios (cf. 1 Cor 12,1-11)”. Por isto “Cristo e a Igreja formam o «Cristo total» - Christus totus -. A Igreja é una com Cristo».

É belo pensar na Cúria Romana como sendo um pequeno modelo da Igreja, ou seja, um “Corpo” que procura séria e quotidianamente ser mais vivo, mais sadio, mais harmonioso e mais unido em si mesmo e com Cristo.

Na realidade, a Cúria Romana é um corpo complexo, composto de muitos Dicastérios, Conselhos, Departamentos, Tribunais, Comissões e de numerosos elementos que não têm todos a mesma tarefa, mas são coordenados para um funcionamento eficaz, edificante, disciplinado e exemplar, não obstante as diversidades culturais, linguísticas e nacionais dos seus membros.

Em todo o caso, sendo a Cúria um corpo dinâmico, ela não pode viver sem alimentar-se e sem cuidar de si. De facto, a Cúria – como a Igreja – não pode viver sem ter uma ralação vital, pessoal, autêntica e sólida com Cristo. Um membro da Cúria que não se alimenta quotidianamente com aquele Alimento tornar-se-á um burocrata (um formalista, um funcionalista, um mero empregado): um ramo que seca e pouco a pouco morre e é lançado fora. A oração diária, a participação assídua nos Sacramentos, de modo especial, da Eucaristia e da reconciliação, o contacto quotidiano com a palavra de Deus e a espiritualidade traduzida em caridade vivida são o alimento vital para cada um de nós. Que todos nós tenhamos bem claro que sem Ele nada poderemos fazer (cf Jo 15, 8).

Consequentemente, a relação viva com Deus alimenta e fortalece também a comunhão com os outros, ou seja, quanto mais estivermos intimamente unidos a Deus tanto mais estaremos unidos entre nós porque o Espírito de Deus une e o espírito do maligno divide.

A Cúria está chamada a melhorar-se, a melhorar-se sempre e a crescer em comunhão, santidade e sabedoria a fim de realizar plenamente a sua missão. No entanto, ela, como todo corpo, como todo corpo humano, está exposta também às doenças, ao mau funcionamento, à enfermidade. E aqui gostaria de mencionar algumas destas prováveis doenças, doenças curiais. São doenças mais costumeiras na nossa vida de Cúria. São doenças e tentações que enfraquecem o nosso serviço ao Senhor. Penso que nos ajudará o “catálogo” das doenças – nas pegadas dos Padres do deserto, que faziam aqueles catálogos – dos quais falamos hoje: ajudar-nos-á na nossa preparação ao Sacramento da Reconciliação, que será um passo importante de todos nós em preparação do Natal.

1. A doença do sentir-se “imortal”, “imune” ou até mesmo “indispensável” pondo de lado os controles necessários e habituais. Uma Cúria que não faz autocrítica, que não se actualiza, que não procura melhorar é um corpo enfermo. Uma visita ordinária aos cemitérios poderia ajudar-nos a ver os nomes de tantas pessoas, algumas das quais pensassem talvez que eram imortais, imunes e indispensáveis! É a doença do rico insensato do Evangelho que pensava viver eternamente (cf Lc 12, 13-21) e também daqueles que se transformam em senhores e se sentem superiores a todos e não ao serviço de todos. Esta doença deriva muitas vezes da patologia do poder, do “complexo dos Eleitos”, do narcisismo que fixa apaixonadamente a sua imagem e não vê a imagem de Deus impressa na face dos outros, principalmente dos mais fracos e necessitados. O antídoto para esta epidemia é a graça de nos sentirmos pecadores e de dizer com todo o coração «Somos servos inúteis. Fizemos o que devíamos fazer» (Lc 17, 10).

2. Outra doença: a doença do “martalismo” (que vem de Marta), da excessiva operosidade: ou seja, daqueles que mergulham no trabalho, descuidando, inevitavelmente, “a melhor parte”: sentar-se aos pés de Jesus (cf Lc 10,38-42). Por isto Jesus chamou os seus discípulos a “descansar um pouco’” (cf Mc 6,31) porque descuidar do descanso necessário leva ao estresse e à agitação. O tempo do descanso, para quem levou a termo a sua missão, é necessário, obrigatório e deve ser lavado a sério: no passar um pouco de tempo com os familiares e no respeitar as férias como momentos de recarga espiritual e física; é necessário aprender o que ensina Coelet que «para tudo há um tempo» (3,1-15).

3. Há ainda a doença do “empedernimento” mental e espiritual, ou seja, daqueles que possuem um coração de pedra e são de “dura cerviz” (At 7,51-60); daqueles que, com o passar do tempo, perdem a serenidade interior, a vivacidade a audácia e escondem-se atrás das folhas de papel, tornando-se “máquinas de práticas” e não “homens de Deus” (cf Hb 3,12). É perigoso perder a sensibilidade humana necessária que nos faz chorar com os que choram e alegrar-se com os que se alegram! É a doença dos que perdem “os sentimentos de Jesus ” (cf Fl 2,5-11) porque o seu coração, com o passar do tempo, endurece e torna-se incapaz de amar incondicionalmente ao Pai e o próximo (cf Mt 22,34-40). Ser cristão, com efeito, significa ter os mesmos sentimentos de Jesus Cristo» (Fl 2,5), sentimentos de humildade e de doação, de desapego e de generosidade.

4. A doença da planificação excessiva e do funcionalismo. Quando o apóstolo planifica tudo minuciosamente e pensa que, fazendo uma perfeita planificação, as coisas efectivamente progridem, tornando-se, assim, um contabilista ou um comercialista. Preparar tudo bem é necessário, mas sem jamais cair na tentação de querer encerrar e pilotar a liberdade do Espírito Santo, que é sempre maior, mais generosa do que toda a planificação humana (cf Jo 3,8). Cai-se nesta doença porque «é sempre mais fácil e cómodo adaptar-se às próprias posições estáticas e imutadas. Na realidade, a Igreja mostra-se fiel ao Espírito Santo na medida em que não tem a pretensão de regulamentá-lo e de domesticá-lo… - domesticar o Espírito Santo! - … Ele é frescor, fantasia, novidade».

5. A doença da má coordenação. Quando os membros perdem a comunhão entre si e o corpo perde a sua funcionalidade harmoniosa e a sua temperança, tornando-se uma orquestra que produz barulho, porque os seus membros não cooperam e não vivem o espírito de comunhão e de equipe. Quando o pé diz ao braço: “não preciso de ti”, ou a mão à cabeça: “quem manda sou eu”, causando, assim, mal-estar ou escândalo.

6. Há também a doença do “alzheimer espiritual”: ou seja, o esquecimento da “história da salvação”, da história pessoal com o Senhor, do «primeiro amor» (Ap 2,4). Trata-se de uma perda progressiva das faculdades espirituais que num intervalo mais ou menos longo de tempo causa graves deficiências à pessoa, tornando-a incapaz de exercer algumas atividades autónomas, vivendo num estado de absoluta dependência das próprias visões, tantas vezes imaginárias. É o que vemos naqueles que perderam a memória do seu encontro com o Senhor; naqueles que não têm o sentido deuteronómico da vida; naqueles que dependem completamente do seu presente, das suas paixões, caprichos e manias; naqueles que constroem em torno de si barreiras e hábitos, tornando-se, sempre mais escravos dos ídolos que esculpiram com as suas próprias mãos.

7. A doença da rivalidade e da vanglória. Quando a aparência, as cores das vestes e as insígnias de honra se tornam o objectivo primordial da vida, esquecendo as palavras de São Paulo: «Nada façais por espírito de partido ou vanglória, mas que a humildade vos ensine a considerar os outros superiores a vós mesmos. Cada qual tenha em vista não os seus próprios interesses , e sim os dos outros» (Fl 2,1-4). É a doença que nos leva a ser homens e mulheres falsos, e a vivermos um falso “misticismo” e um falso “quietismo”. O mesmo São Paulo os define «inimigos da Cruz de Cristo» porque se envaidecem da própria ignomínia e só têm prazer no que é terreno» (Fl 3,19).

8. A doença da esquizofrenia existencial. É a doença dos que vivem uma vida dupla, fruto da hipocrisia típica do medíocre e do vazio espiritual progressivo que formaturas ou títulos académicos não podem preencher. Uma doença que atinge frequentemente aquele que, abandonando o serviço pastoral, se limitam aos afazeres burocráticos, perdendo, assim, o contacto com a realidade, com as pessoas concretas. Criam, assim, um seu mundo paralelo, onde colocam à parte tudo o que ensinam severamente aos outros e começam a viver uma vida oculta e muitas vezes dissoluta. A conversão é por demais urgente e indispensável para esta gravíssima doença (cf Lc 15,11-32).

9. A doença das bisbilhotices, das murmurações e do mexerico. Já falei muitas vezes desta doença, mas nunca é suficiente. É uma doença grave, que começa simplesmente, quem sabe, para trocar duas palavras e se apodera da pessoa, transformando-a em “semeadora de cizânia” (como satanás), e em tantos casos “homicida a sangue frio” da fama dos seus colegas e confrades. É a doença das pessoas cobardes que, não tendo a coragem de falar directamente, falam pelas costas. São Paulo nos adverte: «Fazei todas as coisas sem murmurações nem críticas a fim de serdes irrepreensíveis e inocentes» (Fl 2,14-18). Irmãos, guardemo-nos do terrorismo das maledicências!

10. A doença de divinizar os chefes: é a dos que cortejam os Superiores, esperando obter a benevolência deles. São vítimas do carreirismo e do oportunismo, honrando as pessoas e não a Deus (cf Mt 23,8-12). São pessoas que vivem o serviço, pensando exclusivamente no que devem obter e não no que devem dar. Pessoas mesquinhas, infelizes e inspiradas só pelo seu próprio egoísmo (cf Gal 5,16-25). Esta doença poderia atingir também os Superiores, quando cortejam alguns seus colaboradores para obter a sua submissão, lealdade e dependência psicológica, mas o resultado final é uma verdadeira cumplicidade.

11. A doença da indiferença para com os outros. Quando alguém pensa somente em si mesmo e perde a sinceridade e o calor das relações humanas. Quando o mais especializado não coloca o seu conhecimento ao serviço dos colegas menos especialistas. Quando se chega ao conhecimento de algo e o esconde para si, ao invés de partilhar positivamente com os outros. Quando, por ciúme ou por astúcia, se sente alegria ao ver o outro cair, ao invés de erguê-lo e encorajá-lo.

12. A doença da cara fúnebre. Quer dizer, das pessoas grosseiras e sisudas que pensam que, para ser sérias, é necessário assumir as feições de melancolia, de severidade e tratar os outros – principalmente os que consideram inferiores – com rigidez, dureza e arrogância. Na realidade, a severidade teatral e o pessimismo estéril são muitas vezes sintomas de medo e de insegurança. O apóstolo deve esforçar-se por ser uma pessoa amável, serena e alegre que transmite alegria por toda parte onde quer que se encontre. Um coração repleto de Deus é um coração feliz que irradia e contagia de alegria todos os que estão à sua volta: é o que se vê imediatamente! Não percamos, portanto, aquele espírito jovial, cheio de humor, e até autoirónico, que nos torna pessoas amáveis, mesmo nas situações difíceis. Quanto bem nos faz uma boa dose de sadio humorismo! Far-nos-á muito bem recitar muitas vezes a oração de São Tomás Moro: rezo-a todos os dias; me faz bem.

13. A doença de acumular: quando o apóstolo procura preencher um vazio existencial no seu coração, acumulando bens materiais, não por necessidade, mas só para sentir-se seguro. Na realidade, nada de material poderemos levar connosco, porque “a mortalha não tem bolsos” e todos os nossos tesouros terrenos – mesmo que sejam presentes – jamais poderão preencher aquele vazio; pelo contrário, torná-lo-ão cada vez mais exigente e mais profundo. A estas pessoas o Senhor repete: «Dizes: sou rico, faço bons negócios, de nada necessito – e não sabes que és infeliz, miserável, pobre, cego e nu ... Reanima, pois, o teu zelo e arrepende-te» (Ap 3,17-19). A acumulação só pesa e freia inexoravelmente o caminho! E penso numa anedota: um tempo, os jesuítas espanhóis descreviam que a Companhia de Jesus era como a “cavalaria leve da Igreja”. Lembro-me da mudança de um jovem jesuíta que, enquanto carregava num caminhão os seus muitos bens: bagagens, livros, objectos e presentes, ouvi um velho jesuíta, que estava a observá-lo, dizer com um sorriso sábio: e esta seria a “cavalaria leve da Igreja?”. As nossas mudanças são um sinal desta doença.

14. A doença dos círculos fechados onde a pertença ao grupinho se torna mais forte do que a pertença ao Corpo e, em algumas situações, ao próprio Cristo. Também esta doença começa sempre por boas intenções, mas com o passar do tempo, escraviza os membros, tornando-se um câncer que ameaça a harmonia do Corpo e causa tanto mal – escândalos – especialmente aos nossos irmãos menores. A autodestruição ou o “tiro amigo” dos camaradas é o perigo mais sorrateiro. É o mal que atinge a partir de dentro; e, como diz Cristo, «todo o reino dividido contra si mesmo será destruído» (Lc 11,17).

15. E a última: a doença do proveito mundano, dos exibicionismos, quando o apóstolo transforma o seu serviço em poder e o seu poder em mercadoria para obter dividendos humanos ou mais poder; é a doença das pessoas que procuram insaciavelmente multiplicar poderes e, com esta finalidade, são capazes de caluniar, de difamar e de desacreditar os outros, até mesmo nos jornais e nas revistas. Naturalmente para se exibirem e se demonstrarem mais capazes do que os outros. Também esta doença faz muito mal ao Corpo porque leva as pessoas a justificar o uso de todo o meio, contanto que atinja o seu objectivo, muitas vezes em nome da justiça e da transparência! E vem-me aqui à mente a lembrança de um sacerdote que chamava os jornalistas para lhes contar – e inventar – coisas privadas e reservadas dos seus confrades e paroquianos. Para ele a única coisa importante era ver-se nas primeiras páginas, porque assim se sentia “potente e convincente”, causando tanto mal aos outros e à Igreja. Pobrezinho!

Irmãos, estas doenças e tais tentações são naturalmente um perigo para todo cristão e para toda a Cúria, Comunidade, Congregação, Paróquia, Movimento eclesial e podem atingir quer em nível individual quer comunitário.

É necessário esclarecer que só o Espírito Santo - a alma do Corpo Místico de Cristo, como afirma o Credo Niceno-Constantinopolitano: «Creio... no Espírito Santo, Senhor e que dá vida» - pode curar todas as enfermidades. É o Espírito Santo que sustenta todo o esforço sincero de purificação e toda boa vontade de conversão. É Ele que nos faz compreender que todo o membro participa da santificação do Corpo ou do seu enfraquecimento. É Ele o promotor da harmonia: “Ipse harmonia est”, diz São Basílio. Santo Agostinho diz-nos: «Enquanto uma parte aderir ao corpo, a sua cura não é desesperada; mas o que foi cortado não pode nem curar-se nem sarar».

O restabelecimento é também fruto da consciência da doença e da decisão pessoal e comunitária de tratar-se, suportando pacientemente e com perseverança a terapia.

Somos chamados, portanto – neste tempo de Natal e por todo o tempo do nosso serviço e da nossa existência - a viver «pela prática sincera da caridade, crescendo em todos os sentidos, naquele que é a Cabeça, Cristo. É por Ele que todo o Corpo – coordenado e unido por conexões que estão ao seu dispor, trabalhando cada um conforme a actividade que lhe é própria – efectua esse crescimento , visando à sua plena edificação na caridade» (Ef 4,15-16).

Amados irmãos!

Certa vez li que os sacerdotes são como aviões: só fazem notícia quando caem, mas há tantos que voam. Muitos criticam e poucos rezam por eles. É uma frase muito simpática, mas também muito verdadeira, porque delineia a importância e a delicadeza do nosso serviço sacerdotal e quanto mal poderia causar um só sacerdote que “cai”, a todo o Corpo da Igreja.

Portanto, para não cair nestes dias em que nos preparamos à Confissão, peçamos à Virgem Maria, Mãe de Deus e Mãe da Igreja, que cure as feridas do pecado que cada um de nós tem no seu coração e que ampare a Igreja e a Cúria a fim de que sejam sadias e saneadoras; santas e santificadoras para a glória do seu Filho e para a nossa salvação e do mundo inteiro. Peçamos a Ela que nos faça amar a Igreja como a amou Cristo, seu Filho e nosso Senhor, e que tenhamos a coragem de nos reconhecermos pecadores e necessitados da sua misericórdia e que não tenhamos medo de abandonar a nossa mão entre as suas mãos maternais.

Os melhores votos de um santo Natal a todos vós, às vossas famílias e aos vossos colaboradores. E, por favor, não vos esqueçais de rezar por mim! Obrigado de coração!"

Palavras não são necessárias porque tudo está dito. Mas não pensem que estes "recados" são só para a Cúria Romana. Elas podem muito bem ser para cada um de nós. Bom Natal a todos.

Wednesday, December 24, 2014

E o Natal chegou sob a forma de criança!...

Já se ouvem passos a correr na escadaria. Já se ouve a costumeira gritaria. Não é o Pai Natal, não senhor! É a minha querida Inês que já aí vem. Firme e decidida. Alegria contagiante. Brilho  nos olhos face às prendas anunciadas. É tempo de parar porque a Inês chegou. É tempo de lhe dar atenção. É tempo de preencher a magia do seu imaginário de criança ainda de tão tenra idade. A alegria do Natal aí está. Chegou à minha casa sob a forma duma criança. Inês criança, Inês alegria, Inês determinação. Ela aí está. O meu belo Pai Natal. O meu Menino Jesus anunciado em forma de criança alegre e traquina. Agora tenho mesmo que parar. A Inês chegou. Com ela chegou o meu futuro, o futuro que não terei, mas que ela prosseguirá. Tenho que terminar. A Inês primeiro. O meu Natal redentor chegou! Boas Festas a todos!

Feliz Natal! (Um esquisso de mensagem)

Porque venho repetidamente falando do Natal, talvez dê a sensação de que é uma época particularmente feliz para mim. Pois desenganem-se. Sempre gostei muito dos preparativos, mas à medida que a época se aproxima a ansiedade vai tomando conta de mim. Há razões para isso - há sempre uma razão seja para o que for - mas disso não quero falar agora. Esta atitude vai-me acompanhando desde muito jovem. Hoje, já com o peso de alguns anos em cima, ela continua, embora assumindo vertentes diferentes. Nesta fase da minha vida, o que mais me marca, é ser o dia das memórias, a época dos meus ausentes, daqueles que povoaram e enriqueceram esta minha existência. E por ironia do destino, este ano, (mais precisamente neste dia 24, véspera de Natal), faz quatro meses que a nossa querida Tuxa morreu. Mais uma efeméride, mais uma ausência que marca, que fere, que dói. Mais uma memória que queima. Por tudo isso, esta é sempre uma época que me trás angústia em vez de alegria. (Como todas aquelas datas em que se celebram efemérides porque é nessa altura que se reflete com mais intensidade a dor das ausências). Cada um cria o seu próprio inferno, e eu não fui exceção e criei o meu. Digamos que do tríptico natalício das oferendas dos Reis Magos, não consigo esquecer o ouro,  o incenso e a mirra. (Porque normalmente esquecemos aquele que nos dá menos jeito). Mas os três estão lá para nos lembrar o efémero da vida. Porque a época de Natal é também uma época de reflexão sobre a perenidade da vida, bem longe do consumismo em que nos fomos habituando a viver. O ouro é o símbolo do poder, da realeza, bem longe da prepotência egocêntrica que nos move; o incenso é o símbolo da sapiência e da espiritualidade, bem longe da mesa farta onde satisfazemos a gula até rebentar ou dos presentes aprimoradamente embalados; a mirra é o símbolo da morte, do fim prematuro e terrível que queremos esquecer, na bestialidade da comezaina, também ela símbolo da morte para muitos seres, a quem negamos o direito de viver a sua vida. Nestas alturas, nada disto importa. E quando digo que o Natal é também um símbolo de morte anunciada no começo da vida, sou quase exorcizado como ave agoirenta. Mas é assim mesmo no simbolismo cristão que queremos renegar, ofuscados pelas luzes, pelos presentes, pela mesa e até pela ignorância. Desenganem-se os que pensam que o Natal é uma árvore iluminada - tradição importada dos países nórdicos -; um presépio - na tradição mais do sul; do Pai Natal - pintado pelo marketing da Coca-Cola, bem longe da cor verde da tradição nórdica dos espíritos da floresta na boa tradição pagã, relegando para segundo plano o Menino Jesus da tradição cristã que é a nossa. Por tudo isto, o Natal assume um grande equívoco que pretendemos ignorar. Convivemos mal com a verdade que nos afasta das fantasias do nosso imaginário que nos é inculcado desde a infância. Mas não pensem que vejo esta época tão negra assim. Porque como é costume dizer, toda a medalha tem o seu reverso. Afinal agora com uma criança por perto, com a minha querida afilhada a ter cada vez mais a noção do mundo que a cerca, ela é a luz. Não aquela luz ofuscante das ruas, ou intermitente que decora as árvores nesta época. Ela é uma luz serena e firme, de sorriso largo, personalidade vincada. Ela é a alegria neste meu mar de angústia. Ela é a luz neste meu final de caminho marcado pela escuridão que teima em não se dissipar. Ela representa os Natais da minha infância despreocupada onde ainda não havia lugar para a angústia ou desilusão. Ela representa a inocência duma criança, a criança que eu fui há muitos anos atrás, que pensava que os brinquedos vinham pela mão do Menino Jesus - ainda não havia o culto do Pai Natal que hoje existe - numa encenação que os meus avós faziam a preceito ano após ano. Ela é a estrela brilhante, guia não dum qualquer Rei Mago, mas dum ser frágil, - como todos os seres, embora na nossa arrogância pensemos o contrário -, que se interroga a todo o momento sobre o sentido da vida. Já muito tempo passou. Já muitas coisas aconteceram. Muita água deslizou sob as pontes. Muitos Natais decorreram. Mas a Inês converteu-se numa espécie de livro de memórias que me aconchega nesta noite tradicionalmente fria de Dezembro. E assim consegue amenizar toda esta angústia que me repassa a cada ano. Porque tal como este virar de calendário em busca duma redenção, a Inês é ela mesma a minha redenção. Mas apesar de tudo isto que aqui deixo, nada me impede de desejar um Feliz Natal a todos! Àqueles de quem gosto, como àqueles de quem não gosto tanto, bem como àqueles que não gostam de mim, que com a sua presença vão enriquecendo a minha existência, ensinando-me a aprendizagem constante da vida. Aos animais que já me encheram de alegria com a sua existência na minha vida, mas também com a dor da sua ausência, para já não falar dos que para aí sofrem. À natureza que nos envolve e nos permite viver num  mundo menos árido e agreste onde a vida se tornou possível apesar de tudo. Por tudo isto estou grato a todos. Em paz comigo mesmo tanto quanto me é possível. Por isso vos desejo um Feliz Natal e um Ano Novo de 2015 pleno de tudo aquilo que são os vossos mais profundos desejos, de tudo aquilo que são os vossos mais recônditos sonhos! Boas Festas para todos!

Tuesday, December 23, 2014

Descansa em paz, Joe Cocker!

Ontem morreu Joe Cocker. O cantor de voz rouca, aquele que diziam ser o branco mais negro da música. Comecei a ouvir Joe Cocker através das gravações desse famoso festival de Woodstock nos idos de 69, do século passado. "With a little help from my friends" foi o hit escolhido e que serviu de porta ao cantor junto de muitos jovens como eu. Era uma famosa canção dos The Beatles mas foi com Joe Cocker que fez carreira. A partir daí não parei de o escutar. Desde as músicas para filmes até aos blues, ao pop ao rock, Cocker percorreu muitas estradas, algumas delas com muitas pedras. Mas a lenda ficou. Aos 70 anos cansou-se da vida. Não resistiu a um cancro no pulmão. Mas a sua música fica, a sua voz inconfundível continuará a encher-nos de alegria e de emoção. Obrigado pelo que deste à música. Obrigado por teres sido o veículo através dos quais muitos despertaram para uma certa forma de ouvir música. Com temas poderosos como "You are so beautiful" ou "Unchain my heart", fostes um senhor da música dita moderna. Mas quero aqui recordar-te pela tua irreverência. Essa ficou bem patente no tema "Can you leave your hat on" que podem ver e ouvir aqui: https://www.youtube.com/watch?v=jOotsq4soug. Descansa em paz, Joe Cocker!

"Só vejo aldrabões à nossa volta" - Pacheco Pereira

Pacheco Pereira pede a demissão de Paulo Portas, por causa do caso dos submarinos. Um escândalo nacional. Um embaraço para a Justiça cada vez mais desacreditada. Pela sua relevância publico aqui na íntegra o artigo de Pacheco Pereira inserido no jornal Público de 20 do corrente.

"O processo dos submarinos pode não permitir a criminalização dos responsáveis, mas não pode deixar de exigir que pelo menos se puna quem permitiu os desmandos que estão patentes na frase dos Espírito Santo.

A frase foi dita por Ricardo Salgado numa reunião “familiar” para distribuir os despojos do negócio dos submarinos. A audição das gravações dessa reunião, que a TVI tornou possível, apesar da ameaça de processos, permitiu-nos ouvir os representantes dos diferentes clãs da família Espírito Santo a fazerem essa distribuição ao vivo. Salgado fala com uma voz pausada e de autoridade, os outros fazem perguntas concretas sobre a parte que lhes coube. Com a maior das calmas, sem sequer qualquer visível entusiasmo pelo que cada um ia receber — um milhão de euros, que deixariam qualquer mortal feliz —, percebe-se como era habitual lidarem com milhões e milhões, os que eram deles e os que não eram.

Só queriam explicações sobre por que é que não era mais, sabendo que outros tinham ficado pelo caminho, nos intermediários de baixo e no “alguém” que não é nomeado. A voz da ganância perguntava: “como é que aqueles três tipos receberam 15 milhões” e eles só cinco? Quando as perguntas começaram a querer ir mais longe, Salgado manda que não "[remexessem] mais no assunto”.

E saindo dali, da sala sumptuosa de madeiras vagamente cheirando a fragâncias naturais, o que é da natureza das boas madeiras, do couro nobre das cadeiras, dos cristais dos copos de água e dos quadros naturalistas nas paredes, dedicaram-se à esforçada tarefa de manter o seu milhão bem longe dos impostos fora de Portugal, e só o “importaram” quando o Governo permitiu o chamado "Regime Excepcional de Regularização Tributária" (RERT). O dinheiro, algum dinheiro, voltou, e foi um segundo excelente negócio, visto que pela fuga ao fisco pagaram menos impostos do que todos nós pagamos. Menos? Muito menos. Este regime do RERT foi um excepcional presente governamental para os Espírito Santo e para todos os que estiveram envolvidos nestes negócios.

De onde veio o dinheiro? Do bolso dos portugueses, os tais que estavam a “viver acima das suas posses” e que o pagaram quando compraram os submarinos mais caros devido ao rastro de corrupção que eles deixaram atrás. Sabem quando estas frases foram ditas? Há um ano, em Novembro de 2013, estavam os portugueses no seu quinto ano de empobrecimento.

A frase, pausada e grave de Ricardo Salgado merece ser ouvida na sua integralidade, visto que ela representa para todos nós uma vergonha colectiva pela impunidade dos nomeados – o autor da frase, os recebedores dos milhões, os “tipos” que ficaram com os 15 milhões, e o “alguém” – nesta semana em que o processo dos submarinos foi arquivado:

“E vocês têm todo o direito de perguntar: mas como é que aqueles três tipos receberam 15 milhões? A informação que temos é que há uma parte que não é para eles. Não sei se é ou não é. Como hoje em dia só vejo aldrabões à nossa volta... Os tipos garantem que há uma parte que teve de ser entregue a alguém em determinado dia.” 

Sim, os distintos membros do conselho superior do GES, tinham todo o “direito de perguntar” como é que “aqueles três tipos” receberam o que receberam, como nós temos todo o direito de perguntar como é que, com o arquivamento da investigação judicial, todos ficaram impunes dos seus crimes, porque estes “prescreveram”. Mas, mesmo que não seja possível perseguir na Justiça esses crimes, que estão escritos a néon nos céus de Portugal na frase de Ricardo Salgado, será que não é possível outro tipo de sanções?

Não é preciso ir mais longe do que ler o despacho de arquivamento do Ministério Público, para que se compreenda que em termos de responsabilidade, em particular de responsabilidade política, as investigações apontaram para ilegalidades, mesmo que precisem que a “prática de ilegalidade não tem, necessariamente, de configurar a prática de crime”. Muito bem, deixemos de falar em crime, passemos a falar de responsabilidades, porque, se o crime já não pode ser perseguido, pelo menos podemos exigir que um governo e políticos decentes exijam uma sanção pelas responsabilidades, por aquilo que custou muitos milhões aos portugueses.

Aliás, se há matéria que, se os portugueses conhecessem em detalhe, ainda endureceriam muito mais a sua crítica aos desmandos do poder, é a longa saga das compras de material militar e das chamadas “contrapartidas”, um dos negócios mais fraudulentos das últimas décadas. Juntem-no, se fazem favor, às PPP, porque são da mesma natureza: contratos leoninos, com cláusulas ficcionais, que estavam lá para aumentar o preço a pagar pelo Estado por aquilo que comprava e que ninguém contava vir a cumprir.

A coisa era tão escandalosa e o terreno tão pantanoso que mesmo os distintos membros do conselho superior do GES são aconselhados por Ricardo Salgado a não se meterem nestes negócios, “porque eles estavam-se a preparar para fazer o mesmo com carros blindados”. E na sala ouviu-se “e em metralhadoras e fragatas”. Quem conheça as encomendas previstas de material militar da última década, sabe muito bem do que eles estavam a falar."

Para os menos atentos a estas questões, cumpre dizer que o autor do artigo é militante histórico e destacado do PSD. Mas, contrariamente ao governo, que maioritariamente é suportado pelo seu partido, não deixa as coisas a meio. E quer saber mais. Quer saber tudo, que um simples arquivamento, ou uma mera prescrição dos casos, não pode abafar deixando no ar sempre esse sabor de impunidade, compadrio e corrupção que este governo tanto diz combater. E a Justiça que faz? Nada. A menos que esteja à espera de que alguns destes corruptos deixem os cargos para os prender! E porque será assim? Onde já vimos isto? A história repete-se, é verdade, mas nunca da mesma maneira, digo eu. Contudo, os portugueses queriam (querem) saber mais. Querem saber simplesmente toda a verdade!

Monday, December 22, 2014

Em torno duma certa maneira de ver o Natal

Noite de Natal! Noite fria como é da tradição nesta parte do mundo. Alegria nas casas, brilho nos olhos das crianças. Luzes que cintilam. O fumegar dos petiscos sobre a mesa. Os novos brinquedos que indiciam um novo ciclo de felicidade. As prendas bonitas embrulhadas em papel brilhante e de laço a preceito. É a isto que reduzimos o Natal. Mas ele é muito mais do que isto. E enquanto muitos o celebram desta maneira, outros percorrem outros caminhos na descoberta, quiçá, do verdadeiro Natal. São aqueles que percorrem as ruas em busca de gente atirada para a vereda da vida, para lhes oferecer algo quente com que aconchegam os estômagos, para além de carinho e amor. São tantos outros, que madrugada fora, vão buscando animais desvalidos para os ajudar na terrível caminhada da vida. (É que não vasta partilhar nas redes sociais estes desafortunados, para que tal lhes melhore a condição). E enquanto muitos, no aconchego do lar, nesta noite fria, celebram o Natal, outros o fazem duma outra forma celebrando-o à mesma. Não sei quem está mais próximo da verdade, - da verdade natalícia bem entendido -, mas sei que só seremos capazes de nos realizar quando fazemos algo pelo outro, seja ela o nosso semelhante que sofre, seja ela o animal maltratado, seja ela a natureza que neste período, como noutros, é profusamente devastada. Cada um celebrará o Natal como achar melhor. Como a sua consciência lho ditar. Mas podem crer, que o Natal não se esgota nos presentes, no brilho das luzes ou na refeição opípara. Não. O Natal é muito mais. A propósito. Vou ter que sair nesta madrugada fria de Dezembro porque os meus amigos de quatro patas me esperam um pouco por aí. E se eu não for, - ou outros que perfilhem este mesmo ideal -, eles ficarão sem refeição, ao frio, com fome, e esse não será seguramente o espírito do Natal. Pelo menos do Natal como eu o entendo. Dizem-nos para acender uma luz nesta noite de Natal pela paz no mundo. Quando haverá paz no mundo? Neste mundo desalinhado e cruel! E no nosso coração, será que também existe paz? 

A Depressão mata - Um texto para reflexão

Conheço bem esta situação. Minha mãe padeceu dela e dela veio a morrer. Eu entrei numa fruto de a ver a sim e, depois, por a ter perdido num emaranhado de emoções. Quando a temos, ignorá-mo-la. Porque achamos que não. Que os outros é que estão errados. Não temos consciência dela. Depois é tarde demais. A DEPRESSÃO mata. A fotógrafa MARGARIDA GAUTIER morreu na passada terça-feira. O seu irmão, Francisco Gautier, dedicou-lhe um texto na sua página de Facebook, que aqui, algo emocionado, transcrevo:

"Não estou ainda capaz de articular grandes frases, por isso vou escrever apenas o que me vai agora na alma. A minha mana Margarida foi das mulheres mais fortes que já conheci até hoje. Era inteligente, criativa, carinhosa, divertida, lutadora e muito, muito minha amiga. Tinha também amigos nos quatro cantos do mundo pois sempre foi uma pessoa de grande carisma e com uma alegria de viver incomparável. Nada foi alguma vez capaz de deter a minha irmã Margarida. Apesar de, com o seu coração bom, ter sido muitas vezes magoada injustamente pela vida, ao ponto de vir a sofrer de uma doença perigosíssima, talvez a doença mais perigosa dos tempos actuais, a depressão. A minha irmão lutou durante mais de vinte anos com esta doença, algo que ía e vinha sem qualquer controlo ou ante-visão. O certo é que durante muitos anos faltou informação no nosso país sobre o que realmente significa para alguém entrar em depressão. Depressão não é igual a estar deprimida. Depressão é uma doença grave e continua a somar casos e mais casos, todos eles idênticos aos da minha irmã. Hoje a minha querida irmã Margarida resolveu terminar com este sofrimento. Era já desumano e incapaz de ser suportado. 
Pelo facto de estar a ser mal acompanhada a nível médico e por muitas vezes se auto-medicar, a Margarida entrou numa espiral confusa e vertiginosa, num enorme poço sem qualquer maneira possível de o voltar a escalar. 
Este post não serve apenas para agradecer a todas as pessoas que já me enviaram importantes palavras de condolências, mas também como um Alerta a todas as pessoas que estão ou julgam estar em depressão. Procurem ajuda médica! E se a dos hospitais for escassa – invistam em vós, procurem um bom médico pois a sanidade mental não tem preço. 
Se conhecem alguém assim, não dêem qualquer hipótese e levem-na pelo braço, se for preciso, sentar-se em frente a um bom médico psiquiatra. Sem tabus – mas com um imenso sentido de responsabilidade.
A minha irmão pediu ajuda muitas vezes. Á família, aos amigos, aos médicos, aos psicólogos e até a desconhecidos. E nenhum de nós teve a força ou o know how suficiente para a conseguir ajudar.
A Depressão é uma doença terrível e já chega de virarmos a cara para o outro lado. Temos uma significativa percentagem de portugueses a viver neste momento em estados de depressão, sem que ninguém se aparceba. Muitos deles continuam a ter grandes responsabilidades e outros assumem até posições profissionais de grande destaque mediático, mas é muito dificil dar-se por isso. É, por isto, preciso redobrarmos a atenção de modo a ajudar quem está a precisar. E se for preciso, denunciem a situação a terceiros, a quartos, às pessoas que forem precisas para que se consiga obter o melhor tratamento médico para quem padece desta horripilante perturbação. 
Não considero, como já algumas pessoas simpaticamente me disseram, que tenha sido um acto de coragem, ou como alguns outros, um acto de cobardia. Foi apenas um acto ditado por uma mente não sã. O estado em que a minha querida Margarida se encontrava tinha muito pouco de si própria. Grande parte dos seus actos, pensamentos, inseguranças, preocupações, etc, etc, tinham origem apenas e somente nesta doença. 
Hoje, dia 16 de Dezembro de 2014, a Margarida ficou em paz. Acabou-se o sofrimento. Foi ter com os meus avós que já a esperavam há muito e está lá já a olhar por todos nós. Fotógrafa, criadora de cães, muito alegre e uma tia extremosa para as minhas filhas, são apenas alguns dos tributos das Margarida que nunca esquecerei."

Prendas (Uma reflexão sobre o Natal)

O nascimento do Filho de Deus é uma dádiva total de Deus para nós. Como sinal dessa dádiva, ofereça-mo-nos também a Ele. Apresentamos aqui algumas das melhores prendas e mais bonitas ofertas que existem, e que não se podem comprar. Se aceitarem a nossa sugestão, paguem, no máximo, com orgulho. Ofereçam aos vossos amigos: LEALDADE. Ofereçam aos vossos inimigos: PERDÃO. Ofereçam à vossa família: TEMPO. Ofereçam aos outros: UM BOM EXEMPLO. Ofereçam aos vossos pais: GRATIDÃO. Ofereçam a todos: AMOR. E ofereçam a Jesus Cristo: A VOSSA VIDA.

A Poesia de Vitorino Nemésio - 5 - "Natal Chique" - (A caminho do Natal)


Regresso hoje à poesia de Vitorino Nemésio, desta feita sobre a época que atravessamos, o Advento. Aqui quero deixar um olhar fresco, apesar do tempo, sobre esta época. É poesia que dá para refletir nos nossos dias. Afinal o tempo que medeia é curto, e a evolução do ser dito humano, é lenta. Leiam atentamente e pensem sobre o sentido profundo da poesia.

"Natal Chique

Percorro o dia que esmorece
Nas ruas cheias de rumor;
Minha alma vã desaparece
Na muita pressa e pouco amor.

Hoje é Natal. Comprei um anjo,
Dos que anunciam no jornal;
Mas houve um etéreo desarranjo
E o efeito em casa saiu mal

Valeu-me um príncipe esfarrapado
A quem dão coroas no meio disto,
Um moço doente, desanimado…
Só esse pobre me pareceu Cristo."

in "Poemas de O Pão e a Culpa", Lisboa 1955.

Sunday, December 21, 2014

A Poesia de Vitorino Nemésio - 4 - "Anjos" (A caminho do Natal)

Elegi nesta época natalícia a poesia de Vitorino Nemésio. Ela dá bem a ideia dos nossos tempos, onde a reflexão sobre a vida é algo que evitamos. Por desconforto, por preguiça. Mas dela não queremos falar. Porque incomoda, mesmo quando vem de alguém que não era um ser pio, um ser de crenças. Mas por vezes, é daí que surgem as grandes verdades. Pois fiquem com esta poesia refrescante, quiçá, redentora e pensem como ela é atual apesar dos tempos já passados.



"Anjos

Os anjos são rijos como as pedras
E leves como as prumas.
Na leira rasa de aves, Tu, que redras
Terra, névoas e espumas,
—Deus, de teu nome! —sabes
Que um anjo é pouco e imenso:
Por isso cabes
No anjo e ergues o incenso.

Desfaleço a pensar-te,
Ó ser de Anjos e Deus
Que baixa em mim:
Sobe-me na alma, que ando a procurar-te
E dizendo-te Deus
Acho-te assim.

Anjos são os terríveis
Modos de Deus connosco;
Nós, as suas possíveis
Transparências a fosco.
Lívidos, sem respiração
Ficávamos do toque
Da primeira asa vinda;
Mas eles rondam apenas a oração

Que múrmura os evoque,
E vão-se, e tornam ainda.
Deles para cima, ainda mais graus de glória
Relutam ao sentido
Que deles vem à memória
Como uma bolha de ar na água do olvido:
No mais, são tão pesados,
Os anjos leves ao justo…
Tão alados,
Mas desgostosos do nosso susto!

É isso! Disse-mo agora
O verbo súbito surpreso:
Ser anjo é espanto da demora
Nossa e do peso pávido
Que nos estende.
Terrível é quem toca terra
Para a levar, e não a rende.

Que o anjo, de si, é àvido
De transe e rapidez,
E é ele que chora
Nosso chumbo, hora a hora:
É ele que não entende
A nossa estupidez."

in "Poemas de O Pão e a Culpa", Lisboa 1955.

Saturday, December 20, 2014

Intimidades reflexivas - 116

Para todo o mal, existe a cura: Para a tristeza, uma dose de alegria. Para a dureza da realidade, um sonho realizado. Para a expectativa, uma verdade sem ilusão. Para a desilusão, a possibilidade de um amor novinho em folha... Porque embora a vida pese de vez em quando, há sempre um alívio que nos restitui a esperança...

Intimidades reflexivas - 115

Nada faz tanto bem quanto imaginar que cada dia é um dom que Deus nos concede... Cada amanhecer, um presente, uma nova chance, um sim, um sinal de amor uma lição de vida. Um sorriso divino que desabrocha junto com o sol... E reafirma toda esperança... E insistente lembra que o viver ainda pode ser bonito, ainda pode ser sincero, ainda pode ser inteiro, íntegro, alegre, positivo, cheio de fé abundante em bençãos... Nada faz tanto bem, quanto crer que cada dia é uma prova do amor de Deus por nós. E o mínimo a fazer já que assim é, seria também ser todo amor... Ser uma gota divina na vida de alguém... Um soprinho de paz quando o clima fica tenso... Um olhar terno, apesar dos contextos ásperos da vida... Um semblante transbordando de simpatia...enquanto há tanta graça sendo inutilmente economizada... Cada dia é dom de Deus! É tão consolador assim pensar... E cada ser, um aspecto iluminado desse dom... Cada ser, uma candeia de puro amor... Despertando... E a cada mão oferecida... Maior a cura dos equívocos do percurso... Despertemos como Luz Divina! Acordemos, como dom celestial... E que tudo vá bem! Que assim seja!

Friday, December 19, 2014

Um conto de Natal

A Noite tinha chegado muito rápido, no céu uma ligeira brisa de neve batia suavemente no rosto branco e frio de uma menina que se chamava Sara. Ela andava pelas ruas perdida sem rumo, pois ela era uma orfãsinha, e sozinha caminhava olhando as lojas mágicas iluminadas pelas luzes de Natal. Suas roupas sujas e gastas pelo tempo, as mãozinhas delicadas mas muito ressecadas pelos maus tratos da vida... E perante tanta beleza ela até esquecia que vivia triste e sozinha... Mas muito de repente as ruas ficaram desertas pois cada um entrava em casa para a ceia de Natal... O frio corria pelas ruas gritando, e a Neve caindo deixando pela cidade um manto branco. Sara procurava um abrigo para se aquecer e para passar a Noite e pelo caminho encontra no chão uma caixinha de fósforos e tinha três e a colocou delicadamente no bolso. E finalmente de tanta procura, encontrou um cantinho numa casa abandonada e muito escura. Se sentou e pegou um pedaço de pão para comer, mas fazia muito escuro e teve uma ideia acender um fósforo... Acendeu... E de repente como por magia uma linda luz radiava a casa e ela se viu no meio de muitos brinquedos, uns que falavam outros que dançavam, era tão mágico que ela ficou maravilhada, no rosto um sorriso lindo, e ela brincou muito, rindo, dançando e tinha um vestido de Princesa de um rosa pálido, a beleza de um anjo sem fim. Mas o fósforo se apagou, a escuridão voltou... Sara acendeu outro... e a linda luz radiava mais, e aí ficou parada à frente de uma grande árvore de Natal, que tinha uma Lareira acesa, e de longe ouviu Alguém a chamar... - Sara, minha filha!!! Sara olhou, e admirada viu sua mãe e seu pai, emocionada correu nos braços deles chorando, o abraço foi infinito , Sara passou a ceia de Natal com sua Família, seus Pais rodeada de Presentes, comer e o mais importante o AMOR. Mas o fósforo se apagou, a escuridão voltou... Sara só tinha mais um, só mais em suas mãos tremidas, uma mistura de dor e felicidade e acendeu o ultimo fósforo... Uma luz sem fim iluminando toda a casa, e surgindo dos raios a imagem, de Deus, e de uma voz forte e suave ele fala para a menina gelada de medo. Minha Filha vem nos meus braços, vou cuidar de você para a eternidade e te mostrar que o Amor é divino... e ainda temos muitos caminhos a percorrer para deixar ao Mundo a Magia do Natal... uma Família reunida pelo amor. Sara lhe dá a mão e segue o nosso Pai, o Pai de todos os Homens da terra, nosso salvador. No dia seguinte uma porta se abre na casa abandonada, um homem surge e faz a volta pela casa e encontra no chão um pedaço de pão e três fósforos apagados e um desenho de poeira com o rosto de sara sorrindo e uma mensagem... Eu nasci de novo...

Thursday, December 18, 2014

Intimidades reflexivas - 114

A vida de ninguém é repleta de momentos perfeitos. E se fosse, não seriam momentos perfeitos. Seriam apenas normais. Como você conheceria a felicidade se nunca passasse pelas fases tristes?

Intimidades reflexivas - 113

"A vida é isso, viver cada dia como se fosse o último, especial e único, com a alegria que é o fruto da nossa insistência na felicidade". - Paulo Roberto Gaefk.

Wednesday, December 17, 2014

No aniversário de meu avô e padrinho

Venho homenageando este avô materno (bem como a minha avó e madrinha sua esposa) e, para quem não conhece, dá a sensação de que não homenageio os meus avós paternos. Não é verdade. Apenas não os vêem neste espaço porque ambos morreram muito cedo. O meu avô paterno morreu ainda o meu pai nem sequer conhecia a minha mãe, e a minha avó paterna morreu muito cedo era eu ainda criança. Nessa época essas datas não eram assinaladas como hoje e as fotos eram escassas, bem longe, da profusão que tiramos nos nossos dias fruto da era digital. Contudo, isto não ensombra os meus avós maternos, que me criaram e me educaram, para quem tenho uma enorme dívida de gratidão que nunca fui capaz de lhes retribuir. É com esse espírito que hoje aqui venho para homenagear o meu avô e padrinho José da Silva Matos que neste dia faria 111 anos, caso ainda por cá andasse. Já vai longe o tempo em que partiu embora a saudade permaneça como se tivesse acontecido ontem. À boleia desta homenagem, decidi colocar duas fotos que muito diziam ao meu avô. A primeira, prende-se com uma sentida homenagem que lhe foi feita pela administração do banco e seus pares, quando ele cumpriu 30 anos de trabalho para essa instituição, - o meu avô foi funcionário do Bank of London & South America, Limited, (o banco inglês como era popularmente conhecido e que se situava na Praça da Liberdade na esquina com a Rua Sampaio Bruno, onde hoje está o BBVA); a segunda, é a reprodução da salva em prata que lhe foi oferecida pela instituição para celebrar essa 
data. Ambas me foram legadas pelo meu avô, como algo que para ele assumia um valor incalculável. O meu avô era um homem simples que não gostava de estar sob os holofotes, e quando tinha que ir a cocktails que a sua atividade profissional impunha, era algo que fazia a contragosto. E este não foi exceção, até porque ele era o foco das atenções que ele não queria ser. Chegado aqui, gostaria de salientar que na foto, para além do meu avô cujo rosto está assinalado a amarelo, à sua direita está a mais alta administração do banco à época, o sub-gerente - de cujo nome não me recordo - e o gerente que julgo chamar-se Mr. Radcliff, (de quem era particular amigo) - embora disso não tenha a certeza - e a sua esposa no canto esquerdo da foto. (Nessa altura, com a organização interna dos bancos um pouco diferente da do nossos dias, Mr. Radcliff seria o CEO da instituição e o seu adjunto. Isto era a suprema homenagem que um funcionário poderia receber, e meu avô muito se orgulhava dela). Mas hoje o que mais interessa é lembrar o dia do seu aniversário. Esta deriva apenas serviu para evocar um grande momento na vida de meu avô e dar a conhecer uma imagem dele um pouco diferente, mais novo e num contexto alternativo àquele que tenho utilizado nos últimos tempos. Com esta singela homenagem quero aqui lembrar uma pessoa a quem devo tudo desde o berço, sobretudo, uma certa maneira de estar, uma certa educação que me marcaria pelo tempo fora. Uma figura tutelar, um chefe de clã, um timoneiro nos dias de tempestade, um amigo nos tempos difíceis, um avô que a consanguinidade aproximava. Foi o meu primeiro mestre escola. Com ele aprendi muito, e quando entrei na Escola Primária como então se dizia, (hoje é o Básico), já eu dominava a escrita, a leitura e as operações básicas. Por isso, consegui num único ano fazer a 1ª e a 2ª classes, - como então se chamavam -, mas isso é uma outra estória para um outro tempo. Agora é apenas a homenagem que quero aqui e agora fazer, o dia do seu aniversário que quero aqui registar. Parabéns, avô José!

No aniversário do Papa Francisco

Hoje é dia de celebrar o aniversário do papa Francisco que completa 78 anos de idade. Francisco, cujo nome de batismo é Jorge Mario Bergoglio, nasceu em Buenos Aires em 17 de Dezembro de 1936, é o 266.º Papa da Igreja Católica e atual chefe de estado do Vaticano. Tem sido uma fonte inspiradora para muitos no seio da Igreja Católica, mas também o tem sido muito para além dela. Espero que continue assim, a ser um farol da Igreja e da cidadania nestes tempos de chumbo que vivemos. Parabéns, Jorge Bergoglio! Parabéns, Papa Francisco! Que esta data se repita por muitos anos.

Intimidades reflexivas - 112


"Se as portas da perceção forem límpidas, tudo apareceria perante nós como é, infinito" - William Blake.


Tuesday, December 16, 2014

Intimidades reflexivas - 111

Que o sussurrar do vento te leve um beijo carinhoso e eterno e me deixe em seus pensamentos para que a distância não apague em ti minha existência.

Intimidades reflexivas - 110

As vezes me beneficio do direito de me aconchegar no silêncio e deixar as pessoas pensarem o que quiserem. Explicar às vezes é cansativo e desnecessário. Não sou o mesmo todos os dias. Seguir o mesmo roteiro cheira hipocrisia e esse é um perfume que não me agrada.

Monday, December 15, 2014

Intimidades reflexivas - 109

Num mundo obsessivo por perfeições inalcançáveis, que saibamos apreciar, acima da beleza que temos, a beleza que somos.

Intimidades reflexivas - 108

"Na Natureza nada se faz, nem nada se cria, tudo se transforma" - Antoine Laurent Lavoisier.

Sunday, December 14, 2014

Intimidades reflexivas - 107

"Só há felicidade se não exigirmos nada do amanhã e aceitarmos do hoje, com gratidão, o que nos trouxer. A hora mágica chega sempre." - Hermann Hesse.

Intimidades reflexivas - 106

Poder voar, mas não num avião. Alguns odeiam viajar de avião e outros adoram fazê-lo. Ter a oportunidade de decidir deixar um lugar por outro melhor, abrir as asas e voar... Vejam como o ser humano não é assim tão perfeito. Faltam-nos as asas ou as barbatanas. Felizmente não as podemos roubar aos pássaros ou peixes, de contrário, já se teriam extinguido.


Saturday, December 13, 2014

Intimidades reflexivas - 105


"A filosofia só tem um objetivo, o absurdo: Deus." - Friederich Hegel.

Intimidades reflexivas - 104

"O pensamento que não se decapita, vira transcendência." - Theodore W. Adorno.

Friday, December 12, 2014

Intimidades reflexivas - 103

"Há uma memória de Deus inscrita no Homem que é preciso despertar." - Platão.

Intimidades reflexivas - 102

"O inferno são os outros." - Jean-Paul Sartre in "A Náusea".

Thursday, December 11, 2014

Intimidades reflexivas - 101


"A mente humana não pode conceber o nada nem o infinito." - Albert Einstein.

Intimidades reflexivas - 100


"Duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana. Mas, no que respeita ao universo, ainda não adquiri a certeza absoluta." - Albert Einstein.

No 106º aniversário de Manoel de Oliveira

Hoje é mais um dia festivo, dum festivo especial, nomeadamente para o Porto. É que Manoel de Oliveira faz 106 anos (!) precisamente no dia de hoje. Nascido a 11 de Novembro de 1908 no Porto, estaria longe de pensar que a sua vida seria tão longa e tão rica. Mas o destino quis assim. Ele, um dos grandes vultos do cinema, apesar da sua idade, ainda vai estrear precisamente neste dia, a sua última curta-metragem com o título "O Velho do Restelo". Um amor enorme pela arte cinematográfica, um amor grande pela vida. Vida e arte confundem-se neste ser sempre afável e prazenteiro. Ontem, foi condecorado pela França com a Legião de Honra pela sua carreira, hoje é condecorado pela vida com mais um aniversário. Junte-mo-nos à festa e homenageemos este nosso grande cidadão, deste grande obreiro da arte do cinema. Parabéns, mestre Manoel de Oliveira! 

Wednesday, December 10, 2014

Intimidades reflexivas - 99

"Quando morre um leopardo deixa a sua pela, um homem deixa a sua reputação" - Provérbio chinês.

Intimidades reflexivas - 98

Que seja belo e alegre o teu despertar...Que nele, você encontre muitas coisas bonitas, como o canto dos pássaros, o perfume das flores, o sorriso de criança, a pureza de um olhar, o calor de um amor...E que teu coração mantenha sempre a porta aberta, para receber tudo de bom que a vida te reservar neste novo dia!!