Turma Formadores Certform 66

Sunday, June 30, 2013

No 7º aniversário do blog


"Pois é, a turma que se esquivava do Blog, por ele foi - inevitavelmente - apanhada. Daqui ninguém escapa e a partir de agora é sempre a crescer . . . Já passou a era da privacidade. Esta é uma turma aberta ao Mundoooooooooooo!..." Foi com este comentário proveniente dum dos formadores - o Dr. António Rolo - que se iniciou a vida deste blog. Inicialmente pertença dum grupo de formandos da Certform, a famosa turma 66. (Ver foto anexa). Passados todos estes anos - já vão 7! - o blog não teve a participação que era esperada. Alguns por manifesta falta de interesse, outros simplesmente porque assim o quiseram, delegando em mim o ir alimentando este espaço. Afirmavam então que "ele - o blog - estava em boas mãos, por isso, eu lhe daria o melhor encaminhamento". Este pretenso elogio nada mais encerrava em si do que o descartarem-se da tarefa colocando-a aos ombros duma só pessoa. Mesmo assim, aceitei o repto, não esmoreci, e passados todos estes anos não me envergonho do trabalho nele desenvolvido, sempre numa vertente cultural e informativa, que é aquilo que acho mais fundamental. Com certeza que tenho a noção de que cometi erros, tenho a convicção de que poderia ter feito melhor, contudo, não me envergonho do trabalho efetuado. Queria neste dia, em que se completam sete anos desde a sua fundação, endereçar um grande abraço a todos o que os têm seguido este blog ao longo do tempo, fiéis leitores a quem muito agradeço. Quanto aos meus antigos colegas, renovo aqui, mais uma vez, o convite à sua participação. Nunca é tarde e certamente que este espaço ficaria bem mais enriquecido. Um grande abraço para todos!

Friday, June 28, 2013

Claudio Abbado celebra o seu 80º aniversário

Claudio Abbado completou na passada quarta-feira 80 anos de idade. Abbado nasceu em Cavaliere de Gran Croce OMRI, Milão, a 26 de Junho de 1933. Desde muito jovem decidiu que enveredaria pela carreira musical. Foi o diretor musical da ópera La Scala, de Milão, foi o principal regente da Orquestra Sinfónica de Londres, foi o principal maestro da Orquestra Sinfónica de Chicago, foi diretor musical da Ópera Estatal de Viena e, foi ainda, maestro principal da Orquestra Filarmónica de Berlim de 1989 até 2002. Tais cargos por ele assumidos colocam-no na posição dum dos mais nomeados e reconhecidos maestros do século XX. Recentemente teve que conviver com um cancro que viria a vencer. Para celebrar este aniversário decidi trazer um vídeo em sua homenagem que podem ver e ouvir em http://www.youtube.com/watch?v=CsO-j0dLuJo no qual Claudio Abbado dirige a valsa "Aquarellen", Waltz op. 258 de Josef Strauss à frente da Wiener Philharmoniker. Parabéns, Claudio Abbado!

Thursday, June 27, 2013

Equivocos da democracia portuguesa - 262

Hoje é dia de greve geral! Mais uma, a quarta desde que o atual governo entrou em funções. A segunda em que as duas centrais sindicais - CGTP e UGT - convergem em uníssono. Sabemos que mais uma greve geral não vai resolver os problemas do país, antes pelo contrário, mas também percebemos que os portugueses estão fartos desta política e dos inúmeros sacrifícios que ela tem acarretado. Sabemos que a greve geral não vai derrubar o governo por duas ordens de razões contraditórias entre si: a primeira, é que o CDS/PP não quer ficar com o ónus da queda do governo - e, em boa verdade, só o CDS/PP o pode derrubar neste momento - porque é um partido que quer estar no governo, se sente bem nele, e para isso, está disposto a coligar-se com quem quer que seja, desde que sirva para se perpetuar no poder; a segunda razão, é que o PS - que será a alternativa política no futuro próximo - não está interessado em assumir o poder neste momento. E porquê? Porque simplesmente não poderia fugir a reformas que são inveitáveis no Estado, sejam elas impostas ou não pela "troika", mas que o evoluir dos tempos a isso conduzirão. Casos como os da função pública, caso como o dos professores (que lutam encarniçadamente pelos seus interesses corporativos mais que quaisquer outros), casos da reforma fiscal ou do Serviço Nacional de Saúde, que são inevitáveis, - ou porque já se chegou ao ponto de não retorno, ou porque são necessárias - trariam o descontetamento logo no dealbar do novo executivo. Assim, existe esta paz podre de deixar o governo arder em lume brando porque não estão reunidas as condições para a mudança e até porque rende sempre algum dividendo político fruto do descontentamento existente. Por tudo isto, a greve geral não irá servir para nada, apenas para canalizar alguma tensão que a sociedade portuguesa tem em si, o que já é importante. No fim, governo e sindicatos disputarão os níveis de adesão, degladir-se-ão com as estatísticas duns e doutros, mas o resultado é que tudo continuará igual, e o amanhã será como hoje, ou pior, porque este governo se encarregará de o fazer porque ainda falta algum tempo para as eleições. Mas enfim, apesar de tudo, não deixam de existir motivos para que esta greve geral se justifique.

Wednesday, June 26, 2013

"Carta aberta de um estudante liceal grego" - Para refletir

Publico esta carta aberta sem tecer qualquer comentário. Cada um julgará por si e tirará as suas ilações. só vos peço que reflitam, que pensem, num momento histórico em que, cá como lá, é incómodo que as pessoas pensem. Aqui fica o texto:
 
"Carta aberta de um estudante liceal grego
22/05/2013
Tradução de José Luiz Ferreira (de Echte Democratie Jetzt)
Aos meus professores? e aos outros:
O meu nome é K. M., sou aluno do último ano num liceu em Drapetsona, Pireu.
Decidi escrever este texto porque quero exprimir a minha fúria, a minha revolta pelo atrevimento e pela hipocrisia daqueles que nos governam e daqueles jornalistas e media mainstream que os ajudam a pôr em prática os seus planos ilegais e imorais em detrimento dos alunos, dos estudantes e de todos jovens.
A minha razão para escrever é a intenção dos meus professores de fazer greve durante o período dos exames de admissão à Universidade e os políticos e jornalistas que choram lágrimas de crocodilo sobre o meu futuro, o qual ?estaria em causa? devido à greve.*
De que falam vocês? Que espécie de futuro tenho eu devido a vocês? E quem é que verdadeiramente pôs em causa o meu futuro?
Deitemos uma vista de olhos sobre quem, já há muito tempo, constrói o futuro e toda a nossa vida:
- Quem construiu o futuro do meu avô? Quem vestiu o seu futuro com as roupas velhas da administração das Nações Unidas para a ajuda de emergência e reconstrução e o obrigou a emigrar para a Alemanha?
- Quem governou mal e estripou este país?
- Quem obrigou a minha mãe a trabalhar do nascer ao pôr-de-sol por 530 euros por mês? Dinheiro que, uma vez paga a comida e as contas, nem chega para um par de sapatos, para já não falar num livro usado que eu queria comprar numa feira de rua.
- Quem reduziu a metade o ordenado do meu pai?
- Quem o caluniou, quem o ameaçou, quem o obrigou a regressar ao trabalho sob a ameaça da requisição civil, quem o ameaçou de despedimento, juntamente com todos os seus colegas dos serviços de transportes públicos quando eles, que apenas queriam viver com dignidade, entraram em greve?
- Quem procurou encerrar a universidade que o meu irmão frequenta para atingir alguns dos seus sonhos?
- Quem me deu fotocópias em vez de manuais escolares?
- Quem me deixa enregelar na minha sala de aula sem aquecimento?
- Quem carrega com a culpa de os alunos das escolas desmaiarem de fome?
- Quem lançou tanta gente no desemprego?
- Quem conduziu 4.000 pessoas ao suicídio?
- Quem manda de volta para casa os nossos avós sem cuidados médicos e sem medicamentos?
Foram os meus professores que fizeram tudo isto? Ou foram VOCÊS que fizeram tudo isto?
Vocês dizem que os meus professores vão destruir os meus sonhos fazendo greve.
Quem vos disse alguma vez que o meu sonho é ser mais um desempregado entre os 67% de jovens que estão no desemprego?
Quem vos disse que o meu sonho é trabalhar sem segurança social e sem horários regulares por 350 euros por mês, como determinam as vossas mais recentes alterações às leis laborais?
Quem vos disse que o meu sonho é emigrar por razões económicas?
Quem vos disse que o meu sonho é ser moço de recados?
Gostaria de dirigir algumas palavras aos meus professores e aos professores em toda a Grécia:
Professores, vocês NÃO devem recuar um único passo no vosso compromisso para connosco. Se recuarem agora na vossa luta, então sim, estarão verdadeiramente a pôr em causa o meu futuro. Estarão a hipotecá-lo.
Qualquer recuo vosso, qualquer vitória que o governo obtenha, roubará o meu sorriso, os meus sonhos, a minha esperança numa vida melhor e em combater por uma sociedade mais humana.
Aos meus pais, aos meus colegas e à sociedade em geral tenho a dizer o seguinte:
Quereis verdadeiramente que aqueles que nos ensinam vivam na miséria?
Quereis que sejamos moldados nas salas de aulas como mercadorias de produção maciça?
Quereis que eles fechem cada vez mais escolas e construam cada vez mais prisões?
Ides deixar os nossos professores sozinhos nesta luta? É para isso que nos educais, para que recusemos a nossa solidariedade?
Quereis que os nossos professores sejam para nós um exemplo de respeito por nós próprios, de dignidade e de militância cívica? Ou preferis que nos dêem um exemplo de escravidão consentida?
Finalmente, quereis que vivamos como escravos?
De amanhã em diante, todos os alunos e pais deviam ocupar-se de apoiar os professores com uma palavra de ordem: ?Avançar e derrotar a tirania fascista!?
Lutemos juntos por uma educação de qualidade, pública e livre. Lutemos juntos para derrubar aqueles que roubam o nosso riso e o riso dos vossos filhos.
PS: Menciono as minhas notas do ano lectivo 2011/12, não por vaidade mas para cortar a palavra àqueles que avançarem com o argumento ridículo de que ?só quero escapar às aulas?: Comportamento do aluno: ?Muito Bom?. Classificação média: 20 (?Excelente?) [a nota mais alta nos liceus gregos]."


Thursday, June 20, 2013

Samba e futebol versus alteração de paradigma

Todos os países têm os seus ícones enquanto povo, nós não fugimos à regra e o Brasil também não. Entre nós portugueses, o Brasil era conhecido como o país do samba e do futebol. Pelo grande colorido do primeiro encimado por mulheres de grande beleza, e pelo grande talento que os artistas da bola, passeavam pelos estádio do mundo inteiro. Daí o se achar que o samba e o futebol eram as grandes molas que impulsionavam a economia brasileira e que eram o grande paliativo dos brasileiros, sobretudo dos mais pobres e carenciados, que iam aqui buscar o fôlego para enfrentar os restantes dias do ano. Contudo, algo parece estar a mudar. As últimas manifestações a que temos assistido no país irmão dão-nos a ideia de que estes ícones já não bastam aos brasileiros que foram amadurecendo e assim criando a necessidade doutros ícones que ajudem a melhorar as suas vidas. Estas manifestações acontecem não só no Brasil como fora dele, e em Portugal também, numa comunidade brasileira numerosa que povoa o nosso país. Alguns destes manifestantes apareceram no Porto onde os interpelei. (Ver foto anexa). Senti na ânsia dos mais novos de que algo mude para melhor na sua terra, e nos menos jovens a ideia de que a geração que os segue tenha melhores condições de vida num país que tem, praticamente, de tudo. Estes eram os anseios que vi, que senti, nesses muitos nossos irmãos brasileiros que ontem desceram à baixa portuense para manifestar a sua solidariedade com os seus compatriotas que se manifestam no país irmão. O mais curioso é que manifestações destas estão a acontecer um pouco por todo o mundo, na América Latina ou no Médio Oriente, em África ou na distante Oceania. Os povos começaram a ter a consciência da alteração de paradigma porque o mundo está a passar e estão a perceber que a hora é de lutar pelos seus interesses e direitos, agora e não amanhã, porque é agora que o tempo chegou, neste tempo de incerteza e de angústia em que o mundo se vê envolvido. Talvez não seja por acaso que vemos o surgimento dum Wikileaks; talvez não seja por acaso que assistimos à divulgação de certas atitudes secretas utilizadas contra este ou aquele, ou a favor dum outro, - o que vai dar ao mesmo -, como com este último escândalo das escutas imanadas dos EUA. (Escândalos a quem nem o Vaticano escapa). Não é por acaso que assistimos a uma Primavera árabe, que ainda não se sabe bem se será uma Primavera ou mais um Inverno sombrio sob outra forma; não é por acaso que vemos alguns tiranetes africanos a serem acossados nos seus privilégios e que recorrem à força mais brutal para os tentar manter. Não é por acaso que a Europa está mergulhada numa crise sem precedentes na busca dum modelo ainda indefinido embora, temporariamente, conduzido por ultraliberais que estão a conduzi-la para o abismo. O mundo está de facto em mudança! Assim, o espaço para a alienação dos povos é cada vez mais curto porque estes começaram a ter consciência de que era chegada a sua hora e não poderiam continuar a delegar nas mãos dos políticos o seu destino. Os povos já não se revêem nos políticos atuais, e isto é perfeitamente visível em Portugal. Como tal, e voltando ao que se está a passar no Brasil, o samba e o futebol já não bastam para adormecer os povos de molde a que tudo fique na mesma. Não basta ser uma economia emergente quando a redistribuição da riqueza não é equitativa. Parece chegado o momento dos grandes desígnios no mundo. Contudo, temos sempre que ter cuidado com o aproveitamento que estes legítimos anseios populares podem ter de outras forças, que subrepticiamente se infiltram com outros objetivos que muitas vezes, infelizmente, representam algo mais sinistro do que aquilo que aparentemente se contesta. Portugal tem disso grandes lições a tirar da História recente, bem como o Brasil. Mas isso não significa que nos deixemos ficar no sofá. Porque a História está a fazer-se nas ruas e é lá que as pessoas são necessárias. Vi num cartaz dum manifestante no Brasil escrito o seguinte: "O monstro acordou!" Esse grande monstro que é a força popular pode mover montanhas, mas sempre com a atenção para não se deixar esmagar por elas.

Tuesday, June 18, 2013

Conversas comigo mesmo - CXXXIII

Há momentos em que a solidão nos ajuda a pensar e a repensar a vida. A nossa e a daqueles que já por ela passaram e povoaram a nossa existência. Isto a propósito do dilema inevitável da velhice e da maneira como as novas gerações lidam com ela. Quando era menino, apenas os homens trabalhavam e as mulheres ficavam em casa a cuidar desta e dos filhos, como era costume dizer-se. Nem todas assim o faziam, - afinal não há regra sem exceção -, mas sobretudo, porque as hipóteses de trabalho para as mulheres eram menores numa sociedade machista, dominada pelo homem onde a mulher não tinha direitos ou os que tinha eram tão poucos que é como se não os tivessem. Assim, o problema da velhice era encarado duma outra forma, porque as pessoas normalmente tinham sempre familiares disponíveis, por isso, nessa altura morria-se em casa junto dos seus. Hoje a sociedade é bem diferente. Com avanços significativos - desde logo nos direitos das mulheres - mas também numa evolução para uma sociedade mais equilibrada em que ambos os cônjuges trabalham para sustentar a casa, e mesmo assim, por vezes, não chega. Se cada moeda tem o seu reverso, esta evolução da sociedade para um outro patamar também o tem. Desde logo, a incapacidade de os cônjuges cuidarem dos seus velhos. (Embora face à mentalidade destes tempos de incerteza mesmo que o tivessem arranjariam maneira de os despacharem rapidamente para uma qualquer instituição). Enquanto escrevo isto, vem-me à memória uma passagem do filme "O Dia da Independência" de Roland Emmerich. Logo no início há uma passagem dum filho que vai visitar o pai a um asilo para velhos, onde conversam sobre tudo e nada, e depois o filho acaba por partir deixando o pai como se este estivesse a viver na sua própria casa. Nessa altura pensei para comigo, ainda bem que entre nós tal não existia porque os velhos sentir-se-iam muito mal. Só que do tempo do pensamento até ver na minha terra essa mesma situação, foi tempo dum relâmpago. Dir-me-ão que hoje as pessoas trabalham e não podem cuidar dos seus velhos. É um bom argumento, muitas vezes real, outras vezes - muitas - hipócrita. É como dizer que se defendem os animais e depois vai-se enviá-los para a morte para, como dizem, "não sofrerem"!!! O que buscam é a solução para que os seus egoísmos sejam satisfeitos. Hoje vejo muitos velhos que são atirados para esses lugares a que chamam lares, na maioria das vezes contra a sua vontade. Por vezes, são levados ao engano e depois lá depositados, outras são mesmo coagidos a irem para lá. Mas a hipocrisia humana é deveras complexa e hoje, nestes tempos de angústia por que passamos, muitos filhos vão buscá-los de novo. E porquê? Não porque os queiram, não porque estão mais disponíveis face a algum dos conjuges ou os dois terem perdido o emprego e assim disporem de mais tempo para deles cuidar, mas tão só, porque necessitam das suas parcas reformas para viverem. Mais uma vez os mesmos egoísmos que embrutecem o ser humano. O importante é que eu tenha dinheiro para fazer face à vida nem que seja usurpar uma reforma (muitas vezes de miséria de um velho) para que os meus egoísmos se possam manter. Dei comigo a pensar sobre isto, não só pelo que vejo no mundo que me rodeia, mas sobretudo por um livro que me chegou às mãos de Jorge Bergoglio (Papa Francisco) em diálogo com o seu amigo o rabino Abraham Skorka. Esse livro que tem por título "Sobre o Céu e a Terra" e de que já dei devida nota neste espaço, também se pode ler algumas reflexões sobre este tema feita pelos dois interlocutores. Numa sociedade devastada por uma crise que não parece ter fim, numa desumanisação que a tem penetrado sem que dela demos por isso, onde os valores do momento, sejamos meus ou os dos outros - mesmo que sejam os pais - ficam arredados para que o meu mundo continue a rolar como se nada existisse para além dele. Mas é tempo para pararmos e pensarmos que amanhã também seremos velhos e as gerações vindouras nos farão o mesmo ou até pior. Nessa altura talvez comecemos a sentir algum calafrio, mas será tarde, porque a nova geração avançará com aquilo que viu a anterior fazer. Se hoje os velhos são um estorvo - só interessando aquilo que ainda podem render - na sociedade de amanhã serão talvez mais do que isso. Porque como as coisas estão a evoluir não pensemos que os valores dos mais velhos serão mais defendidos. Nessa altura talvez pensemos como poderíamos ter abdicado de um pouco do nosso egoísmo criando patamares de amor para os mais idosos e dando um exemplo às gerações vindouras. No ciclo da vida haverá sempre um velho num banco de jardim que o deixará vago para que outro se lá sente. O próximo poderei ser eu ou tu!...

Wednesday, June 12, 2013

Equivocos da democracia portuguesa - 261

O que vamos vendo em Portugal e pelo resto da Europa está longe de nos tranquilizar. Ontem a Grécia anunciou o fim das emissões da televisão e rádio oficiais! Medida extrema que nem em tempos de ditadura aconteceu. Imaginemos o mesmo no nosso país! Se a isto juntarmos a cativação dos depósitos em Chipre, que não é garantido que não se possam estender a outros países europeus, deixa-nos, de facto, muito preocupados. Esta Europa que se vai esfrangalhando está de cabeça perdida. Uns não sabem o que fazer, outros sabem e fazem-no em benefício das suas políticas ultraliberais e das suas economias, como é o caso paradigmático da Alemanha. Ontem ficamos a saber o que a Alemanha ganhou com a crise. Hoje sabemos que todos os restantes estão mais pobres. Se a situação a nível geral da Europa é problemática, em Portugal é-o também, até porque somos uma espécie de caixa de ressonância do que se passa no restante espaço europeu a que pertencemos. Por cá, as coisas não estão melhor. Vimos no passado 10 de Junho, Cavaco Silva elogiar a agricultura e os agricultores. O elogio aos agricultores é bem devido face às dificuldades que eles têm enfrentado desde os anos 80, quando Cavaco governava o país pela primeira vez, e recebeu imenso dinheiro para arrancar oliveiras, vinha, destruir barcos de pesca, enfim, afundar de vez o sector primário da nossa economia. Cavaco que se auto proclama como sendo aquele que "nunca tem dúvidas e raramente se engana" deveria ter percebido o que estava a acontecer, mas não o fez, executou cegamente a política que lhe ditaram, daí que este elogio aos agricultores deva mais ser entendido como uma espécie de acto de contrição do que outra coisa. Aliás, Cavaco sabe com toda a certeza, que nenhum país se ergue baseado exclusivamente no sector primário. Mais uma vez Cavaco faz um discurso que não lhe assenta tão bem como talvez pensasse. Se a isso juntarmos a confusão que existe no sector da educação em que os estudantes não sabem se vão ter ou não exames a poucos dias de os realizar; se juntarmos o caso do banco J.P. Morgan que estava para ser levado a tribunal por causa dos famosos "swaps" - como afirmou a secretária de Estado do Tesouro, Maria Luis Albuquerque - e que agora parece que vai apoiar o Estado na privatização dos CTT (!) juntamente com o BI e a Caixa; depois de ontem sabermos - a acreditar nos "media" - que a segurança das personalidades (desde logo, os nossos governantes) nas cerimónias do 10 de Junho em Elvas foram asseguradas pela polícia espanhola (!) - será que já não confiam na polícia portuguesa (?) -; depois de se saber que o subsídio de férias afinal não será pago em Junho como deveria ser, indo à revelia da decisão do Tribunal Constitucional; enfim, depois de tudo isto e mais o que por aí virá, deixa-nos de facto muito preocupados, percebendo o desnorte de quem tem por missão dirigir este país com o voto que o povo lhes concedeu. Como afirmou Silva Penda no 10 de Junho, citando Frei Bento Domingues "o medo enquanto tal é paralizante". E hoje é de medo que se fala, é esse medo que está a paralisar as pessoas sem saberem que futuro as espera. Vem-nos à memória os versos de Luís de Camões, de quem tanto se fala, e que rezam assim: “Os bons vi sempre passar /  No mundo graves tormentos; /  E para mais me espantar / Os maus vi sempre nadar /  Em mar de contentamentos.” Esta situação é nada mais nada menos do que o espelho duma certa Europa. Uma Europa mediterrânica, pobre, acossada, a passar por enormes dificuldades de que está longe de se ver livre. Daí a nossa preocupação, que achamos legítima, do que será o futuro do nosso país, que esperança podem ter os nossos jovens, neste país esmagado, destruído e vendido ao desbarato. E aqui, de novo, trago-vos as palavras de Miguel Torga, tão citado e simultaneamente tão esquecido: "É um fenómeno curioso: o país ergue-se indignado, come, bebe e diverte-se indignado, mas não passa disto. Falta-lhe o romantismo cívico da agressão. Somos, socialmente, uma coletividade pacífica de revoltados." Mas se é assim entre nós, que será também desta Europa, sonho lindo de grandes estadistas, hoje reduzido a um montão de cinzas, estilhaçada, quebrada nos seus fundamentos. Se isto continuar assim, não temos dúvidas de que a Europa se desmantelará, e os fantasmas de conflitos antigos, que povoaram este espaço durante séculos, estarão de novo na ordem do dia. E que se erguerá depois sobre estas cinzas? A História dá-nos algumas pistas que não queremos aqui equacionar, mas que não podemos ignorar.

Monday, June 10, 2013

Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas

Celebra-se hoje mais um Dia de Portugal, numa altura em que o nosso país está a passar por uma das mais graves situações da sua já longa História de quase 900 anos! Freitas do Amaral, a semana passada, comparou a atual situação àquela que se viveu aquando de Aljubarrota, numa altura em que o país era dominado pelos Filipes de Espanha. Hoje, tal como nessa época, o nosso país sofre uma ocupação - a ocupação mais eficiente dos nossos dias, já não com exércitos, mas pela subjugação financeira e económica - ocupação que nos transformou num protetorado onde não bastam as palavras de contrição - que não transformadas em atos - do FMI. País humilhado por uma governação submissa aos intreresses estrangeiros - como já aqui denunciamos por diversas vezes e que agora, - só agora -, começa a ter voz pública dentro dos próprios partidos da coligação. (Veja-se as intervenções de Miguel Frasquilhos do PSD e de João Almeida do CDS/PP a quando da apresentação do OE retificativo na passada semana). Vozes tardias mas que são bem vindas neste coro de degradados em que esta governação nos transformou. Não será dispiciendo apelar a que os leitores destas linhas façam uma comparação da governação anterior com a atual. Podemos não concordar com a anterior, mas convenhamos que ela deixou o país em bem melhor situação do que está neste momento, onde já nem a esperança resiste. Hoje o país está a colher algumas das sementes lançadas à terra nessa governação de então - veja-se o que está a acontecer com o evoluir de Portugal no "ranking" tecnológico mundial; o elevado número de cientistas portugueses que vêm o seu trabalho reconhecido pelas grandes instituições do saber mundial; o prémio europeu para o Simplex, só para citar algumas - enquanto esta governação, em contrapartida, não deixará nem legado, nem saudades, apenas o rasto de miséria, de desemprego, de falências, de recessão, como nunca se viu nesta terra lusa. Mesmo em tempos de ditadura a situação nunca chegou ao patamar em que esta governação irresponsável nos colocou. A dívida não pára de aumentar, o défice é esmagador, todos os indicadores apontam para o colapso desta governação que arrasta o país para uma situação de que não se livrará tão cedo. Mesmo o facto de haver, possivelmente, eleições antecipadas não resolverá o problema. Porque muito do que foi destruído levará gerações a ser reposto, e outras coisas que ora foram aniquiladas nunca mais as teremos de volta em Portugal. É neste cenário que se comemora mais um Dia de Portugal! Não vemos motivo de celebração deste Portugal amordaçado como pensamos que nunca mais o veríamos, ainda por cima, ou talvez por isso, invocando o nome de Camões, que hoje serve para embelezar uma estirpe de lusitanos vencidos, tal como ele foi vencido, humilhado e ofendido, poeta maldito, apenas e só porque não foi sabujo dos poderes de então. E como se ainda não bastasse, associam-se também as Comunidades Portugueses no mundo, diáspora que tende a aumentar por efeito das políticas desastrosas que levam aquilo que de mais precioso temos, que é a juventude, e sobretudo aquela mais bem preparada, mais qualificada, a emigrar - com a benção dum primeiro-ministro irresponsável! - farta de se sentir a mais no seu país, sem futuro, sem esperança e sem amanhã. Neste três em um, que se tornou o Dia de Portugal - talvez por efeitos da poupança! - não vemos de facto motivo para festejar. Para além de discursos de circunstância, redondos, e como tal, inócuos, para além de umas medalhas que se atribuem aqueles que se consideram os nossos maiores - será que alguns o são de facto? - a maioria do povo passa ao lado destas comemorações. Porque já não se revêem nesta situação que os leva a preocuparem-se todos os dias em conseguir meios para a sua subsistência, para ter comida à mesa. Neste país de miséria, a que a miséria desta política nos conduziu, apenas nos resta o choro e o ranger de dentes bíblicos. Mas tenhamos esperança! Vítor Gaspar na semana passada, a quando da apresentação do OE retificativo, esclareceu esta massa amorfa de portugueses embrutecidos, que a situação que se vive tem a ver afinal com a... metereologia!!! (Gaspar queixa-se que tenha chovido muito no... Inverno! Não deixa de ser extraordinário!) E aqui, contrariamente a muitos de nós que ouviram estas palavras com incredulidade, nós vemos nelas um sinal de forte esperança. Como estamos a ir para o Verão e o tempo deve melhorar, - deve ficar mais soalheiro -, concluímos que afinal não há motivo para desesperos. Dentro de poucas semanas, com a vinda do calor, este país se transformará num oásis, onde o leite e o mel jorrarão pelas paredes. (Palavra de Gaspar que até promete aprender e muito com os seus inúmeros erros!) Afinal porquê tanto desalento? A nossa salvação está à distância de poucos dias, onde o desemprego será apenas o que restará dum sonho mau, o défice desaparecerá, a dívida estará toda paga, a economia crescerá como nunca! Afinal, até temos motivos de sobra para celebrar o Dia de Portugal!...

Saturday, June 08, 2013

"Sobre o Céu e a Terra" - Jorge Bergoglio e Abraham Skorka

Deus, o diabo, a mulher, a educação, o divórcio, o dinheiro, a culpa e a morte, entre outros, são alguns dos temas abordados neste livro fundamental para conhecer o que pensa o Papa Francisco. Através de longas e esclarecedoras conversas com o amigo Abraham Skorka, um rabino, o novo Papa partilha a sua visão do mundo e o futuro da religião e assume as suas opiniões sobre os principais temas da atualidade, mesmo os mais polémicos. O novo líder da Igreja Católica revela ainda a sua posição, frontal e sincera, sobre a política e o poder, o comunismo e o capitalismo, o Holocausto e o conflito israelo-árabe, entre outros temas "quentes". "Sobre o Céu e a Terra" é um livro revelador do que será a igreja do Papa Francisco, que se antevê, desde já, revolucionária. Sobre os autores: Jorge Mario Bergoglio nasceu a 17 de Dezembro de 1936, em Buenos Aires, numa família humilde de emigrantes italianos. Estudou Química antes de entrar para o seminário da Companhia de Jesus, em 1958. Foi  ordenado sacerdote em 1969 e, após ter sido bispo auxiliar e arcebispo de Buenos Aires, foi nomeado cardeal pelo Papa João Paulo II, em 2001. A 13 de Março de 2013 converteu-se no primeiro Papa jesuíta e latino-americano, escolhendo para si o nome de Francisco; Abraham Skorka nasceu em Buenos Aires a 5 de Julho de 1950. Formado em Ciências Químicas, é rabino e dá aulas no Seminário Rabínico e no Jewish Theological Seminary of America. Skorka é autor de várias publicações na sua especialidade, no campo da investigação bíblica e sobre temas da atualidade. Entre as suas obras destacam-se "Introducción al Derecho Hebreo", " Miles se años por semana" e "Hacia un mañana sin fe?". Atualmente é o reitor do Seminário Rabínico e rabino da Comunidade "Benei Tikva". Este é um livro surpreendente que se recomenda vivamente. A edição em Portugal é da responsabilidade da editora Clube de Autor.

Thursday, June 06, 2013

Clube Bildeberg na sua reunião de 2013

 

O Clube Bildelberg vai-se reunir em Inglaterra, mais concretamente em Hertforshire no próximo fim-de-semana, mais propriamente nos dias 6 a 9 de Junho de 2013. Até aqui nada de especial, não fosse o Clube Bildelberg uma instituição que reúne os políticos mais importantes, gente dos "media" e gente da finança para definir o que se passa no mundo, e talvez, influenciar essa sua evolução. Em Portugal, este Clube tem um seu representante desde 1998 que é Francisco Pinto Balsemão. Por lá já passaram gente muito nossa conhecida como António Guterres, Durão Barroso, José Sócrates, Mira Amaral, apenas para citar alguns. Passos Coelho também por lá passou quando era ainda o novo rosto que se assumia em Portugal. Este ano não foi convidado, talvez porque já o achem descartável. Em contrapartida convidaram António José Seguro e Paulo Portas. Não deixa de ser curioso este convite aos dois políticos portugueses. Talvez porque achem que Seguro será a curto prazo o novo primeiro-ministro e, caso não haja maioria absoluta, já deixam o sinal para onde este se deve virar para formar uma coligação. Este grupo de pessoas influencia a política mundial. Independemente da ideologia, a eles parece interessar mais o rumo que as coisas tomam no mundo, o seu redesinhamento, com vista a que os interesses dos seus mentores seja atingido. (Não sei se foi por acaso ou não que ontem o papa Francisco falou sobre o poder do dinheiro. Se não foi por acaso, então foi muita coincidência!) O mundo da finança e do poder não tem rosto daí o seu pragmatismo. Ao que se sabe, as ideologias mais à esquerda, nomeadamente os comunistas, não aparecem nestes encontros, mas segundo de diz, abriram-se exceções interessantes a quando do chamado eurocomunismo que proliferou na Europa já nos últimos anos da queda da URSS. O sigilo destas reuniões é muito grande, onde os jornalistas não são benvindos, mas não deixa de ser curioso como este encontro é conhecido, bem como a lista dos seus convidados que podem consultar em http://www.bilderbergmeetings.org/participants2013.html e será bom que o façam para terem uma ideia do que estou a falar. Aproveito a oportunidade para aconselhar a leitura dum livro sobre este clube com o título "Toda a verdade sobre o Clube Bildelberg" e que é da autoria de Daniel Estulin, um jornalista de investigação que noutros tempos fez parte dos serviços secretos espanhóis. (A maior parte daquilo que encontram na internet é vago e até há quem diga que induz em erro prepositadamente). Aí encontrarão vasta informação sobre este clube e fotos muito interessantes de alguns dos participantes mais mediáticos, entre eles, alguns portugueses a que atrás já fiz referência. Um encontro a ter em atenção, embora nada dele seja divulgado como é habitual, mas que definirá, seguramente, o futuro do mundo e o rumo que ele vai tomar. Depois de ter lido este livro fiquei com a sensação que quando, em democracia, exercemos o direito de voto, talvez estejamos apenas a legitimar algo que já está definido anteriormente. Uma espécie de teatro de marionetes onde os cordelinhos são movimentados por pessoas sem rosto...

Wednesday, June 05, 2013

O papa Francisco contra o poder do dinheiro

O papa Francisco disse nesta quarta-feira que o ser humano está em "perigo", que no mundo "não manda o homem, mas o dinheiro" e que embora a crise seja profunda e todos saibam disso, "o sistema continua como antes, já que o que domina é uma economia e um sistema financeiro carente de ética". Diante de mais de 80 mil pessoas reunidas na Praça de São Pedro para a audiência das quartas-feiras, o papa lembrou que hoje acontece a Jornada Mundial do Meio Ambiente e ressaltou a necessidade de cuidar da natureza e de acabar com o desperdício e a destruição de alimentos. O Bispo de Roma denunciou que o homem está destruindo a natureza, a criação e as relações humanas. "Estamos vivendo um momento de crise, vemos isso no ambiente, mas sobretudo no homem. O ser humano está em perigo e o perigo é grave porque a causa do problema não é superficial, mas profunda, não é só uma questão de economia, mas de ética e de antropologia", afirmou. O pontífice destacou que a Igreja disse isso em várias ocasiões: "Muitos dizem 'sim, é verdade'... mas o sistema continua como antes, já que o que domina são as dinâmicas de uma economia e de um sistema financeiro carente de ética", acrescentou. "Assim, homens e mulheres são sacrificados aos ídolos do lucro e do consumo. É a cultura do resíduo, do descarte. Se um computador quebra é uma tragédia, mas a pobreza, os necessitados, os dramas de tantas pessoas acabam por entrar na normalidade", denunciou. A sua denúncia foi além e com veemência acrescentou: "no mundo não manda o homem, o que manda é o dinheiro. No entanto, Deus deu ao homem a obrigação de custodiar a terra, não se a deu ao dinheiro". Nessa linha, o papa argentino acrescentou que se um homem morre de frio numa praça ou várias crianças morrem de fome "isso entra na normalidade" e o mundo não se escandaliza, mas que se a Bolsa de Valores de uma cidade baixa dez pontos, "é uma tragédia mundial". Francisco acrescentou que essa "cultura do resíduo, do descarte" se está transformando em "mentalidade comum que contagia todos". "A vida humana, as pessoas não são vistas já como o valor primário que é preciso respeitar e cuidar, sobretudo se forem pobres ou doentes, mas ainda não servem - como o nascituro - ou não servem mais, como o idoso". "Essa cultura do desperdício - continuou - nos torna insensíveis também ao gasto exagerado de alimentos, que é ainda mais desprezível quando em todas partes do mundo muitas pessoas têm fome e desnutrição", criticou. O papa Francisco lembrou que os nossos avós tinham muito cuidado em não deitar fora a comida que sobrava, mas ressaltou que o consumismo nos induziu a nos acostumarmos com o supérfluo, ao desperdício diário de comida e muitas vezes "já não somos capazes nem de dar o valor merecido, que vai além dos parâmetros econômicos". "Lembremos sempre que a comida que deitamos fora é como se a tivéssemos roubado da mesa de quem é pobre, de quem tem fome", manifestou. Francisco exortou aos fiéis a respeitar a criação e cuidar das pessoas, de contrastar a cultura do esbanjamento e do descarte e de promover uma cultura da solidariedade e do encontro. Sobre a criação, o papa citou o livro do Gênesis e disse que Deus pôs o homem e a mulher na terra para que cultivassem e cuidassem da criação, mas que o homem "guiado pela soberba do dominar, do possuir, do manipular, do explorar a terra, não a custódia, não a respeita e não a considera uma doação gratuita a cuidar". Estiveram na audiência milhares de fiéis da Espanha, Colômbia, Uruguai, Argentina, México e outros países latino-americanos, a quem o papa convidou a respeitar e cuidar da criação e promover uma cultura de solidariedade. Antes de começar seu discurso, como já é de costume, Bergoglio percorreu a Praça de São Pedro no papamóvel. No meio do povo, ele que também é povo!

Equivocos da democracia portuguesa - 260


Esta manhã o INE divulgou mais alguns números que mostram que o PIB caiu 4% relativamente ao período homólogo de 2012. A recessão agrava-se assim sem qualquer sombra de dúvidas.  A UTAO já enviou ao Parlamento a informação de que os objetivos inserido no OE dificilmente serão cumpridos face a este novo cenário. A economia afunda-se, o país caminha para o desastre. Se as coisas não melhorarem até ao Verão, os portugueses ver-se-ão confrontados com mais restrições, com mais austeridade, que alimentará o ciclo devorador da espiral recessiva em que estamos mergulhados. Passados dois anos da tomada de posse do governo o que resta é um país destroçado que caminha sobre as suas próprias cinzas. Isto faz-nos lembrar uma piada que era contada por um jesuíta muito inteligente e que era assim: "uma pessoa aparecia a correr a pedir socorro. Quem o perseguia? Um assassíno? Um ladrão? Não... apenas um medíocre com poder!" Esta é a sina de Portugal até que alguém com poder ache que é tempo de dizer basta. A menos que, tal como na piada do jesuíta, se trate apenas dum medíocre!

No 115º aniversário de Frederico Garcia Llorca


Hoje celebra-se o 115º aniversário do nascimento de Federico García Llorca que nasceu neste dia 5 de Junho do ano 1898 em Fuente Vaqueros e viria a falecer em Granada a 19 de Agosto de 1936, vitimado por um tiro na nuca numa execução sumária das forças nacionalistas de Franco. Há quem diga que foi fuzilado pelas costas devido à sua homossexualidade. Fosse como fosse, ele foi uma vítima da barbárie fascista que se viria a abater sobre Espanha, alastrando à restante Europa. Este poeta e dramaturgo espanhol foi uma das primeiras vítimas da guerra civil espanhola devido ao seus alinhamentos políticos com a República Espanhola e por ser abertamente homossexual. Nestes dias de desassossego, que são aqueles que vivemos, não deixa de ser oportuno lembrar a memória daquele que lutou com a sua pena para que a liberdade fosse uma realidade no seu país. Calaram o homem, não conseguiram calar as palavras, porque essas são fortes como o aço, temperadas pelo fogo do génio, gravadas pela força da razão. Para ilustrar as palavras de Llorca, nada melhor que ouvir os seus poemas. Trouxe um de que gosto particularmente. Chama-se “A las cinco de la tarde” que podem escutar aqui http://www.youtube.com/watch?v=jb7jS-4HCGI  .

Monday, June 03, 2013

Equivocos da democracia portuguesa - 259

Mais uma semana passada neste calvário que se tornou a vida deste país. Ficamos a saber - seria que já não advinhávamos? - que se bateu mais um recorde entre nós, desta feita no desemprego. Viemos a saber que a dívida está cada vez maior, viemos a saber que algumas agências de "rating" colocaram de novo Portugal no clube da bancarrota, viemos a saber que o défice não pára de aumentar. Depois de tudo isto, com uma economia já bem dentro da espiral recessiva, sem crescimento e sem perspetivas, que esperança ainda resta a todos nós? A emigração, dirá Passos Coelhos nesta sua vertente positivista de quem vê que tudo, por pior que seja, "está em linha com as previsões do governo"!!! Mas que previsões do governo se todas elas falham dia após dia, e que são desmentidas quer pelas autoridades financeiras nacionais e internacionais? Quando nem já as gentes dos partidos da coligação acreditam neste projeto, é caso para perguntar porque será que o governo se mantém em funções? Pela simples razão de que temos um Presidente da República que cada vez mais se assume como um presidente de fação, mantendo este governo pela motivação muito prosaica de que é do seu partido. Desenganem-se aqueles que acham que a sua manutenção é do interesse nacional. Apenas se mantém para que, a ideologia ultraliberal que o anima, destrua o pouco que ainda falta destruir em Portugal, criando assim, condições de irreversibilidade de muitas medidas que levariam gerações a construir. Quando Passos Coelho num dos seus discurso dizia que o seu projeto "ia muito para além da 'troika'" - enfatisando o "muito para além" - confirmou as piores intensões. Já não é o reequilibrar as contas que está em causa, não é o criar condições de Portugal regressar aos mercados, não é o livrarmo-nos deste protetorado em que nos encontramos e que nos esmaga. Não! O que verdadeiramente está em causa, é a implementação dum projeto ultraliberal que está a ser seguido pela própria UE, e que mudará a face da Europa e, quiçá, poderá por em causa as próprias instituições que levaram muito tempo a ser implementadas, cumprindo o sonho de alguns visionários. Esta é a verdadeira realidade e a ela não podemos fugir. Tudo o resto não passa de espuma dos dias. Como ontem um comentador dizia, quando o Primeiro-Ministro for embora, irá dizer ao seu pai "que foi requalificado"? É que até para colocar pessoas no calvário do desemprego é preciso dignidade e seriedade. O governo não tem nem uma nem outra, e ainda por cima nem coragem tem para assumir com frontalidade que também, e ironicamente, está a contribuir para aumentar esse recorde de desemprego com esta saga que envolve os funcionários públicos. Depois de tudo isto, é legítimo perguntar, afinal que fazer? A resposta passará por muitos caminhos mas, seguramente, não basta cantar a "Grândola" para se encontrar um novo rumo.