Turma Formadores Certform 66

Thursday, December 31, 2015

Parece tudo normal!...

Parece-me tudo normal! Será do Ano Novo que se aproxima? Seja como for, o cachorro ainda tinha comida seca em abundância, o mesmo acontecendo com a comida seca dos gatos. (Ver foto). A húmida lá vai desaparecendo, sendo os gatos uns bons clientes, para além do cachorro. Pelo menos, neste fim de ano, fico contente porque a comida tem resistido. E o cachorro e os gatos lá vão tendo alguma coisa para comer. Assim seja sempre, enquanto a vida lhes permitir continuarem nesta caminhada do mundo.

Intimidades reflexivas - 520

"Todos imos embarcados na mesma nau, que é a vida, e todos navegamos com o mesmo vento, que é o tempo." - Padre António Vieira (1608-1697)

Wednesday, December 30, 2015

Provérbio norueguês

'Hoje é um estranho dia!
É seu.
O ontem escorregou das tuas mãos.
Ele nunca poderia teve qualquer outro significado que o que tu lhe deste..
Tu não tens quaisquer promessas em relação ao amanhã. Tu não sabes se podes decidir sobre ele.
Mas hoje é a única coisa que tu pode ter certeza.
Tu podes preenchê-lo com o que tu quiseres.
Use essa oportunidade!
Hoje tu deves fazer uma outra pessoa / animal feliz.
Hoje tu podes ajudar outra pessoa / animal.
Tu podes viver o hoje assim quando fores para a cama hoje à noite vais
sentir-te feliz por que tu és tu.
Hoje é um dia importante.
É o teu.'

(Provérbio norueguês)

Intimidades reflexivas - 519

"A Cultura assusta muito. É uma coisa apavorante para os ditadores. Um povo que lê nunca será um povo de escravos." - António Lobo Antunes.

Intimidades reflexivas - 518

"Tenha cuidado com a tristeza. É um vício." - Gustave Flaubert (1821-1880)

As coisas estão melhor?...

Parece que as coisas estão melhor. Quando lá cheguei ainda havia muita comida seca para o cão e para os gatos, embora a húmida não existisse. (Ver foto). É normal que eles a comam. O cão e os gatos gostam muita da comida que levo. Quando me vinha embora, um deles estava encostado à parede duma das empresas, à espera para ir comer. Pelo menos fico feliz por ele. Este já tem uma boa refeição para hoje.

Intimidades reflexivas - 517

"Eu queria escrever-te uma carta

Amor,
Uma carta que dissesse deste anseio
Deste anseio
De te ver
Deste receio
De te perder
Deste mais que bem querer que sinto
Deste mais que bem querer que sinto
Deste mal indefinido que me persegue
Desta saudade a que vivo todo entregue...


Eu queria escrever-te uma carta
Amor.

Eu queria escrever-te uma carta
Amor,
Uma carta de confidências íntimas,
Uma carta de lembranças de ti,
De ti
Dos teus lábios vermelhos como tacula
Dos teus cabelos negros como dilôa
Dos teus olhos doces como macongue
Dos teus seios duros como maboque
Do teu andar de onça
E dos teus carinhos
Que maiores não encontrei por aí...

Eu queria escrever-te uma carta
Amor,
Que recordasse nossos dias
Nossos dias na capopa
Nossas noites perdidas no capim
Que recordasse a sombra
Que recordasse a sombra que nos caía dos jambos
O luar que se coava das palmeiras sem fim
Que recordasse a loucura
Da nossa paixão
E a amargura
Da nossa separação..."

In "Carta dum Contratado" de António Jacinto (1924-1991), poeta angolano.

Tuesday, December 29, 2015

Talvez!...

Talvez esteja tudo bem. Quando cheguei ao local onde alimento o cachorro, vi que ainda havia muita comida seca, quer para o cão, quer para os gatos. (Ver foto). A húmida tinha desaparecido toda. Mas pode ser que tenham sido eles a comê-la. Seja como for, ainda havia comida, que é o mais importante, caso algum deles aparecesse. Os gatos hoje não apareceram. Embora fosse mais tarde, talvez ainda estivessem a dormir.

Família: Da infância à terceira idade

Estamos quase no fim de mais um ano. Tempo ideal para balanço, mas também para algumas reflexões que ocupam sempre um lugar privilegiado na minha mente. Hoje trago-vos uma questão que me apoquenta, diria mais, me incomoda que é o drama da terceira idade. Antes de falar sobre o tema, deixem-me que vos diga que vivo a escassos metros dum grande lar de terceira idade, mas não um lar qualquer, um daqueles lares especiais para gente com muitas posses, por isso, os seus utentes são pessoas detentoras de vidas bem folgadas. Vai daí que há dias atrás, logo a seguir ao Natal, quando passava junto desse lar, vi uma família que trazia a sua idosa para o mesmo. Saindo de carro de alta cilindrada a condizer com a condição, aquela velhinha, apesar de ter sido recebida no estacionamento com toda a deferência pelo pessoal do lar, parecia que aquele lugar seria o último para onde queria ser levada. E dei comigo a refletir sobre a condição da terceira idade. Quando já somos dependentes de terceiros para tudo, quais meninos regressados a essa condição depois duma vida inteira cheia de alegrias e tristezas, acabamos por ser rejeitados pela família, que a coberto da falta de tempo, ou de condições, lá os vão depositando num local onde vão para morrer. (E estes de quem falo poderiam ter empregados para cuidar deles porque têm bem posses para isso). Esses mesmos idosos que, certamente, cuidaram dos seus filhos com esmero e dedicação, passando horas infindáveis sem dormir para que os seus filhos o pudessem fazer, sentindo o aconchego dos progenitores. Pessoas que se sacrificaram uma vida inteira para que os seus filhos tivessem as oportunidades que eles nunca tiveram e que depois, os atiram para estes centros para terminarem os seus dias, sem darem trabalho à família e morrerem longe do olhar. (Embora depois lá vão fazer a costumeira carpideirice no velório onde aparecem os amigos para testemunhar a "dor"). Sempre me incomodou esta sociedade falsa que gera nas suas entranhas este desprendimento. Aqueles que lá vão deixar os seus idosos e saem com o semblante de alívio, esquecem-se que um dia, eles também envelhecerão, e quando não puderem cuidar de si, outros se encarregarão de os levar para esses mesmos antros. (A talhe de foice quero aqui deixar o testemunho duma jovem que enviou o seu pai para um lar onde veio a morrer pouco tempo depois, porque "não tinha forças para cuidar dele", embora tivesse tempo para passeatas e outras coisas bem mais prosaicas. Mas enquanto ele lhe foi útil, quando lhe deu milhares de euros para ela organizar a sua vida, já ele era um bom pai!). Enfim, uma sociedade desumanizada, onde as pessoas valem cada vez menos, e a família não passa duma figura de retórica. Por ironia do destino, em frente existe um infantário onde algo de semelhante se passa, mas de sinal contrário. (E este também não é para todas as bolsas!). Sobretudo, no Verão, é ver os pais trajados a preceitos para irem para a praia, mas a deixarem os seus filhos no infantário - mesmo no período de férias - para que estes não sejam um estorvo para eles e até uma fonte de preocupação por ter que os vigiar. Serão estes os filhos "enjeitados" que depois deixam os seus pais, quando velhos, nos lares para onde os atiram sem apelo nem agravo? Se calhar sim. Mas a reflexão que aqui quero deixar-vos é que fiqueis a pensar sobre a condição do ser humano enquanto dependente. Na meninice e, mais tarde, na velhice. Não sei se um condiciona o outro ou não, mas sei que este mundo anda às avessas, onde o conceito de família cada vez tem menos valor. Aquele conceito de família que me inculcaram enquanto menino, já lá vai bastante tempo. Talvez por isso, eu já esteja desfasado. Talvez não compreenda os meandros do mundo dos nossos dias. Mas não me importo. Talvez até prefira assim.

Monday, December 28, 2015

Voltamos ao mesmo!...

Definitivamente, voltamos ao mesmo! Ontem deixei tudo bem abastecido e ainda havia muita comida seca de cão e gato. Hoje quando lá cheguei vi que toda tinha sido roubada. Nem seca, nem húmida, não havia nenhuma. (Ver foto). E pela fome com que os gatos - hoje eram dois - apareceram para comer, ela deveria ter sido roubada durante a manhã de ontem. Seja como for lá deixei nova remessa. Queria aqui apelar ao meu amigo Bruno Alves Ferreira para que, se por lá pudesse passar, lhes levasse comida seca. (Hoje não tinha nenhuma comigo). Sei que está um tempo terrível, mas se tiver oportunidade aqui lhe deixo o meu pedido. Obrigado.

O Grito do Profeta - Amar para ser amado

Perguntaram a Mahatma Gandhi quais são os fatores que destroem os seres humanos. ele respondeu: "A Política, sem princípios; o Prazer sem compromisso; a Riqueza, sem trabalho; a Sabedoria, sem caráter; os Negócios, sem moral; a Ciência, sem humanidade; a Oração, sem caridade. A vida ensinou-me que as pessoas são amáveis, se eu sou amável, que as pessoas são tristes, se estou triste, que todos me querem, se eu os quero, que todos são ruins, se eu os odeio, que há rostos sorridentes, se eu lhes sorrio, que há faces amargas, se eu sou amargo, que o mundo está feliz, se eu estou feliz, que as pessoas ficam com raiva, quando eu estou com raiva, que as pessoas são gratas, se eu sou grato. A vida é como um espelho, sorris para o espelho, e ele sorri de volta. A atitude que eu tomar perante a vida é a mesma que a vida vai tomar perante mim."

Bom 2016




NÃO É 2016 QUE TEM QUE SER DIFERENTE...
É VOCÊ!!!
Se usar branco atraísse paz,
nenhum médico ficaria em depressão...
Se usar amarelo atraísse dinheiro, 
o pessoal do correio estaria rico...
Se usar vermelho resolvesse a vida amorosa,
nenhum bombeiro se divorciaria...
Não adianta passar a virada de ano de branco
e o resto do ano nas trevas!
O ano novo que se aproxima não terá nada de novo
se nós não tivermos novas atitudes!
Que em 2016 possamos ser melhores amigos, melhores pais,
melhores alunos, melhores profissionais, melhores filhos,
melhores em tudo!
Que em 2016 possamos abraçar mais, nos entregar mais,
elogiar mais e agradecer mais!
Não vamos repetir os erros de 2015!
FELIZ ANO NOVO!!!

Sunday, December 27, 2015

Tudo normal!...

Parece que tudo estava normal! Comida seca havia bastante, húmida quase toda tinha sido comida. Mas se o cachorro apareceu ainda tinha comida para comer. O gato é que faz sempre a sua aparição quando me vê para se alimentar. (Ver foto). Pelo menos ele fica confortado. Mas estou certo de que o cachorro também tem ficado, se por ventura, por lá tenha aparecido. Quando é assim, fico de coração cheio.

Cuide bem da natureza - Gleidson Melo

Cuide bem da natureza

Hoje acordei cedo, contemplei mais uma vez a natureza.
A chuva fina chegava de mansinho.
O encanto e aroma matinal traziam um ar de reflexão. 
Enquanto isso, o meio ambiente pedia socorro.
Era o homem construindo e destruindo a sua casa. 
Poluição, fome e desperdício deixam o mundo frágil e degradado.
Dias mais quentes aquecem o “planeta água”.
Tenha um instante com a paz e a harmonia.
Reflita e preserve para uma consciência coletiva.
Ainda há tempo, cuide bem da natureza.

Gleidson Melo

Saturday, December 26, 2015

Intimidades reflexivas - 516

"A vida é breve, a arte vasta, a ocasião instantânea, a experiência incerta, o juízo difícil." - Hipócrates (460 a.C. - 370 a.C.)

Parece tudo normal!...

Pareceu-me que tudo estava normal no local onde alimento o cachorro. Ainda havia muita comida seca, embora a húmida tivesse desaparecido quase toda. É que para além do cachorro, anda por lá um gato que se aproveita do repasto. (Ver foto). Quando me vê, já vem ter comigo à espera de comida. Pelo menos ele, acaba por ter o estômago mais aconchegado antes que o cachorro aparece, ou alguém com propósitos mais do que duvidosos. Por isso, fico contente por ser útil a mais um ser que vagueia pelo mundo e abrilhanta a minha vida.

Friday, December 25, 2015

Intimidades reflexivas - 515

"O Natal é construído com base num lindo e intencional paradoxo:  que é o nascimento duma pessoa sem lar que é celebrado em todos os lares." - Gilbert K. Chesterton (1874-1936)

Talvez por ser Natal!...

Pois é! Talvez por ser Natal parece que a comida resistiu. a húmida tinha ido toda, mas a seca que o Bruno Alves Ferreira normalmente põe, essa ainda lá estava e bastante. (Ver foto). Até comida seca para o gato lá existia. O que dá para concluir que, ao que parece, ninguém por lá passou a levá-la. Talvez por ser Natal!...

Intimidades reflexivas - 514

"Já será grande a tua obra se tiveres conseguido levar a tolerância ao espírito dos que vivem em volta; tolerância que não seja feita de indiferença, da cinzenta igualdade que o mundo apresenta aos olhos que não vêem e às mãos que não agem; tolerância que, afirmando o que pensa, ainda nas horas mais perigosas, se coíba de eliminar o adversário e tenha sempre presente a diferença das almas e dos hábitos; dar-lhe-ão, se quiserem, o tom da ironia, para si próprios, para os outros; mas não hão-de cair no cepticismo e no cómodo sorriso superior; quando chegar o proceder, saberão o gosto da energia e das firmes atitudes. Mais a hão-de ter como vencedores do que como vencidos; a tolerância em face do que esmaga não anda longe do temor; então, antes os quero violentos que cobardes." - Agostinho da Silva (1906-1994)  in 'Hino à Tolerância'.

Thursday, December 24, 2015

Ainda a comemoração do solstício de Inverno

COMEMORANDO O SOLSTÍCIO DE INVERNO… O Solstício de Inverno ocorre, este ano, no dia 22 de Dezembro. Este instante marca o início do Inverno no Hemisfério Norte. É a estação mais fria do ano e prolonga-se por 88,99 dias até ao próximo Equinócio (primavera) que ocorre no dia 20 de Março. Solstícios: pontos da eclíptica em que o Sol atinge as posições máxima e mínima de altura em relação ao equador, isto é, pontos em que a declinação do Sol atinge extremos: máxima no solstício de Verão e mínima no solstício de Inverno. A palavra de origem latina (Solstitium) está associada à ideia de que o Sol ficaria estacionário, ao atingir a sua posição mais alta ou mais baixa no céu. NOTAS SOBRE O SOLSTÍCIO DE INVERNO EM DIFERENTES CULTURAS. O Solstício de Inverno era conhecido como o “nascimento do sol” (Sol Invictus) desde a era mais remota e festejado por todos os povos no hemisfério norte. Este acontecimento astronómico era muito importante visto marcar o início do novo ciclo do Sol sobre a Terra, com dias cada vez maiores e mais quentes até ao novo retorno. A esta data associavam-se rituais ou festas muito importantes. Por exemplo: As civilizações mais antigas consideravam o Sol como sendo o filho da luz, que para eles representava Deus em vida. Os Egípcios festejavam o solstício com rituais de magia que envolviam o cultivo de sementes.

A "limpeza" de Natal!...

Pois foi isso mesmo o que encontrei quando fui dar de comer ao cachorro. Uma verdadeira "limpeza" de Natal. Não havia nada, rigorosamente nada, e basta ver a disposição dos recipientes para se concluir qual foi a razão. (Ver foto). Nem a comida seca que o meu amigo Bruno Alves Ferreira lá vai deixar, resistiu. Nada de nada. Parece que nem o espírito do Natal quer passar por aquele lugar. Apenas vi lá um cachorro escuro que nunca por lá vi. Talvez seja mais um que foi lá deixado, ou algum dos que fogem dos lavradores em volta. Seja como for ele fugiu rapidamente quando me viu. Não pude aquilatar do seu estado. Pelo menos, e se não se tivesse afastado muito do local, poderá hoje ter o estômago cheio.

A árvore de Natal e o solstício de Inverno - Eduardo Amarante

"A tradicional árvore de Natal não falta nos nossos lares durante essa quadra festiva, para enfeitar, dar beleza, cor e um pouco de magia ao nosso imaginário e à nossa fé. No entanto, essa árvore provém dos países nórdicos e é, efectivamente, uma réplica da árvore Yggdrasil, a árvore do universo. Esta árvore representa a criação do universo, e as bolas decorativas que nela colocamos representam as esferas celestes. No topo da árvoreYggdrasil havia um galo, tal como em grande parte das nossas igrejas antigas, no campanário, está um galo de bronze. Poderíamos relacioná-lo com a chamada “missa do galo”, celebrada à meia-noite do dia de Natal. Mas, o que é que faz o galo? Simbolicamente, o galo anuncia o despertar da vida, é aquele que precede e anuncia o Sol. Por analogia, o facto de o galo cantar do alto do campanário da igreja simboliza o apelo para a vida espiritual. A missa do galo anuncia o nascimento da Luz (Jesus Cristo) em pleno solstício de Inverno. É um canto de vitória da luz sobre as trevas e, ao mesmo tempo, recorda-nos que, mesmo nas noites mais escuras e frias das nossas vidas – nos momentos das grandes tormentas psíquicas –, o bem triunfa sempre sobre o mal." - Eduardo Amarante.

.A palavra NATAL - Eduardo Amarante

"A palavra natal vem do latim natale, forma reduzida de natalis dies que significa "dia do nascimento". Por isso, em italiano se diz Natale e em Português NATAL, mas a palavra, nesta forma, não passou para as outras línguas novi-latinas: em castelhano, Navidad; em catalão, Nadal; em francês, Noël, em ladino reto-romanche, Nadal, em romeno, Crăciun (Criação). Isto de certo modo honra-nos, a nós Portugueses, particularmente se soubermos que em grande parte do mundo, a palavra NATAL se usa como em português, nomeadamente nas Américas (Brasil), na África (Guiné, Cabo Verde, S. Tomé e Píncipe, Cabinda, Angola, Moçambique) e no Extremo Oriente (Índia, Indonésia, Macau, Timor) e, quem sabe, talvez em mais alguma parte do globo por onde andaram portugueses. Na Indonésia, onde se fala o malaio, chamado agora "Bahasa Indonesia", Natal diz-se Natal (hari Natal = dia de Natal). Por isso, não nos deixemos inferiorizar pela balela desta crise criada pelos maus políticos. Lembremo-nos que fomos universais (mas não globalizantes) e que muito representámos no mundo e que muito ainda podemos representar, se... se deixarmos de ser paroquianos neste Portugal dos pequeninos. BOM NATAL! EM TODAS AS LÍNGUAS! Fé, Esperança e Caridade!" - J.R.

Feliz Natal!...

Natal de novo! Mais um Natal que para muitos - diria mesmo a maioria - é sinónimo de mesa farta, prendas, luzes a piscar na árvore e um presépio a preceito. Mesa farta para se encherem até não poder mais, e quantos se lembrarão de quem nada tem para comer? Prendas, se possível caras e tecnológicas, e quem se lembra de quem não as tem, (quiçá, nunca as teve)? Luzes a colorir a árvore de Natal e um presépio, muitas vezes sem conteúdo, apenas porque é tradição, e quem se lembra daqueles que os terão mais tristes - se os tiverem - porque a vida nem sempre permite tais galanteios sazonais. Mas tudo isto é o costume, (como é usual em algum direito), mas vazio de significado. O Natal para mim, - e já o afirmei aqui muitas vezes -, é um pouco mais introspetivo. É a noite das memórias dos ausentes, (sejam familiares ou não), daqueles que foram colorindo a minha vida já com alguns anos. Pessoas e animais porque para mim a diferença é nenhuma, e quando a faço, normalmente são os humanos que saem a perder. Mas quantos de nós o fazem? E talvez alguns o quisessem fazer, mas os ruídos à nossa volta são imensos que não dão espaço para a reflexão. Por vezes, temos a sensação de que o ir para um qualquer deserto será o desígnio porque no nosso espaço nem sempre - talvez nunca - o poderemos fazer. São os ruídos dos telemóveis, tablets, computadores e afins. São os ruídos de músicas quase sempre de qualidade duvidosa. São os ruídos do patrão no emprego, dos que nos rodeiam, dos carros, enfim, tudo aquilo que não deixa o nosso espírito fluir, navegar. Mesmo dentro de casa há ruídos que nos abafam o pensamento, porque a reflexão passou a ser uma coisa a que poucos dão valor, mergulhados que andam nos ruídos estridentes do mundo. Este é um outro Natal, talvez até duma certa maioria, mas seguramente que não é o meu. O Natal sempre foi para mim, - sobretudo quando atingi uma idade de mais entendimento -, esse espaço de memória e reflexão. Não quer dizer que não nos divirtamos nessa ocasião. Apenas quer dizer, que seria bom que reservasse-mos um certo espaço, um pouco desse tempo, para nos questionarmos, para mergulhar nas nossas memórias. Sei que é difícil e talvez ininteligível para muitos esta minha afirmação, mas este é o tal Natal (o dos simples como diz o poema) aquele outro Natal mais de acordo com uma tradição que adulteramos em função dum certo mercantilismo, dum consumismo que todos criticamos mas que todos elegemos, não dando espaço a esse outro Natal. O verdadeiro daqueles que nada ou pouco têm, dos animais que sofrem ao frio e à fome, maltratados pelos seres dito humanos. Da natureza espoliada de árvores que se engalanem por uns dias, que logo vão para o lixo. O daqueles que foram os nossos maiores em vida, que nos ajudaram a caminhar, a trilhar os caminhos da vida, que nos ajudaram a ultrapassar os escolhos que o destino nos vai colocando no percurso. Quem o faz? Ofuscados que estamos pela mesa farta, prendas amontoadas e quase sempre inúteis, que a dita tradição mercantil nos impôs. Esse não é o meu Natal porque, felizmente, mesmo rodeado de muita gente, de muito ruídos, consigo abstrair-me, mesmo que em pensamento, e navegar numa outra dimensão, mais calma e serena, mais interior ao meu ser. Assim celebro o meu Natal. Agora que a prosa já vai longa, quando a perspetiva do jantar animou definitivamente a cozinha, agora que a euforia da última compra se apodera de muitos, é tempo de vos libertar de tão enfadonha prosa. Apenas ficam os usuais e costumeiros votos dum Feliz Natal, sinceros e do coração, para todos vós. Despidos de preconceitos e ruídos estridentes. Apenas e só um sereno e singelo, Feliz Natal!

Wednesday, December 23, 2015

Um monumento à irresponsabilidade da era Passos - Jornal Público

"A gestão do anterior Governo neste caso não merece perdão. O estouro do Banif é um exemplar manifesto de incompetência, irresponsabilidade e dolo. Desta vez, e ao contrário do que aconteceu com o BES, não se conhecem actos de manipulação de informação relevante nem práticas de gestão suspeitas de condutas criminosas. Quando António Costa nos deu conta da resolução do Banif e da brutal factura que todos teremos de pagar, foi muito fácil constatar que este era um desastre cada vez mais evidente a cada adiamento, a cada varrer do lixo para baixo do tapete, a cada hesitação denunciadora da falta de coragem. Desde Dezembro de 2014 que se sabia que o Banif não conseguia assumir os seus compromissos com o Estado, desde sempre que se conhecia o criticismo e receio com que a Direcção-Geral de Concorrência da Comissão Europeia olhava para a forma como o Governo geria a situação. Os oito planos de reestruturação chumbados eram prova cabal de que o tempo não resolveria coisa nenhuma. Nestes três anos, Maria Luis Albuquerque, Pedro Passos Coelho e o Governador do Banco de Portugal limitaram-se porém a tergiversar, a prometer soluções que ora não avançavam por causa da saída limpa, ora ficavam congeladas por causa do calendário eleitoral. Quando Bruxelas anunciou que a brincadeira estava para acabar (este fim-de-semana), bastou uma notícia especulativa na TVI para que mil milhões de euros desaparecessem do balanço e a salvação do Banif passasse a ser feita à custa dos impostos. A aura de Pedro Passos Coelho como político responsável, que quer que “se lixem as eleições”, apagou-se nessa conta astronómica. Já se sabia que os cidadãos teriam de pagar alguma coisa, mas três mil milhões de euros é um custo demasiado alto para que a sua gestão neste caso mereça um mínimo de condescendência." - DIRECÇÃO EDITORIAL - 21/12/2015 (Público)

Intimidades reflexivas - 513

"Podes ser somente uma pessoa para o mundo, mas para uma pessoa tu és o mundo." - Gabriel Garcia Marquez (1927-2014)

Tuesday, December 22, 2015

A mentira de Passos e Portas

Estamos quase no Natal e não podiam faltar as prendas, estas bem amargas, que a governação de Passos e Portas nos legaram. Depois das muitas mentiras que foram contando a todos nós durante quatro anos, eis que agora aparece mais um embrulho, desta feita o Banif. Já todos sabíamos que o Banif tinha problemas pelo menos desde há três anos atrás. O que não sabíamos é que Passos e Portas tinham varrido o problema para debaixo do tapete. Ontem a TSF divulgou um documento em que a Comissão Europeia já alertava para a situação desde 2013 e que terá enviado uma carta a Maria Luís Albuquerque para que se tomassem providências até Abril deste ano, para que deixasse de financiar o banco. Só que nada foi feito. Estávamos em ano de eleições e era preciso dizer aos portugueses que tudo estava bem. Só que mais esta mentira tem um custo de muito mais de três mil milhões de euros para todos nós! Depois da saga do Novo Banco, vemos o mesmo filme repetido no Banif, com as mesmas personagens. Confrontada com a questão, a ex-ministra das Finanças reconhece que, de facto, havia um problema e até vai mais longe, afirmando que a regulação teve uma grande responsabilidade nisto. Isto é, não só reconhece que o governo a que pertenceu, mentiu a todos nós, como acha que o governador do Banco de Portugal não esteve à altura da situação, o mesmo governador que o seu governo reconduziu no cargo e com grandes elogios! Este é um dos maiores embustes que alguma vez se viram por cá. E será bom que, todos aqueles que votaram na tal coligação, pensem que estavam a votar numa mentira, num embuste dos mais sórdidos que já vimos. Mas não pensem que este é o último caso. É que existem outras situações de que se vai falando muito para lá do Novo Banco e do Banif. E não pensem também, que é só no sistema financeiro que está o problema. Há outros setores onde também o lixo foi varrido para debaixo do tapete, irresponsavelmente, para que depois todos sejamos chamados para cobrir a irresponsabilidade dum bando de rapazolas. Mas também o Presidente da República não sai bem da história. Porque, seguramente sabia, e ocultou para proteger o governo do partido a que pertence. Talvez por isso, exigiu ao atual primeiro-ministro que assumisse a defesa do sistema financeiro. Lá teria as suas razões, mas é tão conivente como Passos e Portas, nesta refinada mentira. Esta é uma rica prenda de Natal que nos deixaram, mas esperem que os reis magos ainda vêm a caminho, e outras onde surgir. Porque a irresponsabilidade e a mentira não têm limites. Este é um caso de polícia sem dúvida. Por isso, ficaram tão incomodados quando não foram governo. É que à custa disso, muitas verdades já vieram e outras onde vir a lume. Chegados aqui, que bom é reler o nosso Eça de Queiroz!...

Chegou o Inverno!

Caso ainda não tenham dado por isso, aqui está o Inverno! Depois de ontem ter sido o dia mais pequeno do ano, o solstício de Inverno logo surge, numa celebração que se perde na história da humanidade. Começam os dias mais cinzentos, frios e chuvosos. O ciclo da natureza que se perpetua e renova.

Intimidades reflexivas - 512

“Nesta vida temos três professores importantes: o ‘Momento Feliz’, o ‘Momento Triste’ e o ‘Momento Difícil’. O ‘Momento Feliz’ mostra o que não precisamos mudar. O ‘Momento Triste’ mostra o que precisamos mudar. O ‘Momento Difícil’ mostra o que somos capazes de superar.” - Mário Quintana (1906-1994).

Monday, December 21, 2015

Uma razão misteriosa na fundação de Portugal

"Sobejam signos, símbolos e sinais que indiciam existir alguma razão misteriosa na fundação de Portugal como nação. Portugal foi incumbido, desde o seu nascimento, no século XII, de desempenhar uma missão. Antes da nacionalidade, o povo lusitano era herdeiro de um passado muito rico em termos de tradições que, presentemente, nós tentamos recuperar, entender e respeitar. A própria palavra Lusitânia já nos dá uma pista. Está relacionada com a divindade celta Lug que significa, precisamente, lobo e luz, ou seja, aquele que é portador da luz. Assim, por analogia e também do ponto de vista etimológico, Lusitânia poderia ser a Luz-Citânia, a cidade ou País da Luz, sem deixar de ser, a um nível mais oculto, a Luz dos Titãs. A divindade principal da Lusitânia era Endovélico, posteriormente cristianizado na figura do Arcanjo São Miguel e também de São Jorge." - Eduardo Amarante.

Sunday, December 20, 2015

Talvez tudo esteja bem!...

Pois, talvez tudo esteja bem! Quando cheguei ao local onde habita o cachorro, havia bastante comida seca, que o Bruno Alves Ferreira lá terá deixado, mas da húmida nada existia. Mas pode ser que o cachorro e os gatos se tenham encarregue dela. Seja como for, um dos gatos logo apareceu e, indiferente à minha presença, lá foi comer, tal era a fome. (Ver foto). Pelo menos esse, hoje terá o estômago cheio. 

Intimidades reflexivas - 511

"Não perecerei completamente, pois uma grande parte de mim escapará à Morte. Crescerei, envaidecido com o louvor das gerações futuras, enquanto o sacerdote conduzir a virgem silenciosa ao Capitólio." - Horácio, Odes, 3.30.6-9

Saturday, December 19, 2015

"Tu Podes Voar - Estórias que alimentam a Alma" - Fernando Pessoa

"NAVEGAR
Navega, descobre tesouros, mas não os tires do fundo do mar, o lugar deles é lá.
Admira a Lua, sonha com ela, mas não queiras trazê-la para a Terra. 
Goza a luz do Sol, deixa-te acariciar por ele. O calor é para todos.
Sonha com as estrelas, apenas sonha, elas só podem brilhar no céu. 
Não tentes deter o vento, ele precisa correr por toda a parte, ele tem pressa de chegar, sabe-se lá, onde. 
Goza a luz do Sol, deixa-te acariciar por ele. O calor é para todos.
As lágrimas? Não as seques, elas precisam correr na minha, na tua, em todas as faces. 
O sorriso? Esse deves segurar, não o deixes ir embora, agarra-o! 
Quem amas? Guarda dentro de um porta jóias, tranca, perde a chave! Quem amas é a maior jóia que possuis, a mais valiosa. 
Não importa se a estação do ano muda, se o século vira, conserva a vontade de viver, não se chega a parte alguma sem ela. 
Abre todas as janelas que encontrares e as portas, também.
Persegue o sonho, mas não o deixes viver sozinho. 
Alimenta a tua alma com amor, cura as tuas feridas com carinho. 
Descobre-te todos os dias, deixa-te levar pelas tuas vontades, mas não enlouqueças por elas. 
Procura! Procura sempre o fim de uma história, seja ela qual for. 
Dá um sorriso àqueles que esqueceram como se faz isso. 
Olha para o lado, há alguém que precisa de ti. 
Abastece o teu coração de fé, não a percas, nunca! 
Mergulha de cabeça nos teus desejos e satisfá-los. 
Agoniza de dor por um amigo, só sairás dessa agonia se conseguires tirá-lo, também. 
Procura os teus caminhos, mas não magoes ninguém nessa procura. Arrepende-te, volta atrás, pede perdão! 
Não te acostumes com o que não te faz feliz, revolta-te quando julgares necessário. 
Enche o teu coração de esperança, mas não deixes que ele se afogue nela.
Se achares que precisas de voltar atrás, volta! 
Se perceberes que precisas seguir, segue! 
Se estiver tudo errado, começa novamente. 
Se estiver tudo certo, continua. 
Se sentires saudades, mata-as. 
Se perderes um amor, não te percas! 
Se o achares, segura-o! 
Circunda-te de rosas, ama… 
O mais... é nada.
(Fernando Pessoa)"

in "Tu Podes Voar - Estórias que alimentam a Alma"

No centenário de Edith Piaf

Passam hoje 100 anos sobre o nascimento de Edith Piaf - nasceu a 19 de Dezembro de 1915 - esta voz de pardal (piaf) que encheu palcos e comoveu o mundo. A voz de 'Milord' e 'La Vie en Rose', embora eu prefiro 'Je ne Regrette Rien' ( que podem escutar aqui https://www.youtube.com/watch?v=fpHAsb2XQOY ) porque tal como ela, 'não me arrependo de nada'.

Intimidades reflexivas - 510

"De nada adianta o Cristo nascer mil vezes em Belém se não nascer também no coração dos homens." - V.M. Samael Aun Weor.

Tudo "limpo"!...

Pois mais uma vez me deparei com os recipientes todos "limpos" de comida para o cachorro. (Ver foto). Ou porque ninguém lá tinha ido antes de mim, ou porque alguém por lá passou e levou a comida. É uma situação que me desagrada e que parece não ter fim. Seja como for, o gato que  por lá anda, apareceu e comeu tudo o que quis. Pelo menos esse, hoje ficou com o estômago cheio. Valha-nos isso.

Friday, December 18, 2015

A insustentável leveza da hipocrisia

Assistimos ontem a uma 'Quadratura do Círculo' verdadeiramente histórica. Sou fã do programa há muitos anos e sempre vi nele um espaço amplo de debate democrático. Mas o de ontem foi um caso único. O tema forte era a situação no Banif. E perante a estupefação de muitos - número no qual me incluo -, vimos António Lobo Xavier ter alguma compreensão até por uma presumível nacionalização da banca (!). Como administrador dum banco não quis falar do caso em pormenor, mas foi falando da intervenção do Estado na banca e até duma nova formatação para o Banco de Portugal (BP) (coisa aliás defendida por António Costa no primeiro debate do governo esta semana) admitindo que o atual governador poderia não estar à altura do momento (!). (Embora eu o ache pessoa séria porque o conheci em determinada altura do meu percurso académico, também acho que está a fazer um trabalho muito pouco meritório). Mas Lobo Xavier vai até mais longe, admitindo que a nomeação de Sérgio Monteiro, que ainda estando no governo de Passos Coelho foi recrutado pelo BP para a venda do Novo Banco foi uma estratégia errada (!). Tudo isto não seria novidade se viesse duma outra pessoa, mas António Lobo Xavier pertence ao núcleo duro do CDS/PP (!) e daí a estupefação. 'Mudam-se os tempos, mudam.se as vontades' já o afirmava Camões nos idos do século XVI. Mas ainda a procissão vai no adro e já é visível que afinal, aquilo que era a sustentável leveza da política do governo anterior se esfuma rapidamente. Para os interessados deixo aqui o link onde podem ver o programa https://www.youtube.com/watch?v=Y-lXyaOiXh8 . E não deixem de o ver porque vale bem a pena.

"Roma" - Greg Woolf

Para além da minha profissão, e das muitas leituras que tenho que fazer, sempre achei que devia alargar o meu leque de conhecimentos e não ficar confinado à minha atividade profissional. Vai daí comecei a devorar livros duma forma avassaladora, - alguns dos quais vou dando testemunho neste espaço -, na ânsia de aprender sempre mais e mais. Porque acho que o conhecimento, a cultura, são imprescindíveis para 'compreender os ruídos do mundo e interpretá-los à nossa maneira' para utilizar a feliz estrofe de Carlos Tê. Assim, não surpreenderá que hoje vos traga um fascinante livro de Greg Woolf de título 'Roma'. Como é compreensível este é um livro que aborda duma forma profunda e sistematizada o que foi o Império Romano comparando-o com outros grande impérios que vão da China ao Perú. Desde os imperadores, aos recursos dos romanos, desde a monumentalidade ao culto do divino, desde o aspeto financeiro às guerras expansionistas, Greg Woolf dá-nos um retrato fiel (amplamente documentado por extensa bibliografia) das várias vertentes do Império Romano. A linguagem é simples, a sistematização dos capítulos é regra, afinal como Greg Woolf nos diz logo na dedicatória do livro 'Para os meus alunos' diz bem da sua intenção. Apresentar um livro interessante, de leitura fácil, com documentação extensa que dá para aprofundar os temas que o autor aborda é regra. Este é um livro muito interessante para quem gosta de analisar esta temática, mas também, para jovens e não só, que estudem estas matérias. Aqui encontrarão um excelente manual sobre o período romano. Um livro muito interessante e apelativo. Greg Woolf é professor de História Antiga na Universidade de St. Andrew. Tem desenvolvido o seu trabalho em ciência antiga, especialmente etnografia e religião romana, e foi-lhe atribuído um Major Research Fellowship do Leverhulme Trust para um projeto sobre as origens do pluralismo religioso. A edição é da Casa das Letras.

Intimidades reflexivas - 509

"A vida é breve, a arte vasta, a ocasião instantânea, a experiência incerta, o juízo difícil." - Hipócrates (460 a.C.-370 a.C.)

Thursday, December 17, 2015

No 112º aniversário do meu avô José

Hoje celebra-se mais um aniversário dum ausente. Trata-se do meu avô José e meu padrinho, nascido neste dia do ano 1903. Já 112 anos passaram, mas há pessoas que têm este estranho condão de não desaparecerem. 'Vou a li que já volto'. Este é o caso deste meu avô José. Parece que nunca deixou de estar presente na minha vida, apesar da ausência vai para um par de anos, onde foi enriquecer a minha já longa galeria de ausentes. Mas ele está aqui, tem estado sempre aqui. Ainda me recordo como se fosse hoje, na noite de Natal, quando ele simulava uma saída da mesa para colocar os meus brinquedos na chaminé e fazia um ruído estridente para dizer que algo tinha acontecido, que algo tinha chegado. (Nessa altura as prendas vinham do Menino Jesus o antecedente do Pai Natal que o consumismo impôs). E eu com o brilho nos olhos lá ia a correr ver o que tinha vindo. O mistério do Natal é sempre mais profundo através dos olhos duma criança. E eu não era exceção. E como ele se entusiasmava, como ele era feliz por me ver feliz e contente. Agora que o Natal se aproxima, não posso deixar de fazer esta associação. Porque há momentos assim. Onde a memória entra portas adentro sem pedir licença, nos emociona, nos aquece o coração. Este é o caso. E este avô era o seu mentor. Estas datas acabam sempre por estar ligadas, desde logo, pela proximidade. Hoje celebraria o seu 112º aniversário. Daí a homenagem. Daí a memória. Porque enquanto houver memória estas pessoas não morrem. Elas habitam no lugar mais íntimo, bem dentro de nós. O lugar do coração. Passam hoje 112 anos sobre a entrada nesta vida do meu avô José que dela já se despediu há muito. Uma vida cheia e longa. Um amontoado de memórias para mim. Lá onde estiveres, Feliz Aniversário avô José! P.S.: Hoje publico uma foto em que nela se regista aquilo que ele mais gostava de fazer, a jardinagem, que aqui pratica na mesma casa onde vivo. Nos seus tempos livres, quando regressava do emprego, ou ao fim-de-semana, era vê-lo de volta das suas flores, dos morangos que ele tanto gostava de cultivar para mim. A sua memória ainda hoje se perpetua na casa onde habito sob a forma duma laranjeira frondosa, que dá fruto três vezes ao ano, e que ele plantou mais uma vez para mim. Porque sabia como eu adorava - e adoro ainda - laranjas que como diariamente. Nunca delas lhe tomou o sabor. As primeiras que deu já ele estava no leito de morte. Isto também faz bater um coração agradecido. O meu! Obrigado, avô José... por tudo o que fizeste por mim.

"O último abraço que me dás" - António Lobo Antunes

Passamos a vida a queixar-nos da vida. Esquecemos quantos sofrem mais do que nós, em silêncio, no silêncio. Não conseguimos aperceber-nos de quão felizes somos, apresar de tudo. Leiam este fantástico texto de António Lobo Antunes publicado na revista Visão:

"Para Luís Costa

O lugar onde, até hoje, senti mais orgulho em ser pessoa foi o Serviço de Oncologia do Hospital de Santa Maria, onde a elegância dos doentes os transforma em reis. Numa das últimas vezes que lá fui encontrei um homem que conheço há muitos anos. Estava tão magro que demorei a perceber quem era. Disse-me

- Abrace-me porque é o último abraço que me dá

durante o abraço

- Tenho muita pena de não acabar a tese de doutoramento

e, ao afastarmo-nos, sorriu. Nunca vi um sorriso com tanta dor entre parêntesis, nunca imaginei que fosse tão bonito.

Com o meu corpo contra o dele veio-me à cabeça, instantâneo, o fragmento de um poema do meu amigo Alexandre O'Neill, que diz que apenas entre os homens, e por eles, vale a pena viver. E descobri-me cheio de respeito e amor. Um rapaz, de cerca de vinte anos, que fazia quimioterapia ao pé de mim, numa determinação tranquila:

- Estou aqui para lutar

e, por estranho que pareça, havia alegria em cada gesto seu. Achei nele o medo também, mais do que o medo, o terror e, ao mesmo tempo que o terror, a coragem e a esperança.

A extraordinária delicadeza e atenção dos médicos, dos enfermeiros, comoveu-me. Tropecei no desespero, no malestar físico, na presença da morte, na surpresa da dor, na horrível solidão da proximidade do fim, que se me afigura de uma injustiça intolerável. Não fomos feitos para isto, fomos feitos para a vida. O cabelo cresce-me de novo, acho-me, fisicamente, como antes, estou a acabar o livro e o meu pensamento desvia-se constantemente para a voz de um homem no meu ouvido

- Acabar a tese de doutoramento, acabar a tese de doutoramento, acabar a tese de doutoramento

porque não aceito a aceitação, porque não aceito a crueldade, porque não aceito que destruam companheiros. A rapariga com a peruca no braço da cadeira. O senhor que não olhava para ninguém, olhava para o vazio. Ali, na sala de quimioterapia, jamais escutei um gemido, jamais vi uma lágrima. Somente feições sérias, de uma seriedade que não topei em mais parte alguma, rostos com o mundo inteiro em cada prega, traços esculpidos a fogo na pele. Vi morrer gente quando era médico, vi morrer gente na guerra, e continuo sem compreender. Isso eu sei que não compreenderei. Que me espanta. Que me faz zangar. Abrace-me porque é o último abraço que me dá: é uma frase que se entenda, esta? Morreu há muito pouco tempo. Foda-se. Perdoem esta palavra mas é a única que me sai. Foda-se. Quando eu era pequeno ninguém morria. Porque carga de água se morre agora, pelo simples facto de eu ter crescido? Morra um homem fique fama, declaravam os contrabandistas da raia. Se tivermos sorte alguém se lembrará de nós com saudade. De mim ficarão os livros. E depois? Tolstoi, no seu diário: sou o melhor; e depois? E depois nada porque a fama é nada.

O que é muito mais do que nada são estas criaturas feridas, a recordação profundamente lancinante de uma peruca de mulher num braço de cadeira. Se eu estivesse ali sozinho, sem ninguém a ver-me, acariciava uma daquelas madeixas horas sem fim. No termo das sessões de quimioterapia as pessoas vão-se embora. Ao desaparecerem na porta penso: o que farão agora? E apetece-me ir com eles, impedir que lhes façam mal:

- Abrace-me porque talvez não seja o último abraço que me dá.

Ao M. foi. E pode afigurar-se estranho mas ainda o trago na pele. Durante quanto tempo vou ficar com ele tatuado? O lugar onde, até hoje, senti mais orgulho em ser pessoa foi o Serviço de Oncologia do Hospital de Santa Maria onde a dignidade dos escravos da doença os transforma em gigantes, onde só existem, nas palavras do Luís, Heróis.

Onde só existem Heróis. Não estou doente agora. Não sei se voltarei a estar. Se voltar a estar, embora não chegue aos calcanhares de herói algum, espero comportar-me como um homem. Oxalá o consiga. Como escreveu Torga o destino destina mas o resto é comigo. E é. Muito boa tarde a todos e as melhoras: é assim que se despedem no Serviço de Oncologia. Muito boa tarde a todos e até já, mesmo que seja o último abraço que damos."

Wednesday, December 16, 2015

Intimidades reflexivas - 508

"Há uma elasticidade cósmica, se assim lhe posso chamar, que é extremamente enganadora. Dá ao homem a ilusão temporária de que é capaz de mudar as coisas. Mas o homem acaba sempre por tornar a cair em si." - Henry Miller (1891-1980), escritor norte-americano in 'Tudo é Divino'.

Confiança vs colapso do sistema financeiro

O sistema financeiro está à beira do caos. Independentemente de haverem razões para isso ou não, independentemente de haverem instituições mais credíveis, umas mais que outras, o certo é que se nada se fizer, o sistema financeiro entrará em colapso. Não só por ter havido um BPN e um BPP, não só por ter havido um BES, não só por se falar do Montepio e agora do Banif, - o dinheiro que o governo anterior lá enterrou, provavelmente, não terá retorno e, mais uma vez, os contribuintes terão que assumir -, e amanhã sabe-se lá de mais quem. Para além das instituições há um fator muito importante no mundo financeiro e que por vezes é ignorado que se chama 'confiança'. Mais do que tudo, o nosso sistema carece dessa confiança. E quando as notícias do Banif se tornaram mais extensivas à população - embora o caso já tenha cerca de três anos - foi ver a corrida às agências do banco com depositantes com o pensamento no que aconteceu aos outros que confiaram no BES. (Já para não falar na questão não menos preocupante do Novo Banco). Isto só vem confirmar que as pessoas não estão tranquilas face ao seu sistema financeiro. Um conhecido economista português, há umas semanas atrás, afirmava que dentro de dois anos deixarão de haver bancos portugueses. Acompanho-o neste raciocínio. Não tanto porque os portuguesas não sejam capazes de gerir os seus próprios bancos, mas porque se acostumaram a fazer tudo aquilo que lhes apetecia, sem terem que prestar contas a ninguém. E podem crer que quando se fala do "dono disto tudo" a propósito dum outro banqueiro, embora esse tenha ficado com o remoque, há mais "donos disto tudo" no nosso sistema financeiro. E porque será assim? Porque não compete ao governo ser o controlador bancário, (embora o possa fazer), face a um regulador que na maior parte do tempo parece andar distraído. E disso todos temos memória bem recente. Mas seria importante que a instituição europeia por excelência que é o Banco Central Europeu (BCE), seja mais do que aquilo que tem sido. Não basta os "stress tests" aos bancos, nem a compra da dívida aos países para controlar os juros da dívida pública. Já que as normas para o sistema financeiro emanam do BCE deviam ser eles a regular a atividade bancária dos diferentes países. Sei que muitos dirão que isso seria a perda da soberania. Mas meus amigos, essa perda de soberania é cada vez mais evidente, entrando rasteira e sibilina. Basta olhar para os governos que aprovam Orçamento de Estado (OE) com a benção de Bruxelas ou então estão em maus lençóis. É importante ver como por vezes, ainda a medo, tentam influenciar esta ou aquela eleição. Não que isso me preocupe em demasia. Sou um federalista assumido, como já por diversas vezes o escrevi, e acho isso natural e até desejável. Prefiro um sistema com influência da UE do que andarmos à deriva para depois cairmos nos braços duma qualquer "troika" com as consequências que se conhecem. Se estamos numa UE, devemos seguir os canones dessa união. Se não, de nada valeu aderirmos e o melhor seria de lá sairmos. Mas voltando ao tema, a confiança minada dos depositantes e clientes dos bancos é a pedra angular que, se nada for feito para inverter a tendência, levará ao colapso cada vez mais evidente do sistema. O banqueiro era uma pessoa altamente respeitável noutros tempos, hoje é olhado como um vendedor de banha da cobra, descredibilizado, com quem devemos ter cuidado ao lidar. E isso é mau. Já agora, uma informação. Entrará em funcionamento no início do próximo ano uma diretriz europeia, que obriga a que os bancos em dificuldade, antes de pedirem ajuda ao Estado, devem pedi-la juntos dos seus obrigacionistas e dos depositantes com depósitos superiores a 100.000 euros. É uma medida que protege a causa pública, mas certamente poderá ser questionável do ponto de vista da confiança no sistema. Confiança é a palavra-chave. Confiança versus colapso financeiro. É urgente que tal se crie para evitar males maiores.

Tuesday, December 15, 2015

Intimidades reflexivas - 507

"Deixai que as cidades retomem a anterior glória e que ninguém prefira os prazeres do campo aos monumentos dos antigos. Porquê evitar em tempos de paz os lugares pelos quais travamos guerras para os proteger? Haverá alguma coisa mais bem-vinda do que a companhia da elite? Quem não gosta de conversar com os seus iguais, passear no fórum, observar a prática de meritórios ofícios, envolver-se em casos legais nos tribunais, ou disputar o jogo de damas que Palamedes adorava, ou visitar os banhos com amigos, ou convidá-los para grandes banquetes? Porém, aqueles que escolhem passar todo o seu tempo no campo com os seus escravos perdem tudo isto." - Cassiodoro (485-585), Várias, 8.31.8

Intimidades reflexivas - 506

"Não julgues que pensas melhor que todos os que te precederam: o mais provável é que penses pior; principalmente quando tudo te parece mais certo." - Agostinho da Silva (1906-1994), pensador.

Monday, December 14, 2015

Intimidades reflexivas - 505

"Pedistes-me que escrevesse uma resposta às falsas distorções clamadas por aqueles que são estranhos à Cidade de Deus. São chamados de pagãos pelas rústicas encruzilhadas e aldeias (pagi) em que habitam e estrangeiros (gentiles) porque conhecem apenas os assuntos terrenos. Não têm interesse sobre o que está para vir, quanto ao passado, ou esqueceram-no ou simplesmente ignoram-no. Apesar disso, ainda clamam que os dias de hoje são atormentados por desastres por esta única razão, a de que os homens acreditam em Cristo e veneram Deus, enquanto os ídolos têm cada vez menos culto." - Orósio 385 d.C.- 420 d.C.), 'História contra os Pagãos', prefácio 9.

Sunday, December 13, 2015

Trítico pré-natalício

Agora que a época natalícia se aproxima, é corrente os votos de Boas Festas. Por trás deste ritual, (por vezes sincero, mas muitas vezes vazio de conteúdo), fica-me sempre esse travo amargo do sacrifício de animais - de novo eles - para gaúdio de muitos, abrilhantando a mesa opípara de alguns. E daí a refletir sobre esta época pré-natalícia foi um instante. Quando olhamos essas imagens magníficas tiradas do espaço sobre o nosso planeta azul, parece que ele encerra uma equilíbrio fascinante, onde tudo parece estar no seu sítio. Mas não é assim. Quando nos aproximamos, num zoom típico de máquina fotográfica, vemos que afinal algo de bem diferente existe. Os seres dito humanos que correm dum lado para o outro na sua ânsia de viver apressada com o intuito de ter mais e mais, (sempre esse sentido de posse, poder e avareza que tanto tem conduzido à sua própria autodestruição), num frenesim ímpar como se não houvesse amanhã. Daí que a minha crença nesta espécie - na qual me incluo - me deixe sempre algumas reservas. Mas mesmo assim, deixo aqui esse sentimento de solidariedade para com o meu semelhante, um dos primeiros princípios do trítico que aqui vos quero trazer e que muitos já conhecem porque dele venho falando vai para um par de anos. Depois temos esses gloriosos animais que povoam a nossa existência, que dão colorido à nossa vida e que tanto desprezamos e destruímos. Não é só pela subsistência que o fazemos, mas na transformação que dela fizemos numa indústria de agonia e morte, que poucos conhecem, e quando têm oportunidade - e já agora coragem - para o fazer, seguramente que nunca mais comerão um ser vivo. Não basta olhar só para o cão e o gato, há muitos outros seres a merecerem a nossa atenção e respeito. Dentro deste segundo pilar, quero ainda salientar um outro tipo de seres. Desde logo, as aves, esses seres magníficos que encerram no seu voo o maior desafio à ciência. Eles a quem considero os intercessores entre o céu e a terra, escrevem autênticos poemas, quando se erguem nas alturas. Mas, já agora que vos fiz olhar para os céus, convido-vos também a olhar para baixo, para os mares e para o que neles se passa. Todos já vimos imagens magníficas do seu interior. Lá bem no fundo, nas profundezas incomensuráveis, onde parece que a vida não é possível, pois ela aí está, em pequenos ou grandes seres que se adaptaram às condições mais inóspitas onde o homem não consegue chegar. Para todos estes seres, o meu amor incondicional. Porque eles são o verdadeiro milagre da adaptação ao longo dos tempos. Seres que já por cá andavam antes de nós chegarmos, e que por cá continuarão quando já tivermos partido. Seres resilientes que resistiram a todas as transformações que o planeta foi tendo ao longo dos tempos. Mas ainda nos falta o último pilar, o da natureza. A mãe natureza como é conhecida entre alguns povos, o verdadeiro pulmão de vida, que nos mantém a todos neste viver de equilíbrio de fio de navalha. Com o seu colorido conforme as estações do ano, a natureza pinta esta nossa existência e abriga muitos seres que não conseguiriam viver doutro modo. Aqui o meu respeito para com mais este milagre. Agora que acabou a Cimeira do Clima em Paris, com resultados não tão espetaculares quanto os que se pregam, mas mesmo assim positivos, será bom que pensemos que com a nossa atitude de desrespeito para com a natureza, estamos desequilibrando este nosso planeta. E se assim continuarmos, destruiremos, seguramente, estes equilíbrios frágeis que permitem a vida. O ser dito humano, - mais uma vez no centro, para o melhor e para o pior -, tem que mudar de atitude se não, será a vida na Terra que se extinguirá. Não temos a noção que esta é a nossa casa comum, que vivemos agarrados a um calhau que navega pelo cosmos, esse tal que quando nos afastamos no espaço sideral, parece tão belo e azul. O milagre da vida existe, mas também o podemos vir a destruir se não tivermos a noção dos nossos atos. Sempre o poder, a riqueza, a ganância, nos gestos que poderão ser o canto do cisne do planeta. Mas pensemos que o ser dito humano se vá corrigindo, vá percebendo que esta pode ser uma viagem sem retorno. As novas gerações já vão olhando com outros olhos para esta questão. Daí o não me cansar de lhes falar deste trítico, - como se se tratasse duma oração -, como atrás referi, a solidariedade para com o nosso semelhante, o amor pelos animais e o respeito pela natureza. (Desde logo, à minha querida afilhada Inês, ainda tão pequenina nos seus quatro anos de existência, mas acho que é bem cedo que se deve começar a falar destas coisas, a sensibilizar as mentes em tenra idade). Esta pode ser a atitude de alerta para que se altere o caminho. Mas seja como for, esperemos que essa imagem do planeta belo e azul a vaguear pelo cosmos seja a realidade por muitos mais milhões de anos para que o glorioso mistério da vida se perpetue.

Estou feliz!...

Venho feliz do local onde alimento o cachorro. Ontem a comida não foi roubada. Quando lá cheguei vi que ainda havia muita comida. (Ver foto). A seca tinha sido reforçada pelo meu amigo Bruno Alves Ferreira. Mas ainda havia muita húmida. Este é um sinal inequívoco de que ninguém a roubou. Ainda bem, pelo cachorro. O gato que por lá anda também dá uma ajuda. Ainda hoje afastou-se quando eu cheguei. Depois ficou à distância a ver-me ir embora para ir comer. Fico feliz por eles. Hoje estou de facto feliz!...

Intimidades reflexivas - 504

"Quando Políbio de Megalópolis decidiu fazer um registo dos acontecimentos mais significativos do seu tempo, pensou que seria apropriado começar por demonstrar, com base nos factos, que os romanos não ganharam um grande império nos 600 anos que se seguiram à fundação da cidade, mesmo que tivessem estado regularmente em guerra com os seus vizinhos durante todo este período. Pelo contrário, tal ocorreu apenas depois de eles terem conquistado uma parte da Itália e de voltarem a perdê-la após a invasão de Aníbal, a derrota de Canas, e só depois de terem realmente visto do alto das suas muralhas a ameaça inimiga. Só então começaram a ser bafejados pela sorte, e em menos de 53 anos assumiram o controlo não apenas de Itália, mas também de África. Os povos ibéricos do Ocidente a eles se submeteram. Lançando-se num outro e ainda maior projeto, atravessaram o Adriático, conquistaram os gregos e dissolveram o Império da Macedónia, capturando vivo o seu rei e levando-o para Roma como prisioneiro. Ninguém podia atribuir este sucesso exclusivamente ao poder do homem. A explicação tem de residir no imutável plano dos Destinos, na influência dos planetas ou na vontade de Deus, que favorece todos os empreendimentos humanos desde que eles sejam justos. Porque estas coisas estabelecem um padrão de causa que leva a que os acontecimentos futuros sucedam de forma semelhante e que mostra como são justos os que acreditam que os assuntos dos homens são desígnio da Divina Providência. Assim, quando a sua energia é despertada, eles florescem; mas quando desagradam aos deuses, os seus assuntos caem num estado como aquele que agora existe. A verdade desta afirmação será demonstrada pelos acontecimentos que agora relato." - Zósimo, História Nova, 1.1.1-2

Saturday, December 12, 2015

Intimidades reflexivas - 503

"A utopia está lá no horizonte. Aproximo-me dois passos, ela afasta-se dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais a alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar." - Eduardo Galeano 1940-2015), jornalista e escritor uruguaio.

Nada de nada!...

De novo o impensável. Nada de nada existia na comida que eu e Bruno Alves Ferreira lá vamos deixando. (Ver foto). Seguramente que o cachorro não comeu tudo o que havia. Fui informado que ontem ao fim da tarde quando os trabalhadores abandonaram o local havia comida. Não foi de noite que o cachorro veio comer. De novo a situação repete-se. Inacreditável!...