Turma Formadores Certform 66

Monday, November 30, 2020

Intimidades reflexivas -1289

"E eu descobri que não são os amores felizes que mexem o mundo, mas sim, os contrariados." Gabriel Garcia Marquez (1927-2014)


Sunday, November 29, 2020

Em busca da magia do Natal

José era uma criança feliz. Como todas as crianças ainda não tinha provado as privações da vida. Na sua ainda tenra idade tudo era magia e descoberta e José sentia-se feliz. José era uma criança realmente feliz.

Como acontecia com todas as crianças que viviam em famílias modestas, José só pelo Natal tinha brinquedos novos. Diziam-lhe que era o Menino Jesus que lhe oferecia os tais brinquedos se ele se portasse bem. (Nessa altura, o Pai Natal, embora ocupasse as decorações da sua casa, não tinha o estatuto central que tem hoje. E José nem percebia bem isso, o que ele queria era os ansiados brinquedos).

Ano após ano na noite de Natal e já com a ceia a decorrer, José era surpreendido por um ruído junto da chaminé da cozinha onde ainda ardiam as brasas do fogão a lenha. E José primeiro ficava surpreso para logo a seguir ir a correr à cozinha e descobrir os brinquedos que tanto tinha desejado ali bem aconchegados junto ao fogão e não na árvore porque era aí que estava a chaminé. Essa era a magia do Natal, aquela que todos os anos se renovava e que trazia José ansioso durante um ano inteirinho só para viver esse momento.

Mas José foi crescendo e começou a verificar que antes do tal ruído que indiciava a chegada do Pai Natal a descer pela chaminé, - a cumprir as ordens do Menino Jesus -, o seu avô arranjava sempre um pretexto para sair da mesa. E isso, se no início nem o apoquentava, à medida que os anos foram passando, foi motivo de reflexão. Algo de estranho se passava nessa altura. ‘Mas que seria?’, Interrogava-se José.

Mas logo tudo era esquecido porque os brinquedos eram o mais importante e as doçarias da quadra também, numa época em que só nessa altura se comiam tais coisas.

Contudo, um ano decidiu que haveria de tirar aquilo a limpo. Era uma terrível coincidência que o atormentava e José sempre gostou de perceber o porquê das coisas desde muito pequeno. O Natal próximo lá chegou no tempo aprazado como sempre acontecia e José começou a gizar o seu plano. Sem dizer nada a ninguém do que o inquietava, José lá foi aguardando os preparativos que tanto o entusiasmavam para a ceia desse Natal.

Sempre deslumbrado com a sua árvore de Natal, tão pobremente vestida, mas tão acarinhada por José, e o seu presépio belo de plástico que a sua avó lhe tinha oferecido, tudo era magia para a criança que ele era. A magia do Natal ia-se cumprir de novo. Mas a sua dúvida permanecia, agora já com laivos de desconfiança que espicaçavam a sua mente imberbe.

Quando chegou a hora de ir para a mesa, José posicionou-se para dar seguimento ao seu plano. O lugar era o mesmo, mas ele conseguiu dar um arranjo às cadeiras para poder sair rapidamente dela quando chegasse o tal momento. Mas estava apreensivo porque algo lhe dizia que daí para a frente os natais seguintes não teriam a mesma magia, encanto e deslumbramento. Mas mesmo assim, achava que deveria ver o que se passava em nome da sua proverbial curiosidade.

Depois de terminada a ceia já com as iguarias mais doces a prepararem-se para ir para a mesa, de novo o seu avô saiu como sempre fazia. O que ninguém esperava era que esta criança saísse uns segundos após a correr, perante a preocupação das restantes pessoas à mesa, e surpreendeu o seu tão querido avô a colocar os brinquedos e a fazer o famoso ruído.

Foi como se tivesse sido atingido por um balde de água gelada. Embora o seu avô lhe disse que estava ali para agarrar o Pai Natal mas este tinha fugido, no seu íntimo tudo aquilo era um embuste. Primeiro, uma certa incredulidade; depois, um certo desencanto por ter sindo vítima dum engano que durou muitos anos. Na altura ficou verdadeiramente descoroçoado não percebendo que aquilo que o seu avô fazia, o fazia em nome do muito amor que lhe tinha.

Só mais tarde, já com mais idade, José perceberia o gesto e o encanto que ele encerrava em si mesmo. Mas como temia aquando da vez que decidiu esclarecer as coisas, afinal o tal pensamento que tinha assumiu uma crua realidade. De facto, desde esse Natal nunca mais houve magia. Foi como se um hipotético vaso de cristal onde ela se encerrava tivesse sido estilhaçado.

José foi percebendo com o decorrer dos anos o que isso significava, mas aquela magia que a quadra encerrava para ele, nunca mais foi vislumbrada. E que saudade José tinha desse tempo de inocência e credulidade.

 

(Novembro 2020)

Saturday, November 28, 2020

Intimidades reflexivas - 1288

"Não desejo que as mulheres tenham poder sobre os homens, e sim, sobre elas mesmas."  Mary Wollstonecraft (1759-1797)

Friday, November 27, 2020

Intimidades reflexivas - 1287

"As mulheres são os arquitetos reais da sociedade." - Harriet Beecher Stowe (1811-1896)

Thursday, November 26, 2020

Irresponsabilidade

Assisti hoje ao impensável na AR, que foi a votação do PSD ao lado do BE para inviabilizar a transferência de fundos para o Fundo de Resolução para o Novo Banco (NB). Aparentemente poderá ser até algo que pode agradar às pessoas, mas só quem não sabe nada destes meandros financeiros é que pode pensar isso. O impedimento pode trazer graves consequências, desde logo para o NB, mas também para o sistema financeiro como um todo. O NB é um banco com mais de um milhão de clientes e isso não é coisa pouca. Uma atitude destas pode levar à desconfiança no sistema junto dos seus congéneres internacionais. Mas pode também afetar em muito a credibilidade do país. Por trás deste negócio existe um contrato com a Lone Star e isso, para além dum incumprimento contratual, leva à descredibilização do país como país que não cumpre os contratos afetando, inclusive, o 'rating' da República. O adquirir da confiança internacional em Portugal demorou muito tempo para que dum só golpe seja jogada fora por interesses mesquinhos a roçar o populismo. (Só para ilustrar o que digo, ontem a taxa de juro para Portugal atingiu o nível histórico de 0% o que diz bem da credibilidade que o país tem além fronteiras.) Estou convencido que muitos deputados nem mediram as consequências do seu gesto porque simplesmente destas questões nada sabem. Acresce ainda que a Lone Star pode invocar o incumprimento contratual e até vir a entrar com o capital necessário reforçando a sua posição e depois o que vai fazer o fundo de resolução? No final a fatura virá para todos nós, embora ninguém diga nada sobre isso. Estas são algumas questões nucleares que podem atirar Portugal para uma solução de incumprimento face ao BCE e à UE. Que o BE o tivesse sugerido não é surpreendente. Este partido nunca se reviu na Europa a que pertencemos; que o PSD tenha ido a reboque pela calada da noite sem dizer nada a ninguém, é bem mais grave. Este partido é um dos partidos  do arco da governação e, por isso, com responsabilidades acrescidas. Daí a incompreensão e a perplexidade. É conhecido que a direita está sem liderança, sem projeto e sem causas, logo tenta fogachos destes para a popularidade imediata e efémera juntos dos media. Mas a responsabilidade dum partido como o PSD não pode ficar ao sabor do momento. Isto é uma tremenda irresponsabilidade. Algo vai mal, mesmo muito mal, por essas bandas. Esperemos no fim quem quis brincar com o fogo não queime um país.

Wednesday, November 25, 2020

intimidades reflexivas - 1286

"Sempre fomos o que os homens disseram que nós éramos. Agora somos nós que vamos dizer o que somos." Lygia Fagundes Telles

Tuesday, November 24, 2020

Intimidades reflexivas - 1285

"De tudo quanto gastamos, o mais caro é o tempo."Diels-Kranz (1848-1922)

Monday, November 23, 2020

Intimidades refdlexivas - 1284

"O amor continua porque não sabe onde parar." - Livia Garcia-Roza

Sunday, November 22, 2020

Intimidades reflexivas - 1283

"Porque andei sob os meus pés e doeu-me às vezes viver..."Mia Couto

Saturday, November 21, 2020

Intimidades reflexivas - 1282

"E então você chegou como quem deixa cair sobre um mapa esquecido aberto sobre a mesa um pouco de café uma gota de mel cinzas de cigarro preenchendo por descuido um qualquer lugar até então deserto."  Ana Martins Marques

Friday, November 20, 2020

Feliz aniversário, Nicolau!...

A data de nascimento do Nicolau é incerta porque foi abandonado ainda muito bebé à minha porta. Mas segundo a veterinária hoje seria o dia do seu aniversário. (Mais dia, menos dia, obviamente!) Passadas mais umas semanas, seria abandonado numa tempestuosa véspera de Natal. Chorou toda a noite. Nunca pensei que fosse um abandono. De madrugada decide vir ver o que se passava e ele lá estava. Debaixo dum automóvel estacionado à minha porta completamente encharcado e a tiritar de frio. Cabia-me na palma da mão. Levei-o para casa e logo tomou o seu primeiro banho quente e a sua primeira refeição. Logo ali mostrou que banhos não eram a coisa que mais gostava. Depois adormeceu na alcofa da sua mãe adotiva que logo, - e com todo o carinho -, o acolheu. E assim foi até à hora da sua morte. Por onde o Nicolau passava, todos se encantavam com ele. Era um belo animal e ainda me recordo de um dia na clínica onde foi para vacinação, um casal já entrado em anos, nos ter contactado para ficar com ele porque tinham perdido o seu companheiro à pouco tempo. Mas o Nicolau não podia ser de mais ninguém. E assim ele foi crescendo e tornando-se cada vez mais forte. Era um cão verdadeiramente imponente duma força enorme. Depois já velho e doente, ainda continuava, aqui e ali, a ter algumas reações a coisas que não lhe agradam. Mas o seu vigor já não era o mesmo apesar da muita força que ainda tinha. Contudo, continuava a ser um companheiro de vida que ia preenchendo os espaços cá em casa. Depois foi vítima dum AVC para além de outras enfermidades - o Nicolau com a sua habitual força e determinação - com uma incrível vontade de viver - lutou e lutou. Chegou a estar completamente paralisado, mas sempre foi lutando. Sempre acreditando que poderia ser diferente. E foi. O Nicolau recuperou! Acabou por fazer a sua vida quase normal. Era autónomo embora com limitações. Mas os anos passaram e muitos que ele contou. Celebraria neste dia (estimado) o seu 18º aniversário. Seria já uma idade apreciável para um cão desta raça se ainda fosse vivo. Com a sua força e determinação, o Nicolau foi-nos mostrando que é preciso acreditar, mesmo que seja nos impossíveis. Estes só existem para quem não ousa. E o Nicolau ousou. Apesar das sequelas com que ficou depois da sua enfermidade, o Nicolau lá continuou com as suas rotinas de sempre. Pegado aos seus donos e com o seu proverbial mau feitio que sempre o acompanhou. Mas muito agradecido. A quem ele viu pela primeira vez depois da sua provação e a quem se dedicou como a um igual. O Nicolau era uma espécie de sombra que estava onde nós estávamos. Mais sereno, mais dorminhoco, mas cansado. Afinal os anos que ele carregou às costas foram demasiados. A tua memória jamais será esquecida. Afinal foste o nosso companheiro nestes últimos anos e o derradeiro. Tudo fizemos para que fosses o mais feliz possível. E estou certo que o foste E agora que atravessaste a ponte do arco íris vai para um ano e meio esperamos que continues bem, porque muito te amamos. O nosso amor será eterno. Feliz aniversário, Nicolau! Lá onde estiveres que estejas em paz. Feliz aniversário, Nicolau!

Intimidades reflexivas - 1281

"Em desespero cairei. Não há criatura que me ame, e, se eu morrer, ninguém me lamentará... E porque o fariam, se eu próprio em mim próprio por mim próprio não encontro dó?" - William Shakespeare (1564-1616) in "Ricardo III'.

Thursday, November 19, 2020

Intimidades reflexivas - 1280

"Se um homem sorri o tempo todo, ele provavelmente está vendendo algo que não funciona." George Carlin (1937-2008)

Wednesday, November 18, 2020

Carta aberta ao meu ilustre colega Rui Rio

Meu caro e ilustre colega, Rui Rio.

Com os meus melhores cumprimentos.

Hesitei se deveria vir a terreiro expor-te as minhas preocupações. Depois de alguns dias de reflexão resolvi ir em frente. É o que estou aqui a fazer. Faço desde já a minha declaração de interesses. Não sou político e não pertenço a qualquer partido.

Já vão longínquos os tempos em que as nossas vidas se cruzaram na Faculdade de Economia do Porto. Algumas décadas volvidas ainda recordo algumas conversas que tivemos. Do modo como me dizias que a figura carismática de Sá Carneiro te tinha marcado e que tinha despoletado a tua vontade de aderir ao então PPD. 

Habituei-me ao teu desassombro, à tua integridade e honestidade que viriam mais tarde a ser a tua chancela quando foste eleito Presidente da Câmara do Porto. Durante anos, sempre afirmei aos meus amigos - ou em conferências em que participava - que tu eras o modelo de político que gostava de ver replicado no meu país. (Então ainda nem eras Presidente da Câmara Municipal do Porto). Continuo a pensar o mesmo, embora agora lhe coloque algumas reticências.

Aquilo que fizeste nos Açores deixou-me atónito. Porque sei que és um democrata e defendes valores bem diferentes doutros que fazem da xenofobia, racismo e outros coisas que tais, a sua marca ideológica. Sei que tens muita oposição interna e que precisas de aparecer como vencedor de algo. Só que escolheste o momento errado e o parceiro inimaginável. Em política não pode valer tudo.

Não basta vires dizer que é só regional e não nacional o acordo que foi feito, todos sabemos que não é assim, basta ler o Expresso da semana passada. E com isso, só vieste dar uma ajuda preciosa a quem não te quer a liderar o PSD. (Se calhar colocaste a primeira perda na tua sepultura política, só que não foi uma pedra qualquer, foi um pedregulho).

Há quem diga que a tua índole autoritária afinal atingiu o seu clímax. Sei que tem essa vertente de autoritarismo - talvez fruto da tua educação alemã - mas, sei também, que ter autoridade não significa ser ditador (ou defensor de ditadores). Nunca o fizeste e quem a isso recorre não pode estar de boa fé. Mas que há coisas impensáveis, lá isso há, e o que fizeste nos Açores, para além de te ajudar, poderá vir a ser um engulho monumental para ti e para o teu partido. 

Questionar-me-ás porque venho a terreiro com esse assunto se nem militante do PSD sou. Pois é verdade, não sou militante de nenhum partido como atrás referi, mas sou um cidadão preocupado com o meu (nosso) país. Tal como tu o és. E só isso me motivou. 

(Agora até já me cobram as afirmações elogiosas que em tempos fiz sobre ti. Vê bem ao que as coisas já chegaram).  

Mas continuo a acreditar que continuas a ser o mesmo Rui Rio doutros tempos. Com certeza diferente - tal como eu - que vamos mudando consoante a idade e a experiência de vida se faz sentir. Por isso, espero que corrijas a mão e não voltes a cometer esse erro que te pode ser fatal. Para mim, continuas a ser um homem sério, honesto, íntegro e democrata tal como te conheci há muitos anos atrás. 

Aceita esta crítica com abertura de espírito. Sei que o farás. Afinal o que está em causa é o bem do meu (nosso) país. E sei também que não venderás as tuas ideias por um prato de lentilhas. Assim espero. Assim quero acreditar.

E assim termino, com a clareza e desassombro que me conheces, mas também com a crítica construtiva - porque séria, respeitosa e sem outros dúbios interesses - que aqui produzo.

Aproveito para te endereçar os meus melhores cumprimentos e subscrevo-me.


Atentamente.


José Ferreira


Tuesday, November 17, 2020

Intimidades reflexivas - 1279

"Se você odeia alguém, é porque odeia alguma coisa nele que faz parte de você. O que não faz parte de nós não nos perturba." Hermann Hesse (1877-1962)

Monday, November 16, 2020

Intimidades reflexivas - 1278

"Ter sido moço é ter sido ignorante, mas inocente."Antero de Quental (1842-1891)

Sunday, November 15, 2020

Intimidades reflexivas - 1277

"Na verdade, uma carta não se resume à mensagem escrita, e isso é também a sua riqueza. Tudo nela é mensagem." - José Tolentino Mendonça

Saturday, November 14, 2020

Intimidades reflexivas - 1276

"Somos assim: sonhamos o voo mas tememos a altura. Para voar é preciso ter coragem para enfrentar o terror do vazio. Porque é só no vazio que o voo acontece. O vazio é o espaço da liberdade, a ausência de certezas. Mas é isso o que tememos: o não ter certezas. Por isso trocamos o voo por gaiolas. As gaiolas são o lugar onde as certezas moram." - Fiódor Dostoiévski (1821-1881) in 'Os Irmãos Karamazov'.

Friday, November 13, 2020

Tempo de memórias

Faria hoje 98 anos. Já partiu à muito mas a saudade ficou. Falo do meu Pai. Sempre honro a minha galeria de ausentes cada vez mais extensa. O meu Pai já a ocupa à mais de trinta anos. Mas isso não significa que o tenha esquecido. Fui educado nos fortes valores da família desde criança e isso fica connosco até ao fim da nossa vida. Hoje seria o dia do seu aniversário e aqui o invoco porque os que desaparecem só morrem de facto quando os esquecemos. E eu não esqueci o meu Pai. Feliz aniversário, Pai! Lá onde estiveres que estejas em paz.

Thursday, November 12, 2020

A América doente

A América está doente. Não venho falar da covid-19 que está a atacar a América como o faz no resto do mundo. Venho falar duma América doente que perdeu os seus valores por uma governação desastrosa e ridícula. Um grande país que passou a ser a chacota do mundo. Conheço alguns locais desse grande país e quase que não reconheço o que lá se passa. O desalento das gentes depois de quatro anos de céus de chumbo que tanto a ensombraram. Vejo os mais pobres sem cuidados de saúde e sem dinheiro para fazer um seguro, vejo crianças separadas dos pais porque estes apenas queriam uma vida melhor fazendo lembrar o que se passou na Alemanha nazi, mas também vejo a vontade de um povo de se querer reerguer e voltar a ter a dignidade perdida. Apesar dum qualquer César de opereta querer agarrar-se ao poder. A fazer birra, mais uma, e não querer deixar o seu posto. Não percebendo que já todos o abandonaram, desde  o seu amigo e também louro Boris, até ao fascista Erdogan, já para não falar na sua televisão de estimação, a Fox News, que já nem deixa a sua assessora falar. Ainda não percebeu que está só com as suas quimeras, qual D. Quixote. Essa sempre foi a terrível sina dos Césares na antiga Roma. Mas essa criatura ainda não percebeu isso, talvez até nem saiba que existiu um Império Romano. Mas os americanos assim o decidiram e não há como inverter a História. No dia 20 de Janeiro do próximo ano sairá, nem que tenha que ser arrastado pelos serviços secretos depois de se tornar num cidadão comum. E uma nova era começará. Mas também as feridas não sararão de imediato. E o insólito da situação também não. A hora de lamber as feridas está a chegar, inexoravelmente, tal qual a passagem do tempo. E contra a passagem do tempo nada há a fazer.

Wednesday, November 11, 2020

"Mapas do sentido" - Jordan B. Peterson

Aqui está um livro muitíssimo interessante. Um verdadeiro livro de filosofia apraz-me dizer. Não é um livro para o grande público porque requer alguns conhecimentos sólidos para o seu entendimento. Mas isso, não é impeditivo de o considerar um grande livro. Lê-se na sinopse: 'Educado numa família cristã, e insatisfeito com as respostas que a religião lhe oferecia, Jordan B. Peterson, ainda adolescente, deixou de ir à igreja. Jovem adulto, sentiu-se atormentado com a aparente inevitabilidade dos conflitos, das atrocidades cometidas em nome de ideologias, como o Holocausto, o Gulag ou o genocídio no Ruanda. À procura de respostas, estudou Psicologia. E foi sob a influência de Carl Jung (curiosamente também através de um sonho) que começou a construir o edifício teórico que culminaria, 13 anos mais tarde, na conclusão desta obra seminal: Mapas do Sentido. Aqui encontraremos muitos dos pensamentos que estão na origem de 12 Regras Para a Vida. Desde logo, a relação dialética entre o caos e a ordem. Na maior parte das sociedades esse confronto é enquadrado em narrativas mitológicas e em diferentes sistemas de crenças que frequentemente se opõem - daí as atrocidades. Na procura de elementos comuns aos diferentes sistemas, o autor socorreu-se da ciência, de narrativas mitológicas e religiosas e da (re)leitura de vários pensadores e escritores. Chegou à conclusão de que para melhor navegar o caos é preciso mapeá-lo, criar coordenadas claras que permitam ao indivíduo agir não em função dos seus interesses mas do bem comum. Por outras palavras, a moralidade universal passa pela demanda desse sentido individual e transpessoal, que neste livro encontra uma arrojada cartografia.' Sobre o autor Jordan B. Peterson depois de anos a lecionar na Universidade de Harvard, Jordan B. Peterson é atualmente professor catedrático de Psicologia na Universidade de Toronto. Educado nos desertos gelados da Alberta do Norte (Canadá). Deu aulas de mitologia a advogados, médicos e empresários, foi consultor do Secretário Geral da ONU, ajudou centenas de pacientes a enfrentar a depressão, perturbações obsessivo-compulsivas e ansiedade. Em coautoria com colegas e alunos das universidades de Harvard e Toronto publicou mais de uma centena de artigos científicos. Nos últimos anos começou a divulgar as suas palestras online, tendo dezenas de milhões de seguidores. O seu primeiro livro, Maps of Meaning, revolucionou a Psicologia das Religiões. Este é um livro fascinante daqueles que nos enchem as medidas para citar Redol. A merecer uma leitura atenta, urgente e minuciosa.

Tuesday, November 10, 2020

Morrer da doença ou da cura?

Adaptando a interrogação de Shakespeare poderíamos dizer se: Vamos morrer da doença ou da cura? Ontem entrou em vigor o novo estado de emergência. E dizem que é uma versão 'aligeirada'. Só que, se olharmos à nossa volta, vemos setores da economia totalmente paralisados que conduzirão a falências e desemprego. Um desses setores é a restauração, já para não falar nos centros comerciais, onde a limitação de horário é muito forte, especialmente ao fim de semana, período nobre para as compras, sobretudo nesta época já a pensar no Natal. Dirão alguns que o desrespeito das populações no passado recente conduziu a este estado de coisas. Será certo. Mas as indefinições são muitas dado o terreno obscuro que a ciência ainda não foi capaz de clarificar. Hoje a máscara é o melhor dos métodos para evitar a pandemia, ontem as autoridades diziam que era ineficiente; hoje o confinamento é a regra, ontem não era bem assim, enfim, um cortejo de contradições que mostram a total indefinição do processo. Quem tem assistido a esse chorrilho de notícias sobre o coronavírus, tem visto as pessoas mais qualificadas dizerem uma coisa e o seu contrário a todo o momento. Contrariando-se uns aos outros o que leva à confusão das populações. Ainda no domingo um virologista dizia que deixássemos de pensar no Natal, enquanto outro colega, minutos antes, dizia que tudo isto era para salvaguardar o Natal. Tudo muito confuso, medidas com pendor aleatório e avulso que em nada ajuda ao esclarecimento de todos nós. Já na semana passada eu chamava a atenção para o fecho dos cemitérios, nomeadamente em Custóias, Matosinhos, quando em frente a ele decorria uma feira onde as pessoas se atropelavam umas às outras. Mas para além destas medidas que mais parecem 'fait-divers' julgo que algo mais importante merece a nossa análise. Saber como tudo isto começou, se este vírus apareceu naturalmente ou foi fabricado, e se foi fabricado, o seu aparecimento no mundo foi um erro laboratorial ou uma ação intencional. Quando olho para o que vejo no mundo, parece que as medidas estão sincronizadas de país para país, independentemente, estar mais ou menos afetado. Se abrirmos um qualquer canal televisivo internacional, quase que vemos a papel químico o que por cá se passa. Tudo parece muito orquestrado para servir um bem maior que todos desconhecemos. O único traço comum é o gerar o pânico nas populações. Os adeptos das teorias da conspiração encontram aqui um campo fértil. Não sou dos que palmilham esse terreno, mas que há coisas que me deixam a pensar, lá isso há.

Monday, November 09, 2020

Intimidades reflexivas - 1275

"A educação é uma coisa admirável, mas é bom recordar que nada do que vale a pena saber pode ser ensinado." -  Oscar Wilde (1854-1900)

Sunday, November 08, 2020

Intimidades reflexivas - 1274

"Enquanto uma chora, outra ri; é a lei do mundo, meu rico senhor; é a perfeição universal. Tudo chorando seria monótono, tudo rindo cansativo; mas uma boa distribuição de lágrimas e polcas, soluços e sarabandas, acaba por trazer à alma do mundo a variedade necessária, e faz-se o equilíbrio da vida..." -  Machado de Assis (1839-1909) in 'Quincas Borba '(pequeno excerto).

Saturday, November 07, 2020

Intimidades reflexivas - 1273

"(...) Quando olho para o passado e compreendo quanto tempo perdi em vão, quanto perdi com equívocos, com erros, na ociosidade, na inabilidade para viver, como deixei de apreciá-lo, quantas vezes pequei contra o meu coração e a minha alma, o meu coração põe-se a sangrar. A vida é uma dádiva, a vida é uma idade, cada minuto poderia ser uma eternidade de felicidade." - Fiódor Dostoiévski (1821-1881) in Carta ao irmão Mikhail M. Dostoiévski, no livro "Dostoievski".

Friday, November 06, 2020

Intimidades reflexivas - 1272

"O silêncio é uma enorme fonte de força." - Lao Tzu (571 a.C-531 a.C.)

Thursday, November 05, 2020

Intimidades reflexivas - 1271

"Professor não é quem dá aulas. É quem dá lições. Não é aquele que vai à escola ensinar. É aquele cuja vida é uma escola." - Mia Couto

Wednesday, November 04, 2020

Intimidades reflexivas - 1270

"É perdoando que somos perdoados." São Francisco de Assis (1182-1226)

Tuesday, November 03, 2020

Intimidades reflexivas - 1269

"Educar é semear com sabedoria e colher com paciência." - Augusto Cury

Monday, November 02, 2020

Dia de Finados ou de Fiéis Defuntos

Neste dia celebra-se o Dia de Finados também conhecido pelo Dia de Fiéis Defuntos. Embora não seja feriado, estou certo que muita gente irá passar pelo cemitério. (Neste dia, os cemitérios do meu concelho estão abertos!) Contrariando o que se passa noutros concelhos neste dia podemos visitar os nossos ente queridos. Esta é uma das tais incongruências que ontem vos falei e que as populações não entendem. Mas lá terá de ser - enquanto a pandemia andar por aí e a vontade dos políticos imperar - na expectativa de que para o ano será diferente. É um dia de memórias dos nossos ente queridos que já partiram para um outro plano astral. É uma espécie de reencontro com o passado. Hoje já sem o carisma doutros tempos, mas tudo vai evoluindo porque a passagem do tempo a isso conduz. Mas é, seguramente, um dia de profunda ligação com o transcendental seja lá ele o que for e que a nossa capacidade de entendimento não consegue abarcar.

Sunday, November 01, 2020

Dia de Todos os Santos

Este é o dia que as pessoas elegeram para visitar os seus entes queridos que já partiram, embora o dia de fiéis seja apenas amanhã. Este ano é indiferente fruto duma malfada pandemia que não nos deixa em paz. Mas quero aqui trazer uma reflexão que julgo importante. O encerramento dos cemitérios pode ser uma medida importante, - embora ache que se deveria fazer aquilo que em alguns locais se fez -, que era abrir com pessoas limitadas no seu interior e com tempo controlado. E isto, pelo simples facto de que estas medidas mais radicais podem levar à incompreensão por parte das populações. No meu conselho os cemitérios foram encerrados, mas ontem, quando dei uma volta pelo conselho vi por exemplo em Custóias, (onde se realiza uma feira ao sábado), esta estar cheia de gente, sem distanciamento social algum, e só quem nunca passou por uma feira é que pensaria o contrário. O ajuntamento que se quis evitar no cemitério neste dia, verificou-se ontem durante todo o dia mesmo em frente a este. E não era uma feira reduzida, mas sim nos moldes habituais. O mesmo vi na Senhora da Hora. E perante isto, penso que estas medidas avulsas e desgarradas não serão facilmente percetíveis pelas populações. Por que se existe perigo numa situação, também o haverá noutra em tudo idêntica. Sei que as autarquias sempre tão incompreendidas, têm neste momento o seu minuto de fama. Não quero pensar que tenha sido o caso no meu concelho. Mas que tudo isto me parece uma tremenda baboseira, lá isso parece. Mas lá teremos que aceitar e esperar que dias melhores se perfilem no horizonte. Até lá, só me resta desejar um bom feriado a todos apesar deste ter caído a um domingo.