Turma Formadores Certform 66

Monday, October 31, 2016

Noite de Halloween

Aí está o Halloween! Não é uma festa da nossa tradição, nem da minha geração. É mais uma importação alimentada pelo interesse comercial. Contudo, os mais jovens já vão aderindo, não só, pelo efeito da publicidade, mas também, por que a sua geração já o vai festejando nas escolas. Veio do outro lado do Atlântico, mas não nasceu lá. Foi da Europa para o Novo Mundo e assim podemos falar dum regresso. Tradição que alegra as crianças com as suas brincadeiras e os seus doces, ainda não ocupa um lugar de destaque na nossa cultura. Esta ainda é marcada por outro tipo de tradições ancestrais que povoam o nosso imaginário. Ao fim e ao cabo é mais uma tradição pagã das muitas que povoam o nosso calendário sem que a maioria das pessoas o saiba. Tal como o Dia de Fiéis Defuntos que se celebra amanhã, ou o próprio Natal! Muito haveria a dizer sobre esta tradição anglófona que vai penetrando em outros espaços. Mas isso ficará para uma outra vez. Agora é altura de celebrar o Halloween para todos que aderiram à festividade.  

Voltamos ao mesmo!...

Tudo voltou ao mesmo. Hoje o aspeto daquilo que ontem lá deixei era o que se vê. (Ver foto). Nada de nada. Voltei a encher os recipientes e até ração deixei. Sei que isto não durará muito. Contudo, a gata já estava à minha espera e logo veio comer. Pelo menos ela tem o estômago cheio. Do cão nem sinais apesar de hoje ter ido mais tarde do que o habitual. Seja como for cada vez estou mais irritado com a situação.

Sunday, October 30, 2016

Intimidades reflexivas - 815

"Enquanto nós formos sepulturas vivas de animais assassinados, como poderemos esperar neste mundo a paz de que tanto ansiamos?" - George Bernard Shaw (1856-1950) dramaturgo, escritor e jornalista irlandês, vegetariano.

Estou irritado!...

Estou mesmo irritado! Hoje com dia já aberto é mais fácil ver o que se passa com a comida do cachorro e dos gatos. Nada havia. Apenas algumas comida que deixei lá ontem e que parece não interessar ao ladrão. A ração e o paté tinha desaparecido na totalidade. (Ver foto). A comida que lá deixei ontem era suficiente para dois ou três cães. Seria impossível ele a ter comido toda. Confesso que hoje tinha ração comigo mas não a deixei lá. Porque ela não resiste muito tempo no local e o destinatário dela nem a vê. Apenas deixei comida húmida e paté que, como habitualmente, seguirá o mesmo destino. O cão não apareceu. A gata já lá estava à minha espera. Comeu tudo o que quis. Só de lá saí quando ela se foi embora. Mas confesso, estou irritado com tudo isto!...

Saturday, October 29, 2016

Mudança da hora

Na madrugada de 30 de outubro de 2016 (domingo), a Hora Legal muda do regime de Verão para o regime de Inverno. 

– Em Portugal continental e na Região Autónoma da Madeira, às 2:00 horas da manhã atrasamos o relógio de 60 minutos, passando para a 1:00 hora da manhã.

– Na Região Autónoma dos Açores a mudança será feita à 1:00 hora da madrugada de Domingo, dia 30 de outubro, passando para a meia-noite (00:00), do mesmo dia.

Nada de nada!...

Hoje foi assim. Nada de nada! (Ver foto). Parece que o nosso ladrão, mesmo vendo a sua morada escarrapachada num papel, não desmobiliza. Abasteci tudo de novo. A gata logo apareceu para comer. Do cão nem sinais. A esta hora, provavelmente, já nada lá existirá.

Friday, October 28, 2016

Intimidades reflexivas - 814

"Não desças os degraus do sonho 
Para não despertar os monstros. 
Não subas aos sótãos – onde 
Os deuses, por trás das suas máscaras, 
Ocultam o próprio enigma. 
Não desças, não subas, fica 
O mistério está é na tua vida! 
E é um sonho louco este nosso mundo..."

Mário Quintana

(Apontamentos de História Sobrenatural, 1976)

Intimidades reflexivas - 813

"Durante a noite, na minha cama, procurei o amor da minha vida; procurei-o, mas não o encontrei. Levanto-me e percorro a cidade, procurando o amor da minha vida pelas ruas e pelas praças! Procurei-o, mas não o encontrei. Perguntei aos guardas que faziam a ronda na cidade: 'Não viram o amor da minha vida?' Mal me afastei deles, encontrei o amor da minha vida. Agarrei-o e não o quero deixar." - Cântico dos Cânticos

Thursday, October 27, 2016

"A Espia" - Paulo Coelho

Mais um livro de Paulo Coelho viu a luz do dia. Este um pouco diferente da maioria da obra deste prestigiado escritor brasileiro. Trata-se de 'A Espia' baseado na vida de Mata Hari. Esta famosa mulher que conheceu a pobreza e que alcançou o luxo, ela que fez deslumbrar os homens mais poderosos do seu tempo, ela que provocou o desdém de muitas mulheres, viria a encontrar a morte frente ao pelotão de fuzilamento em França, terra que ela tanto amou. Abandonada e renegada por todos, inclusive por muitos que viveram intimamente com ela, Mata Hari morreu sozinha e abandonada. Apenas o seu advogado, o Dr. Clunet, um seu secreto admirador que estava apaixonado por ela, a acompanhou até ao fim. Mata Hari foi vítima da perfídia dum membro da contra espionagem francesa Ladoux, - já envolvido numa acusação a um político francês que se viria a verificar falsa, e que passou à História como o 'Caso Dreyfus' -, parece que este agente tentou limpar o seu nome com este hediondo crime. (Por ironia do destino, ele viria a ser acusado de contra espionagem a favor da Alemanha meses depois de ter enviado para a morte Mata Hari). O procurador André Mornet, que esteve envolvido neste caso, afirmaria a um seu amigo que, 'aqui entre nós, a evidência que tínhamos era tão insuficiente que não serviria sequer para castigar um gato'. Mas era preciso silenciar uma mulher incómoda que sabia demais e, sobretudo, sabia da vida de muitos dos poderosos de então. Mata Hari foi a mulher mais desejada da sua época: a famosa bailarina que usava exóticas danças orientais para chocar e encantar as plateias de toda a Europa; a confidente e amante dos homens mais ricos e poderosos do seu tempo: a mulher com um passado enigmático que despertava o ciúme e inveja das senhoras da mais alta aristocracia parisiense. Uma mulher que ousou libertar-se do moralismo e dos costumes provincianos das primeiras décadas do século XX - e pagou caro por isso. Este é um livro diferente mas muito interessante, - baseado em factos reais -, que dá uma outra dimensão à obra de Paulo Coelho. Famoso autor brasileiro, consagrado em todo o mundo, com livros tão fascinantes como o famoso 'Alquimista', é membro da Academia Brasileira de Letras. A edição é da Editora Pergaminho. Um livro a ler com muita atenção.

Intimidades reflexivas - 812

"Saiba o que quer e tente ir além daquilo que espera de si mesmo. (...) Porque essa é a missão do artista: ir além dos seus limites. Um artista que deseja pouco, e acaba por conseguir, falhou na vida." - Amadeo Modigliani (1884-1920)

Wednesday, October 26, 2016

Intimidades reflexivas - 811

"Cada um de nós vê o mundo com os olhos que tem, e os olhos vêem o que querem, os olhos fazem a diversidade do mundo e fabricam as maravilhas, ainda que sejam de pedra, e altas proas, ainda que sejam de ilusão." - José Saramago (1922-2010)

Tuesday, October 25, 2016

Intimidades reflexivas - 810

"A memória é um rio que corre sempre para trás." - Margaretha Zelle aliás Mata Hari (1876-1917)

Monday, October 24, 2016

Intimidades reflexivas - 809

"Lamentar uma dor passada no presente é criar outra dor e sofrer novamente." - William Shakespeare (1564-1616)

Sunday, October 23, 2016

Intimidades reflexivas - 808

“...este é o dia de ver, não de olhar, que este pouco é o que fazem os que, olhos tendo, são outra qualidade de cegos.” - José Saramago (1922-2010) in 'Memorial do Convento'.

O cartão de visita de um ladrão!...

Este é o cartão de visita de um ladrão! Nada de nada. Apenas alguma seca que, se calhar, não teve tempo de roubar. Tenho a sensação de que ele andava por ali hoje e desapareceu rapidamente pela maneira como os recipientes estão. (Ver foto). Tenho dificuldade em aceitar isto, mas não tenho hipótese de ser diferente. Moro demasiado longe para isso. O gato logo apareceu mas, ou porque a comida não lhe agradava, ou porque não tinha fome, logo foi embora sem tocar em nada. Eu também porque o tempo estava aziago e os relâmpagos iluminavam o céu. Nada mais posso fazer. O cão não o vi.

Saturday, October 22, 2016

Financiamento da economia portuguesa

Ontem, e depois de muita espera, a agência canadiana DBRS lá emitiu a sua posição. Mantém a mesma do passado, ou seja, BBB- (perspetiva estável), isto é, mantém o país acima de 'lixo' o que nos permite o financiamento junto do Banco Central Europeu (BCE). Chegados aqui é comum a dúvida do cidadão sobre o que estas agências fazem. Elas dão o 'rating' das Repúblicas com vista a dar sinais aos potenciais investidores. E aqui é que está o busílis da questão. Senão vejamos. Portugal tem neste momento juros muito baixos (até negativos), - fruto da compra maciça do BCE sem dúvida, mas também da performance da governação, que é reconhecida - mas bem melhores do que obtém Espanha e Itália. Quer o BCE, quer a DBRS, ambas são unânimes em dizer que Portugal está no bom caminho, que os sinais são bons (embora existam algumas fragilidades, que são naturais) mas que se deve continuar a ir em frente. (Até reconhecem que o sistema financeiro está a melhorar e a estabilizar). Portugal terá este ano um défice dos mais baixos em 42 anos de democracia e para o ano seguinte prevê-se ainda um resultado melhor. (Se é injusta a situação face ao atual governo, o não é menos face ao anterior que, como se lembram, para além de cumprir o que lhe foi exigido, até foi para além daquilo que seria necessário, como disso fez bandeira em tempo passado). Então porque mantêm o 'rating'? Dizem que as fragilidades derivam do fraco crescimento da economia e do elevado nível de endividamento. Se os sinais sobre o 'rating' se mantêm, é natural que os investidores se retraiam. Ao retraírem-se a economia não cresce - será o investimento externo o motor - e como tal acontece, será natural que o PIB continue fraco e a dívida seja cada vez maior, não tanto porque não a tenhamos amortizado, mas mais, pelo efeito cumulativo do serviço da dívida que a vai incrementando. Aqui chegados duas questões se colocam: a primeira, prende-se com a motivação dos investidores coisa para a qual as agências de 'rating' nada têm contribuído; a segunda, é que esta dívida para ser exequível, a sua resolução necessita de ser reestruturada. Muita gente fica incomodada quando se fala em reestruturar a dívida, mas mais cedo ou mais tarde, tal terá que ser equacionado não só para Portugal mas para outros países com elevada dívida como, por exemplo, os já citados, Espanha e Itália, mas não só. O que significa que as empresas de 'rating' que dão sinais aos investidores têm-se comportado, - nestes anos mais difíceis -, como verdadeiras agências que ajudam à especulação financeira, seja na compra como na venda. Mais do que dar o sinal aos investidores, elas influenciam os agentes económicos ajudando à especulação. Só assim se compreende que só a DBRS tenha mantido o país acima de 'lixo' quando todas as outras o mantém abaixo, mesmo com sinais altamente positivos do desempenho do país. Esta é, - e porventura continuará a ser - a sina dos países pequenos, com economias mais débeis e periféricas, que são jogados como moeda de troca nos grandes palcos de decisão financeira. Contra isso nada poderemos fazer, seja qual for o governo ou o desempenho da governação. (O Orçamento de Estado (OE) para 2017 é disso exemplo). Estaremos sempre numa posição dependente. E como estamos inseridos numa União Europeia (UE) nem sequer temos o espaço de manobra que o país teve nos anos 30 do século passado, face a problema idêntico. Temos que seguir as regras que são para todos, embora nem sempre tal pareça ser o desiderato.

Palavras para quê!...

Sim, palavras para quê. A maldade humana não tem limites. Hoje era este o cenário no local onde alimento o cachorro. (Ver foto). Abasteci tudo, apenas não limpei os recipientes, nem pus água fresca porque estava a chover muito. Do cão e dos gatos nem sinais. Talvez pelo tempo, pela noite que ainda era muito escura. Quanto ao resto, sem comentários!...

Friday, October 21, 2016

Intimidades reflexivas - 807

"Se no mundo há coisa que aterre, se existe uma realidade que exceda as ficções de um sonho, é decerto isto: viver, ver o Sol, estar em plena posse da força viril, ter a saúde e a alegria, rir com desassombro, correr após uma glória que temos diante de nós e nos incita com o seu deslumbramento, sentir no peito um pulmão que respira, um coração que pulsa, uma vontade que raciocina." - Victor Hugo (1802-1885), excerto de «Os Miseráveis».

"O Espião do Vaticano" - Luther Blissett

Esta é a terceira vez que venho falar deste livro e agora duma forma mais definitiva. 'O Espião do Vaticano' é um romance histórico soberbo sobre um dos períodos mais conturbados da História, aquele que, durante quarenta anos opôs os luteranos, anabaptistas e outras seitas ao catolicismo romano. Esse período conturbado da Europa medieval ficou conhecido como o da Reforma versus Contra Reforma. Numa trama bem urdida vemos o desenrolar de factos e personagens, lugares e conluios, interesses e crenças que, e como é habitual, apenas servem os poderes e os poderosos em detrimento das populações mais vulneráveis. Desde que Lutero afixou as 95 teses na porta setentrional da igreja de Wittenberg em 1517 a Europa entraria num caldeirão de violência sem par até então. Um sinistro cardeal, Gianpietro Carafa, viria a insuflar as suas ideias através duma rede de espiões que levariam milhares de pessoas à prisão, tortura e morte. Os caminhos ínvios deste cardeal tinha apenas e só por objetivo a tomada de poder. Neste livro esta situação é relatada com um incrível realismo. Situação historicamente documentada, onde a política, a diplomacia e o jogo sujo se cruzaram durante décadas. No fim todos perderam, apenas Carafa viria a ganhar quando foi eleito em Conclave como o Papa Paulo IV aos 79 anos de idade, a 23 de maio de 1555. Foi neste período que o sinistro tribunal do Santo Ofício fez a sua aparição, a que Portugal também não escapou, e que mergulhou a Europa num período de trevas e obscurantismo que perdurou por demasiado tempo. Para quem gosta de 'thrillers' este pode ser um livro magnífico. Para quem gosta de História este livro fornecerá elementos muito interessantes sobre esse período. Este soberbo livro de Luther Blissett é tudo isto e muito mais. O prestigiado 'Le Monde' escrevia sobre este livro: "Uma aventura exemplarmente escrita que mistura o melhor do romance de espionagem com profundas reflexões sobre as guerras da religião". Um livro fascinante que aconselho vivamente a todos os que gostam de ter um maior conhecimento desta época histórica duma forma mais corrida que não ligeira. A edição é da Editora Saída de Emergência.

Thursday, October 20, 2016

À memória do João Paulo

Ontem trouxe-vos uma memória já com alguns anos. Hoje trago-vos de novo uma memória ainda mais longínquo-a. Talvez com a idade sejam as memórias que vão restando quando os nossos objetivos de vida são mais comesinhos. Já não será a ambição do poder ou do ter, mas sim, a busca do equilíbrio no Universo prenúncio dum inverno da vida que já anda por aí. Mas voltemos ao tema que aqui me trás. Ontem à noite estive no velório dum rapaz que conheci quando andava na casa dos 12/13 anos. Chamava-se João Paulo e anteontem viria a falecer vítima dum brutal acidente de automóvel. Hoje com 38 anos pensei que já não o conhecia. Mas não. Ele ali estava sereno no seu esquife. Com feições mais maduras, mas com aquele rosto de menino que conheci. Era filho duma amiga e ex-colega do tempo em que estivemos ligados ao Grupo Vista Alegre. Nas férias grandes ele e a sua irmã Joana - hoje arquiteta - lá apareciam, e como ele gostava de ser útil, lá vinha servir uns cafezinhos aos nossos gabinetes. Essa imagem radiosa dum jovem a entrar no meu gabinete, de educação esmerada e sorriso sempre pronto, são a marca de água que tenho (e quero continuar a ter) do João Paulo. A vida do João Paulo nem sempre foi aquela que gostaria de ter. Por diversas razões que não interessam para aqui. Mas no momento em que tudo parecia ultrapassado e que, finalmente aos 38 anos, parecia que as nuvens que o acompanhavam se dissiparam definitivamente, trazendo ao João Paulo uma felicidade e uma expectativa que ele já não pensava talvez ser possível, é que a vida o abandona duma forma trágica. Coisas da vida, desígnios do Universo que nem sempre entendemos, mas com os quais temos que conviver. Mas o João Paulo, nesta hora de despedida da vida, ainda quis influenciar esse reencontro de antigos colegas de trabalho - como era o caso de sua mãe - pessoas que, embora comunicando-se, não estavam fisicamente juntas há muito tempo. Parece que o João Paulo ainda fez este esforço derradeiro para unir aqueles que ele conheceu num outro tempo, e a quem ele distribuiu a sua simpatia. Não publico nenhuma imagem do João Paulo, primeiro porque ontem não pedi autorização à família para isso, mas também, porque  para além disso, quero guardar a imagem do João Paulo menino que tantas vezes abrilhantou o meu dia de trabalho. Não sei se a família lerá ou não estas linhas. Mas estas foram escritas mais com o coração do que com qualquer outra coisa. Especialmente à sua mãe e irmã - era a família que conhecia -, mas também à restante família, quero aqui apresentar as minhas mais sinceras condolências. Estou certo que o João Paulo terá agora finalmente encontrado a paz e a felicidade que buscou ao longo da sua curta existência. Dentro de um par de horas será sepultado, fisicamente ausente mas perene entre os seus. Enquanto a sua memória perdurar ele não morrerá.  E estou certo que a sua memória continuará por muito tempo para muitos de nós. Que estejas em paz, João Paulo!

Intimidades reflexivas - 806

"Em nós, manifesta-se sempre uma e a mesma coisa: vida e morte, vigília e sono, juventude e velhice. Pois a mudança de um dá o outro e reciprocamente." - Heráclito (535 a.C. - 475 a.C.), filósofo pré-socrático.

Wednesday, October 19, 2016

Memória dum passado recente

Quando esta madrugada vasculhava os meus papeis em busca duns documentos que preciso para um trabalho que estou a fazer, acabei por me reencontrar com um livro que me trouxe muitas memórias. Recordações dum outro tempo que me fizeram recuar alguns anos. Trata-se de um livro. Não um livro qualquer, mas um livro que está associado a uma parte da minha vida. O livro chama-se "Cinquenta Anos Sacerdotais" e pretende homenagear o antigo pároco de Águas Santas, o Padre Ramiro Ferreira Pinto. Conheci o Abade Ramiro (como gostava de ser chamado) há um bom par de anos. (A ele já fiz referência neste espaço a propósito de um outro assunto). O abade Ramiro era natural de Ferradal, da freguesia de Santa Maria de Fiães, no concelho de Santa Maria da Feira. Conheci-o já com avançada idade e dele tenho uma memória muito grata. Sempre com aquele sorriso de menino em corpo já gasto pelo anos, o abade Ramiro era muito popular junto da miudagem. Sempre com uma palavra afetuosa para todos, o abade Ramiro lá ia exercendo o seu sacerdócio. Fortes convicções eram as suas - e disso sou testemunha - num corpo frágil, quase de menino. Essa fortaleza de caráter fez dele um padre exorcista - algo que nem todos os sacerdotes são e de que ele não fazia nenhum alarde - o abade Ramiro, apesar da muita idade, sempre queria assumir as suas obrigações sacerdotais embora com cada vez mais - e duma forma bem visível - dificuldades. O dia primeiro em que o conheci foi um bálsamo para mim e nunca deixei de o sentir. Ficamos amigos. Ele passou até a ser visita de minha casa. Com uma extraordinária cultura que, por vezes, a coberto da sua timidez, parece que tinha medo de mostrar. Longas conversas tivemos sobre os mais variados temas. Era um homem de grande saber, dele tirei muitas lições que me foram (são) úteis na vida. Este livro tem apenas o interesse do reconhecimento dos seus paroquianos numa bela homenagem que lhe fizeram e para a qual tive o privilégio de ser convidado. O livro foi-me oferecido pelo próprio, devidamente autografado, com o amor e carinho que o abade Ramiro tão bem sabia exercer junto dos seus. Ao remexer nos meus papeis, este livro destacou-se, talvez para avivar a memória deste homem que já há muito nos deixou. Dele fica a recordação. Dum tempo. Dum homem. Dum exemplo. Aqui, não é o livro que me interessa trazer - que apenas interessará a alguns - mas, sobretudo, a homenagem à memória dum grande homem. Que estejas em paz, Abade Ramiro! "Tu es Sacerdos in Aeternum".

Intimidades reflexivas - 805

"Na vida, nada se resolve, tudo continua. Permanecemos na incerteza; e chegaremos ao fim sem sabermos com o que podemos contar." - André Gide (1869-1951), escritor francês, Nobel da Literatura.

Tuesday, October 18, 2016

Intimidades reflexivas - 804


"Eduquei as crianças, para que não seja necessário punir os adultos." - Pitágoras (570 a.C.-495 a.C.)

Monday, October 17, 2016

Intimidades reflexivas - 803

"A realidade é meramente uma ilusão, embora em muito persistente". - Albert Einstein (1879-1955)

Sunday, October 16, 2016

Obrigado, amigos(as)!...

Nunca foi tradição na minha família festejar aniversários. Ainda assim, era o meu o mais 'celebrado' porque então era uma criança. Mas à medida que fui crescendo essa prática - se é que lhe posso chamar assim - foi-se esvaecendo. Afinal até tem alguma lógica porque à medida que celebramos aniversários atrás de aniversários, estamos a celebrar o nosso próprio envelhecimento. Mais tarde, já na minha casa, essa tradição, (ou melhor a ausência dela), continuou a ter a sua marca de água. Porque com a minha mulher passava-se o mesmo, e assim, os aniversários eram pouco mais do que datas do calendário. Curiosamente, era nos empregos por onde passei, que me faziam os festejos com direito a bolo e com velas. Era simpático, mas confesso que, talvez pela falta de hábito, me senti sempre um pouco desconfortável com tudo isso. Passados estes 61 anos não mudei de opinião. E quando a ampulheta do tempo nos vai indicando que está a caminhar para o fim, então ainda menos razões tenho para o fazer, e fazer deste dia uma festa. Cada vez nos assimilamos mais a uma caricatura que a vida vai refazendo, vai retocando, dando-nos novas feições, no seu percurso inexorável. Contudo, e apesar desta minha irreverência aniversariante, quero aqui deixar dois agradecimentos que acho justos e devidos. Primeiro à minha Mãe porque sem ela eu aqui não andaria. Ela que, tanto ou mais do que eu, deve estar de parabéns lá onde estiver, porque sofreu muito para colocar no mundo uma vida, dar vida à vida, num dia que ela recordou sempre como muito sofrido, mas imensamente feliz. Depois um agradecimento é devido a todos vós, que com a vossa simpatia me fostes enviando as mensagens de parabéns pelas mais diversas formas, utilizando os meios mais tradicionais até aos mais modernos. É sempre agradável sentir que temos pessoas que nos estimam, nos lembram e até aqueles outros que nunca nos conheceram, - nem nos conhecerão no futuro -, mas que o ciberespaço aproxima. Amigos virtuais que não o deixam de ser por isso. A todos vós, onde estiverdes, a todos vós que utilizastes os mais variados meios para me contactar neste dia, o meu mais profundo e sincero obrigado. Beijos e abraços a todos vós, amigos(as).

Sem perdão!...

Apesar da mensagem lá deixada - mais uma - o nosso ladrão continua a ignorar a situação. Tudo devastado como acontece com frequência. (Ver foto). (Penso que ele acha que não passa disso. Só aprenderá se em qualquer altura tiver azar). Apesar de tudo, ainda havia alguma comida seca, que não sei se foi o meu amigo Bruno Alves Ferreira que lá deixou, ou se seria alguma da que levei ontem e que ele não teve tempo de levar. Hoje fui bem de madrugada para ver se via algo. Nada. O local em causa tem muitos sítios onde uma pessoa se pode esconder sem ser detetada, mesmo que esteja relativamente próximo de nós. Pela maneira como encontrei os recipientes e pela ração que ainda lá estava, pode ter sido o caso de hoje. Mas, confesso, não vi nada. Apenas a gata apareceu logo para comer. Contrariamente ao habitual, hoje tive que vir mais cedo embora, por isso não acompanhei o repasto da gata. Espero que tenha comido tudo o que quis. O cão não apareceu. Também ainda seria cedo para ele, embora saiba que ele vem procurar comida a horas mais mortas, talvez com medo de algumas pessoas.

Intimidades reflexivas - 802

“Os livros são os mais silenciosos e constantes amigos; os mais acessíveis e sábios conselheiros; e os mais pacientes professores.” - Charles W. Elliot (1834-1926)

Saturday, October 15, 2016

Intimidades reflexivas - 801

"Escondida da guerra visível, existe uma outra, a guerra dos casais. Por essa guerra, nenhum historiador se interessa. É pena, porque ela não deixa de ser guerra, e também produz um grande número de vítimas." - Sándor Marái (1900-1989), Fragmento de «A Gaivota», pag. 120, edição da D. Quixote.

De novo!...

Quando lá cheguei o que se me deparou foi este triste espetáculo! (Ver foto). Até aquele recipiente onde normalmente se coloca a ração estava num local não habitual. Parece que o nosso ladrão voltou a atacar. Não sei se o meu amigo Bruno Alves Ferreira lá passou para deixar ração esta noite. Se sim, ela tinha sido retirada e talvez a maneira como deixou o recipiente azul indicie que estive à beira de o surpreender. Hoje fui a uma hora que não costumo ir. Ainda noite cerrada para ver se surpreendo alguém a roubar a comida. Mas nada. Ainda lá fiquei algum tempo a ver se o cão ou os gatos apareciam. Ninguém veio. Também ainda era bastante cedo. Espero que apareçam depressa enquanto a comida ainda por lá está.

Em torno do OE 2017

Assistimos ontem ao ritual da entrega do Orçamento de Estado (OE) para 2017. Com negociações cerradas até ao fim como seria de esperar num governo minoritário apoiado pela esquerda parlamentar. O importante de tudo isto é que este OE vem mais uma vez - já tinha acontecido com o de 2016 - tentar corrigir as injustiças que a governação de Passos e Portas deixaram. Continua a ser um OE com austeridade associada (nem poderia ser doutro modo) mas com uma ideia muito interessante que é a de que esta austeridade é redistribuída de forma diversa atingindo os rendimentos mais elevados. É ver o caso do imposto extraordinário sobre as habitações em que as casas de menor valor patrimonial aligeiram a sua taxação aumentando esta para as de maior valor. (É sobre o valor patrimonial e não sobre o preço de venda ou de compra como erradamente já por aí ouvi alguém afirmar). Dirão alguns que as casas de maior valor acabam por ser beneficiadas visto deixarem de pagar 1% para passarem a pagarem apenas 0,3%. Aparentemente seria assim se o imposto que o governo anterior instituiu tivesse sido cobrado. Mas não não foi. Logo agora é que efetivamente estas casas vão começar a pagar o imposto devido. Outra das questões nucleares tinha a ver com a sobretaxa de IRS. Como se vê pelo OE esta embora não acabando em Janeiro conforme o governo tinha prometido, vai acabando ao longo do ano terminando no último trimestre de 2017. Se considerarmos o 2º escalão onde se situam as pessoas com rendimentos mais baixos, vemos que esta só será paga até março. Em abril já não haverá sobretaxa. Esta nova alteração de estratégia tem a ver com o financiamento do Estado para cobrir o aumento de pensões e reformas. Esse é um esforço enorme para o Estado e um desafio para a governação, mas com este incremento das pensões e reformas acaba por deixar a marca de água deste OE e claramente a opção ideológica que o atravessa na busca de apoio às situações das pessoas com maiores carências. Algum deste financiamento acaba por ter que se ir buscar aos refrigerantes e aos açúcares porque uma economia com poucos recursos não pode aplicar medidas com financiamento público exclusivo, buscando aqui uma certa engenharia financeira para obter receitas. (Mas, mesmo assim, são situações marginais). Estas são algumas das linhas força vistas duma forma muito superficial e imediatista. Mas é de considerar o esforço do governo em reparar algumas injustiças que vinham da governação anterior e que atingiam os mais carenciados. Com certeza que com os constrangimentos da economia nacional e as imposições de Bruxelas, o caminho que Costa e o seu governo terão que fazer será necessariamente muito estreito. Implicará que mês após mês haja uma atenção constante às contas públicas para que estas não derrapem. Este - embora seja um OE de grande exigência - não quer dizer que não seja exequível. A governação deste ano de 2016 tem mostrado que a dita 'geringonça' está a funcionar e até muito bem, o que será indiciador de que assim continuará. A direita apenas esbracejará - como tem feito até agora - porque  neste momento não tem projeto, não tem ideias e até, em boa verdade, nem sequer tem líderes credíveis. Este será o lado bom para a governação de Costa que com a sua maioria à esquerda e o apoio presidencial que não tem faltado fará sempre passar aquilo que for necessário dentro dos acordos que estabeleceu com os seu parceiros à esquerda, bem como, os compromissos assumidos com a União Europeia (UE). Voltarei a este tema mais adiante, quando tiver estudando melhor a situação - afinal apenas o estou a analisar há poucas horas - e o seu impacto na economia portuguesa. Por ora, apenas estas noções que, estou certo, ainda terão alguns ajustes em sede de especialidade, e só lá para o fim de novembro teremos o definitivo OE para 2017.

Friday, October 14, 2016

Intimidades reflexivas - 800

"Cada qual sabe amar a seu modo; o modo, pouco importa, o essencial é que saiba amar." - Machado de Assis (1839-1908)

Thursday, October 13, 2016

Feliz aniversário, Linda!...

Depois da afilhada é a vez da madrinha. Hoje é o dia dela. Feliz aniversário, minha querida!...

"TEMPLÁRIOS - de Milícia Cristã a Sociedade Secreta", vol. 3 - Eduardo Amarante

"Há 709 anos, numa sexta-feira, dia 13 de Outubro de 1307. Início da fatídica perseguição aos Templários, levada a cabo em França pelo poder real com a anuência do poder papal. Recordamos esta data como forma de reverenciar esses monges-guerreiros e todos aqueles que têm lutado, ao longo da História, pelo engrandecimento espiritual do Homem e que, por isso mesmo, têm sido vítimas da intolerância e do fanatismo. Foi, precisamente, há 706 anos, numa fatídica sexta-feira, dia 13 de Outubro, que se iniciou, a mando do rei de França, Filipe IV, o Belo, o processo maquiavélico de perseguição aos templários, que levaria, cinco anos mais tarde, à extinção da Ordem do Templo e, dois anos depois, à morte na fogueira do Grão-mestre, Jacques de Molay. Este acontecimento não pode nem deve ser esquecido por todos aqueles que amam a Verdade e que acreditam na evolução espiritual do ser humano. E isto, porque, tal como no presente momento histórico, tratou-se, naquela época, de um combate entre o Conhecimento e a Ignorância, o Eclectismo e o Dogmatismo, a Tolerância e a Intolerância, a Liberdade de Expressão e a Censura ou Inquisição, a Luz e a Obscuridade, travado em dimensões físicas e supra-físicas. O “perdão” dos Templários foi mais um ardil engendrado pelos seus perseguidores. Alguns irmãos de base, desconhecedores da doutrina interna da Ordem, caíram na armadilha, por fraqueza e por ignorância. Mas o mesmo já não sucedeu com os seus altos dignitários. Na verdade, o acto de perdoar implica o reconhecimento da culpa por parte do acusado. Não há perdão para quem se considera inocente. Filipe o Belo, seus mentores ideológicos Pierre Dubois e Enguerrand de Marigny, o seu “braço direito” Guilherme de Nogaret e o inquisidor-mor Guilherme Imbert queriam, com efeito, perdoar politicamente os templários como forma de legitimar a condenação da Ordem do Templo. Mas não o conseguiram, apesar de terem recorrido aos mais tenebrosos meios ao seu alcance: perjúrio, calúnias, perseguições, torturas, execuções... A Ordem do Templo foi extinta em 1312, mas não excomungada nem condenada, por não haver matéria de facto que a incriminasse. Quero, contudo, sublinhar que a Ordem dos Templários ainda sobreviveu por mais dois séculos em Portugal, sob o nome de Ordem de Cristo, graças à acção notável dos nossos reis-iniciados que, conhecedores da doutrina interna da Ordem, distanciada dos dogmas da Igreja de Roma, permitiram o cumprimento da sua segunda missão, que se traduziu na expansão marítima. Porém, ainda não soara a hora de os ventos da História levarem a porto seguro o cumprimento da terceira e última missão: a concretização no mundo do Quinto Império ou Império Espiritual. Os ventos adversos, tempestuosos, do materialismo e do obscurantismo, outrora como agora, alimentando-se do ódio e da separatividade, tudo fizeram e tudo fazem para que não haja entendimento entre o Ocidente e o Oriente, porque não procuram a paz e a concórdia, mas sim o poder com base na opressão mediante a ignorância. A Ordem do Templo e, depois, a Ordem de Cristo, dadas as condicionantes históricas, tinham de ser extintas, porque o mundo não estava, como ainda não está, preparado para ver realizado o sonho que levará a humanidade a dar um enorme salto na sua evolução espiritual: a união entre o Oriente e o Ocidente, o Crescente e a Cruz, a Religião e a Ciência." - Eduardo Amarante in "TEMPLÁRIOS - de Milícia Cristã a Sociedade Secreta", vol. 3.

O dia seguinte

Ontem, como é do conhecimento geral, a minha afilhada Inês, celebrou o seu 5º aniversário. Como é natural, e andando ainda na pré-escola, a primeira festa que teve foi nessa instituição, rodeada pela sua professora, Licínia Vale, (uma excelente professora), a auxiliar, D. Cristina, pelos seus companheiros de aula, para além, da sua mãe e padrinhos. Seria uma festa igual a outras em que ela participou. Contudo, esta assumiu para mim algo de diferente. Normalmente a professora desafia os meninos a dizerem numa palavra o que sentem sobre a criança aniversariante. E assim aconteceu desta vez. Todos disseram numa palavra o que achavam da Inês, o mesmo com a auxiliar e a professora também não se escusou a dar o seu parecer. E é por isso que aqui venho. Porque a Inês sempre foi uma criança muito bem comportada, bem diferente de muitas que lá existem, (fruto quiçá da sua timidez que se vai esbatendo aos poucos). Ela também é uma das mais pequenas, - em tamanho que não em idade -, o que faz dela algo diferente. A relação com a sua professora é fantástica, pessoa que ela admira e que tenta imitar nas suas brincadeiras em casa. A professora retribui-lhe de forma idêntica. E por isso, aqui vos deixo a mensagem que ela ontem escreveu para encerrar a sua pasta de aniversário. Diz assim: "Inês gosto muito de ser tua professora. Portaste-te sempre bem e conseguiste sempre realizar todos os trabalhos. Neste momento, estou ainda mais feliz por te sentir mais participativa e a falar mais". Podem parecer palavras de circunstância, mas não. São sinceras. E refletem aquilo que antes afirmei que foi esta etapa em que a Inês vai ultrapassando a sua timidez. Uma vitória importante para ela. Mas também o seu afinco com que participa em tudo o que faz, desde logo nas suas tarefas escolares. Mesmo em casa, ela é muito empenhada em tudo o que se propõem fazer. Acredito muito nela. Espero que esta princesa nunca se esqueça de erguer bem a cabeça para que a coroa nunca lhe caia. Dirão que se trata de orgulho balofo de padrinho. Talvez, sim. Mas também no pressentir que pode indiciar algo mais no futuro que gostaria que ela tivesse. Tudo farei para a ajudar nessa sua demanda, embora saiba que o tempo corre contra mim e não sei se ainda irei a tempo. Mas tentarei, sem dúvida.

Wednesday, October 12, 2016

No 5º aniversário da Inês

Cinco anos passaram e parece que foi ontem que a recolhi nos meus braços. Pequena, frágil, confesso que até tive medo de pegar nela ao colo. Mas ela estava satisfeita, esboçou até um sorriso. Ou foi a minha felicidade que engendrou isso? Depois desse dia, muitos foram os sorrisos com que nos brindou. Sorriso rasgado, gargalhada franca, felicidade a sair pelos poros. Cinco anos é apenas um pequeno passo na vida dum ser humano, mas para nós, significa muito. A sua alegria contagiante irrompe pela nossa casa adentro dia após dia e é difícil ficar indiferente. Porque ela absorve, ela quer toda a atenção para si, ela é a princesa dum reino onde já só velhos habitam. O meu cão Nicolau não fica indiferente. É vê-lo todas as manhãs a andar nervosamente dum lado para o outro à espera da sua chegada. Ele, apesar da sua idade, também quer participar à sua maneira. Ladra em torno dela, agita freneticamente a cauda. Parece que a Inês transporta em si essa felicidade que tem o condão de contagiar todos. Cinco anos volvidos, a Inês começa a ter uma maior perceção do mundo em seu redor. Começa a fazer as suas escolhas. Os seus anseios e desejos. Enfim, vai moldando-se à realidade mais evidente. Todos os dias ela tenta aprender mais uma nova coisa. No caminho para a escola, ela faz-me todo o tipo de perguntas que, confesso, por vezes me deixa embaraçado. Porque dar respostas a uma criança tão pequena não é fácil. Ela compara, confronta, ela tenta ter uma ideia clara de tudo. Curiosamente sempre o fez, ainda com a sua singeleza de pouco mais que bebé no caminho do infantário que então frequentava. Agora, acicatada pela curiosidade que lhe é incutida na pré-escola que frequenta, a Inês não pára de fazer perguntas. E ainda bem que é assim. Porque só quem pergunta, aprende. Obtém respostas que a fazem evoluir. Cinco anos passados, sobre aquela tarde soalheira de outubro em que a fui visitar ao hospital, poucas horas depois de ter nascido. Desde esse dia até hoje, a sua estrada de luz vem abrilhantando a minha casa onde o passar dos anos já vão pesando. Quis o destino que nascesse em dias próximos do meu aniversário, no da sua madrinha e no da sua avó materna. Curiosidade apenas, mas é neste concentrar que parece estar sempre em festa. Ela que agora associa uma coisa às outras. Em pleno outono nasceu, com aquele amarelecer de folhas que vão caindo antecipadamente. Aquele pré-anúncio dum inverno que se aproxima. Tal como as nossas vidas, esse inverno que se pressente, duma forma clara e evidente, parece ser empurrado um pouco para trás por esse raio de primavera que a Inês é, que transporta no seu ser de luz. Luz que brilha intensa. Luz que aquece. Luz que ilumina neste quase inverno de vida. Luz firme de felicidade e alegria. Aquela felicidade e alegria que só uma criança pode transportar na sua ainda inocente infância. Com a sua candura, o seu carinho, o seu amor. Neste dia, do seu quinto aniversário, apenas nos resta desejar-lhe muitas felicidades. Que essa alegria, que é a sua essência, nunca a abandone. Porque, como diria o poeta, o mundo não passa duma bola colorida entre as mãos duma criança. Feliz aniversário, Inês!

Tuesday, October 11, 2016

Intimidades reflexivas - 799

"Sou apenas um lápis nas mãos de Deus, e é Ele que me escreve". - Madre Teresa de Calcutá (1910-1997)

Monday, October 10, 2016

Parabéns, Inês! Lá de bem longe... do Brasil

Este é definitivamente um dia de muitas emoções. Há minutos um grande amigo que já não vejo à um par de anos resolveu telefonar para dar os parabéns à minha afilhada Inês que depois de amanhã fará 5 anos. Trata-se do meu querido amigo Dr. Renato Arantes. O Dr. Arantes foi um grande médico patologista do Hospital Central do Rio de Janeiro. De origens humildes - dizia que era descendente de índio - o Dr. Renato foi subindo na vida com a ajuda da sua primeira mulher, (já falecida), e dum seu amigo judeu, que lhe desenhou a fortuna colossal que ele hoje tem. Conhece-mo-nos há muitos anos em Genève na Suíça. Depois disso, fizemos uma grande amizade. Passou a ser visita de minha casa sempre que vinha a Portugal e eram muitas as vezes. Com o casal Arantes, eu e minha mulher viajamos muito pelo mundo. Cruzamos os quatro cantos do planeta, sempre com a companhia agradável deste senhor. Homem dum grande humor muito fino, dum grande saber e duma enorme humildade, nunca renegou as suas origens. Percetor dos filhos do antigo presidente do Brasil, Getúlio Vargas, (que foi presidente de 1951 até 1954), nunca se deixou levar pela grandeza e ostentação. Sempre achou que a pobreza não era um crime. Muitas vezes, pela calada da noite, lá ia o Dr. Arantes pelas favelas que rodeiam o Rio para ajudar este ou aquele que lhe pedia ajuda. Hoje, de cima dos seus 92 anos de idade, com a voz quase sumida, não quis deixar de me telefonar para dar os parabéns à minha afilhada que pensava que hoje fazia anos. Vieram antecipados os parabéns, mas não menos sentidos. Em nome dela lhe agradeço. Criança que apenas conhece por fotos que me pede, o Dr. Arantes vê nela a filha, ou a neta, que nunca teve. Pois obrigado pela chamada lá do Leblon, da bela baía de Copacabana. A Inês agradece. Um dia lhe direi quem o senhor é e o que sentia por ela. Um grande abraço Dr. Renato, que a vida e a felicidade hoje reencontrada durem ainda por muitos anos.

"O Espião do Vaticano" - Luther Blissett

"(...) Os anos passaram, levantar da cama não é como há uns tempos: algumas vezes o frio ataca as juntas, reumatismo que corta os movimentos de repente, todos os sinais de que a corda permaneceu esticada durante tempo demais. Músculos e achaques enroscam-se e vêm dizer que a quinta década da vida deve ser levada com parcimónia, se não quiser ficar preso numa cama antes que a razão me abandone. Fim miserável este, terrível. 

Então, ficar. Ficar aqui velho demais para aprender um ofício e cansado demais para retomar a luta. Talvez o buril, ou o torno, mas a espada não, essa fica para a ferrugem do canal para onde a atirei.

(...)

- O Apocalipse não é um objectivo a ser atingido, está no meio de nós. Nos últimos vinte anos ouvi tanto gritar pelo Apocalipse que, se hoje viesse mesmo, seria muito difícil conseguir distingui-lo do destino quotidiano reservado aos homens. O verdadeiro Reino de Deus começa aqui, - coloca o indicador no peito. - E aqui, - toca na testa. Ser puro não significa afastarmo-nos do mundo, condená-lo para obedecer cegamente à lei de Deus: se quiser mudar o mundo dos homens, tem de vivê-lo."

De novo, vos trago um extrato dum livro que considero muito interessante. Trata-se de 'O Espião do Vaticano' de Luther Blissett. Um excelente retrato do período conturbado da Reforma e da Contra Reforma que se lhe seguiu. Em breve, voltarei com uma análise mais detalhada do mesmo.

Intimidades reflexivas - 798

"Se a tua dor te aflige, faz dela um poema." - Eça de Queirós (1845-1900), 'O Mistério da Estrada de Sintra'.

Sunday, October 09, 2016

Gratidão ou a falta dela

"Como é que se diz?" E à custa desta pergunta que, em momentos oportunos, tantas vezes nos foi feita, lá fomos aprendendo a dizer: "Por favor", "Desculpe", "Obrigado"... São palavras que exprimem sentimentos importantes para uma justa e boa convivência e que não nascem por geração espontânea: é preciso cultivá-los com perseverança. A falta de substância educacional é um fator que não é só de hoje. Sentimentos como agradecimento ou gratidão, sempre foram corrompidos ao longo dos tempos. Já naqueles tempos bíblicos bem longínquos dos atuais, não estava muito em voga: talvez ainda se lembrem daquela parábola em que de entre dez, só um reconheceu e agradeceu expressivamente. Hoje a gratidão continua em crise. Somos "crianças mimadas" que não sabem agradecer mas só exigir, com direito a tudo e nenhum dever. O vazio de ideias e a falta de substância daquelas poucas que se têm são clamorosas, cheias de falsos conteúdos e até de valores equívocos. É comum verem-se pessoas que se dizem não religiosas a correrem, - quais pagadores de promessas -, a locais em que não seria normal por lá os vermos. Dizem alguns que é tradição, o que só reforça o vazio de sentimentos, mas vão lá por moda, ou por outras coisas bem menos prosaicas. Têm símbolos religiosos nas suas casas em que dizem não acreditar! Mais uma confusão de sentimentos ou crendices popularuchas inconsequentes. Todos nós conhecemos casos destes em que as palavras nada têm a ver com a 'praxis'. Por as palavras e os conceitos que elas encerram deixaram de ter valor. Talvez até os seus significados sejam um mistério para muitos. Daí as injustiças, daí a falta de gratidão. Por isso não admira que à pergunta sobre os sofrimentos mais agudos dos nossos idosos, os geriatras respondam sem hesitação: "A ingratidão é o abandono dos seus!" Igualmente por isso é bem oportuno recordar aquele recado que D. Hélder Câmara, (mais conhecido pelo Bispo das Favelas), nos deixou: "Quando assistires à retirada dos andaimes contempla - é claro - o edifício que surge. Mas pede pelos andaimes, pois é duro servir de suporte à construção, ser necessário à obra, e na hora da festa ser retirado como entulho!" É que não devemos interrogar-nos, apenas, sobre o que os outros podem ou devem fazer por nós. É preciso interrogar-nos, também, sobre o que podemos e devemos fazer pelos outros. Neste Dia da Misericórdia vem-me à memória aquela frase de Madre Teresa de Calcutá: "Não devemos deixar que alguém saia da nossa presença sem se sentir melhor e mais feliz". Bom domingo.

Intimidades reflexivas - 797

"Em política, meu caro, sabe tão bem quanto eu, não existem homens, mas ideias; não existem sentimentos, mas interesses; em política, ninguém mata um homem: suprime-se um obstáculo. Ponto final." - Alexandre Dumas (1802-1870)

Estou surpreendido!...

Estou surpreendido com aquilo que tenho encontrado. Hoje voltei a ver comida que lá tinha deixado ontem, o que significa que o ladrão, ou mudou de local por ver o cerco a apertar-se, ou regenerou-se o que acho pouco provável. Seja como for ainda havia ração e restante comida que lá deixei ontem. Apenas o paté não existia o que pode ser fruto de o cão e os gatos por lá terem passado. Mal lá cheguei logo o gato veio a correr até mim para comer. (Ver foto). Comeu tudo o que quis e lá fiquei até ele ir embora. Espero que hoje a comida também resista até o cachorro por lá passar.

Saturday, October 08, 2016

Itimidades reflexivas - 796

"Odeio quem me rouba a solidão sem em troca me oferecer verdadeira companhia." - Friedrich Nietzsche (1884-1900)

Ainda havia comida!...

Quando voltei ao local onde alimento o cachorro ainda havia ração e um resto de comida que lá deixei na quarta feira passada. (Ver foto). Tenho ido a horas bem diferenciadas para ver se vejo algo de anormal. Mas nada. Parece que o nosso ladrão não tem tido tempo para por lá passar, ou mudou de itinerário por algum tempo ao ter notado que o cerco se vai apertando. A gata que já lá estava à minha espera logo fez a sua aparição quase que impedindo que abastecesse os recipientes. Comeu abundantemente, o que significa que estava com muita fome. Apesar de ter comida própria num outro local. Fiquei lá ainda bastante tempo. A gata comeu tudo o que lhe apeteceu e só depois dela ir embora é que me fiz ao caminho. Do cão nem sinais. Espero que não se atrase muito porque senão corre o risco de nada ter para comer.

Friday, October 07, 2016

Intimidades reflexivas - 795

"Somos assim. Sonhamos o voo, mas tememos as alturas. Para voar é preciso amar o vazio. Porque o voo só acontece se houver o vazio. O vazio é o espaço da liberdade, a ausência de certezas. Os homens querem voar, mas temem o vazio. Não podem viver sem certezas. Por isso trocam o voo por gaiolas. As gaiolas são o lugar onde as certezas moram." - Fiódor Dostoiévski (1821-1881)

Thursday, October 06, 2016

Intimidades reflexivas - 794

"Nós derrubamos árvores e as transformamos em papel para registar todo o nosso vazio." - Khalil Gibran (1883-1931)

Wednesday, October 05, 2016

Viva a República!...

106 anos volvidos aqui estamos a celebrar mais um aniversário da República Portuguesa. Muita coisa aconteceu nestes 106 anos. Bons e maus momentos que a História registou. Mas o balanço é seguramente positivo. Hoje, numa outra fase da nossa vida comum, (bem longe dos tempos conturbados que se seguiram à sua implantação), a República não merece contestação. É algo consensual num período em que a concordância em torno de grandes questões nem sempre tem sido fácil. Mas, talvez por isso, ela é importante como fator de coesão nacional, aglutinadora de vontades. Haverá sempre que não concorde, - o que até é salutar -, mas seguramente que esses não terão expressão significativa para por em causa a sua já longa existência, velha de 106 anos. É com este espírito que a temos que valorizar. É com este espírito que a temos que celebrizar. Viva a República!...

Intimidades reflexivas - 793


"Verifico que fui como uma criança, jogando à beira-mar (...) enquanto o grande oceano da verdade se estende inexplorado diante de mim." - Isaac Newton (1643-1727)

Ainda havia comida!...

Contrariando o que vem acontecendo recentemente, hoje ainda havia comida. (Ver foto). E curiosamente aquela que lá deixei no domingo passado. O paté é que tinha desaparecido, bem como a ração. Será que a comeram? Ou será que o nosso ladrão está mais seletivo? Seja como for ainda alguma comida havia. Abasteci os recipientes todos. Do cão e da gata nem sinais.