Turma Formadores Certform 66

Saturday, August 31, 2019

Intimidades reflexivas - 1148

Quando se faz uma revolução pela metade está-se a cavar o próprio túmulo." - Louis Antoine Léon de Saint-Just (1767-1794) (Revolucionário francês)

Friday, August 30, 2019

As redes sociais e a causa animal

De disputa estéril em disputa estéril até à aniquilação total, parece ser o lema de muita gente que anda a servir a nobre causa animal.  E isso preocupa-me e deixa-me triste. Nesta causa, já somos francamente mais do que à uns anos atrás, mas ainda somos demasiado poucos, face às necessidades que nos aparecem diariamente perante os nossos olhos. Por isso não entendo uma certa disputa em torno de questões que considero menores deixando para trás feridas e divisões que são bem piores face à ajuda animal que devia ser o 'leit-motiv' da nossa atividade. Confundir política, futebol ou algo que tal com apoio a animais parece-me ser uma tonteria. Como é uma bizarria o achar que a nossa ideia é melhor e por isso a prevalecente deixando de lado outras que poderão ser tão úteis quando a nossa e que só a cegueira nos impede de ver. Não há defensores de animais de esquerda ou de direita, há defensores de animais e basta. Como não há pessoas melhores nesta causa por serem filiadas ou simpatizantes das ideias x ou y ou do clube A ou B. Os animais não compreendem isso nem estas questões os vão ajudar em nada. Quando comecei a andar próximo destas causas, - já lá vão algumas décadas -, era-mos muito poucos. Até havia quem olhasse para nós com algum espanto porque parecíamos uma espécie de gente bizarra fora da realidade. (Ainda não havia redes sociais nessa altura). Felizmente os tempos foram mudando e as mentalidades também. Queiramos ou não, sejamos defensores deste ou daquele partido, desta ou daquela ideia, isso não impede, felizmente, que o tempo passe e as mentalidades se vão aprimorando. Mais tarde com as redes sociais parecia que o mundo se nos abri e que isso iria ajudar a esta causa. Puro engano, e disso dou testemunho, por há muitos anos ter trazido aqui um caso que urgia resolução e face ao qual me sentia impotente para resolver sozinho, e isso só me acarretou problemas que me levaram a que nunca mais divulgasse em espaços desses nenhuma causa que tivesse em mãos. Tento resolver esses casos como posso, a expensas próprias, sem incomodar ninguém, nem dar visibilidade, que na maioria dos casos é mais de auto promoção do que de outra coisa, e que felizmente não preciso, e, silenciosamente, lá vou tentando minorar o sofrimento desses pobres seres. Penso que para além daquilo que considero minudências há algo mais importante que é a ajuda aos animais que sofrem a bestialidade humana, acorrentados, abandonados, com sede e fome, maus tratos, eu sei lá mais o quê, isso sim, é importante, tudo o resto é espuma que logo se dissipa e da qual nada mais resta. Porque não concentrar toda essa energia que nos desgasta em discussões estéreis em prol do bem estar animal. Conheço muitos casos de gente que tem obra feita de que se pode orgulhar que professam ideias que me são estranhas, mas também conheço outras que estando mais próximas daquilo que é o meu pensamento, não têm obra menor. E isso é que é importante. Confundir partidarite, ideologia, clubite - muitas vezes de pacotilha - com ajuda animal julgo que não conduz a nada para além de divisões e lutas estéreis que só agradam a quem não gosta deste nosso 'sacerdócio' se assim o posso designar. Pela parte que me toca - e faço aqui a minha declaração de interesses - quem ajuda um animal é da minha causa, seja qual for a sua ideologia, filiação partidária, clube de futebol, cor de pele, religião, etc., etc., etc. - porque se se dedica a esta causa e, para além da carapaça que pode mostrar a terceiros, tem um coração grande e largo, para não ficar indiferente ao sofrimento destes seres sem voz que apenas nos têm a nós como os seus 'salvadores'. Julgo que é altura de nos irmos juntando cada vez mais em torno da nobre causa animal - que é o que de facto nos une -, e deixarmos de lado outras questões que considero menores - que só nos dividem e enfraquecem - face ao essencial que é a ajuda aos animais. Não pretendo condicionar seja quem for, muito menos dar lições a ninguém, apenas acho que nos deveríamos unir em torno da nossa causa comum em vez de dispersarmos energias em coisas marginais, que poderão ser importantes para cada um de nós enquanto indivíduos, mas que, seguramente, não o são para a nossa causa maior que é a ajuda aos animais. O que peço é uma visão ecuménica em torno do essencial que é a ajuda animal. Espero que a questão que aqui trouxe, seja entendida como um tema para reflexão e não mais um motivo para encarniçadas disputas que no limite só nos devoram.

Thursday, August 29, 2019

Em nome da compreensão

Desde que existe este espaço, (e já lá vão vários anos), ele se  celebrizou por ser um espaço de tolerância onde cabem todos, independentemente do sexo, cor de pele, religião e opção política. Nunca ninguém foi enjeitado com base em algum destes critérios. E se a isso, lhe juntarmos algum nível cultural e/ou a defesa dos animais então estaremos entre amigos. Apenas são dispensáveis aqui apelos ao ódio, seja ele político, racial, religioso ou de género e/ou a defensa de práticas 'desportivas' ou outras que sejam causa de sofrimento para os animais e/ou linguagem obscena que em nada ajuda a convivência entre pessoas de bem. E, infelizmente, não foi isso que se verificou hoje e lamento que seja assim. Até porque as pessoas já me conhecem à muito, convivem neste espaço à muito, são bem vindas à muito e conhecem bem as regras. Se alguém tem algum 'ajuste de contas' a fazer com quem quer que seja, pois será bom que o vão dirimir nos seus espaços próprios e não nos alheios. Inclusive chegou-se ao ponto de se eliminar alguns comentários, - alguns em que fui parte -, sem que para tal me tenham dito seja o que for. Isto é inconcebível. Se alguém se sentia menos confortável com os comentários na minha página, seria de boa educação que me contactasse e me dissesse para os apagar. Não sei quem o fez, e até quero não vir a saber. Foi feito e ponto. E isso é incorreto, assim dizem as regras da boa convivência entre as pessoas. Este espaço não é, nem será, um campo 'ad hoc' onde tudo é admitido e quando se trata de regras daquilo que considera a boa educação e a sã convivência, então aí sou implacável. Hoje passou-se assim e não gostaria que se voltasse a repetir. Se as pessoas não conseguem viver em harmonia e equilíbrio umas com as outras é problema de quem está nessa situação mas não pode vir utilizar espaços alheios para descarregar o seu mal estar. Lamento ter que vir falar disto, e não é a primeira vez que tenho de o fazer, mas parece que há pessoas que teimam em não o entender. Não gostei e não estou disposto a ser uma espécie de peão em disputas alheias. Gostaria de não voltar a este tema porque considero toda a gente e acho que é no diálogo franco, aberto e leal que vamos evoluindo, mesmo que tenhamos que conviver com ideias que não são as nossas. Ninguém é detentor da verdade. Todos temos sempre algo a aprender uns com os outros mesmo que achemos o contrário. Mas com serenidade, elevação e compreensão do outro. Muito obrigado.

Wednesday, August 28, 2019

270º do nascimento de Goethe

Johann Wolfgang von Goethe nasceu em Frankfurt am Main, 28 de Agosto de 1749 - passam hoje 270 anos - e viria a falecer em Weimar, 22 de Março de 1832. A sua carreira dividiu-se entre a escrita e a política feita no chamado Sacro Império Romano-Germânico e também fez incursões pelo campo da ciência natural. Como escritor, Goethe foi uma das mais importantes figuras da literatura alemã, (ainda hoje é considerado o maior escritor alemão de sempre) e do Romantismo europeu, nos finais do século XVIII e inícios do século XIX. Viria a ser um dos líderes do movimento literário romântico alemão 'Sturm und Drang' (Tempestade e Ímpeto) em conjunto com Friedrich Schiller (o que viria a compor a 'Ode à Alegria' que faz parte do texto da 9º Sinfonia de Beethoven). Tem uma vasta obra que percorre o romance, dramaturgia, poesia, escritos autobiográficos, reflexões teóricas nas áreas da arte, literatura e ciências naturais. Além disso, a sua correspondência epistolar com pensadores e personalidades da época é grande fonte de pesquisa e análise de seu pensamento. O romance que o celebrizou foi 'Os Sofrimentos do Jovem Werther' em 1774 - curiosamente foi o primeiro livro que li de Goethe ainda muito jovem e que me deixou fascinado e viria a fazer com que descobri-se outros mais significativos - embora tenha sido o 'Fausto' a sua obra maior datada de 1790. Este obra teve várias reformulações até ao fim da sua vida, vindo a fixar-se em duas partes distintas e que viria a influenciar muitos artistas, na área da pintura e, sobretudo, da música, onde muitas obras foram compostas influenciadas por este livro. Goethe é uma das figuras cimeiras da literatura alemã com uma obra muito importante que viria a colocar definitivamente a Alemanha na rota dos grandes da literatura mundial.

Tuesday, August 27, 2019

Lizst - Vida e Obra

Mais um volume da Editorial Bizâncio sobre a 'Vida e Obra de Franz Lizst'. Talvez o maior pianista de sempre, Liszt, cujo bicentenário agora se celebra, foi uma das figuras musicais mais marcantes do Romantismo. Abandonando a sua espectacular carreira de virtuoso itinerante com apenas 35 anos, este amante apaixonado e pai afectuoso dedicou-se a uma vida de compositor, maestro, professor e, cada vez mais, devoto religioso. Esta biografia explora uma vida apaixonante vivida durante longos períodos em França, na Suíça, na Alemanha, em Itália e na terra natal do compositor, a Hungria — um caleidoscópio de mundos cuja cultura e paisagens coloriram sumptuosamente a música de Liszt. A Editora Bizâncio numa parceria com a Naxos vem editando uma série de livros sobre vultos que marcaram a História da Música. Esta dedicado a Liszt contempla (como todos os outros) dois CD's com algumas peças marcantes do compositor húngaro e ainda um link para ligação à internet onde se podem ouvir muitas horas de música. Esta série deve merecer a melhor atenção de quem se interessa por estes temas sem receio algum por uma eventual linguagem hermética. Esta coleção é apresentada numa linguagem simples para abarcar todo o tipo de público, mesmo os não melómanos. Uma série a ter em atenção até pelo seu baixo custo. 

Monday, August 26, 2019

Dia Mundial do Cão

Neste que é o Dia Mundial do Cão aqui ficam mais umas memórias que neste momento são de saudade e tristeza, mas que já foram de muito amor e alegria. Englobo aqui todos os outros, cães de ninguém, que sofrem em silêncio a bestialidade humana. Que todos os dias sejam do cão, do gato, de todos os animais.

Sunday, August 25, 2019

25 de Agosto de 1944: Paris é libertada da ocupação nazi

No dia 25 de Agosto de 1944, após mais de quatro anos de ocupação nazi, Paris foi libertada pela 2ª Divisão Blindada francesa e pela 4ª Divisão de Infantaria dos Estados Unidos. O general Leclerc recebeu em Paris, diante da estação de comboios de Montparnasse, a rendição das tropas alemãs. Desembarcado na Normandia, ao comando da 2ª Divisão Blindada, dois meses antes, ele foi o primeiro francês da resistência a entrar na capital pela Porta de Orleães. O general Von Choltitz, comandante das tropas alemãs, havia empreendido duas semanas antes a evacuação da cidade na previsão da chegada dos Aliados. No dia seguinte, o general De Gaulle instalou-se no Ministério da Guerra na qualidade de chefe do governo provisório. A resistência alemã foi débil, pois o general Dietrich von Choltitz desafiou uma ordem de Hitler de fazer explodir os marcos históricos de Paris e destruir a cidade pelo fogo. Choltitz assinou a rendição formal na tarde daquele dia e em 26 de Agosto, Charles De Gaulle, o comandante dos Franceses Livres, liderou uma alegre marcha de libertação ao longo da avenida Champs Elysées. Paris havia caído nas mãos da Alemanha nazi no dia 14 de Junho de 1940, um mês após a Wehrmacht ter invadido a França. Oito dias depois a França assinou um armistício com os alemães e um Estado francês "fantoche" foi montado em Vichy. O general De Gaulle e os Franceses Livres, no entanto, continuaram a resistir e a Resistência espalhou-se na França ocupada para enfrentar o governo nazi e o de Vichy. A 2ª Divisão Blindada francesa havia sido formada em Londres no final de 1943 com o propósito expresso de liderar a libertação de Paris durante a invasão aliada da França. Em Agosto de 1944, a divisão chegou à Normandia sob o comando do general Jacques-Philippe Leclerc e subordinada ao 3º Exército norte-americano sob o comando do general George Patton. Em 18 de Agosto, as forças aliadas já se aproximavam de Paris. Os trabalhadores na cidade entraram em greve enquanto os combatentes ‘maquis’ da Resistência emergiam dos seus esconderijos e começaram a atacar as forças e as fortificações alemãs. Em 21 de Agosto, Eisenhower encontra-se com De Gaulle e conta-lhe dos seus planos de evitar entrar em Paris. De Gaulle insta-o a reconsiderar a decisão, assegurando-lhe que Paris poderia ser tomada sem maiores dificuldades. O general francês inclusive alertou-o de que a poderosa facção comunista da Resistência poderia ser bem-sucedida em libertar Paris, ameaçando, dessa forma, o estabelecimento de um governo democrático. De Gaulle polidamente adiantou a Eisenhower que se não desse ordem de avançar sobre Paris, a 2ª Divisão do general Leclerc o faria por sua conta. Em 22 de Agosto, Eisenhower concorda em proceder à libertação de Paris. No dia seguinte, a 2ª Divisão avançou sobre a cidade pelo norte e a 4ª Diivisão de Infantaria norte-americana pelo sul. Enquanto isso, em Paris, as forças do general Dietrich von Choltitz combatiam a Resistência e completavam as suas defesas em torno da cidade. Hitler ordenou que Paris fosse defendida até ao último homem e exigiu que a cidade não caísse nas mãos dos Aliados a não ser uma “cidade completamente devastada e em ruínas”. Choltitz, consciente dos seus deveres, começou a instalar explosivos sob as pontes de Paris e em muitos dos seus marcos, mas desobedeceu a ordem de começar a destruição. Não queria entrar para a História como o homem que destruiu a cidade mais celebrada da Europa. A 2ª Divisão Blindada avançou debaixo da artilharia inimiga, sofrendo pesadas baixas, mas em 24 de Agosto conseguiu atravessar o rio Sena e alcançar os subúrbios de Paris. Ali, os soldados foram saudados entusiasticamente pelos habitantes que deles se acercavam lançando flores, dando beijos e ofertando vinho. No fim da tarde daquele dia, Leclerc tomou conhecimento de que a 4ª Divisão de Infantaria norte-americana decidiu adiantar-se a ele na tomada de Paris. Ordenou então às suas exaustas tropas que marchassem num redobrado esforço. Pouco antes da meia-noite de 24 de Agosto. Leclerc chega ao Hôtel de Ville no coração de Paris. A resistência alemã desvaneceu-se durante a noite. Mais de 20 mil soldados renderam-se ou fugiram e os que se dispuseram a lutar foram prontamente suplantados. Na manhã de 25 de Agosto, a 2ª Divisão já dominava claramente a metade ocidental de Paris enquanto a 4ª Divisão de Infantaria fazia o mesmo na região oriental. Paris estava libertada. No começo da tarde, Choltitz foi preso no seu quartel-general pelas tropas francesas. Logo depois, assinou a capitulação cedendo o controlo da cidade ao governo provisório de De Gaulle. Ele próprio chegaria à cidade mais tarde quando a noite caia. Em 26 de Agosto, De Gaulle e Leclerc comandariam uma marcha triunfal de libertação pela avenida Champs Elysees. De Gaulle encabeçou dois sucessivos governos provisórios até 1946, quando renunciou por desacordos constitucionais. De 1958 a 1969, foi presidente francês sob a chamada Quinta República. 
Fontes: Opera Mundi
wikipedia (imagens)

Parabéns Portugueses: Portugal faz hoje 840 anos!

Neste mesmo dia, em 1179, O Papa Alexandre III emite a bula "Manifestis Probatum" em que reconhece Portugal como Reino. São os 840 anos de Portugal. Parabéns Portugueses! Portugal faz hoje oficialmente 840 anos. Não é todos os dias que uma nação se pode orgulhar de festejar o seu aniversário, especialmente se falarmos de um dos países mais antigos do mundo: Portugal. Não existe um consenso entre os historiadores sobre a data que assinala o nascimento do nosso país mas esta parece-nos ser a mais correcta ou, pelo menos, a mais oficial de acordo com os costumes da época, em que o Papa e a Igreja Católica eram quem governava a Europa. Neste mesmo dia, em 1179, O Papa Alexandre III emite a bula “Manifestis Probatum” em que reconhece Portugal como Reino independente. Esta bula declarou o Condado Portucalense independente do Reino de Leão e, D. Afonso Henriques, o seu soberano. Reconheceu, ainda, a validade do Tratado de Zamora, assinado a 5 de Outubro de 1143 em Zamora, pelo rei de Leão e por D. Afonso Henriques. Importa referir que a data não é consensual! A bula papal é talvez o mais importante pormenor que pode indicar o nascimento de Portugal porque, efectivamente, o Papa era a autoridade máxima daquela época e era ele que decidia conflitos entre países ou o reconhecimento da independência de nações. E se a data não é consensual, quais são afinal as outras hipóteses? - 1. 24 de Junho de 1128 - Trata-se da data da Batalha de São Mamede, que foi uma batalha travada entre D. Afonso Henriques e as tropas dos barões portucalenses contra as tropas do Conde galego Fernão Peres de Trava, que se tentava apoderar do governo do Condado Portucalense. As duas facções confrontaram-se no campo de São Mamede, perto de Guimarães. Com esta vitória, D. Afonso Henriques assegurou que o Condado Portucalense não ficava nas mãos de Castela ou sob influência galega. A partir deste momento, D. Afonso Henriques começou a traçar o seu caminho até se tornar o primeiro rei de Portugal. - 2. 25 de Julho de 1139 - É a data da Batalha de Ourique. A Batalha de Ourique ocorreu num local que as fontes denominam de Ourique (Aulic, Oric, Ouric), que na altura estaria no território controlado pelos muçulmanos (tunc cor terrae sarracenorum). No terreno defrontaram-se as forças “portuguesas” lideradas por D. Afonso Henriques, que havia partido de Coimbra, contra cinco “reis” mouros: Sevilha, Badajoz, Évora, Beja e um quinto de nome Ismar, que alguns autores pensam ser o alcaide de Santarém e outros de Elvas, sendo apenas esta uma das muitas dúvidas que envolvem esta importante batalha. Foram as vitórias militares que asseguraram a D. Afonso Henriques, um território suficientemente vasto para se afirmar como um Reino, e foram estas também que permitiram que o Reino de Portugal fosse reconhecido internacionalmente como tal. Destas vitórias, Ourique é sem dúvida a mais importante, pois foi a partir desta que Afonso Henriques passou a utilizar o título de Rei (Rex). - 3. 5 de Outubro de 1143 - No dia 5 de Outubro de 1143 foi assinado em Zamora, um tratado entre os réis D. Afonso Henriques de Portugal e D. Afonso VII de Leão e Castela do qual resultou a paz entre os dois reinos. A partir desta data, o rei de Leão e Castela reconhece o rei e o reino de Portugal como entidades independentes, contudo, salvaguarda o facto de o reino de Portugal, continuar sob a alçada do monarca espanhol, como seu imperador (Imperatore).

Saturday, August 24, 2019

5 anos depois

5 anos depois, a mesma dor, a mesma saudade, a mesma memória. 5 anos depois, ainda os ecos do teu desaparecimento. Era uma tarde de domingo, quando já com dificuldade, nos procuraste e ao teu filho adotivo Nicolau. Deitaste-te no relvado no teu lugar predileto. Todos te rodeamos. Estava quente o dia. Colocamos um guarda sol para te abrigar do calor. Por lá ficamos um par de horas. O Nicolau curiosamente - ou talvez não - nunca dali saiu, cabisbaixo e triste. Percebemos que estava para acontecer o fim. Para ti era uma libertação depois do muito que sofreste. (Toda a tua vida foi um enorme sofrimento. Desde o dia que foste abandonada ainda jovem, do muito que sofreste na rua, até àquele em que te resgatamos). Foste uma mãe extremosa - embora adotiva - para o Nicolau. Foste tu que o criaste. Depois a doença, os tumores, o cancro. O tratamento que tivemos que te fazer quando até os orgãos internos eram visíveis através do buraco que se abriu no teu corpo. Mas conseguimos fechá-lo e tu, sempre uma guerreira corajosa, lá continuavas como se nada fosse. Mas um dia tudo teria um fim. Tudo tem sempre um fim. E naquele dia que te deitaste no teu lugar preferido era para o teu ocaso. Deite água, bebeste com sofreguidão e tombaste para o lado. Era o teu fim. Nunca esqueceremos esse dia, faz hoje 5 anos lá mais para a tardinha. O Nicolau assistiu a tudo. Acompanhou-te sempre. Depois foste sepultado no teu lugar predileto. Ele viu e rezou a seu modo. Durante meses, todas as manhãs, o Nicolau ia em romagem à tua sepultura como um ritual para começar o dia. Por ali ficava triste. Aos poucos deixou de cumprir este ritual. a velhice e a doneça também o foram atacando. Tal como o Nicolau, também nós sentimos a tua perda. Passado todo este tempo ainda parece que escutamos os teus ruídos em casa, o teu odor, as tuas passadas decididas. Por que o amor é assim, quando sincero, dura para além da vida. E o amor que sentíamos por ti era um amor desses sem reservas ou constrangimentos. 5 anos depois a tua memória preenche-nos a todos. Eras um ser magnífico, forte, determinado. Uma daquelas vidas que dão glória à própria vida e como eras terna para connosco. 5 anos depois aqui estamos a homenagear a tua memória, uma memória forte, como forte tu eras. 5 anos depois apenas temos que te dizer que nunca te esqueceremos enquanto por cá andarmos a gastar o tempo das nossas vidas. 5 anos depois só queremos pensar que, lá onde estiveres, que estejas bem e que tenhas encontrado o merecido descanso do muito que viveste e sofreste. E com a partida, entretanto, do teu filho adotivo Nicolau, gostaríamos que vos tivésseis reencontrado nesse belo jardim do arco-íris. 5 anos depois só te queremos dizer que esperamos que estejas em paz! Descansa em paz, Tuxa! Jamais te esqueceremos. Estarás sempre no nosso coração.

Friday, August 23, 2019

A ironia

A Alemanha está a caminhar a passos largos para a recessão. Alguns meios de comunicação da especialidade até já afirmam que já está em recessão. Contudo, só no próximo mês é que teremos a confirmação se assim é ou não. Mas que as dificuldades andam por lá, podem crer que sim. É sabido que o Banco Central Europeu está a preparar uma intervenção musculada para evitar grandes danos. É preciso perceber que a Alemanha é o motor da economia europeia e se este motor falhar muita coisa desagradável irá acontecer nos outros países. A saída da Grã-Bretanha não irá ajudar em nada. A Inglaterra era um dos grandes contribuintes líquidos da União Europeia e com a sua saída este espaço terá que ser ocupados pelas maiores economias da zona euro, a saber, a Alemanha e a França. Daí o embaraço que pode ser para a economia alemão a conjugação destes dois efeitos. Portugal, como economia pequena e aberta ao exterior, também não ficará imune. Daí a visão estratégica de Mário Centeno ao acumular reservas para os dias menos bons, as maiores desde abril de 74. Como é do conhecimento geral, não sou defensor deste governo mas, queiramos ou não, tem feito um excelente trabalho, sobretudo na área financeira. Assim, os estragos na nossa economia poderão ser minorados fruto dessa estratégia. Mas a ironia está em que tendo sido a Alemanha de Merkel apoiado no seu ex-ministro das Finanças um dos que mais cauterisou o nosso país em tempos recentes, agora vê-se a braços com uma situação complicada, enquanto Portugal continua a crescer acima da média europeia, sendo até, o único país europeu com inflação negativa. Vimos o 'sabor de vingança' com que Marcelo Rebelo de Sousa visitou a Alemanha, não se coibindo de produzir esta frase aos jornalistas ainda em território alemão. Uma ironia impensável a apenas quatro anos de vista. E se foi assim em público imagino o que foi dito em privado. Diz o povo 'não te rias do teu vizinho porque o teu mal vem a caminho' ou de outro modo mais prosaico 'é o karma que anda por aí'.

Thursday, August 22, 2019

E já lá vão três meses

Cumprem-se hoje três meses sobre aquele início de tarde de Maio em que o Nicolau nos deixou. Já três meses e parece que foi à pouco. Uma saudade enorme que cresce à medida que o tempo se esbate. Coisa de quem gosta de animais e tinha pelo Nicolau um amor sem limites. Três meses volvidos e ainda os locais onde habitualmente ele estava me leva a contemplá-los e tentar buscá-lo onde tantas vezes o encontrei, o seu odor parece que ainda por cá resiste, a memória, bem, essa irá ficar para sempre. Nunca o esquecerei, esse ser nobre, terno, imponente que metia respeito a quem vinha a minha casa, mas duma docilidade enorme apesar do seu mau feitio no que dizia respeito a banhos e a capas. Até isso recordo porque as memórias são feitas disso mesmo, de pequenos nadas quem não valorizamos na hora e que assumem um peso importante mais tarde. Três meses decorridos só me resta proclamar o meu grande amor e saudade pelo Nicolau na proporção do amor e carinho que ele retribuiu ao longo dos dezasseis anos e meio que esteve na nossa companhia. Só te desejo que estejas lá onde estiveres, Nicolau, que estejas em paz e sintas este amor que continua para além da existência visível como a entendemos. Descansa em paz, Nicolau!

Wednesday, August 21, 2019

Um esclarecimento que se impõe

Não costumo reagir a situações insólitas mas acho que neste caso o devo fazer porque está envolvida a comunidade brasileira onde tenho muitos amigos e por isso acho que devo esclarecer alguns mal entendidos. Tudo isto a propósito duma notícia, que tem cerca de dois dias, editada pela SIC Notícias com o título "Bolsonaro usa vídeo errado de caça a baleias para criticar Noruega". Acabei por adaptar uma frase dum tweet (curiosamente brasileiro) para fazer um reparo pitoresco ao desconhecimento do presidente do Brasil. Todos sabemos que os presidentes - sejam de que nação forem - não podem saber tudo, por isso, rodeiam-se dum grupo de assessores de várias áreas para os ajudarem sobre aquilo que têm de dizer. Neste caso concreto ao que parece os assessores falharam e o presidente foi arrastado na situação. Mas o reparo era apenas uma maneira jocosa de lidar com este caso, como tantos outros que existem por aí, sobre outras figuras da política, mesmo da política portuguesa. O que mais me surpreendeu é que Bolsonaro, - ao que julgo saber, é menos impulsivo do que outros líderes -, o que significa que com certeza terá ouvido os seus assessores. (Modo bem diferente é o de outros líderes mais temperamentais que produzem informação que nem os assessores conseguem controlar. Penso que não será este o caso, pelo menos faço-lhe essa justiça). Mas este dito trivial causou um afã de críticas da comunidade brasileira que me surpreendeu. Ao princípio nem dei por nada, até já tinha esquecido o assunto. Apenas despoletado quando me chegou uma informação que me fez ver que as coisas tinham tomado uma dimensão sem sentido. Sei que o conceito de democracia e de liberdade de expressão vai variando de latitude para latitude, e entre nós e o Brasil será bem mais ampla do que o oceano que nos separa. O que é mais curioso nisto, é que olhando para uma mesma situação com olhares diferentes, podemos ambos estar certos mesmo aparentemente não o parecendo. Já aqui trouxe a lume situações que envolvem o presidente americano e nunca nenhum americano me interpelou - e tenho alguns amigos nessa latitude. Já aqui critiquei Macron e nenhum francês me questionou sobre o caso - e tenho muitos amigos franceses. Ainda ontem aqui trouxe Merkel e o que poderá acontecer na Alemanha a curto prazo em contraponto à visão alemã de Portugal à apenas quatro anos atrás e até agora nenhum alemão se sentiu incomodado - e tenho um leque bem abrangente de amigos alemães. Sei que isto tem a ver com o conceito de entendimento da democracia e da liberdade de expressão bem enraizada na Europa. Em Portugal ela é uma benesse e dela não abdicarei. Recordo-me até dum comentário de alguém que dizia que 'eu era mais um vermelho'! Estes são argumentos de quem não tem assunto - quem não é por nós é contra nós - como vi muitas vezes acontecer no meu país à meio século atrás quando não alinhavamos pela versão oficial. (Aqui só quero dizer que vermelho só do Benfica). Nunca recorri ao golpe baixo ou à linguagem dúbia e, por isso, não tecerei mais comentários aos comentários porque tal me obrigaria a colocar-me num patamar que não costumo utilizar. Apesar disso, não deixei de apresentar as desculpas à comunidade brasileira por um possível mal entendido. Não que me sinta culpado de nada mas apenas por boa educação para com estrangeiros que residem no meu pais e que contribuem para a sua riqueza mas que também lhes dá emprego e proteção social para além do conforto de viverem num dos países mais seguros do mundo. Penso que não é coisa pouca. (Já agora gostaria de ter ouvido a mesma indignação pela maneira fria, no mínimo, com que o presidente brasileiro recebeu o presidente português na sua tomada de posse. E não nos esqueçamos foi o único presidente europeu que lá esteve). Mas também quero aqui dizer que nunca abdicarei da liberdade de expressão do meu país para dizer aquilo que penso. Se o fiz numa altura em que não se podia fazê-lo em Portugal, mais agora o farei sem por em causa o respeito devido a quem quer que seja, seja ela quem for e tenha ele o cargo que tiver. É que já estou velho - demasiado velho - para me deixar amordaçar. Coisas de velho digo eu! E, finalmente, a quem teve a coragem de ler até ao fim este texto apenas tenho que saudar a vossa temeridade e deixar aqui o meu muito obrigado.

Tuesday, August 20, 2019

A greve dos motoristas

Parece estar a caminhar para o fim definitivo a greve dos camionistas. Ela em boa verdade, já estava votada ao fracasso depois da intervenção musculada do governo. Contudo, sempre me sinto dividido quando abordo temas como este. Se acho que um punhado de pessoas não pode por em causa um país inteiro, também não deixo de olhar para as suas condições de trabalho que são as piores. Com horários alargados para além das oito horas normais, estes homens são sujeitos a condições de trabalho bem duras. À um par de anos atrás tive relações com empresas do setor e via as condições a que estes homens eram chamados a trabalhar e ouvia-lhes os desabafos sofridos. Não me posso esquecer duma célebre reunião que tive numa grande empresa transportadora em que os motoristas eram pouco mais que descartáveis. Um dos empresários que estava comigo acabou por fazer um pequeno reparo a um motorista, - coisa sem grande monta -, e logo assistimos à maneira brusca como a empresa reagiu. O empresário em causa, acabou por ficar incomodado, e viria até a amenizar as coisas para que o motorista não sofresse nenhuma represália. (Apesar disso, soubemos mais tarde que ainda o incomodaram). Sei que é preciso disciplina nas organizações, e sou o primeiro a implementá-la, mas quando esta se torna arbitrária, porque os motoristas são gente considerada menor, fico incomodado. Isto não significa que tudo esteja correto do lado dos motoristas. Desde logo a figura dum advogado que é vice-presidente, - coisa rara sem dúvida -, que ainda se gaba de que tem que aproveitar esta altura de eleições para os arrastar para a greve, ou para se aproveitar da situação para engrossar os seus clientes do escritório, - caso dos polícias e enfermeiros, segundo o que saiu a lume -, é no mínimo incrível. Já para não falar nas afirmações infelizes que fez ao longo do processo. Ao fim e ao cabo, o que move este homem é a sua situação profissional e não a defesa dos direitos dos motoristas. Depois da FECTRANS, afeta a CGTP, ter-se aproveitado da situação para desbloquear a situação que se arrastava com a ANTRAM, e do outro sindicato dos motoristas se afastar da greve porque percebeu as manobras do advogado sindicalista, é óbvio que estes motoristas das matérias perigosas estavam isolados. Seja qual for o encaminhamento que queiram dar à situação, só lhes resta negociar com os patrões porque de outro modo esta situação não tem fim. E a parte mais fraca, os motoristas, serão sempre os que serão sacrificados no altar dos interesses duma associação de patrões e um advogado oportunista.

Monday, August 19, 2019

Intimidade reflexivas - 1147

"Silêncio e perpétua distância todo o tumulto secular que complete a mente a meditar sobre as coisas celestiais." - Bernardo de Claraval (1090-1153)

Sunday, August 18, 2019

Intimidades reflexivas - 1146

"O que a literatura faz é o mesmo que acender um fósforo no campo no meio da noite. Um fósforo não ilumina nada, mas permite ver quanta escuridão existe ao redor." - William Faulkner (1897-1962)

Saturday, August 17, 2019

'Round Midnight' (Por Volta da Meia-Noite)

A noite já à muito que tinha caído com aquela humidade que se agarra à pele tão típica de Nova Iorque. Depois dum dia intenso eu e os meus amigos resolvemos ir a um bar, um daqueles bares tão típicos da 'Big Apple' onde se ouve boa música de jazz. Entramos num deles e logo fomos envoltos numa nuvem de fumo oriunda do muito tabaco consumido tão típico desses locais. Luz ténue a preceito que esconde os rostos de quem não quer ser notado. E lá nos deliciamos com a bela música que vinha do palco com um copo à mistura para tornar o ambiente mais acolhedor. A banda que tocava era constituída por músicos negros onde um branco fazia a diferença. Dei comigo a pensar que a multiculturalidade é uma das maiores marcas da cidade. Eram gente já com alguns anos e os 'standards' que tocavam talvez fosse uma maneira de recordar a sua juventude já passada. E por lá ficamos algum tempo falando sobre isto e aquilo enquanto as horas eram colecionadas regularmente nos ponteiros do relógio. Já tarde os meus amigos quiseram sair. Disse-lhe que fossem que eu ficaria mais um pouco a ouvir a bela música que a banda se esforçava por produzir. Afinal não é todos os dias que podemos conviver em espaços destes. Em frente ao copo quase vazio, envolvido num fumo que mais parecia nevoeiro, ia pensando na minha estadia nesta megacidade com a música a servir como de banda sonora dum filme imaginário se tratasse. Então alguém se aproximou. Veio por trás e não me apercebi disso. Uma mão suave, quente e sensual percorreu as minhas costas imobilizando-se no meu rosto. Olhei e vi uma mulher lindíssima, loira e sensual, olhos verdes, uma daquelas loiras de cortar a respiração como se costuma dizer. Insinuou se se podia sentar. Disse-lhe que sim. E ali ficamos, eu deslumbrado com essa pessoa, ela talvez rindo interiormente da minha surpresa. Começamos a falar disto e daquilo. Rapidamente me apercebi pelo sotaque que não era natural de Nova Iorque. Perguntei-lhe donde era. Disse-me que era de Chicago, mas vivia em Nova Iorque à um par de anos. Mesmo assim não conseguiu adquirir o sotaque típico da cidade, pensei para comigo. Entretanto um dos empregados, sempre atentos, logo lhe trouxe uma bebida. Eu já não queria mais apenas desejava desfrutar. Depois de muita conversa e sem que tal viesse a propósito disse-me que adorava animais. Tinha animais e gostava de cuidar de outros menos afortunados. Achei estranho essa relação das pessoas com animais numa cidade que mais parece um jardim de betão. Mas também lhe disse que era uma coincidência enorme porque comigo acontecia o mesmo. E enquanto falávamos a banda lá ia debitando música após música cada vez mais dolente como estavam os seus espectadores cada vez mais adormeci e bebidos. De repente e sem dizer nada de especial a mulher levantou-se e saiu apressada do bar qual Cinderela ao toque da meia noite. Curiosamente a banda encetava os acordes de 'Round Midnight' uma daquelas músicas conhecidas no mundo inteiro e interpretadas pelos mais variados artistas. Uma ironia pensei. Ainda mal refeito do que tinha acontecido minutos antes, resolvi sair para a noite profunda. Cá fora os 'neóns' iluminavam a noite com o seu brilho agitado para se tornarem mais notados. Havia imensas pessoas nas ruas. Esta cidade nunca dorme embora a 'fauna' que se vê de dia é bem diferente e menos colorida da que se vê à noite. Tirando isso, o ritmo da cidade é o mesmo. Embrenhei-me nesse mar de gente rua fora com humidade agora mais intensa a colar-se ao rosto. Um friozinho fazia-se sentir o que até era bom, depois de passar horas encerrado num bar abafado e com muito fumo. E lá fui a pensar como pode ser estranha uma cidade como Nova Iorque, sobretudo para um português a milhares de quilómetros de casa. E assim fui caminhando em busca do hotel perdido na 'Big Apple'.

Friday, August 16, 2019

A música de Mahler e o 'Eterno Feminino'

Falei-vos à dias de Gustav Mahler um dos meus compositores preferidos. Disse-vos então que descobri Mahler através da sua monumental 8ª Sinfonia, também conhecida pela 'Sinfonia dos Mil'. É dela que vos quero falar. Reza a estória que Mahler a compôs em oito semanas, o que é um verdadeiro prodígio para a sumptuosidade da obra. Ela está dividida em duas partes: 'Veni creator Spiritus' que não é mais do que a recriação dum hino católico medieval  atribuído ao arcebispo de Mongúncia do século IX, Rabanus Maurus quando afirmou: 'Vem, Espírito Santo, inspira os nossos corações e mentes'. Dada a crise de criatividade que Mahler estava a sofrer foi este hino uma espécie de inspiração para a sua maior criação. A segunda parte foi inspirada pela parte final  dos versos de Goethe, 'Fausto' - II Parte, em que Fausto tendo vendido a alma ao diabo é absolvido e resgatado pela Abençoada Virgem Maria e levado para o céu. Mahler apercebeu-se da relação entre os dois textos logo nas palavras iniciais, em que 'Veni' em latim e 'Komm' em alemão, ambos significam 'Vem'. Muitos dos fios intelectuais e emocionais da 8ª Sinfonia prendem-se com o amor platónico Cristo e o redentor 'Ewig-Weibliche' ('Eterno Feminino'). É como se estivesse a descrever os passos finais da sua extraordinariamente ambiciosa sinfonia: um hino ao amor enquanto criador e ao amor enquanto redentor. As palavras de Goethe a encerrar o 'Chrorus mysticus' são as seguintes: 'Tudo é transitório / é apenas uma alegoria; / O que é inadequado / é aqui realizado; / O indescritível / é aqui conseguido; / O Eterno Feminino / eleva-nos ao céu'. Uma obra pungente e  avassaladora que me foi dado a conhecer ainda um jovem quando ia para comprar uns discos, na altura em vynil, numa discoteca do Porto, - a Melody -, cujo dono eu conhecia. Foi ele que indiferente ao meu pedido me disse para descer para a cave e ir para uma das cabines, onde dantes se ouviam os discos, e me deixou lá com esta obra de Mahler. Escusado será dizer que não comprei nada do que ia comprar, mas esta obra, na altura um duplo LP, veio comigo. Boa hora essa que me fez descobrir um dos grandes compositores do século XX de quem nunca mais me separei. Agora estou a fazer aquilo que fizeram comigo, estou a partilhar esta imensa obra que podem escutar integralmente no link https://www.youtube.com/watch?v=V-hBgoel3_A , aqui com a direção dum dos maestros mais espetaculares dos nossos dias, o venezuelano Gustavo Dudamel. Espero que gostem, pelo menos não fiquem indiferentes porque estão perante uma das maiores obras do nosso tempo. Aconselho a que se quiserem aprofundar mais esta temática consultem as memórias da sua mulher Alma Mahler, 'Memories and Letters', onde poderão encontrar mais detalhadamente informação sobre o compositor e a sua obra. Já que falo do 'Eterno Feminino' isso levar-nos-ia a falar dos Manuscritos do Mar Morto, do Evangelho apócrifo de Maria Madelena ou mesmo do de Cristo, do Languedoc,  ou mais recentemente, do presidente francês François Mitterand e da sua pirâmide na entrada do Museu do Louvre onde o 'Eterno Feminino' está bem visível, logo à entrada, mas que ninguém repara. Mas isto são outras estórias que ficam para uma outra oportunidade.

Thursday, August 15, 2019

50 anos depois do Festival de Woodstock

Passam hoje 50 anos sobre o mítico Festival de Woodstock que teve lugar em 1969 do século passado. Grandes músicos por lá passaram num festival que tinha por mote o fim da guerra do Vietnam. Uma geração com causas que tanta falta fazem às gerações atuais.

Ainda em torno do Nicolau

Volta a vir a terreiro para falar desse meu grande companheiro de muitos anos que foi o Nicolau. Já muito foi dito, mas sinto sempre que há sempre alguma coisa mais a dizer. Mas hoje quero aqui falar duma curiosidade e não tanto do Nicolau. Cerca de dois anos antes do seu desaparecimento trouxemos para casa uma série de burgos para colocar sobre a sepultura do Nicolau quando ele partisse. Nunca demos demasiada atenção aos seixos com as suas formas as mais variadas. Quando ele morreu fizemos-lhe a sepultura e depois, como já estava previsto, distribuímos sobre ela as referidas pedras. Quando as colocamos vimos que duas delas eram bem diferentes das restantes. Tinham a forma de dois corações. Tentamos ver nas restantes se existiam mais, mas não, apenas aquelas duas apareceram. Pensamos que isso poderia ser uma forma de premonição do grande amor que lhe tínhamos. Um sinal a mitigar a nossa grande dor e terrível sofrimento. Vai daí exatamente no local onde está o seu corpo, colocamos as duas pedras, os dois corações, que lá estão como símbolo do amor profundo por um ser sublime e nobre. Fosse uma indicação do destino, fosse apenas um acaso, para nós é ficou a representar a relação profunda entre humanos e um ser fantástico companheiro de tantos anos e de tantas vivências. Elas lá ficarão como símbolo de amor, do amor maior por todos os animais, de que o Nicolau passou a ser a referência.

Wednesday, August 14, 2019

A beleza dos pequenos seres

A beleza da Natureza. O caracol, um ser tão desprezado pela raça dita humana, encerra em si toda a beleza e mistério do Universo. A carapaça do caracol tem um desenho que, matematicamente, é conhecido como a 'proporção áurea' também conhecida por 'proporção divina'. Nela se encerrava a génese do cosmos. Esta relação tem sido muito usada nas artes. Um dos que mais a utilizou foi Leonardo da Vinci um conhecido pintor mas também cabalista. É nestes pequenos seres que está o mistério da vida e que muitos de nós, ignorantes, tanto desrespeitamos. Aprendamos a conhecer as grandes coisas observando e respeitando as pequenas.

Tuesday, August 13, 2019

Da música de Mahler à minha afilhada Inês

Volto de novo ao encontro dum dos meus compositores favoritos, Gustav Mahler. E mais uma vez venho falar-vos da segunda sinfonia. Curiosamente não foi através da segunda que me cruzei com Mahler, mas sim, através da oitava também conhecida pela 'Sinfonia dos Mil'. Daí a ficar fascinado pela música de Mahler e a devorar tudo o que me aprecia pela frente deste compositor checo-austríaco de origem judaica foi um ápice. Em pouco tempo me fixei muito na música grandiosa servida na segunda também conhecida por 'Ressureição'. A história dum homem que morre e é confrontado com todo o tipo de peripécias até à sua redenção. Música sublime com coros de cortar a respiração. Estava a ouvi-la mais uma vez quando a minha afilhada Inês nasceu. E naturalmente a ela sempre a associo. Na parte em que os coros cantam 'Não nasceste em vão, ergue-te e prepara-te para a vida', - aqui falando da eternidade -, logo eu colei esta imagem à da minha afilhada que estava a chegar a este mundo. Durante muito tempo associei esta sinfonia à morte prematura da minha mãe. Nele busquei o conforto de tão rude golpe com que a vida me premiou, buscando na redenção final a sua própria, que me dava conforto em momento tão dramático. Depois com a vinda da Inês, essa redenção já era tida como uma outra visão, a da reencarnação num outro ser que se pretendia ser de luz. (E como a Inês brilhou quando se cruzou comigo pela primeira vez!) Assim, através da música de Mahler fui procurando também a minha redenção, a minha 'ressurreição' para uma nova vivência. Esta sinfonia passou a representar a ligação entre o passado doloroso e o futuro promissor. Ela é hoje para mim, a conexão dum passado de alguém muito querido que entrou noutro plano astral, o presente que de certo modo eu vou representando e que é também ele passado em cada nano segundo decorrido, e o futuro que é personificado na minha afilhada com o muito que ainda a vida terá para lhe oferecer. Um ciclo mais triste que passou a fechar-se em modo jubiloso. A música de Mahler tem destas coisas, é grandiosa e esmagadora pela força que encerra. Posto isto, e para os mais interessados nestas coisas, deixo aqui um link https://www.youtube.com/watch?v=rKrsEbjXYX8 onde podem escutar a versão integral da peça. Infelizmente não encontrei nenhuma com legendagem em português, o que desde logo limita quem não conhece a língua alemã. Mesmo assim, estou certo que a grandiosidade do momento se sobreporá a tudo o resto e fará com que vos sintais elevados aos céus onde, seguramente, também vos encontrareis com a vossa própria redenção.

Monday, August 12, 2019

Momentos de ternura

Na terça feria passada a minha afilhada Inês irrompeu pela minha casa adentro como faz habitualmente. Mostrou-me esta rosa e disse: 'É para a mamie (é assim que trata a madrinha). É do meu jardim'. E logo foi ver onde ela estava para lhe oferecer a flor. E ela aqui está e será guardada enquanto resistir como tudo o que ela nos oferece, e que faz parte dum lote de coisas que esperamos um dia mais tarde, lhe devolver. Momentos simples e singelos duma criança que tem um grande carinho pelos seus padrinhos. Que assim seja sempre.

Sunday, August 11, 2019

Momentos de saudade

Tempo de Verão. Tempo de férias. E estas saudades que me corroem e não passam. Como poderão passar? Não tenho esse ser nobre na minha companhia como era o Nicolau. A sua memória perdurará e com ela perdurarão as memórias de todos os seres que trouxeram alegria e luz à minha vida. Com os animais tenho aprendido muito, atrever-me-ia a dizer, que tenho aprendido mais com eles do que com os seres dito humanos, onde a inveja, maledicência, ódio, desumanidade, brutalidade, são apenas alguns dos predicados que podemos aprender. Mas a presença destes seres sem voz na nossa vida são os nossos verdadeiros mestres e com eles aquilo que melhor podemos aprender são o amor incondicional mesmo quando são maltratados. E tudo isto a propósito desta saudade que bate forte com a ausência do Nicolau. Estarás sempre na minha memória e no meu coração. Lá onde estiveres, nesse país do arco íris onde não existe espaço para o ódio, espero que estejas muito feliz. Sempre caminharemos juntos até à eternidade. Descansa em paz!...

Amor incondicional

Porque sempre que falo do Nicolau me recordo da relação que ele mantinha com a minha afilhada Inês. Desde que nasceu que se habituou a vê-lo. Inclusive chegou a andar encavalitada nele. Depois do Nicolau ter morrido continua a venerá-lo na sua sepultura sempre que vem cá a casa. Já à muito que não publico fotos da Inês por razões que já todos vós conheceis. Contudo, abro aqui uma exceção. Esta foto tem cinco anos, quando a minha afilhada contava apenas dois de idade. E a amizade duma criança por um cachorro está bem patente. Duas almas inocentes onde só existe lugar ao amor incondicional. Aqui fica a memória com a devida vénia aos seus progenitores, Aires Ferraz e Sandra Patricia Ferraz. Gostava que ela cultivasse este amor pelos animais pela vida fora. Estou convencido que assim será. Pela minha parte tudo farei para que tal aconteça.

Saturday, August 10, 2019

Encontros na madrugada

Todos sabem do meu gosto de fazer exercício madrugada afora. Na quarta feira passada foi um desses dias. E voltei-me a cruzar com um senhor que já não via à muito tempo e que aqui, - e já por duas vezes -, fiz eco à um par de meses. Lembram-se de vos falar daquele senhor que vasculhava os contentores do lixo em busca de papel para vender. Depois da sua cirurgia que não tinha ficado tão bem assim, e mais tarde, da sua recuperação apesar da sua vida dura. Pois hoje voltei a encontrá-lo. Já não o via à muito tempo. Pensei que algo lhe tivesse sucedido. Disse-me que tinha mudado de zona, mas que agora voltou à sua habitual. Vim a saber que tinha feito uma segunda cirurgia e que as coisas estavam a correr bem. Ainda bem para ele. Com aquele sorriso largo, olhar brilhante e fé indomável, este senhor lá ficou na sua labuta. Apesar de estar em recuperação tinha que continuar porque precisava desse dinheiro para a sua vida. E lá ficou a remexer o lixo mas sem antes me desejar um bom dia pleno de coisas boas. (Continuo sem saber o seu nome, nem isso é importante, interessa-me mais a pessoa e aquilo que ela encerra). Um homem simples, que vive na vereda da vida, mas que foi buscar na sua fé a força para continuar. Continuo a ficar fascinado pelo seu sorriso largo e pelo brilho do seu olhar, aquele sorriso e aquele olhar que ilumina o dia que ainda está escuro e a vida deste homem tão sombria. Que a sorte o proteja!

Friday, August 09, 2019

"Mahler - Vida e Obra" - Stephen Johnson

A editora Bizâncio está desde algum tempo a publicar livros sobre alguns dos maiores compositores de sempre da História da Música. Dos vários já editados, quero aqui trazer um sobre a vida e a obra de Gustav Mahler um dos meus compositores preferidos. Como gosto de ouvir a sua segunda sinfonia 'Ressureição' e como ela eleva o meu espírito. Para Gustav Mahler, a música nada tinha de abstracto ou quimérico. «A música tem de ser como o mundo», afirmava. «Tem de abarcar tudo.» Cumpriu exuberantemente o seu ideal, criando obras de tal amplitude emocional e força criativa que é como se cada uma delas fosse, por si só, um mundo. De forma inigualável, Mahler foi o prisma através do qual se refracta essa amálgama de experiências. Este livro segue a evolução de Mahler como homem e compositor, e relata as vivências – as alegrias e tristezas pessoais e também as forças culturais mais gerais – que o enformaram e fizeram dele um dos compositores mais amados e admirados de todo o repertório clássico. Esta biografia multimédia inclui também: • Dois CDs de música que percorrem toda a carreira de Mahler; • Acesso livre a um sítio de Internet com horas de música para ouvir, e outro material informativo adicional. Simples e simultaneamente complexo, e extremamente divertido. A coleção 'Vida e Obra' que a Bizâncio vem publicando merece certamente a vossa melhor atenção. Mesmo para aqueles que não são cultores de música dita clássica, encontraram aqui muito mais do que acham que vão encontrar. Para além dos momentos mais definitivos da vida dos artistas retratados em cada um dos livros, aparece muito material explicativo sobre as suas obras e como as devemos ouvir e interpretar. Um documento de enorme interesse cultural para que chamo a vossa particular atenção. A linguagem é simples bem longe dos termos usados por músicos ou melómanos para que todos possamos entender as obras e a riqueza que elas encerram. Aqui está uma coleção muito interessante e apelativa que vos recomendo vivamente.

50 anos duma foto histórica


Passam hoje 50 anos sobre e a mais famosa foto da história da música. É a que foi tirada aos The Beatles e que tornou famosa a Abbey Road, que mais tarde, viria a fazer parte da capa dum álbum da banda britânica com o mesmo nome.

Thursday, August 08, 2019

Em torno do livro de Freddy Silva

Ontem trouxe-vos um excelente livro de História que nos fala da relação dos Templários com a formação de Portugal. Chama-se esse livro "Portugal: A Primeira Nação Templária" e é da autoria de Freddy Silva. Como então afirmei, existem muitos livros sobre a Ordem do Templo, mas este é um dos primeiros a atribuir a constituição de Portugal a um desígnio dos Templários. Mas sobre o livro não vou voltar aqui a falar, mas interessa-me uma outra questão que tenho trazido amiúde neste espaço, a saber, a da relação e importância das Ordens Secretas na formação das nações, especialmente da nossa. Porque muita coisa tenho visto escrita como apologia duma certa direita radical que, ou é ignorante, ou está a tentar enganar os incautos, quando falam dos Templários como a ordem radical e extremista associado a uma geometria política que nem sequer existia na altura. É bom lembrar que a Ordem do Templo era uma associação que fazia do secretismo o seu bem maior - coisa que ainda hoje nos fascina - mas também é importante conhecer a evolução até baseada em alguns ritos que são conhecido de associações (também elas secretas) dos nossos dias. Não há dúvidas que a Ordem do Templo após as perseguições de que foi alvo mudou de nome e integrou-se na nossa sociedade. É o caso da Ordem de Cristo que não é mais do que a do Templo camuflada face ao rigor dos tempos de então para a qual D. Dinis tanto contribuiu. Mas sabemos também que após as perseguições de que foi alvo, a Ordem dos Templários seguiu rumos diversos. Um foi o instalar-se nesta parte mais ocidental da Europa, que é hoje Portugal, - onde viveu algum tempo com o seu nome tradicional e que as pressões papais levaram a mudar de nome - e a outra que foi desaguar na Escócia - onde se viria a transformar na Maçonaria de Rito Escocês. E aqui é que está a questão. Quando muita gente diz que é preciso acabar com a influencia maçónica em Portugal, talvez se esteja a cometer um daqueles erros de apreciação que, por ignorância ou má fé, põe em causa o desenrolar da História. Que a Maçonaria está associada à Ordem do Templo é um facto, e quando alguns pugnam por os tentar eliminar, afinal não estão a fazer mais do que por em causa os verdadeiros fundadores da nacionalidade. Parece confuso mas não, inconveniente para alguns certamente. As nações - sejam elas quais forem - sempre se pautaram por caminhos nem sempre lineares e nem sempre públicos. Portugal não é exceção e a investigação de Freddy Silva - que aconselho que leiam - trás à colação temas que podem ser perturbadores para alguns, mas seguramente interessantes para o cabal esclarecimento da verdade. Estas confusões históricas acontecem em muito lado quando se tenta explicar o presente com um passado que na maioria das vezes não tem nada a ver. Um dos exemplos mais flagrantes é o que acontece em França, como uma certa direita mais radical a invocar o nome de Joana d'Arc, quando é sabido que ela era pouco mais do que uma criança quando assumiu as armas e nada tem a ver com geometrias políticas que simplesmente não existiam e, cúmulo dos cúmulos, a vieram a vitimar por um rei déspota, incompetente que nada se importava com o seu país. Lá como cá, as confusões - intencionais ou de má fé - podem dar jeito a alguns, mas logo que o véu se vai destapando e a verdade vai emergindo, não têm sustentabilidade para se manterem. E termino como ontem fiz, apelando a que leiam este extraordinário livro, muito bem fundamentado, um livro interessante quanto perturbador, mas que dá um forte contributo para que as coisas se tornem mais claras e evidentes.

Wednesday, August 07, 2019

"Portugal: A Primeira Nação Templária" - Freddy Silva

Trago-vos um livro muito interessante da autoria de Freddy Silva com o título de 'Portugal: A Primeira Nação Templária'. Há muitos livros sobre o tema da mítica e mística Ordem dos Templários, mas este é o primeiro que se debruça sobre o tema desta Ordem militar na fundação da nossa nação. Lê-se na sinopse: 'A história convencional afirma que, em 1118, nove homens formaram uma irmandade em Jerusalém chamada cavaleiros templários para dar proteção aos peregrinos que viajavam para a Terra Santa. Ao contrário, este livro demonstra que a Ordem do Templo existia uma década antes no canto oposto da Europa, no seu território mais a ocidente. Revela que a proteção dos peregrinos em Jerusalém foi confiada a uma organização distinta e que, em conluio com os monges cistercienses e a misteriosa Ordem de Sião, os templários levaram a cabo um dos planos mais ousados e secretos da história: a criação do primeiro Estado-Nação independente da Europa, Portugal, com um dos seus como rei. Com centenas de referências novas e de fontes raras, este livro revela que foi Portugal, e não Jerusalém, a primeira fortaleza dos templários. Explica ainda a motivação dos templários para criarem um novo país longe do alcance de Roma, onde pudessem cumprir a sua mais importante missão — um segredo que os templários protegeram até à morte e que custou a vida a milhares deles.' Daqui se veio a saber que muitos dos nossos dirigentes políticos eram membros da Ordem do Templo, como D. Afonso Henriques, D. Manuel I, o próprio Infante D. Henrique.Este é um livro a merecer a vossa melhor atenção, não só a pessoas que se interessem sobre a temática templária mas pessoas que se interessam por História. O seu atou, Freddy Silva, é um importante investigador de história antiga e locais sagrados. É autor de diversos livros, incluindo bestsellers, como: Portugal: A Primeira Nação Templária; The Divine Blueprint: Temples, Power Places, and the Global Plan to Shape the Human Soul; The Lost Art of Resurrection: Initiation, Secret Chambers and the Quest for the Otherworld; Chartres Cathedral: The Missing of Heretic Guide; e Secrets In The Fields: The Science and Mysticism of Crop Circles. Tem realizado diversos documentários cinematográficos sobre temas relacionados com a sua obra e conduz visitas temáticas a sítios sagrados em Portugal, Inglaterra, Escócia, Irlanda, Peru, França, Malta e Egito. Aparece regularmente no The History Channel, Discovery Channel, na BBC e em outros meios de comunicação social. De origem portuguesa, reside atualmente em Portland, nos Estados Unidos da América. Um livro a merecer a vossa melhor atenção. A edição é da Alma dos Livros.

Tuesday, August 06, 2019

Intimidades reflexivas - 1145

"O que já fiz não me interessa. Só penso no que ainda não fiz." - Pablo Picasso (1881-1973)

Monday, August 05, 2019

Vaidade versus pobreza

Ontem foi mais um daqueles dias gratificantes. Cruzei-me de novo com Frei Fernando Ventura um frade capuchinho andarilho do mundo e um dos maiores biblistas a nível mundial. (É mais conhecido como comentador da SIC Notícias onde habitualmente aparece). Já não estava com ele à quase um ano. Tive uma longa e gratificante conversa com este homem de cultura. Hoje falou-me do tema da vaidade versus pobreza, - daquela mais mundana que todos conhecemos - e a conversa foi crescendo e da pobreza mais profunda para além de tudo o resto. Dizia-me ele que 'vaidade' vem do hebraico 'יהירות' que quer dizer também vazio e pobreza vem de 'עניים' que também se pode traduzir quase pelo mesmo e ambas quase que têm o mesmo sentido. E então ele glosava sobre aquela vaidade que nasce da vacuidade que é comum a tanta gente. Falava-me daquelas pessoas para quem a vaidade era uma forma de encher um espaço vazio do seu interior mais profundo. Fazia a ponte para a Bíblia e falava-me de Mateus que usava o termo vaidade como algo sem qualquer atitude, gesto, palavra, o vazio absoluto, no fundo, a maior das formas de pobreza que é a incapacidade de partilha com o outro, o que faz dessa pessoa uma pessoa pobre. A conversa foi evoluindo ao correr da discussão, e no fim Frei Ventura ainda me disse, 'há tantas pessoas pobres (vazias) que apenas têm dinheiro'. Um remate feliz para uma conversa muito profunda, daquelas que gosto de ter com Frei Fernando Ventura, que nos enche o espírito e nos eleva a alma. É muito gratificante termos quem nos eleve acima da mediocridade - da tal vaidade versus pobreza que Ventura glosou - que é tão comum no nosso dia a dia. Ontem foi um daqueles dias plenos onde nos sentimos incomodados, atingidos, e voltamos para casa a meditar naquilo que ouvimos. Como gosto de falar com ele e receber aquelas paredes enormes de palavras e de filosofia que se abatem sobre mim como cataratas de água. Obrigado, Frei Fernando Ventura, por me enriquecer no verdadeiro sentido da palavra, me apoquentar, me questionar, me interpelar, me pôr a refletir. Sempre que me cruzo com este grande sábio é como se uma luz imensa se abatesse sobre mim e mostrasse aquilo que a comum visão não pode enxergar. Ontem foi um daqueles dia que ficam na memória.

Sunday, August 04, 2019

A Inês e a memória do Nicolau

Anteontem a minha afilhada Inês chegou cá a casa com uns bonecos. Logo disse que um deles era especial e que gostava de o colocar na sepultura do Nicolau onde ela vai sempre que vem para cá. E assim fez. E o boneco lá está, simbólico, a perpetuar a ligação do amor duma criança a um belo ser nobre e puro como era o Nicolau. Obrigado, Inês!...

Intimidades reflexivas - 1144

"A razão pela qual algumas pessoas acham tão difícil serem felizes é porque estão sempre a julgar o passado melhor do que foi, o presente pior do que é, e o futuro melhor do que será." - Marcel Pagnol (1895-1974)

Saturday, August 03, 2019

Intimidades reflexivas - 1143

"Dizer adeus é uma festa com lágrimas." - Agustina Bessa-Luís (1922-2019)

Friday, August 02, 2019

Ficheiros Secretos - Luís Osório

Um excelente texto para uma boa reflexão.

«Ficheiros Secretos

José Miguel Júdice, o mais poderoso entre os vencidos

De todas as minhas não relações talvez a mais próxima seja com ele – é difícil explicar, sei-o bem. Há instantes em que regresso a algo do que me disse, nas ressacas de derrotas brindo às suas palavras e só depois prossigo. «Ao longo da minha vida perdi sempre, talvez dê azar. Mas sou um homem com derrotas, não um homem derrotado. É nas derrotas que nos tornamos homens não derrotados», diz. 
José Miguel Júdice é o mais poderoso looser do país. Nas esquinas dos poderes continua a ser falado, temido, há quem lhe vigie as intenções e subtilezas. Com uma sabedoria por vezes cínica provoca paixões, ódios e desconfianças. Tudo nele são marcas de um predador, marcas de alguém que não se cansa de ganhar poder, dinheiro, inimigos. Mas o que fascina no advogado, que conheço sem conhecer, é precisamente o que não está na superfície, mas no lugar onde cultiva as suas derrotas com o carinho de um qualquer jardineiro. Se quiser aproximar-se da sua essência reconheça-o nas suas falhas, nunca nos aplausos.

«Se ele não tivesse morrido eu teria sido uma pessoa completamente diferente. Teria conseguido menos na vida porque não haveria necessidade de provar nada a ninguém. A vida teria sido mais tranquila e eu mais feliz. Não tenho a mais pequena dúvida em relação a isso». 
Esta é a sua marca de água. O pai morreu-lhe antes de o poder conhecer. Em Coimbra chamavam-lhe «célebre Júdice» e fazia por merecer os elogios. Muito novo, num tempo de maiores dificuldades, conseguira completar o doutoramento em Matemática e com o grande amigo Bento de Jesus Caraça militou no Partido Comunista durante vários anos. Na prisão, após a morte precoce do filho mais velho, irmão que José Miguel também não conheceu, converteu-se ao catolicismo às mãos de um teólogo franciscano. 
Cunhal, um pouco antes de 1950, visitou-o duas vezes na sua casa de família - diz-se que confiava no brilhantismo do matemático. Só que, após a conversão, muitos dos amigos viraram-lhe as costas e José Miguel, com a fortíssima presença da ausência do pai, cresceu na ideia que o seu lugar seria sempre no lado oposto às barricadas comunistas. 
Haveria de ser preso durante o PREC, a seguir ao 25 de Abril. Exatamente no mesmo dia em que o «célebre Júdice», seu pai, fora detido em 1950 – um no Aljube, o outro em Caxias; um por ser comunista e o outro por ser anticomunista; um com a ilusão de que ganhava e o outro com a certeza da derrota; um e o outro por convicção. Disse-me sobre isso: «A morte dele é um sinal de que há o direito de mudar sobretudo quando se sofre na mudança. Que há o direito de se confessar o erro quando se sente que se errou. Que há a necessidade de não se trair os amigos e o meu pai nunca falou, enquanto foi vivo, de nada do que sabia. Que é preciso olhar a vida com coragem e que é fundamental lutar por aquilo em que se acredita – é mais importante lutar por aquilo em que acreditamos apesar de estarmos enganados do que não arriscar lutar. Quando se morre por um ideal, ganha-se. Quando se sobrevive sem um ideal, vegeta-se».

Estava em Coimbra, em 1969. Milhares de alunos tentaram virar as ruas e as universidades do avesso. José Miguel, estudante em Direito foi do contra. Furou greves, liderou os contra-revolucionários e fez de tudo para mostrar que a coragem não era um exclusivo da esquerda. 
O clima era de grande tensão. Alberto Martins, nesse tempo mais decidido, é preso depois de abordar o Presidente da República, Américo Tomás. Há cargas policiais, vigílias e é marcada uma Assembleia Magna, no Pátio dos Gerais, para o dia 28 de maio. Nesse dia estão seis mil pessoas e a larga maioria grita contra o Estado Novo, a ditadura marcelista e a manutenção de Hermano Saraiva como ministro da Educação. Flores e balões são distribuídos como forma de protesto contra os processos de inquérito a centenas de estudantes. É a maior Assembleia Magna da história de Coimbra e do lado dos situacionistas ficara combinado que falariam cem pessoas. Só Júdice avançou. Defendeu perante o espanto e incredulidade geral o direito das pessoas não fazerem greve, criticou a demagogia dos balões e das flores, e afirmou-se contrário à anarquia e ao aproveitamento político por parte do Partido Comunista. Foi apertado, insultado, ameaçado, pensou no pai. Veio-se embora amolgado, mas com a consciência de que fizera o que devia ser feito. Pergunto-lhe porquê: «Está-se vivo quando somos diferentes do mundo que nos rodeia. Estamos mortos quando cedemos ao mundo e nos tornamos iguais a ele, não temos diferenciação térmica, podemos apenas aparentarmo-nos de vivos. Devemos ser politicamente incorrectos porque só na transgressão as sociedades evoluem. A estagnação é um sinónimo de morte. E isso acontece quando se arrisca. De um lado e do outro».

É por isso que o MFA o prende. Três meses de corretivo em Caxias, o que o orgulha. Depois exílio em Madrid onde escreveu programas de governo atrás de programas de governo para Spínola. Nesse tempo de MDLP mantinha as ilusões intactas, pensava que o país de algum modo estaria à sua espera. Não se importou de pagar o preço que fosse necessário, dormiu num quarto com a mulher e os filhos e efabulou textos ideológicos que esperou serem um pequeno contributo para a construção de um novo país. Ri-se quando volta atrás, ri-se de algumas coisas que defendia. Por exemplo, que Portugal deveria transformar-se num país pluricontinental com capital em Luanda.
Hoje é a soma das suas derrotas interiores. Uma soma que, acredito, significará uma vitória no fim. Uma vida feita em função da limpeza da honra do seu pai e contra os comunistas que passou a respeitar com o passar dos anos. Não por achar ser necessário ou desnecessário combatê-los politicamente, mas por de algum modo não poder viver sem eles. 
Ele explica-o melhor do que eu: «O estilo de um adversário define-nos sempre. Os adversários, regra geral, são sempre próximos. Quando dois boxeurs se agarram um ao outro há ali violência, mas também uma proximidade excessiva e quase erótica. Adversários que se odeiam precisam um do outro para sempre. Quando um deles desaparece o outro fica sem razão para continuar a existir».

LO

Thursday, August 01, 2019

Intimidades reflexivas - 1142

"Mesmo quando tudo parece desabar, cabe a mim decidir entre rir ou chorar, ir ou ficar, desistir ou lutar; porque descobri, no caminho incerto da vida, que o mais importante é o decidir." - Autor desconhecido.