Turma Formadores Certform 66

Tuesday, November 30, 2021

Feliz aniversário, Nicolau!...

Este seria o dia de aniversário do Nicolau. Não se sabendo ao certo por ter sido abandonado desde bebé, este seria o dia, (segundo a veterinária), do seu nascimento, com uma margem de erro pequena. Entraria na minha vida no Natal, quando o recolhi da rua debaixo de forte temporal a que esteve toda a noite exposto. Mas foi bem compensado. Toda a sua vida teve a sua cama quentinha, - que ele até enjeitava porque gostava de dormir no chão -, comida que nunca lhe faltou e sobretudo o carinho e amor que recebeu. O Nicolau era um cão traumatizado pelo abandonado em bebé debaixo de forte intempérie. Quando o tempo ficava mais agreste, e sobretudo quando o vento se tornava mais forte, logo o Nicolau se escondia onde se sentisse mais protegido. Tirando isso, toda a sua vida foi rodeada de muito amor e carinho. Foi um animal por vezes temperamental (talvez motivado pelo mimo excessivo que lhe dávamos) mas sempre amigo e companheiro. Sempre próximo, sempre atento, com um olhar que fazia derreter corações. Foi a minha companhia durante dezasseis anos e meio. Deixou-me vai para dois anos e meio. A sua ausência deixou um vazio enorme que aos poucos se foi esbatendo, mas nunca deixou de existir. Porque há seres com esse condão. O Nicolau foi um desses animais. Hoje seria a data (estimada) do seu nascimento. Feliz aniversário, Nicolau! Lá onde estiveres que estejas em paz.

Monday, November 29, 2021

Recordações dolorosas (À memória da Tobby!)

À dias encontrei esta foto que me trouxe recordações não tão boas assim. Nela se vê eu com cerca de 5 anos de idade e uma cadelinha a que chamei Tobby. (Esta foto foi restaurada e pintada por mim, originalmente era a preto e branco). Foi o primeiro cachorro na minha vida. Dela recordo muitas coisas boas, - embora com tão tenra idade algumas delas se apagaram da memória -, mas também de muita desilusão. Foi a primeira vez que comecei a sofrer por amor aos animais e nunca mais parei. A saga da Tobby foi muito atribulada desde pequena. Era ainda bebé quando chegou à minha mão. Vim a saber mais tarde que pertencia a um vizinho dum tio meu. Ele roubou-a para me trazer como presente. (Esse tio gostava muito de mim). Nessa altura, os animais  eram considerados como coisas - infelizmente ainda  são hoje - e desde muito cedo foi acorrentada a uma casota. Lembro-me dela dormir comigo, mas também me lembro dela acorrentada. Muito de vez em quando ela era solta para tomar banho e secar ao sol, ocasião em que brincava muito comigo e eu com ela, mas logo voltava à corrente. O meus avós maternos, - com quem então vivia -, gostavam de animais, mas para eles um cão era para estar a uma casota, visão corrente nas gentes dessa época. E a Tobby por lá ficou. Não me recordo de quantos anos durou, - talvez seis ou sete julgo eu -, e um belo dia muito frio penso que de Dezembro, e como a minha avó não a tivesse ouvido ladrar, lá foi ver o que se passava, e ela estava enroscada na sua casota morta e já rígida. Foi um choque para mim, foi a primeira vez que lidei de perto com a morte. Depois havia que sepultá-la. Disse que gostava que ela ficasse no quintal, mas não quiseram. Foi para um campo que existia junto à casa onde nasci. Fui levá-la para lá com a minha mãe que também muito sofreu com a sua morte. Mas as forças para fazer um buraco eram poucas e ela acabou num pequeno buraco tapada com umas pedras. Lembro-me dum grupo de rapazes vir ver o que se passava e perceberem que era um cão. Depois de me vir embora com a minha mãe, não sei se foram retirá-la da sepultura onde a deixamos ou não. Sei que sempre fiquei com essa imagem guardada para toda a vida. Esse campo já não existe. Hoje está lá construída uma grande urbanização. Sempre que por lá passo, lembro-me da Tobby e tento escurtinar o local onde a deixei à muitos anos a trás entre os prédios e as ruas. Essa marca ficou para sempre. Foi o primeiro e último cão sepultado nessas condições. (Nunca mais tal voltou a acontecer.  Nenhum teve mais uma casota). Muitos anos mais tarde, a Tobby foi sepultada em memória no jardim da casa onde moro junto dos seus irmãos e quatro patas que embelezaram a minha vida. Todos eles foram importantes e a todos agradeço o que me deram de amor e carinho. À dias lembrei-me muito da Tobby. Depois encontrei esta foto. Se calhar tudo está ligado. Está agora a fazer anos que partiu não sei quantos, talvez sessenta. Sempre ficou no meu coração como os outros. Lá onde estiveres que estejas em paz, Tobby! Estarás sempre no meu coração.

Sunday, November 28, 2021

Intimidades reflexivas - 1491

"Eu sou aquela mulher a quem o tempo muito ensinou. Ensinou a amar a vida e não desistir da luta, recomeçar na derrota, renunciar a palavras e pensamentos negativos. " - Cora Coralina (1889-1985)

Saturday, November 27, 2021

Força, coragem e fé, Paula!

À pouco fui surpreendido com esta foto. É de uma grande amiga de nome Paula Maia. Tenho um imenso respeito por ela. Grande protetora dos animais, vegetariana por opção, tudo isso me aproximou dela. Já me ajudou bastante num processo já com alguns anos. Hoje está a passar um momento menos bom, mas que tenho a certeza que irá superar. Como lhe digo sempre, os grandes combates são dados aos grandes guerreiros. E a Paula é uma grande guerreira. Esta foto alegrou-me muito porque a vi de novo com aquele sorriso luminoso que tem, sempre juntos dos seus amigos. Gosto de a ver com este glamour. Pessoas assim são vencedoras ainda antes de entrar na refrega e ela também o é. Vai vencer porque ela o quer e eu o desejo. Uma lutadora que já começou a sua libertação. Vai a caminho da luz, embora seja de sombras o momento que hoje vive. Mas vai lá chegar, estou certo. Enquanto eu aqui estiver pode sempre contar comigo. Os amigos são para isso. Muita força, muita coragem e muita fé. Tudo vai correr bem. Bjs. 

Friday, November 26, 2021

Gato atirado de altura para o rua

Gato atirado de altura para a rua. Passou-se no Porto, poderia ter acontecido em qualquer ponto do país ou do mundo. Seja onde for há sempre pessoas com défice de sentimentos, de amor e carinho. Gente estúpido que vive a rastejar seja qual for a sua condição económica ou social. Gente que não merece o nome de gente. Aqui até é mais grave porque se trata de jovens. Jovens mal educados, sem princípios, sem valores. E não conhecendo as suas famílias, atrevo-me a dizer que não serão melhores. Porque a educação começa em casa, aquilo a que chamo de escola primordial, que afinal não tiveram por incúria, por desleixo, ou simplesmente, porque os seus pais também não a tiveram. Aquela que é a chamada geração mais qualificada do país afinal não passa duma geração sem valores, sem ideais, que vive ao nível do chão. Sei que nem todos são assim, felizmente, mas isso é apenas a exceção que confirma a regra. Tenho asco em falar desta gentinha menor, porque o simples facto de o fazer, já é dar-lhes uma importância que não têm, nem nunca terão. Não passam dum vómito social a escorrer para uma qualquer sarjeta. Agora espero para ver as consequências. Temos uma lei que protege os animais vítimas de maus tratos. Vamos ver se a lei é só umas frases alinhadas num papel ou se é de facto aplicada. Porque gente como esta não merece andar por aí no meio de todos nós. Porque conspurcam, porque são fétidos, porque incomodam. Gente desta só numa qualquer masmorra a pão e água deveria estar. Gente como esta não pode viver em sociedade porque são anti sociais. Gente como esta só na prisão terá o seu futuro. Se assim não for, a lei não passa de palavra morta, a justiça será uma blague. Estejamos todos atentos a ver o desenrolar deste caso que merece um desfecho exemplar.

Thursday, November 25, 2021

Dia de Ação de Graças

Esta é uma tradição que é celebrada sobretudo nos EUA, no Canadá e nas ilhas Caribe, como forma de agradecer todas as coisas boas que ocorreram no ano. Esta festa nos EUA é bem mais celebrado do que o próprio Natal. Não tem expressão na Europa, aliás, não tem praticamente nenhum significado fora dos países que mencionei atrás. Hoje celebra-se o 'Thanksgiving Day', para usar a expressão inglesa, e quero aqui desejar um ótimo Dia de Ação de Graças a todos os meus amigos norte americanos que me acompanham à muitos anos. Happy Thanksgiving Day!

Wednesday, November 24, 2021

Intimidades reflexivas - 1490

"Terei toda a aparência de quem falhou, e só eu saberei se foi a falha necessária." -  Clarice Lispector (1920-1977)

Tuesday, November 23, 2021

Intimidades reflexivas - 1489

"Enquanto uma chora, outra ri; é a lei do mundo, meu rico senhor; é a perfeição universal. Tudo chorando seria monótono, tudo rindo cansativo; mas uma boa distribuição de lágrimas e polcas, soluços e sarabandas, acaba por trazer à alma do mundo a variedade necessária, e faz-se o equilíbrio da vida..." - Machado de Assis (1839-1908) in Quincas Borba - Cap. XLV

Monday, November 22, 2021

Intimidades reflexivas -1488

"Lutei para escapar da infância o mais cedo possível. E assim que consegui, voltei correndo para ela." - Orson Welles (1915-1985)

Sunday, November 21, 2021

Intimidades reflexivas - 1487

"Nunca sinta culpa por começar de novo." - Rupi Kaur in 'O que o sol faz com as flores'.

Saturday, November 20, 2021

A Bíblia e os animais

Tendo lido algumas coisas sobre aquilo que a Bíblia diz sobre os animais. Muita confusão mas também algum preconceito. Mas antes de evoluir no tema que vos trago é preciso afirmar que a Bíblia é uma coletânea de textos e não um livro corrido tal qual um romance. A Bíblia é dividida em duas partes: o Velho Testamento e o Novo Testamento. O primeiro cobre aquilo que é a visão do início da Humanidade e a sua evolução ao longo dum determinado período histórico, enquanto o segundo debruça-se sobre a vida de Jesus Cristo. E ainda podemos alargar a análise a mais duma centena de textos que dela foram excluídos, a que se chamou 'apócrifos'. Não me vou demorar nesta análise, nem aprofundar o tema porque o que pretendo dizer é mais definido. Num período em que os animais não passavam de coisas e ninguém se preocupava com eles era natural essa visão mais distendida sobre as suas vidas. Pode ler-se no Génesis 1,28 "encham a terra e dominem-na; dominem sobre os peixes do mar e as aves do céu; sobre os animais domésticos e selvagens e sobre todos os bichos que andem sobre a terra". E esta visão foi a prevalecente nessa época até defendida por gente como Aristóteles. Mas em contrapartida também se pode ler "aquele que mata um boi é como aquele que mata um homem." (Isaías 66,3). E só mais tarde, Santo António e São Tomás de Aquino formaram uma nova corrente em defesa dos animais juntamente com São Francisco de Assis. Parece contraditório mas não o é. Os textos bíblicos foram escritos por diferentes pessoas em diferentes períodos temporais. Só isso leva a que as correntes de pensamento sejam diferentes e as proposições de partida também. Tal como nos nossos dias há sempre várias opiniões sobre um determinado assunto, naquela época tudo se passava de igual maneira. Assim, a Bíblia não é contraditória, ela apenas traduz as diferentes visões de quem escreveu os diferentes textos em tempos também diversos. Se ainda hoje andamos a discutir este tema, vê-se bem o pouco que a Humanidade evoluiu ao longo de milénios, bem como, as contradições em que se envolveu. E isso nada tem a ver com a Bíblia mas sim com a visão contraditória do ser dito humano na sua relação com as outras espécies. E mesmo pessoas como Francis Bacon e Descartes se deixaram enredar nesse tema em contradição com Voltaire, e mais tarde, Darwin, só para dar um exemplo. Daí o não se dever ser apressado na análise sobre este tema. Se o desconhecimento é uma falha, o preconceito é algo mais censurável. Apenas pretendo dar um pequeno contributo para a análise do que tenho lido sobre o tema nos últimos dias sem qualquer intenção de aprofundar a matéria que daria pano para mangas. Talvez um dia ainda o venha a fazer.

Friday, November 19, 2021

"O Jardim dos Animais com Alma" - José Rodrigues dos Santos

Disse que em breve falaria deste livro. E aqui estou a fazê-lo. 'O Jardim dos Animais com Alma' é o último romance de José Rodrigues dos Santos. Acho este seu vigésimo terceiro romance muito importante. Faço-vos um desafio. Tentem ler o que lá se diz sobre os animais e abstenham-se um pouco da estória romanesca que o envolve. Este livro é uma pedrada no charco sobre aquilo que fazemos aos animais enquanto espécie que com eles partilhamos o mesmo planeta e usufruímos da mesma vida. Algumas passagens podem ser brutais, mas como disse à umas semanas atrás, é a pura realidade. Tentem visitar um matadouro, e se tiverem conseguido  - e coragem para lá ir -, e mesmo assim continuardes a comer carne, deixe que vos diga que sois uns monstros. (E não me continuem a falar dos chineses, por favor!) Rodrigues dos Santos confessa que não era muito sensível à causa animal, mas depois de ter tido acesso a imensa documentação que apresenta no final da obra e depois de ter falado com muita gente do meio, confessa que mudou muito e que começou a olhar para esta causa com um olhar bem diferente. Este é um livro de rutura em torno da indústria pecuária - a que mais contribui para o aquecimento global -, dos locais de morte indigna e sofrida como são os matadouros, do elevado senso cognitivo dos animais que não os colocam atrás dos humanos, algo para que já Darwin tinha chamado a atenção. Numa escrita escorreita muito ao jeito do autor, este livro (para além do romance) é um libelo, uma interpelação a todos nós sobre o inferno em que transformamos este planeta para os animais. Um livro que perturba porque tudo o que lá se diz sobre animais está cientificamente demonstrado. Pena é que tanta bibliografia que existe sobre este tema não esteja traduzido o que limita desde logo a leitura a muita gente. Este é um livro que recomendo vivamente. Talvez uma excelente prenda para o Natal que se aproxima. Quanto ao autor é sobejamente conhecido, desde pivot da televisão até correspondente da CNN, Rodrigues dos Santos fez de tudo um pouco. É figura conhecida e por isso não necessita de apresentações. A edição é da Gradiva. 

Thursday, November 18, 2021

O que é a amizade?

O que é a amizade? Parece uma pergunta redundante e de fácil resposta. Amigos com A maiúsculo existem poucos. Diz o jargão popular que 'os amigos se conhecem quando estamos nos hospitais ou na prisão'. Tudo isto por uma grande Amiga minha - o A maiúsculo é para ser assim - que neste momento está a passar por um momento difícil. Traída pela doença que a vem apoquentando e sentindo-se só, abandonada pelos muitos 'amigos' - as aspas não são por acaso - que pensava ter. Mulher muito sociável e de riso franco, aberto e leal, sempre achou que tinha muitos amigos e que estes nunca lhe falhariam em momento de provação. Como estava errada. Hoje olha para trás e vê-se quase sozinha apenas com aquele apoio de circunstância (e mesmo esse escasseia) sem sentir que alguém está a seu lado. Sofre no seu silêncio, no seu retiro, junto dos seus, porque para além deles é o deserto que se abre vazio e escaldante. Só quando passamos por isso é que temos a verdadeira dimensão do que tal implica. Enquanto escrevo estas palavras vem-me à memória uma frase dum colega de profissão e amigo pessoal espanhol que estudou muitos anos comigo. Dizia ele que 'na vida pensamos que temos muitos amigos e afinal o que temos são muitos conhecidos'. E como ele tinha razão. São poucos os que ficam, os que resistem, quando o furor dum sorriso, duma atitude, dum olhar, se esvai e é substituído pela doença, para fraqueza, pela incerteza. Trago este desabafo porque acho que é devido. Esta minha Amiga está a passar um momento menos bom que, estou certo, superará rapidamente. Mas antes da luz, está a viver a escuridão. Antes da alegria está a vivenciar a tristeza. Antes da saúde experiencia a doença. Mas também sei que muitas vezes para abraçar as delícias do céu temos que passar pela purificação do purgatório. Não preciso de falar do seu nome. Quem me segue sabe de quem falo. Ela sabe que pode contar comigo em todas as circunstâncias. Como lhe digo sempre, ela não estará só. Nunca esteve, não está e nunca estará só, enquanto eu por cá andar. Posso ser o único. Posso ser um dos poucos. Mas ela sabe que sou resiliente. Serei a parede em que se poderá apoiar quando disso necessitar e se assim o quiser. Pode ser pouco, mas é tudo o que tenho. Eu estou aqui. Eu estarei sempre aqui.

Wednesday, November 17, 2021

Intimidades reflexivas - 1486

"É preciso sofrer depois de ter sofrido, e amar, e mais amar, depois de ter amado." -  Guimarães Rosa (1908-1967)

Tuesday, November 16, 2021

Intimidades reflexivas - 1485

"Cada qual sabe amar a seu modo; o modo, pouco importa, o essencial é que saiba amar." -  Machado de Assis (1839-1908)

Monday, November 15, 2021

Intimidades reflexivas - 1484

"O que impede de saber não são nem o tempo nem a inteligência, mas somente a falta de curiosidade." -  Agostinho da Silva (1906-1994)

Sunday, November 14, 2021

A ignorância sem limites

Antes de dizer ao que venho faço já a minha declaração de interesses, não sou fã de 'reality shows' onde cada um tenta expor a sua ignorância embrulhada em papel brilhante. Não os costumo ver, mas ontem perante o deserto televisivo acabei por fazer 'zapping' e passei num desses monumentos ao telelixo que está a ser exibido entre nós. Estavam a fazer um jogo de palavras que me fez recuar à minha juventude, bem mais recuada na idade do que estes concorrentes. E foi uma resposta duma jovem que me fez parar. Quando um dos seus parceiros citou no grupo de países Andorra, esta jovem que se gaba do seu mestrado (!) afirmou com convicção que Andorra não era um país. Provocou alguma discussão e ela lá acabou por aceitar a contragosto o veredito embora achasse que tinha razão. Mas a burrice não ficou por aqui. Logo um outro quando chegaram à letra G e depois de um deles dizer Grã-Bretanha, logo afirmou de cima da sua sapiência, que Grã-Bretanha também não era um país. Mais um que se afirma com elevados conhecimentos de cultura geral (!). Depois disto, tive vontade de mudar, mas perante tanta ignorância acabei por ficar mais uns minutos na expetativa de que as coisas não iam ficar por aí. E não foi preciso esperar muito. Voltando à letra M para máquinas um dos concorrentes afirmou guindaste. Logo a menina do mestrado (!) fez uma pergunta que nunca esperei ouvir: 'O que é isso?' Confesso que não aguentei mais. Pergunto-me o que se está a passar no nosso ensino? Venho levantando esta questão há um bom par de anos e ainda não encontrei a resposta. E a pessoa que mais se destacou na burrice afirma que tem um mestrado (!) o que ainda agrava mais a situação. Esta juventude sabe falar de moda, de cantores, fazer musculação, etc,, mas é incapaz de produzir uma ideia com o mínimo de solidez. Alguns professores com quem falo dizem-me que o desinteresse dos alunos é enorme. Que futuro lhes está reservado? Pior, que futuro estará reservado a este país com jovens assim? Isto é algo que não consigo explicar. Se calhar é melhor nem tentar buscar resposta. 

Saturday, November 13, 2021

Faria hoje 99 anos

Faria hoje 99 anos, mas há mais de 30 que partiu. Falo do meu Pai. Homem das sete partidas do mundo, dele herdei esta ansia de viajar que, felizmente para mim, começou bem cedo. Algo que me fez abrir horizontes, como já tinha acontecido com ele. Hoje dele resta apenas memórias. É normal salientar as boas e esquecer a menos boas que todos temos. Mas aqui não quero fazer essa contabilidade. Apenas dizer que o meu Pai não gostava de animais até ao dia que se cruzou com um que lhe mudou a visão do mundo. Chamava-se Dick e ele tornou-se inseparável do meu Pai. Este cachorro fez com que ele olhasse para os animais duma outra forma. Quando partiu já o amor pelos animais tinha ocupado o seu coração. O seu amigo Dick ainda por cá ficou, mas partiria um ano depois, certamente cheio de saudades, apesar do tratamento que sempre teve na nossa casa. Hoje recordo a memória do meu Pai e esta outra que sempre achei muito nobre. Este seria o dia do seu aniversário. Lá onde estiveres que estejas em paz, meu Pai!

Friday, November 12, 2021

Animais versus Humanos

Já há dias vos falei deste livro. Refiro-me ao último de José Rodrigues dos Santos de título 'O Jardim dos animais com Alma'. Hoje volto a fazê-lo. Acho-o muito interessante com uma excelente abordagem sobre os animais e o seu comportamento. Muito do que aqui se diz está documentado em vária literatura da especialidade. Infelizmente não traduzida em português na sua maioria, e quando traduzida, é de péssima qualidade. Tudo o que aqui se diz sobre os animais está cientificamente demonstrado. É sempre melhor chegar a um público mais vasto quando se usa a forma do romance, daí a sua importância. Voltarei a este livro um dia destes mais detalhadamente. Entretanto, deixo aqui a sugestão. 

Thursday, November 11, 2021

Matadouros, o inferno dos animais

Volto de novo, e pela terceira vez, ao livro de José Rodrigues dos Santos de título 'O Jardim dos Animais com Alma'. Tenho vindo a promover este livro junto das pessoas que amam os animais mas, sobretudo, para os outros para quem a vida dum ser nada representa. Um dia Paul McCartney, um dos míticos músicos da saudosa banda inglesa 'The Beatles' disse que: 'Se os matadouros tivessem vidros como os bancos, ninguém comeria carne'. E isso é verdade. Sobretudo para quem já os visitou e ficou chocado, incomodado, revoltado, enojado, com tudo aquilo que o ser dito humano é capaz de fazer aos animais. Não me vou alongar sobre este tema, mas peço que leiam este livro. Na segunda parte do mesmo, a cena passa para dentro dum matadouro. Tudo o que lá se diz é verdadeiro, atrever-me-ia a dizer que até é bem pior do que a narração. Leiam e pensem, sobretudo aqueles ignorantes que proclamam que precisam de proteínas para a sua vida e dos seus filhos. Gente estúpida que nada sabe do que fala, apenas com o intuito de alimentar a sua não menos estúpida gula. Nem sequer sabem que a tão propalada proteína de que falam se encontra na natureza e nas plantas. Não sabem que a proteína animal é chamada de 'proteína processada'. Não sabem que os animais maiores e mais poderosos da natureza são herbívoros. Gente desta nem merece o ar que respira. Quando estão com um pedaço de carne na frente só pensam na sua estúpida gula, porque apenas vêm um pedaço dum ser que já foi descaraterizado não percebendo o enorme sofrimento que o animal teve antes de morrer. Os matadouros são o inferno dos animais, podem crer. E depois não me venham falar dos chineses. E aqueles que matam e/ou comem esses pobres seres são uns verdadeiros assassinos. Leiam e reflitam neste belo livro. A forma de romance facilita a chegada da mensagem mais facilmente a um número maior de pessoas. Uma excelente prenda para o Natal que se aproxima. Talvez isso vos faça olhar para o Natal com olhos bem diferentes e mais humanos, não o humano que assassina, mas o humano que tem um coração largo. Enquanto escrevo esta linhas milhares de seres estão a ser abatidos nas mais infernais condições sem que disso nos apercebamos. Comente este livro e partilhem-no muito, sobretudo para aqueles que ainda não atingiram o patamar superior da condição da vida que todos, mas mesmo todos sem exceção de espécie, merecemos.

Wednesday, November 10, 2021

O enigma de 'O Jardim das Delícias Terrestres' de Hieronymus Bosch (Ou a relação do Homem com os animais e a natureza)

Já aqui falei deste quadro e a ele volto de novo. Esta obra de Hieronymus Bosch é um tríptico que pretende mostrar a vida do Homem a viver em paz com os animais, uma espécie de paraíso terrestre. A primeira parte do tríptico mostra o paraíso perdido de Adão e Eva, a segunda mostra um jardim em que homens e animais convivem aparentemente em paz uns com os outros e, a terceira mostra uma visão noturna de homens e animais em sofrimento diante de uma cidade em chamas. Por outras palavras, o primeiro mostra a harmonia dos seres humanos com os animais, a segunda o jardim conspurcado com o pecado do Homem perante a natureza e como subjuga os animais e o terceiro o efeito catastrófico da ação do Homem sobre o mundo natural e como corrompeu a natureza. Mas este quadro que foi pintado em 1504 tem uma vertente enigmática que tem escapado aos investigadores. Hieronymus Bosch nasceu em 1459 precisamente no ano referenciado na 'Chymische Hockzeit Christiani Rosencreutz anno 1459' ou as 'Núpcias Quymicas' que é o livro fundamental do movimento rosacruz. Este quadro é uma espécie de hino em tela de Bosch à santidade da vida animal e à sua união com o humano e o divino. A mensagem deste quadro foi associada à mensagem do 'Paradisusanime intelligentis' de Meister Eckhart. Este foi, e ainda é, um quadro muito polémico com leituras herméticas e cabalísticas. Muitos têm procurado desvendar o seu enigma sem que o tenham conseguido, dando a entender que este só será possível ser interpretado por iniciados em matérias exotéricas. Um quadro perturbador que podem observar e sobre ele refletir encontra-se em exposição no Museu do Prado, em Madrid. Ver e refletir porque o enigma permanece fechado em si mesmo.

Tuesday, November 09, 2021

Intimidades reflexivas - 1483

"Há ocasiões em que me pergunto por que motivo, cada vez com mais frequência regresso à Beira Alta, e a única resposta é que me sinto um cão que deixou por aqui, não sei bem onde, um osso enterrado, que me lembro do osso sem ter a certeza de que osso é que era, nem em que lugar o escondi e, no entanto, necessito encontrá-lo como se o osso fosse, para mim, uma questão vital. O problema consiste no facto de com os anos terem mudado quase tudo: tantos prédios novos, tantas ruas, tanta gente estranha." - António Lobo Antunes (Excerto, Terceiro Livro de Crónicas)

Monday, November 08, 2021

Intimidades teflexivas - 1482

"O tempo só existe quando paramos." - José Luís Peixoto in 'Almoço de Domingo'.

Sunday, November 07, 2021

Intimidades reflexivas - 1481

"A árvore, quando está sendo cortada, observa com tristeza que o cabo do machado é de madeira." -  Provérbio Árabe

Saturday, November 06, 2021

Intimidades reflexivas - 1480

"Somente a mulher sabe do que a mulher é capaz." - Somerset Maugham (1874-1965)

Friday, November 05, 2021

Intimidades reflexivas - 1479

"As pessoas pedem-te uma crítica, mas querem apenas um elogio." - Somerset Maugham (1874-1965)

Thursday, November 04, 2021

Intimidades reflexivas - 1478

"Eu sou o viajante do deserto que, no regresso, diz: viajei apenas para procurar as minhas próprias pegadas. Sim, sou aquele que viaja apenas para se cobrir de saudades. Eis o deserto, e nele me sonho; eis o oásis, e nele não sei viver." - Mia Couto

Wednesday, November 03, 2021

Intimidades reflexivas - 1477

"Quando eu te vi me apaixonei e tu sorriste porque sabias." - William Shakespeare (1564-1616)

Tuesday, November 02, 2021

Dia de Finados

Este sim, é o dia de finados, dedicado a todos aqueles que já deixaram a dimensão que é a nossa. Partiram para uma outra dimensão astral, pelo menos é isso que queremos acreditar, quanto mais não seja para apaziguar esta nossa realidade material que se vai esvaindo ao longo do ciclo da vida. Neste dia, há quem vá visitar os cemitérios, tenham ou não lá familiares, porque será assim a maneira de os homenagear quando passaram por este ciclo terreno. Outros vão mesmo 'passar algum tempo' com aqueles que foram os seus familiares com os quais privaram, memórias que chegam e partem, lembranças dum outro tempo e espaço, que muitos de nós não querem deixar perder-se. Um dia de (re)encontro com o passado. Um dia que, para muitos, não é um dia fácil. Tal como para mim o não será.

Monday, November 01, 2021

Dia de Todos os Santos

Mais um daqueles dias em que se confundem os significados. Este é o Dia de Todos os Santos e que as pessoas, - talvez fruto do dia ser feriado -, confundem com o dia de finados que ocorre no dia seguinte. É a corrida aos cemitérios, é as homenagens (visíveis ou não) que são feitas aos que já partiram. Alguns só neste dia - erradamente - se lembram de vir prestar homenagem a quem partiu, esquecendo-os durante o resto do ano. Coisas complicadas, num 'folclore' que por vezes chega a ser complicado de entender. 'O seu a seu dono' como diz o jargão popular. Embora este seja o dia em que as pessoas acorrem aos cemitérios, o dia dedicado a eles, será amanhã e não hoje.