Turma Formadores Certform 66

Wednesday, May 31, 2023

Intimidades reflexivas - 1599

"Tenho o privilégio de não saber quase tudo. E isso explica o resto." - Manoel de Barros (1916-2014)

Tuesday, May 30, 2023

Hoje celebra-se o AMOR!

Hoje celebra-se o AMOR!

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E porque todos os dias são dias de celebrar o Amor, hoje é dia de celebrar todos aqueles que acreditam que o Amor é a maior fonte de vida!
Amar e ser Amado é a melhor coisa que a vida nos oferece a cada dia e, para mim, é o caminho da felicidade! A falta de Amor é a pior de todas as pobrezas... tão fácil ser-se rico, basta que a entrega seja pura, genuína, transparente e sem medos.
Alguém duvida que o Amor é o nosso melhor aliado no caminho que vamos fazendo ao longo da vida? Ajuda-nos a enfrentar obstáculos, auxilia-nos nos momentos difíceis, ampara-nos em dias tristes, de solidão... Porque o Amor é mais forte do que TUDO, mais forte do que o medo, mais forte do que a maldade, do que o egoísmo...
O Amor cabe em qualquer lado, em qualquer coração, cabe em qualquer um de nós...
O AMOR CABE ATÉ ONDE NÃO TEM CABIMENTO!
💗💗💗

Monday, May 29, 2023

Descansa em paz, Tina Turner!

Em 2020, Turner disse que apesar de ter sérios problemas de saúde, os últimos 10 anos de sua vida incorporaram sua visão ideal de felicidade. “Encontrei a felicidade porque não desejo nada. É uma felicidade que eu nunca soube que existia. Antigamente, a felicidade era: 'Ah, comprei um vestido!' 'Oh, fique com este carro!' Foram todas as coisas materiais. Agora eu me levanto de manhã e medito. Por dentro, uma sensação de bem-estar onde você está sentado, exatamente onde deseja estar. Não há nada que você queira. As pessoas pensam quando você está no palco, que são seus dias de glória. As luzes, as roupas... Não foram meus dias de glória. Estes, agora, são meus dias de glória." “A felicidade verdadeira e duradoura vem de um espírito inabalável que pode brilhar, não importa o que aconteça.”

Sunday, May 28, 2023

"Salazar Confidencial - A História Secreta da Rede de Cunhas e Favores do Estado Novo" - Marco Alves

Para quem acha que a corrupção invadiu a democracia e só nela há espaço para tal, este livro vem demonstrar o contrário, coisa que os menos jovens já sabiam, porque vivenciaram essa época. Este livro é uma verdadeira pedrada no charco e merece uma leitura muito atenta. Durante quatro décadas, António de Oliveira Salazar recebeu milhares de cartas de amigos, familiares, ministros, padres e figuras ilustres da elite do Estado Novo. Mendigavam ao presidente do Conselho favores, ajudas e cunhas para obterem um cargo, uma promoção, uma casa em Lisboa ou uma palavra de Salazar para intervir em todo o tipo de problemas, incluindo em processos judiciais e em casos de crime, violência e adultério envolvendo figuras notáveis da sociedade. É a primeira vez que toda a correspondência particular enviada a Oliveira Salazar é tratada para um livro, numa investigação exaustiva sobre 2446 processos individuais, de onde se analisaram 70243 páginas de cartas, relatórios, currículos e fotografias. Os documentos mostram os surpreendentes bastidores do Estado Novo, expondo a intimidade de um regime sustentado em cunhas e favorecimentos pessoais. A autoria é de Marco Alves. A Edição é da editora Ideias de Ler.

Saturday, May 27, 2023

Sintam-se abraçados

Há um poder de cura no abraço que ainda desconhecemos.
Abraço cura ódio. Abraço cura ressentimento. Cura cansaço. Cura tristeza.
Quando abraçamos soltamos amarras.
Perdemos por instantes as coisas que nos têm feito perder a calma, a paz, a alma...
Quando abraçamos baixamos defesas e permitimos que o outro se aproxime do nosso coração. Os braços se abrem e os corações se aconchegam de uma forma única.
E nada como o abraço de...
“Eu Amo Você”.
Abraço de “Que Bom Que Você Está Aqui”.
Abraço de “Ajude-me”.
Abraço de "Até Breve".
Abraço de "Que Saudade!"
Abraços...
Quando abraçamos somos mais do que dois; somos família, somos planos, somos sonhos possíveis.
E abraço deveria, sim, ser receitado por médico pois rejuvenesce a alma e o corpo."
Sintam-se abraçados.

Friday, May 26, 2023

Intimidades reflexivas - 1598

"Para a grande maioria dos ricos, a principal satisfação consiste no desfile da própria riqueza." - Adam Smith (1723-1790) 



Thursday, May 25, 2023

Intimidades reflexivas - 1597

"E se uma noite um demónio se esgueirasse por entre as frinchas da porta e, assomando à tua mais solitária solidão, te dissesse: Esta vida, assim como tu a vives agora e como a viveste, terás de vivê-la ainda uma outra vez e inúmeras vezes? A eterna ampulheta da existência voltada ao contrário, ua e outra vez, e tu com ela, poeira no meio do pó?" - Friedrich Nietzsche (1844-1900)

Wednesday, May 24, 2023

Feliz aniversário minha Mãe!

Seriam 89 os anos que completaria no dia de hoje. Falo da minha Mãe Maria Odette. já à mais de duas décadas que partiu, mas Mãe tem sempre um significado especial para qualquer um. Por isso aqui quero lembrá-la neste dia que era o do seu aniversário. Morreu ainda longe de ser velha. Sempre com muita atividade como sempre a conheci. Mas o tempo, esse implacável destruidor, acabaria por fazê-la esmorecer e partir. Deixou um vazio enorme na minha vida. Afinal ela era a última pessoa daquela família nuclear em que nasci e vivi. As pessoas passam e as memórias ficam. Por isso aqui estou a recordá-la. Feliz aniversário minha Mãe! Lá onde estiveres que estejas em paz!

Tuesday, May 23, 2023

Intimidades reflexivas -1596

"Pela fé, concluímos que, para compreender o sentido da vida, devo renunciar à minha razão, aquela mesma que exige um sentimento para a vida." - Liev Tolstoi (1828-1910)

Monday, May 22, 2023

Quatro anos de saudade

Passam hoje quatro anos sobre o falecimento do meu querido Nicolau. Um cão guerreiro e poderoso que, no seu apogeu, mantinha em respeito qualquer um. Um cão que resgatei à rua ainda bebé em madrugada de forte temporal. Mas o Nicolau acabaria por entrar em declínio e morrer, como acontece a todos nós. Depois de dezasseis anos e meio de companhia foi doloroso vê-lo partir. Mas este é o ciclo da vida e disso ninguém escapará. Quero acreditar que ele estará feliz e contente nesse país do arco-íris que acredito que exista onde ele estará a coberto de todo o seu sofrimento. Lutou até ao fim como bom guerreiro que era mas acabou vencido pela morte inexorável. Deu o último suspiro bem junto de mim como sempre esteve ao longo da vida. Hoje, quatro anos volvidos, aqui quero trazer a memória do Nicolau e nela abraçar todos os que passaram pela minha vida a quem tentei dar dignidade até ao fim dos seus dias, mas também, quero abraçar todos os outros, cães de ninguém, a quem eu ajudei e que tanto amor me retribuíram. Um cão é um ser muito nobre bem mais digno de amor e carinho que muito ser humano. Sei bem do que falo e por isso aqui o afirmo sem hesitações. Sempre vivi com cães desde que me conheço, agora não quero mais. O Nicolau foi o fim de ciclo. Sempre tive receio de um dia chegar a minha hora e deixar para trás seres que tanto amo e que sempre me retribuem em dobro. Por isso não quero. Agora vivo das memórias passadas e que gratificantes elas são. Espero um dia, quando o meu tempo se esgotar neste plano astral, poder reencontrá-los e partilhar com eles esse amor e carinho que sempre me deram. Que estejas em paz, Nicolau!

Sunday, May 21, 2023

Intimidades reflexivas - 1595

"Utilizar o seu verdadeiro nome teria ido contra o Código." - Clough y Mungo in 'Approaching Zero'.

Saturday, May 20, 2023

Intimidades reflexivas - 1594

"Há pessoas - entre as quais me incluo - que detestam os finais felizes." - Vladimir Nabokov (1899-1977) in 'Pnin'.

Friday, May 19, 2023

No meu coração

Hoje trago uma foto sem flashes, efeitos ou edições. Trago-vos uma foto do meu coração. Trago-vos uma foto que vale ouro. Nela estou eu e três corações que a vida castigou... Que a vida tentou dobrar e não conseguiu. Três seres que entraram na minha vida com as suas histórias... Me fizeram chorar.. me mudaram para sempre... Um deles é o dono do meu coração. O meu cão. Largado na rua ainda cachorro ao frio da noite e que mudou a minha vida para sempre... Traz com ele medos que não consegui fazer desaparecer mas que me mudou a vida sempre... Os manos pretinhos que viram a vida passar acorrentados juntos numa árvore... A ver os dias passar enquanto o sol nascia e se punha... Ela, a Mandela, com o crânio aberto, língua cortada e maxilar partido a abraçar a vida com toda a sua força... Consegui juntar todos numa foto porque todos me mudaram a vida ... Todos posaram para mim e contaram a sua história... Todos me fizeram chorar de tristeza e alegria... Todos com muito para nos ensinar... No meu coração vivem eles... As suas histórias e os seus ensinamentos para que continue a ajudar todos os que os ajudam... Todos os patudos que se cruzam com tiranos, criminosos e tristes sinas... No meu coração vive amor.

Thursday, May 18, 2023

Intimidades reflexivas - 1593

"Ah, Watson - disse Holmes. - Pode ser que você também não se comportasse muito elegantemente se se visse privado num instante de esposa e de fortuna." - A. Conan Doyle (1859-1930) in 'Aventuras de Sherlock Holmes'.

Wednesday, May 17, 2023

Sempre...

Sempre que for necessário, aprenda a virar as costas com elegância... com a mesma elegância de quem com pouca inteligência, te feriu.

Tuesday, May 16, 2023

Permita-se...

Permita-se ser mal vista,

mal falada, mal avaliada!
Permita que se enganem a seu respeito,
que dêem risadinhas pelas costas!
Permita que julguem, que cochichem,
que acreditem saber quem você é!
Permita que te "olhem torto",
que se afastem, que te excluam,
que te rejeitem!
Deixe sua reputação cair por terra,
enfrente seu maior pesadelo!
E veja que SIM, ela acaba em morte!
Morte desta que era escrava "dos outros".
E então viva, viva livre, sem medo.
Porque a "outra" não tem mais
poder sobre você.

Monday, May 15, 2023

Intimidades reflexivas - 1592

"Desapareceu diante dos nossos olhos sem que possamos adivinhar como." - Gaston Leroux (1868-1927) in 'O Fantasma da Ópera'.

Sunday, May 14, 2023

Intimidades reflexivas - 1591

"Por vezes o destino é como uma pequena tempestade de areia que não pára de mudar de direcção. Tu mudas de rumo, mas a tempestade de areia vai atrás de ti. Voltas a mudar de direcção, mas a tempestade persegue-te, seguindo no teu encalço. Isto acontece uma vez e outra e outra, como uma espécie de dança maldita com a morte ao amanhecer. Porquê? Porque esta tempestade não é uma coisa que tenha surgido do nada, sem nada que ver contigo. Esta tempestade és tu. Algo que está dentro de ti. Por isso, só te resta deixares-te levar, mergulhar na tempestade, fechando os olhos e tapando os ouvidos para não deixar entrar a areia e, passo a passo, atravessá-la de uma ponta a outra. E quando a tempestade tiver passado, mal te lembrarás de ter conseguido atravessá-la, de ter conseguido sobreviver. Nem sequer terás a certeza de a tormenta ter realmente chegado ao fim. Mas uma coisa é certa, quando saíres da tempestade já não serás a mesma pessoa. Só assim as tempestades fazem sentido. " - Haruki Murakami in 'Kafka à Beira-Mar'.

Saturday, May 13, 2023

Intimidades reflexivas - 1590

"A vida é uma tempestade, meu amigo. Um dia você está tomando sol e no dia seguinte o mar te lança contra as rochas. O que faz de você um homem é o que você faz quando a tempestade vem." - Alexandre Dumas (1802-1870) in 'O Conde de Monte Cristo'.

Friday, May 12, 2023

Intimidades reflexivas - 1589

"Toda a sabedoria do mundo está nos olhos desses bonecos de cera." - Valéry Larbaud (1881-1957) in 'Poemas'.

Thursday, May 11, 2023

"Águas Passadas" - João Tordo

Durante treze dias de Janeiro de 2019, a chuva cai sem misericórdia sobre Lisboa. É quando aparece a primeira vítima, na praia de Assentiz: uma jovem de quinze anos trazida pela maré. O seu corpo apresenta marcas de sofisticada malvadez. A primeira agente no local é Pilar Benamor, uma subcomissária da PSP cuja coragem e empenho em descobrir a verdade ocultam segredos dolorosos. A jovem vítima é Charlie, filha de um empresário inglês, mas logo a vítima de um segundo crime brutal - um rapaz de dezassete anos - aparece na floresta de Monsanto, em condições macabras. Estas duas mortes prematuras e violentas abrem caminho a uma investigação que irá descarnar a alta sociedade portuguesa e o submundo do crime. Ao longo desse inclemente mês de Inverno, Pilar desbrava caminho na investigação, contra tudo e todos e com a ajuda de Cícero, um misterioso eremita. Desobedecendo a ordens superiores e colocando a própria vida em risco, vai penetrar no mundo escuro e tenebroso de um psicopata, enquanto luta com os fantasmas que há muito carrega: um pai polícia que morreu em serviço, um vício que a consome e a vulnerabilidade num mundo dominado por homens. Depois da estreia no género com A Noite em que o Verão Acabou, João Tordo regressa com um policial de ritmo imparável e delicada sensibilidade, que vai ao âmago dos nossos piores medos. João Tordo nasceu em Lisboa em 1975. É autor de dezasseis livros, divididos entre o romance, o policial e o ensaio. Venceu o Prémio Literário José Saramago em 2009, com o romance As três vidas, e o Prémio Literário Fernando Namora em 2021, com FelicidadeFoi ainda finalista do Prémio Literário Europeu, do Prémio P.E.N. Clube, do Prémio Oceanos, do Grande Prémio de Romance e Novela APE e do Prémio da Sociedade Portuguesa de Autores, entre outros. Toda a obra de João Tordo está publicada na Companhia das Letras. Os seus livros estão editados em vários países, incluindo França, Itália, Alemanha, Brasil, Hungria, Espanha, Argentina, México e Uruguai. A edição é da Companhia das Letras. Já agora, leiam este livro antes dum outro que já aqui trouxe 'Cem Anos de Perdão'. Assim compreenderão melhor a história deste outro livro.

Wednesday, May 10, 2023

Intimidades reflexivas - 1588

"Vede esta casa. Foi construída por um espírito santo. Barreiras mágicas a protegem." - Livro dos Mortos

Tuesday, May 09, 2023

Intimidades reflexivas - 1587

"Digna de ser morena e sevilhana." - Clara Campoamor Rodrigues (1888-1972) in 'El Tren Expreso'.

Monday, May 08, 2023

Não sou bela nem feia

Não sou bela, nem feia
Sou mulher...
Vivo entre sonhos e emoções,
Sei o que busco,
Amor e poesia, vida e magia...
Não sou triste,
apenas sinto saudades.
Sou atrevida com a vida,
A quero inteira.
Sou mulher, não frágil, apenas delicada.
Tenho fé....
Não aceito,
Porta entreaberta...
Nem sorrisos pela metade.

Sofia Flor Rocha

Sunday, May 07, 2023

Dia da Mãe

Celebra-se hoje o Dia da Mãe. Já não tenho a minha vai para muitos anos. Por isso, apenas a celebração da sua memória me resta. Quando criança o celebrei desde a escola primária, hoje ensino básico, embora nessa altura se celebrasse a 8 de Dezembro. Era uma espécie de prenúncio para o Natal que se aproximava, numa época em que só se recebiam brinquedos nessa altura. E as crianças como eu, ficávamos mais motivadas. Hoje este dia celebra-se em Maio, coisas que o calendário que fomos inventando nos leva a ajustar. Seja como for, quero aqui deixar a minha saudação a todas as mães do meu país e do mundo. Tenham um Dia da Mãe muito feliz!

Saturday, May 06, 2023

Enquanto os anjos choram

Enquanto os Anjos choram. Também eu vou partir. Não irei ficar muito tempo. Também eu vou deixar de sentir e ver as lágrimas dos Anjos. Sim, as lágrimas. O que será a chuva senão as lágrimas dos anjos que choram? São eles a chorar. Eu sei disso. Não me venham com explicações sem sentido porque eu sei que eles estão a chorar. Enquanto ele dormia, sussurrei-lhe ao ouvido que também eu iria partir. Queria dizer-lhe isso mas ao mesmo tempo não queria que ele soubesse que era mais rápido que o que pensava. Afinal, íamos todos jantar fora, íamos sair, beber um copo, palmilhar esta cidade que tanto adoro, o Porto. Mas não aconteceu. Também eu vim para cá para partir. É esta a minha última morada. Era o que dizia quando me perguntavam porquê. Porque quiseste vir? Há, a tal escuridão de que falavam e que faziam questão de lembrar... Uma cidade escura, onde eu via brilho. Uma cidade pequena, onde eu sentia o tamanho do mundo. Uma cidade fria, mais fria, mais chuvosa, onde os Anjos mais choravam. São eles a chorar. Por nós, pelo mundo, pelas pessoas. Eles choram sabiam? Abriu os olhos. Os lençóis são brancos. Do lado esquerdo uma janela. Passam algumas pessoas ao fundo. Existem máquinas, fios, um copo de água numa pequena mesa de metal creme. Lá fora, pela tal janela, vimos aquilo a que todos chamam chuva. São eles. Estão a chorar. Sabem que ele vai chegar em breve. Eu também. Muitos outros vão chegar. De um momento para o outro tudo muda. O nosso jantar. O nosso passeio. Enquanto isso, estamos desfocados. Perdidos. Demasiado ocupados onde não deveríamos estar muitas vezes. Perdemos tempo. Tempo. Esse precioso. Pausamos onde não devíamos sequer respirar. Demoramos onde não nos querem, onde não pertencemos. Dizem que está tudo marcado. O caminho. O porquê de ficarmos ou não. Dizem que existe lá em cima alguém que manda. É ele que decide. Dizem que voltamos. Voltarei? Se voltar, não quero sofrer. Não quero ouvir histórias tristes. Só quero ir jantar contigo. Beber um copo. Não quero ver esses lençóis brancos onde aguardas a tua hora de te despedir e vês lá fora os anjos a chorar. Estou agora numa esplanada. Começou a chover. As pessoas correm. Escondem-se. Não gostam de sentir as lágrimas. Claro que não. As lágrimas são de tristeza. Estas são. Passa um rapaz com um cão. Aproxima-se da esplanada. Existem chapéus abertos. Refugia-se debaixo de um deles. Branco. Como os lençóis. O cão olha para mim fixamente. Parece que me lê a mente. Sorrio. O cão continua fixo a olhar. Sabiam que eles sentem coisas que os humanos não sentem. O rapaz olhou para mim, para o cão, novamente para mim. Diz-me, "Ele não morde, é meigo". Talvez pensasse que eu estava com medo. Eu sei, estávamos apenas a conversar os dois. Mas, não iria dizer-lhe isto. Não passaria de mais um louco por aí. As lágrimas ficam mais fracas. Caiem com menor intensidade. E eu continuo ali. Olho o céu por uma brecha dos chapéus. Fixo um ponto mais claro. Talvez seja o brilho de um sorriso. O rapaz e o cão afastam-se. Mais na frente, o cão volta-se e olha de novo para mim. Sinto uma leve dor. Coisa sem importância. Não me vou preocupar. Todos temos dores. O cão fica agitado. O rapaz tenta controlá-lo. Uns segundos mais, e vai em paz. Vejo-os desaparecer pelo meios dos edifícios carregados de azulejos coloridos. Assim como ele falou para mim, o cão, falem também com os vossos animais, os vossos amigos, amores, paixões, os vossos mais que tudo sejam eles quem forem. Enquanto podem... Tudo passa como o vento. A vida é uma cabana feita de lençóis, brancos, que no primeiro vendaval, nos leva, e nos impede de voltar a sentir a chuva. A chuva, dizem... Mas eu sei que são os Anjos a chorar. Vou estar por aqui. Vou observar. Pensar nos que não consegui conquistar, os que não se me chegaram seja porque motivo foi, embora, eu tenha tentado. Vou pensar também nos que toquei com o meu coração. Vou falar sozinho. Observar os cães. Os que falam comigo. Todos. Vou tentar pedir a quem manda, um pouco mais. Para me deixar ficar, respirar, sentir. Vou querer estar por aqui mais um pouco. Talvez vocês ainda me vejam por aí, pela rua, a vaguear... Enquanto os Anjos choram.

Cláudio Porto

Friday, May 05, 2023

Intimidades reflexivas - 1586

"- Não sentes o cheiro dos jasmins? - Quais, se já não há jasmins? - Os que aqui havia antigamente." - Antonio Burgos in 'Sevilha'.

Thursday, May 04, 2023

Intimidades reflexivas - 1585

"No tempo já distante em que, estudando s sublime Ciência, nos debruçávamos sobre o mistério repleto de pesados enigmas." - Fulcanelli in 'O Mistério das Catedrais'.

Wednesday, May 03, 2023

Intimidades reflexivas - 1584

"Em si estão todas as mulheres do mundo." - Joseph Conrad (1857-1924) in 'A Flecha de Ouro'.

Tuesday, May 02, 2023

"A Pele do Tambor" - Arturo Pérez-Reverte

Faltam onze minutos para a meia-noite quando o sistema central do Vaticano é atacado por um vírus informático que divulga uma mensagem sobre uma igreja em Sevilha que "mata para se defender". O enigma agita os serviços de informação, que se empenham como nunca em descobrir a identidade do hacker. Lorenzo Quart, padre “fiável como um canivete suíço”, parte com a missão de investigar a igreja envolvida na polémica e depara-se com uma realidade mais complexa do que esperava. Há o velho padre e o seu jovem acólito; a mulher adúltera de olhos cor de mel; a freira americana que está a restaurar as obras de arte da igreja; um banqueiro ciumento; três pitorescos bandidos; vários homens de negócios e até mesmo o arcebispo de Sevilha. Uma obra na qual pulsam o mistério e a intriga, a tensão dramática e as paixões humanas. A Pele do Tambor é um testemunho do amor de Pérez-Reverte pela Arte, a História, e a belíssima cidade de Sevilha. Sobre o autor, Arturo Pérez-Reverte nasceu no ano de 1951 em Cartagena. Licenciado em Ciências Políticas e Jornalismo, trabalhou durante doze anos no jornal Puebloe nove nos serviços informativos da Televisão Espanhola (TVE), sendo especialista em temas de terrorismo, tráficos ilegais e conflitos armados. Foram muitos os prémios que ganhou na área da reportagem, nomeadamente o Prémio Astúrias de Jornalismo pela cobertura para a TVE da guerra da ex-Jugoslávia. Há já alguns anos, este jornalista de profissão dedica-se exclusivamente à literatura. E edição é das Edições ASA II, S.A..

Monday, May 01, 2023

Viva o 1º de Maio!

Mais um 1º de Maio se celebra num tempo em que a unidade deveria prevalecer sobre a desunião. Em tempos em que a democracia, e aqueles que nela acreditam, devem estar vigilantes, vemos muitas fissuras na muralha que a devia defender. Sei que não é uma manifestação com alguns símbolos que fará as coisas mudarem, mas são sempre momentos para pensarmos para além do nosso partido, do nosso interesse pessoal, enfim, para além do óbvio como costumo dizer. Este será mais um 1º de Maio em liberdade, e isso só por si, nos devia convocar. Porque há países onde isso ainda não é possível como não o foi entre nós durante quase cinco décadas. Expliquemos aos jovens os benefícios da democracia face à ditadura que eles não conheceram, e do bem precioso que tudo isso representa. Afinal o 1º de Maio também é tudo isto. Viva o 1º de Maio!