Turma Formadores Certform 66

Saturday, September 30, 2017

Tudo bem!...

Antes de ir ao abrigo passei no lavrador. Ainda era noite, mas o Repinhas logo apareceu. Cheirou a comida, fez o seu xixi no pneu do carro e foi-se embora. Não tem fome, nitidamente. A massa com pedaços de carne que ele tanto gostava, parece já não ser do seu agrado. Até a caixa de paté, que era a sua guloseima de eleição, parece que hoje não lhe agradava. Fui para o abrigo e tudo me pareceu normal. Havia ração de gato nas duas taças, sinal de que a Paula por lá tinha passado. Deixei ração de cão numa delas, bem como a restante comida que o Repinhas não quis. Logo a gata apareceu e foi comer o paté. Quando vim embora ela lá continuava a comer o paté. Hoje foi a sua predileta. Não tenho visto o siamês desde à muito tempo. Não sei se lhe aconteceu algo ou se se desinteressou da gata. O certo é que não o vejo por lá. Hoje não tenho fotos porque me esqueci do telemóvel. Daí estar a utilizar uma foto da semana passada.

Friday, September 29, 2017

Intimidades reflexivas - 1094

"Um idealista é um homem que, partindo de que uma rosa cheira melhor do que uma couve, deduz que uma sopa de rosas teria também melhor sabor." - Ernest Hemingway (1899-1961)

Thursday, September 28, 2017

Intimidades reflexivas - 1093

"Para toda a espécie de mal, há dois remédios: o tempo e o silêncio." - Alexandre Dumas (1802-1870)

Wednesday, September 27, 2017

Intimidades reflexivas - 1092

"Apenas se deveriam ler os livros que nos picam e que nos mordem. Se o livro que lemos não nos desperta como um murro no crânio, para quê lê-lo?" - Franz Kafka (1833-1924)

Tuesday, September 26, 2017

Intimidades reflexivas - 1091

"Para falar ao vento bastam palavras, para falar ao coração são necessárias obras." - Padre António Vieira (1608-1697)

Monday, September 25, 2017

A encruzilhada alemã

Ontem um novo rumo aconteceu, quer para a Alemanha, quer para a Europa. A vitória de Angela Merkel foi uma típica vitória de Pirro. Doze anos no poder é demasiado tempo e isso foi claro. A contrabalançar isto, os alemães desviaram o seu voto para a AfD (Alternative für Deutschland), partido de extrema direita que acaba por entrar no Bundestag e com um resultado importante. Se se analisar bem as votações, fica-se com a sensação de que este partido acabou por 'engordar' com os votos transferidos da CDU (Christlich-Demokratische Union Deutschlands) e do SPD (Sozialdemokratische Partei Deutschlands) oriundos de gente desiludida com a 'grande coligação' anterior. Porque Merkel não é tão popular na Alemanha quanto se julga no resto da Europa e com um SPD que apesar duma nova liderança, ainda está longe das grandes causas que defendeu noutros tempos. E com estas pontas soltas, a Alemanha acaba por criar uma situação inédita para si mesma. Todos os partidos já disseram que não se coligariam com a AfD, mas como o SPD ainda ontem anunciou que não voltaria a participar na 'grande coligação', a Merkel só resta uma solução improvável, da 'coligação Jamaica', juntando-se com os liberais do FDP (Freie Demokratische Partei) e com Os Verdes (Bündnis 90 / Die Grünen ou Grüne). Coligação nunca tentada e com algumas interrogações pelo meio. Sabe-se que entre os liberais e os ambientalistas, as relações não são as melhores, mas parece não existir outra alternativa. O SPD na oposição, se ontem pareceu um fator de perturbação para muitos, pode até vir a ser benéfico para contrariar a oposição do AfD, e não os deixar praticamente sozinhos a afrontar o governo. O certo é que a Alemanha está numa encruzilhada. Merkel terá que tratar este assunto com pinças. E a Europa está preocupada. Porque goste-se ou não, a Europa no momento atual, precisa dum líder forte e nenhum parece sê-lo quanto Angela Merkel. Este é um dos dramas que a Europa atualmente enfrenta, mas para o qual ainda não encontrou nenhuma resposta. Daí o drama de ambos. Nem a Europa gerou nenhuma liderança forte alternativa a Merkel, nem a Alemanha foi capaz de a gerar internamente. No entretanto, Merkel continua, mas agora, com enumeras incertezas no seu caminho. Apesar de a Alemanha viver um dos seus períodos mais prósperos de sempre, tal não significa que as coisas estejam estáveis e não estão. A extrema direita, com forte implantação naquilo que era a antiga RDA, vai-se insurgindo contra a política de emigração. Não esquecer que essa parte da Alemanha nunca teve grande tradição de fluxos de pessoas, que não eram incentivadas pelo antigo Bloco de Leste, e assim tem campo fértil para a sua ideologia. Isso só por si, diz bem dos desafios que a Alemanha tem pela frente nos próximos tempos e a que a Europa não pode ficar indiferente.

Intimidades reflexivas - 1090

"O pensamento é tão astuto, tão inteligente, que distorce tudo para a sua própria conveniência." - Jiddu Krishnamurti (1895-1986)

Sunday, September 24, 2017

Intimidades reflexivas - 1089

"O que nos torna insuportável na vaidade dos outros é que ela colide com a nossa." - François La Rochefoucauld (1613-1680)

Tudo bem!...

Quando cheguei ao abrigo tudo estava normal. Ainda havia ração de gato. Apenas a de cão não existia bem o paté. (Ver foto). Abasteci as taças com ração e paté, o resto da comida ficou no lavrador. A gata não apareceu hoje, talvez por ser ainda muito cedo. Acho que alguém passou lá ontem. A taça da ração de gato estava em cima da placa coisa que ontem não deixei e a gata não a colocaria lá. Mas mesmo assim, pelo menos a ração de gato, existia e bastante. Antes tinha passado no lavrador e logo o Repinhas apareceu. Apesar da noite e do nevoeiro, ele parece que estava à minha espera. Comeu uma caixa de paté, mas o resto da comida não quis. A massa que ele tanto gostava ficou para o pónei e os porcos que também já me conhecem e vêm todos ter comigo. Pelo menos ele parece não ter fome. Tive pena que a gata não aparecesse. Mas confio que ainda vá a tempo de comer.

Saturday, September 23, 2017

Intimidades reflexivas - 1088

"Não ensine o seu filho apenas a ler. Ensine-o a ler e a questionar o que está a ler." - George Carlin (1937-2008)

Tudo bem!...

Como tem sido habitual nas últimas semanas, antes de ir ao abrigo passei no lavrador para ver o Repinhas. Ainda com o carro em movimento e já ele saltava o muro para vir ter comigo. Mas anda muito esquisito. Quanto ao paté cheirou e foi-se embora, só veio comer algum depois de muita insistência, como se me estivesse a fazer um favor. A massa que levo e que ele tanto gostava, parece que agora não lhe serve. Definitivamente, não anda com fome. Depois fui ao abrigo. Ainda havia ração de cão e de gato. (Ver foto). Abasteci as taças, coloquei mais ração e água fresca. Logo a gata apareceu e, curiosamente, não quis a ração, mas sim o paté. Esteve a comer durante bastante tempo. Ao sábado vou com mais tempo e fico sempre a vê-la comer. Assim tenho a certeza de que ficou saciada. Depois lá foi embora lentamente, como a ver o que se passava em redor. Estes, pelo menos, comeram. Do siamês nem sinais. Nem sei se ainda anda por lá, ou se lhe aconteceu algo. Não o vejo à um par de semanas.

Friday, September 22, 2017

Intimidades reflexivas - 1087

"Um público comprometido com a (boa) leitura é crítico, rebelde, inquieto, pouco manipulável e não crê em lemas que alguns fazem passar por ideias." - Mário Vargas Llosa

De volta ao outono!...

Aí está de novo! No ciclo interminável das estações do ano, eis-nos chegados ao outono. Como já por diversas vezes aqui disse, esta é a estação da minha preferência. Não sei bem porquê. Talvez pelo seu lado nostálgico, - quiçá romântico -, pela cor, pelos cheiros, sei lá bem!... , se calhar o somatório disso tudo e mais alguma coisa que agora não me ocorre, esta estação encerra aquilo que mais apelo me faz. São as folhas caídas, nesse tom amarelado de fim de vida, que se amontoam aqui e ali pelas ruas, passeios, jardins. É a temperatura mais amena, depois da canícula dos meses de verão. Alguns pingos de chuva aqui e ali, a regar terras sedentas de água. Um carnaval de cor que só nesta estação se conjuga com mais acuidade. Sempre apelo aos sentidos nesta altura. As leituras mais profundas e enriquecedoras. Livros desfiados a esmo. Páginas percorridas com sofreguidão e viradas com ansiedade. Momentos de contemplação que apelam à memória. A tempos já percorridos onde apenas a lembrança ficou. A música mais intimista e nostálgica a preencher os silêncios. Como sabem, sou um admirador de música clássica e sempre - mais uma vez sem saber bem porquê - associo este tempo à música mais contemplativa - sobretudo, executada ao piano, meu instrumento de eleição - com Chopin a ser escutado de ponta a ponta. Sem cansaço. Com sons que são autênticas frases sobre as imagens que a realidade nos mostra. Estas são aquelas sensações renovadas a cada ciclo quando nos posicionamos no equinócio de outono. (Equinócio do Latim: "aequus‚ igual" e "nox‚ noite") definido como o instante em que o Sol, na sua órbita aparente (como vista da Terra), cruza o equador celeste (a linha do equador terrestre projetada na esfera celeste). Mas para além desta notação científica, é a outra, - a dos sentidos -, aquela que mais me interessa. Assim, neste final de dia - lá para as 21,02 horas - ele entrará. Com o seu colorido nostálgico, mas também, com aquele romantismo que está para além das meras notas da astrologia. Que seja bem vindo, se vier por bem.

Thursday, September 21, 2017

Momentos de reflexão!...

A nossa convivência diária não seria possível se eliminássemos a mútua tolerância. Ninguém pode ter a pretensão de tratar apenas com pessoas perfeitas. Por isso, se não quisermos destruir as nossas relações, temos de saber aguentar as limitações e os defeitos uns dos outros e perdoar-nos mutuamente. Perdoar não significa transigir com tudo, nem contemporizar com o mal ou a injustiça; não é também um simples passar de esponja sobre o passado nem um procurar ou fingir esquecê-lo... é um ato de confiança no outro; um recusar identificá-lo pela sua falta; é dar-lhe uma nova oportunidade de reconstruir a vida, de se poder mostrar diferente e melhor, a oportunidade de uma nova partida... É não deixar ninguém para trás marginalizado. Por isso, perdoar é um ato sem contabilidade nem 'última vez'... 

Wednesday, September 20, 2017

Intimidades reflexivas - 1086

"Estamos todos numa solidão e numa multidão ao mesmo tempo." - Zygmunt Bauman (1925-2017)

Tuesday, September 19, 2017

Intimidades reflexivas - 1085

"Tenham cuidado com a maneira como vocês vivem; que não seja como insensatos, mas como sábios." - Efésios 5:15

Monday, September 18, 2017

Intimidades reflexivas - 1084

"Pena é não haver um manicómio para os corações, que para as cabeças há muitos." - Florbela Espanca (1894-1930)

Sunday, September 17, 2017

Há dias assim!...

Inesperadamente, cruzei-me hoje com um grande Homem - aqui o H maiúsculo é de todo importante - como o é o Frei Fernando Ventura. Um andarilho do mundo, um caminheiro das sete partidas, um orador de excelência, um homem duma dimensão bem para além da sua pequena e frágil condição humana. Já não estava com ele à cerca de um mês, e como é gratificante estar com pessoas assim, beber-lhe as palavras sempre tão assertivas. Hoje foi um dia em cheio. Estes são aquela raça de homens que o mundo tanto precisa. É pena que hajam tão poucos assim. Este está a ser um domingo especial para mim a todos os títulos.

Finalmente saímos do 'lixo'

Na sexta feira passada, e duma forma inesperada, a Standard & Poor's - uma das três agências de rating mais importantes - tirou Portugal do 'lixo', ou seja, deu à economia portuguesa a classificação de BBB-, acima da linha vermelha. (Desde logo, isso tem implicações juntos dos investidores que passam a ter mais confiança no rating da República, mas também faz com que, Portugal consiga obter financiamento duma forma mais favorável e diversificada, para além do impacto positivo sobre a dívida pública). Isto é importante, sobretudo nesta altura, quando o Banco Central Europeu  (BCE), se prepara para diminuir a compra de dívida dos países em cerca de cinquenta por cento. Era algo já esperado desde algum tempo, mas que só a teimosia e um certo olhar enviesado sobre o atual governo português, veio a adiar. Mas os resultados têm sido tão fantásticos que já não podiam continuar a fazer de conta que não se passava nada. Agora estão criadas as condições para as outras duas agências - Fitch e Moody's - lhe seguirem os passos. Mas se isto traduz que a governação está no caminho certo, e que a estratégia de Mário Centeno tem sido brilhante, esta atitude também pode indiciar que Centeno está bem posicionado para vir a liderar o Eurogrupo. Nada em política e em economia, - as duas andam sempre juntas para o bem e para o mal -, acontece por acaso. Talvez este seja o sinal para que o Eurogrupo veja em Centeno o líder de que precisa. Não se questiona a subida de rating, mas deve-se questionar o tempo em que tal aconteceu. Todos foram apanhados de surpresa. Seja assim ou não, isto foi um passo importante para o nosso país e vem demonstrar que as opções feitas à dois anos, não eram assim tão disparatadas. Claro que nestas coisas sempre aparecerão outros a reivindicar o seu quinhão, e fá-lo-ão a todo o custo, porque sentem que, cada vez mais, a realidade lhes demonstra que as previsões catastrofistas, afinal, não tinham razão de ser. Mas isso, é a espuma dos dias, o importante é que o nosso país virou uma página importante. Aos portugueses estas coisas ainda demorarão a chegar ao seu bolso porque nada disto tem efeitos imediatos nas populações. Mas a manter-se o rumo, (como terá que acontecer), em breve todos nós o vamos sentir duma forma clara. Por agora é tempo de celebrar. Logo a seguir é tempo de continuar com a mesma determinação que se teve até aqui. Nada é definitivamente adquirido, nem em política, nem em economia, daí o não nos deixarmos embriagar com o êxito recente e deixarmos de olhar para o futuro.

Tenho dúvidas!...

Hoje fiquei com dúvidas quando cheguei ao abrigo. Não sei se a comida foi roubada ou não. Tudo estava vazio, exceto a ração de gato, mas as taças estavam muito bem arrumadas. (Ver foto). Logo a gata apareceu, quase que nem me deixava abastecer a comida. Pedia assim, à Paula se, por acaso, amanhã lá passar, mudar-lhe a água. Não a mudei porque ela foi logo comer e não quis assustá-la. E como estava com pouco tempo - como é habitual ao domingo - acabei por me vir embora e ela ainda continuava a comer. Antes passei pelo lavrador. Logo o Repinhas apareceu, mas não anda de todo com fome. Até o paté que ele tanto gosta, lambeu e quase não comeu e logo foi embora para junto dos seus amigos. Ele acaba por encontrar comida, ou no lavrador, ou noutro sítio qualquer, porque já nem as guloseimas o entusiasmam por aí além. Ele quase que enjeitou a comida e gata ficou a comer. Enfim, pelo menos estes parece que não terão fome no dia de hoje.

Saturday, September 16, 2017

Intimidades reflexivas - 1083

"Poderemos viver o suficiente para assistir a horrores inimagináveis, criados pela mão do homem." .- Nikola Tesla (1856-1943)

O Repinhas não anda com fome!...

No abrigo, ainda havia ração de gato, mas de cão restava pouca. (Ver foto). Abasteci as taças e deixei paté que o Repinhas, - onde tinha passado antes -, não quis. A outra comida ficou no lavrador, para o pónei e os porcos, do que sobrou do Repinhas. Este, logo que me pressentiu, fez a sua aparição ainda o carro estava em andamento. Mas vê-se que vem comer a guloseima, e estar um pouco comigo, e logo vai. É visível que não anda com fome. Já no abrigo, a gata não apareceu hoje. O siamês, desde que a gata foi capturada, nunca mais apareceu. Ou rumou a outras paragens ou, simplesmente, se esconde até me vir embora. Hoje só o Repinhas comeu na minha presença. 

Friday, September 15, 2017

Perdido ou abandonado. Alguém conhece?...

Este cão seguiu-me, esta madrugada, cerca de dois quilómetros no meu habitual exercício. Numa confeitaria em Custóias, a senhora esteve a limpá-lo por ele estar todo molhado porque alguém lhe terá atirado com água. É macho, de porte médio, muito meigo e com sinal de ter usado coleira, que entretanto não tinha. Segue todos os carros. Não sabe andar na estrada e por diversas vezes esteve para ser atropelado. Farejava tudo, estava ofegante e parecia estar muito cansado. Pode estar perdido mas, fiquei com a sensação de que tinha sido abandonado, à pouco tempo. Parece bem tratado. Vê-se que é bem constituído, o que evidencia que, caso tenha sido abandonado, foi-o recentemente. Nota-se que o pêlo ainda dá sinais de estar bem tratado. Veio sempre comigo e depois desapareceu. Não sei para onde foi. Os últimos cem metros até casa ainda tentei ver se o via, mas não, simplesmente desapareceu. Se foi abandonado, só desejo que quem o fez tenha uma vida o mais miserável possível e uma morte horripilante. Se está perdido, aqui fica o apelo. Ele anda, entre Custóias e Recarei. Não sei se continua na zona ou não. Fica aqui o apelo, caso ele tenha fugido de casa, para que o dono o reencontre. Agradeço a partilha, por favor! Obrigado.

Intimidades reflexivas - 1082

"O caminho para baixo e para cima é um e o mesmo." - Heráclito (535 a.C.-475 a.C.)

Thursday, September 14, 2017

Intimidades reflexivas - 1081

"Em tempos de embustes universais, dizer a verdade torna-se um acto revolucionário." - George Orwell (1903-1950)

Wednesday, September 13, 2017

O primeiro dia da Inês na escola básica

Grandes frases com que me cruzei hoje na escola básica onde a minha afilhada Inês vai iniciar o seu novo ciclo. Estou sem temores, mas com muitas expectativas que a Inês siga em frente com força e determinação. Como lhe venho dizendo desde tenra idade, embora saiba que ela ainda não o compreende, é que os segundos são sempre os primeiros dos últimos. Espero que um dia, quando ela for mais crescida, queira saber o significado desta frase que ela tantas vezes me ouviu dizer. E espero, quando isso acontecer, que eu ainda esteja por cá para lhe poder explicar todos os anseios que encerro para ela. Que este seja o início dum novo ciclo, sem medos e/ou temores.

A ternura nas mãos duma criança

Na segunda feira passada, e depois de ter chegado de férias, a nossa afilhada Inês veio cá a casa. À entrada, trazia algo na mão que escondeu atrás das costas e disse-me que só mostrava lá em cima. Mal subiu as escadas dirigiu-se à madrinha e deu-lhe uma pequena lembrança que tinha trazido e que, ela mesma, tinha escolhido. Depois foi o contar sem parar dessa sua experiência. Tudo contado com entusiasmo como sempre as crianças põe naquilo que mais as impressionam. Ontem, ela voltou a nossa casa e, de novo, trazia algo atrás das costas e dizia que só mostrava lá em cima. Repetiu-se o ritual do dia anterior e chegada à parte superior da casa, logo me dirigiu o seu habitual largo sorriso e disse que aquilo que trazia era para mim, e logo me deu um singelo, quanto significativo caramelo. Depois justificou-se dizendo que, no dia anterior não me tinha dado nada porque o que trouxe deu à madrinha, e foi para casa a pensar que também queria dar algo ao padrinho. Um gesto tão simples e que encerra um tão grande significado. Um pequenino coração já tão cheio de amor e carinho pelos seus padrinhos. São estes pequenos, mas significativos gestos, que me levam ainda a acreditar nas novas gerações. Talvez formatadas em outros princípios mais solidários e amigos do que aqueles que, a maioria de nós, professa. Este não é o primeiro gesto da Inês para com os seus padrinhos. Ela que preenche a nossa casa com aquela luz que só a inocência e pureza duma criança é capaz de transportar. Por tudo lhe estamos gratos. Pelo amor, pelo carinho, pela ternura que nos dedica a todo o momento. Gestos simples como simples são sempre os gestos guiados por corações grandes. Que orgulho temos nesta criança! Esperamos que ela um dia perceba o quanto amor lhe dedicamos, nós que sairemos de cena em determinada altura, quando ela estiver a percorrer a estrada da vida. O amor tem destas coisas. E quando esse amor é transportado nas mãos duma criança, ainda assume um maior significado. Como te amamos tanto, Inês! Desejamos-te tudo de bom na vida. Que a estrada da tua vida seja plana e de veredas verdejantes e que a luz que irradias seja sempre um guia para a tua vida e deleite dos teus padrinhos. Que sejas muito, mas mesmo muito, feliz.

"Sonhar com Lázaro" - Richard Zimler

Texto de Richard Zimler em exclusivo para os seguidores desta página.
*
Sonhar com Lázaro

A ideia d’O Evangelho segundo Lázaro ocorreu-me num sonho. Pouco depois de o meu irmão ter morrido com Sida em 1989, sonhei que ele tinha voltado à vida. Vi-o atravessar o pátio de um casarão de pedra sem pintura onde eu me encontrava aparentemente como convidado. Dirigia-se para um anexo ou uma cocheira nas traseiras da casa. Observei-o a entrar para o anexo e depois, quase de seguida, a sair outra vez. Corri para fora do quarto e fui ter com ele ao pátio da mansão. Ele não me recebeu nem com entusiasmo, nem com afeto ou surpresa. Tinha uma expressão tristíssima. Descobri que, embora pudesse falar, e embora soubesse quem eu era, era incapaz de mostrar outra emoção que não fosse tristeza e desapontamento. Estava consciente de que tinha morrido e de que tinha voltado à vida, mas apercebia-se também de que estava enormemente diminuído e de que nunca voltaria a recuperar todas as emoções que tinham feito dele o homem que era. Nunca mais voltaria a sentir paixão, amor, ou entusiasmo. No meu sonho, o rosto dele incomparavelmente pesaroso era o mesmo que eu lhe vira tantas vezes quando cuidava dele no hospital. Não me disse como tinha voltado à vida. E também não me ocorreu perguntar-lhe. Não me aventurei a entrar no anexo; de algum modo, sabia que não o devia fazer. Tive o mesmo sonho depois, pelo menos em duas ocasiões nos princípios da década de 1990. A seguir a cada uma dessas vezes, sentia-me inquieto e desamparado. Até que por fim — tanto quanto me lembro — nunca mais voltei a ter o mesmo sonho. E pensei que nunca mais voltaria a tê-lo. Mas estava enganado. No outono de 2006, pouco depois da morte da minha mãe, voltei a sonhar que o meu irmão tinha voltado à vida naquela mansão. O despertar deixou-me uma vez mais com uma imagem extraordinariamente nítida do rosto triste e inquieto do meu irmão. Sempre que o via com essa expressão no hospital, ficava convencido de que ele estava a pensar na injustiça que era morrer jovem. No decorrer desse dia, ao pensar na expressão inconformada do meu irmão no meu sonho, veio-me ao espírito a figura de Lázaro no Novo Testamento. No Evangelho de João, Lázaro levanta-se de entre os mortos – ressuscitado por Jesus seu amado amigo. Porque teria eu pensado em Lázaro? Não sei. Possivelmente porque tinha acabado recentemente A Sétima Porta, um livro que me obrigara a pesquisar a história e o misticismo judaicos durante muitos meses. Comecei a imaginar o que teria Lázaro sentido ao voltar à vida. De que modo se teria ele sentido mudado ou — como o meu irmão — diminuído pela experiência da morte? Um romance acerca de Lázaro pareceu-me então uma ideia estimulante, e comecei a fazer pesquisas sobre a vida dos judeus na Terra Santa no início da Era Comum. Reli também o Novo Testamento e vários textos sobre os Evangelhos que tinha estudado quando andava a fazer o meu bacharelato em Religião Comparada na Duke University nos Anos Setenta. Mas a exaustão com que me debatia enquanto cuidava da minha mãe não tardou a dominar-me, e senti-me incapaz de reunir as energias necessárias para completar a minha pesquisa. Pensei que talvez nunca mais voltasse a retomar o projeto. Dei por mim incapaz de escrever uma palavra que fosse durante os sete meses que se seguiram à morte da minha mãe. Nos princípios de 2013, porém, depois de acabar o meu livro A Sentinela, voltei a sentir-me entusiasmado com a ideia de escrever um romance sobre Lázaro. Parecia-me ser o tempo certo para me lançar num projeto ambicioso, e pus-me então a ler os livros sobre a Terra Santa na época de Jesus que já lera seis anos antes. E encomendei mais uns trinta textos relevantes. Depois de um período inicial de seis messe de pesquisa — e depois de ter acumulado um vasto somatório de notas dos textos que tinha estudado — comecei a escrever o romance. Acabei-o dois anos mais tarde, em setembro de 2015, cerca de vinte e seis anos depois do meu sonho incial sobre o regresso à vida do meu irmão.

Richard Zimler

* Tradução de José Lima

Tuesday, September 12, 2017

Em dia de aniversário de falecimento de Júlio Dinis

Nasceu no Porto, a 14 de novembro de 1839, e faleceu na mesma cidade, na Rua Costa Cabral, a 12 de setembro de 1871. Joaquim Guilherme Gomes Coelho foi médico e escritor. Rubricou uma carreira literária brilhante, sob o pseudónimo de Júlio Dinis. Hoje é o dia de recordar de 'Morgadinha dos Canaviais' (1868), 'As Pupilas do Senhor Reitor' (1869) ou 'Uma Família Inglesa' (1868). Precisamente foi com este último que comecei a minha saga de leituras que nunca mais terminaram até aos dias de hoje. Tinha 12 anos nessa época, e fiquei fascinado. Era livro obrigatório no colégio que então frequentava. Hoje os mais jovens nem sabem quem ele foi. Coisas dos 'curriculum' escolares.

Intimidades reflexivas - 1080

"Os povos serão cultos na medida em que entre eles crescer o número dos que se negam a aceitar qualquer benefício dos que podem; dos que se mantêm sempre vigilantes em defesa dos oprimidos não porque tenham este ou aquele credo político, mas por isso mesmo, porque são oprimidos e neles se quebram as leis da Humanidade e da razão; dos que se levantam, sinceros e corajosos, ante as ordens injustas, não também porque saem de um dos campos em luta, mas por serem injustas; dos que acima de tudo defendem o direito de pensar e de ser digno." - Agostinho da Silva (1906-1994), in Diário de Alcestes.

Monday, September 11, 2017

Intimidades reflexivas - 1079

"Não digas nada, dá-me só a mão. Palavra de honra que não é preciso dizer nada, a mão chega." - António Lobo Antunes.

Sunday, September 10, 2017

Talvez roubada!...

Quando cheguei ao abrigo, deparei-me com taças espalhadas. (Ver foto). Tudo estava limpo. Talvez a comida tenha sido roubada. Logo a gata apareceu. Via-se que estava com fome porque, apesar de desconfiada, logo veio comer. Abasteci as taças mas não mudei a água para que ela não se assustasse. Quando de lá saí a gata ainda ficou a comer. Costumo esperar que ela acabe a refeição, mas hoje tinha um outro compromisso e não tinha possibilidade de lá ficar. Espero que tenha aproveitado. Antes passei no lavrador e logo o Repinhas apareceu. Comeu o que quis e deixou bastante. Ele vê-se que não anda com fome. Ainda bem para ele. E eu fico, naturalmente, muito feliz.

Saturday, September 09, 2017

O Repinhas e a gata!...

Antes de ir ao abrigo fui ao lavrador ver se via o Repinhas. Ainda estava a estacionar já ele saltava o muro com uma agilidade invejável. Não quis comer o que levei, apenas a caixa de paté lhe interessava. Comeu-a e logo foi embora, indo uma parte da comida que levava para o pónei e para os porcos, que logo apareceram também. Fui ao abrigo e a gata lá estava mas afastada. O Bruno apareceu quase em simultâneo comigo. Penso que ia para me falar de algo, mas terá mudado de opinião. Disse-me que vai lá diariamente para dar uma caixa de paté à gata. (Não sei se é assim, mas hoje deu-lha de facto). Nem três minutos lá esteve e logo se foi. A gata entretanto comia o paté. A ração de cão e a de gato ainda existia em abundância. (Ver foto). Acabei apenas por deixar lá mais uma lata de comida para quem quiser aparecer. A gata queria ir lá, mas só foi quando me vim embora. O siamês não o vi. O Bruno diz que ele andava ali por causa da gata. Não sei se é assim ou não. Não sei se tem dono ou não. O certo é que não o vejo por lá à um par de semanas. Fiquei a saber que a pessoa que adotou o Repas, - o pai do Repinhas -, tem estado em contacto com o Bruno e tem-lhe enviado fotos. Ficou de me enviar essas mesmas fotos para recordar um outro filho do infortúnio que parece ter finalmente encontrado quem o estime. Vamos a ver se não acaba como o seu anterior 'adotante'.

Intimidades reflexivas - 1078

"Em minha casa reuni brinquedos pequenos e grandes, sem os quais não poderia viver. O menino que não brinca não é menino, mas o homem que não brinca perdeu para sempre o menino que vivia nele e que lhe fará muita falta." - Pablo Neruda (1904-1973)

Friday, September 08, 2017

Intimidades reflexivas - 1077

"(...) a amizade pela árvore, pelo riacho, pelo animal livre é indispensável para a formação de um ser humano que pretendemos amplo e nobre." - Agostinho da Silva (1906-1994)

Thursday, September 07, 2017

Intimidades reflexivas - 1076

"Somos todos escritores, só que alguns escrevem e outros não." - José Saramago (1922-2010)

Wednesday, September 06, 2017

Intimidades reflexivas - 1075

"Leituras fáceis são escritas muito difíceis." - Nathaniel Hawthorne (1804-1864)

Tuesday, September 05, 2017

Vinte e sete anos depois!...

Parece que foi ontem e já passaram vinte e sete anos, desde o dia do meu casamento. Nos dias de hoje e, sobretudo entre os jovens, é difícil ver tal longevidade. Os tempo mudaram, muitas coisas se alteraram, especialmente as mentalidades. Uma vida com momentos bons e menos bons, porque a vida não são só rosas, e até estas, têm espinhos. Mas não é por ter espinhos que se deixa de gostar do perfume das rosas. É preciso paciência quando as coisas podem não estar alinhadas quanto desejamos. Um casamento é um contrato a dois. A opinião tem que ser partilhada. Nenhuma se deve sobrepor. Só assim, se busca o equilíbrio que por vezes vai faltado aos casais mais jovens que, ao primeiro sinal de desacordo, logo seguem caminhos diferentes. Tenho dificuldade em entender isso, mas sou doutra geração e a maneira de olhar o mundo e a vida é, necessariamente, diferente. Vinte e sete já se passaram, esperemos que o futuro nos vá dando vida e saúde para os podermos continuar a contar.

Intimidades reflexivas - 1074

"Escrever é cortar palavras." - Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)

Monday, September 04, 2017

Intimidades reflexivas - 1073

"O amor é uma tela fornecida pela Natureza ... E bordado pela imaginação …" - Voltaire (1694-1778)

Sunday, September 03, 2017

O Repinhas de novo!...

Era para não ir ver o Repinhas, mas fui! Saí mais cedo, mas tenho que evitar fazê-lo porque é cada vez mais escuro à hora que vou e não é agradável ninguém ver por ali uma pessoa num carro a olhar para a sua propriedade. Mas hoje foi assim. Ainda estava a estacionar e já o Repinhas corria para mim vindo de nenhures! Era visível que hoje tinha fome. Comeu quase tudo o que levei. (Ver foto). O pouco que restou ficou para o pónei que também veio ver e para os porcos que assinalaram a sua presença de forma ruidosa. Assim, quando cheguei ao abrigo vi que ainda havia comida da que ontem deixei. A ração de cão praticamente não existia, a de gato ainda havia mas pouca. Deixei ração, e apenas ração, porque tudo o resto já tinha ficado no lavrador. A gata apareceu mas ficou ao longe. Não se aproximou de mim como era habitual. Chamei-a, mas nada. Compreendo a sua desconfiança, mas confesso que fico triste com a sua reação. Logo foi comer quando me afastei. O siamês não o vi. Estes dois, pelo menos, têm uma refeição hoje.

Saturday, September 02, 2017

O Repinhas sempre em forma!...

Voltei ao abrigo. Mas antes, fui ver o Repinhas ao lavrador. Ainda estava a estacionar e ele logo me viu. Saltou a parede como de costume e veio a correr para mim, nem me deu tempo de sair do carro. Não quis a comida que lhe levei, mas sim, um paté que é uma gulodice. (Ver foto). Não posso dar-lhe todas as vezes que por lá passo. Ele tem que se habituar a comer a comida que levo e que ele tanto gostava. Vê-se que não anda com fome. Depois fez o habitual chichi no pneu, fez cocó do outro lado da rua e foi-se embora. Nem água quis. Amanhã, nem vou lá porque ao domingo estou com muito pouco tempo. Não posso andar a comprar guloseimas para o menino. Fui ao abrigo e ainda havia ração de cão. De gato muito pouca. Abasteci tudo e ainda fiquei um pouco a ver se a gata aparecia. Nem a gata, nem o siamês apareceram. Penso que perdeu a confiança nos humanos. Deve ter ido lá depois de eu sair. Mais uma que ficou com medo. Detesto que assim seja, isto é, que percam a confiança em mim.

"A Rapariga no Gelo" - Robert Bryndza

Para quem gosta de 'thrillers' literários aqui está um grande livro. "A Rapariga  no Gelo" de Robert Bryndza. Quando um rapaz descobre o corpo de uma mulher debaixo de uma espessa camada de gelo num parque do sul de Londres, a inspetora-chefe Erika Foster é imediatamente chamada para liderar a investigação. A vítima, uma jovem bela e rica da alta sociedade londrina, parecia ter a vida perfeita. No entanto, quando Erika começa a investigar o seu passado, vislumbra uma relação entre aquele homicídio e a morte de três prostitutas, encontradas com sinais de estrangulamento, e de mãos amarradas, nas águas gélidas de outros lagos de Londres. Que segredos esconde a rapariga no gelo?... Com voltas e reviravoltas, este é um 'thriller' emocionante que nos agarra até ao fim. Depois de pensarmos que já sabemos o desfecho, somos surpreendido e levados numa outra direção. Este livro foi o fenómeno literário do ano e o nº 1 'bestseller' internacional da Amazon. Robert Bryndza tem visto os seus livros venderem cerca de dois milhões de unidades e foram, até ao momento, traduzidos em 26 idiomas. Um livro muito interessante para os amantes do género. A edição é da Alma dos Livros.

Friday, September 01, 2017

Intimidades reflexivas - 1072

“Sofro, afinal, a doença da poesia: sonho lugares em que nunca estive, acredito só no que não se pode provar.” - Mia Couto